MAGNÓLIA (III)

Um conto erótico de ClaudioNewgromont
Categoria: Heterossexual
Contém 1100 palavras
Data: 23/11/2025 18:54:57
Assuntos: Heterossexual

O crepúsculo anunciou-se na copa das árvores, os últimos raios de sol resvalavam pelo vale verde, as primeiras sombras da noite manifestavam-se por entre os arbustos, ao som mavioso da passarada de final de dia. Estávamos imensamente felizes, eu e Magnólia, nus, de braços dados, diante da casa, apreciando aquela maravilha que a natureza nos servia como lauta ceia – e não por acaso a papa-ceia mostrou-se solitária no céu, a nos cumprimentar. A coruja mãe-da-lua em seus pios lamentosos.

E nos beijamos tanto, e nos cheiramos, e nos acariciamos, insaciáveis! Nossas vontades de muito carinho procurando satisfazer nossos corpos ansiosos. Éramos dois adolescentes nos sentires e dois adultos maduros, sabendo explorar ao máximo o prazer aquela deliciosa situação.

Quando a escuridão chegou de vez, sentimos que era tempo de nos prepararmos para a noite. Sairíamos novamente, mas agora como um casal – e ela me prometia um lugar mágico na cidade, que Magnólia era sozinha, mas não era alienada das coisas boas da vida. Beijamo-nos mais uma vez, aproveitando a escuridão para roçarmos nossos corpos, eriçando nossos desejos. Minha pica dura, sua buceta alagada, a pedirem foda, mas nossos planos eram outros. Separamo-nos, ela abarcou com a mão minha pica ereta e saiu a me puxar para dentro de casa, os dois rindo divertidamente.

Tomamos banho, vestimo-nos (fazer o quê?) e saímos para a noite que ela me ofereceria na cidade. Jantamos num agradável e/porque simples restaurante; depois, caminhamos um pouco pela praça principal – mãos dadas, como dois namorados – e ela me levou a um mirante, onde casais se curtiam e curtiam a noite. Eu estava bastante feliz, sentindo-nos um casal pelas ruas da cidade. Cada ex-aluno ou conhecido que ela encontrava e que a cumprimentava podia ver nos seus olhos a mesma felicidade que eu sentia.

Voltamos logo para casa, porque nossos corpos secretamente pediam foda, suspiravam um pelo outro. E a primeira foi quando mal fechamos a porta, na sala mesmo, e num desvario de como se o mundo fosse se acabar naquela noite. Como era sábia a professora! Sabia a carícia certa, a pressão adequada, a palavra escrota ideal para cada momento. Os gemidos eram múltiplos e libertos de vizinhança, portanto altos e escandalosos.

Chupei sua buceta alagada em meio a seus miados e volteios de quadris, e a senti gozar estrepitosamente na minha boca. Ela chupou meu pau com a competência e a sensualidade de uma meretriz, a dedicação e carinho de uma mulher apaixonada. Amamo-nos e nos fodemos naquela noite de sexta-feira como permite a santa Mãe Natureza a dois seres que já ultrapassaram a barreira do meio século. Tomamos banho juntos, acariciando detidamente cada nesga de pele, que se arrepiava sempre... Naquela noite, partilhamos do mesmo leito (o dela), e fomos o casal mais feliz de todos os universos existentes e a existir.

Ao despertar e notar a cama vazia, por milésimos de segundo imaginei ter sido tudo isso um sonho. O barulho de café sendo preparado na cozinha fez-me retornar feliz à realidade: sim, acontecera de verdade – e eu era o homem mais feliz sob o manto das estrelas e do sol, que, aliás, agora se metia pela janela e acariciava com sua luz a dureza de minha rola palpitante.

Levantei, caminhei até a cozinha e, à entrada, parei extasiado: o corpo nu de Magnólia resplandecia num halo de luz solar, que lhe dava um aspecto único de imagem divinal de depravação e santidade. Pica em riste, dela me aproximei e a abracei por trás, sentindo a maciez de suas nádegas, enquanto minha rola se enfiava entre suas coxas. Magnólia sorriu, levantou a cabeça, encaixando-a em mim e beijando-me com fervor. O café da manhã teve que esperar a extraordinária foda matinal que experimentamos na cozinha.

Assim foi todo o sábado e o domingo. Por tudo e por nada nos beijávamos, nos acariciávamos e nos fodíamos. Não tínhamos mais a energia da juventude – é certo –, tínhamos (e disso fazíamos pleno uso) a sabedoria da experiência, que sabia muito bem substituir a quantidade pela qualidade, e não como prêmio de consolação, mas como constatação de satisfação plena.

Mas o final de semana se esgotara e a realidade cobrava o retorno a nossas realidades. Absolutamente nada conversamos como seria dali em diante. Não éramos adolescentes, sabíamos que o que tivesse de ser seria e faríamos o possível para que fosse. Ao invés disso, transamos intensamente mais uma vez, como despedida daquele mágico final de semana. E voltei para minha vida, ela para a dela.

Passamos a nos comunicar diariamente (ou não), pelo whatsapp (que nem eu nem ela suportávamos conversas telefônicas). Não havia regularidade nesses contatos, que não éramos idiotas de nos deixar levar pela rotina. Aconteciam dois, três dias seguidos, mas podia ficar mais de uma semana sem comunicação. Era irrelevante a frequência.

Voltei lá várias vezes e nus entregávamos a todo tipo de depravação que um casal apaixonado e inteligente pode imaginar e criar; descobrimos mútuos prazeres inimagináveis até então, em nossas experiências. Chegamos a viajar juntos uma ou duas vezes. Nosso fogo parecia não apagar nunca, não obstante os anos que nos pesavam às costas.

Um dos hiatos de comunicação ultrapassou duas semanas, e, movido por impertinente saudade, resolvi fazer algo inédito: nova mensagem antes da resposta da anterior. E o silêncio persistiu. Estranhei: não era normal aquilo. E minha mente fértil foi construindo mil hipóteses, sendo mais persistente a de que aparecera alguém em sua vida, outro inquilino do Airbnb, e com melhores condições e disponibilidades, ocupara o lugar que fora meu. Esta hipótese me despertava um sentimento estranho, nunca sentido, mas não me via no direito de o questionar. Tínhamos um pacto tácito de não sermos absolutamente convencionais. Fiquei quieto, portanto, esperando sua resposta – ou mesmo não-resposta.

Mas as semanas viraram meses e entendi que havíamos chegado ao nosso limite. Ela deveria seguir seu caminho, eu o meu e estava tudo bem. Restavam em nossas recordações os momentos mágicos e divinos que vivêramos, e estava tudo certo. Segui minha vida, procurando cicatrizar minhas feridas – e maldizendo esse sentimento convencional que me envolvia.

Certo dia, ao chegar em casa, deparei-me com um envelope selado. Uma carta?! Há quanto tempo isso não mais se usa! Pensei até que os correios não mais existiam para entregar correspondência, que se transformara numa transportadora de produtos... enfim! Abri, curioso, o envelope e um papel timbrado de um cartório, numa linguagem técnica e impessoal, me informava da morte de Magnólia, meses atrás – infarto fulminante –, e da abertura oficial do seu testamento, em que me deixava como único beneficiário de sua chácara e tudo que nela continha.

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