Paixões de Guerra: Honra (Capítulo 1)

Um conto erótico de JustMe00
Categoria: Homossexual
Contém 1114 palavras
Data: 20/10/2025 07:27:39

✧ A Ilha da Fortaleza ✧

O ar salgado e úmido da Ilha da Fortaleza chicoteava o rosto de Tiago, mas não era o vento que o fazia tremer. Eram os berros trovejantes do Sargento Rick, que ecoavam pela praça de formatura de concreto, sufocando o som das ondas. O sol do fim da tarde dourada banhava a cena com uma luz implacável, revelando cada detalhe dos homens em formação, exceto Tiago, que se sentia um borrão desajeitado em meio à rigidez militar.

— Olhem para mim! — a voz de Rick cortou o ar como um chicote. O Sargento, um homem de uns trinta e poucos anos, era a epítome da virilidade marcial. Seu uniforme azul e cinza parecia talhado na rocha de seu corpo, destacando a ampla musculatura bronzeada. O cabelo preto e curto moldava uma cabeça de traços angulosos e perfeitos, com olhos azuis que pareciam feitos de gelo. Quando ele se movia, a tensão dos bíceps e o peso de sua autoridade eram palpáveis. — Vocês não estão na casa da mamãe. Não estão na faculdade, brincando de esconde-esconde. Vocês estão no Exército da Pátria! E estão nesta ilha porque são lixo não polido!

Tiago tentou se encolher, o que era um feito quase impossível para seus 1,80m de altura e o corpo gordo que o fazia destoar de todos os recrutas ao seu redor. Eles eram, em sua maioria, jovens secos, musculosos ou pelo menos atléticos. Tiago era... macio. A pele clara, totalmente lisa, contrastava com o bronzeado dos outros. O cabelo liso e preto caía sobre a testa suada, e seus olhos castanhos escuros, geralmente cheios de sonhos com música e arte, estavam agora repletos de pavor e confusão. Ele odiava estar ali. Fora uma imposição do pai, um militar aposentado que queria "endireitar" o filho "afeminado e inútil".

Rick andava pela fileira, a bota rangendo no concreto, a cada passo liberando uma onda de pavor. Parou na frente de um recruta alto e musculoso, avaliando-o com o olhar. O homem tentou manter a postura.

— Saco de músculo... você acha que é forte? — Rick perguntou, a voz baixa e perigosa. — Eu garanto: na primeira explosão, você vai mijar nas calças e chorar pela mamadeira.

Rick se moveu então, a caminhada pausada e deliberada, até parar bem na frente de Tiago. A sombra do Sargento era enorme, engolindo o recruta gordo. Tiago engoliu em seco. O cheiro de Rick — suor limpo, algum perfume de madeira e ferro — invadiu suas narinas. O uniforme de Rick estava ligeiramente úmido sob os braços largos, e a camisa roçava sutilmente no peito dele, onde Tiago podia sentir os músculos sob o tecido grosso. Era uma presença avassaladora.

— E você... — A voz de Rick era quase um sussurro, o que era infinitamente pior que o grito. — Quem é você, soldado?

Tiago tentou falar, mas a boca estava seca.

— Sol... soldado... Tiago, Sargento. — Sua voz saiu aguda e trêmula, o oposto da firmeza exigida.

Rick inclinou a cabeça, os olhos azuis analisando cada centímetro da face pálida e tensa de Tiago. O Sargento não riu, o que era um milagre, mas a intensidade do olhar era uma tortura.

— Tiago, hein? Parece nome de boneca. — O Sargento se inclinou ainda mais, e Tiago sentiu a respiração quente e forte de Rick contra seu rosto. Era uma invasão de espaço íntimo, uma quebra proposital de barreira. — Me diga, Tiago. Você não se parece com os outros. Você é... mole. O que você acha que vai fazer quando a merda feder? Correr para o colo do papai?

O peso da humilhação pública fez o rosto de Tiago corar violentamente, misturando-se ao suor frio. Ele odiava a fraqueza em sua voz, mas ela estava ali, inevitável.

— Eu vou... eu vou fazer o meu melhor, Sargento.

Rick soltou uma risada curta, um som áspero e sem humor. Ele se endireitou, voltando à sua altura impressionante.

— Seu melhor... — Rick repetiu, virando-se para o pelotão. — Seu melhor não é suficiente. Não aqui. Os homens de patente mais alta, os Coronéis, os Generais... eles estão observando. Estão esperando para ver quem se quebra. Eles vão pressionar vocês até que sangrem, até que chorem por perdão. Eles não querem homens que tentam. Eles querem máquinas de combate. E se não mostrarem que são dignos de lutar, vão apodrecer nesta ilha lavando latrinas, ou pior.

O Sargento deu um passo para trás, a expressão se tornando gélida.

— Agora, a primeira lição. Nesta ilha, a única coisa que importa é a obediência. Vocês pertencem ao Exército, à Pátria... e, por enquanto, a mim. Eu sou a sua voz, a sua força. Se eu mandar pular, vocês não perguntam "para onde?". Vocês perguntam "quão alto?". Entenderam?!

— Sim, Sargento! — O coro dos recrutas, forte e uníssono, fez o peito de Tiago vibrar. Ele gritou junto, sentindo-se um pouco mais seguro no anonimato da massa.

— Quero todos os seus sacos de lixo de volta ao alojamento, em três minutos! Se eu encontrar um homem parado, lento, ou que não esteja correndo como se a vida dependesse disso... vai se arrepender de ter nascido! Vão!

A ordem foi a ignição. Os recrutas se dispersaram em uma corrida caótica, mas rápida, em direção aos barracões que pareciam caixas de fósforos a uma distância considerável. Tiago, com suas pernas mais curtas e o peso extra, lutou para acompanhar. Ele ouvia o Sargento Rick, que permanecera parado, a mão na cintura, observando tudo, berrar mais uma vez.

— Vamos, Tiago! Seu pedaço de gordura! Se você chegar por último, juro que você vai passar a noite ajoelhado no milho!

O pânico deu a Tiago uma dose de adrenalina desesperada. Seus pulmões ardiam, o suor escorria por suas costas e pelo pescoço, mas ele forçou as pernas para continuar correndo, as coxas gordas se roçando dolorosamente. Ele podia sentir o olhar de Rick, fixo nele, julgando-o, diminuindo-o. Era uma pressão mental tão forte quanto a física. Tiago não podia ser o último. Ele não podia.

Ele cambaleou para dentro do barracão, tropeçando no degrau final e caindo de joelhos no chão de madeira áspera, a respiração vindo em arquejos forçados. Olhou para trás, ofegante, e viu a figura imponente de Rick na entrada.

O Sargento não disse nada. Apenas o encarou com aquele olhar azul penetrante, uma mistura de desprezo e algo mais que Tiago não conseguia decifrar. Então, Rick se virou e saiu. O tempo de Tiago havia acabado de começar. Era a primeira de muitas provações, e ele sabia, no fundo, que seu corpo e sua mente seriam esmagados até que se tornassem algo que ele não reconheceria. A Ilha da Fortaleza seria o seu inferno pessoal, e o Sargento Rick, o seu carrasco mais atraente.

Continua...

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