Saí do hospital com o cheiro de cloro pregado na pele e o corpo latejando de sono. Oito da manhã. A cidade já rangia de sol, mas eu ainda carregava o plantão inteiro nos ombros — 12 horas de urgência, sangue, gritos e o bip interminável dos monitores.
Na esquina, ele. Boné virado, jaqueta de couro encharcada de sudor noturno, olhar de quem não espera — apenas toma. O moreno motoboy. Sempre ali, sempre sozinho, sempre me devorando com os olhos antes de abrir a boca.
— Bora tomar uma, enfermeirinha?
Riu. O riso era rouco, de quem fuma desde os quinze. Eu deveria estar exausta; em vez disso, senti um estalo seco entre as pernas. Olhei o relógio: 8h07.
— Bora — respondi, e a palavra soou como se já estivesse nua.
Subi na garupa sem perguntar nome. O vento me bateu no rosto, e eu fechei os olhos. A cidade inteira parecia um quarto escuro com a luz acesa.
O bar era um buraco quente, cheiro de cerveja ralada e cigarro de palha. Ele nem pediu: mandou duas doses de cachaça e um copo de água.
— Você parece que precisa disso.
Bebi. A bebida queimou a garganta, mas foi o olhar dele que me despiu. A primeira dose desceu febril. A segunda, lenta. A terceira, nem chegou à mesa.
Ele se levantou, segurou meu pulso com força delicada — o suficiente para me levantar, o bastante para deixar marcas.
— Vem.
No banheiro sujo, a luz piscava. Ele trancou a porta com o pé. Não beijou. Segurou meu queixo, olhou fundo e disse:
— De joelhos.
Caí. O chão frio entrou pelos joelhos. A brisa do ventilador me fez arrepiar. Ele desabotoou o jeans com uma mão só. O pau saltou pra fora, já duro, já latejando — cabeça grossa, roxa, uma veia saltada que parecia um rio de fúria.
— Abre.
Abri.
Enfiou até o talo. A boca ardeu, a garganta se rebelou, mas eu segurei. Ele segurou meu cabelo como quem guia um animal.
— Chupa devagar. Quero sentir sua língua tremendo.
Obedeci. Cada centímetro era uma sentença. Quando começou a bater na minha cara com o pau babado, eu já estava toda molhada — e ainda de roupa.
— Vamos. — Ele se arrumou, sem se olhar no espelho. — Vou te foder até você esquecer seu nome.
O motel ficava a quatro minutos. Eu não lembro dos quatro minutos — só do vento me batendo por baixo da blusa e do corpo dele pressionando minhas coxas na garupa.
No quarto, a luz era vermelha fraca. Ele não fechou a porta com a mão; fechou com o corpo. Me empurrou contra a parede, levantou minha blusa, mordeu meu mamilo por cima do sutã.
— Cheira a hospital.
— É o que eu sou.
— Vou te diluir.
Entrei no chuveiro para tirar o plantão da pele. A água era quente, mas ele entrou frio. Me virou de imediato, encostou na parede fria, puxou meu cabelo e enfiou a rola de volta na minha boca.
— Toma, limpa direitinho.
A água escorria por nós dois, misturando sabão e saliva. Quando não aguentou mais, me virou de costas. Entrou sem camisinha, num estalo úmido. A cabeçona rasgou a entrada toda; eu gritei, mas o som se perdeu no vapor.
— Aguenta.
Socava sem dó. A água batia nos meus seios, nos meus quadris, nos meus gritos. Gozei rápido, tremendo, mas ele não parou.
— Mais uma. — Ordenou, e eu senti o segundo orgasmo subindo antes do primeiro terminar.
Na cama, o ar-condicionado gelava a pele quente. Ele me jogou de costas, abriu minhas pernas com violência de quem abre janela. Tentou chupar minha buceta, mas parou, hipnotizado pela tatuagem do escorpião na minha bunda.
— Vira.
Sentou na minha cara. Enquanto eu chupava aquele pau babado, ele me chupava com fúria, abrindo minhas pregas com a língua, enfiando dois dedos dentro.
Gozei de novo, rebolando na boca dele, suando no rosto dele.
Depois me colocou de quatro. Foi brutal: segurava meu cabelo, batia na minha bunda, me chamava de safada, de cadela, de puta de hospital.
Cada estocada fazia a cama ranger, e eu só sabia pedir mais:
— Enfia mais, me come sem dó, me faz tua puta!
Gozei outra vez, molhando o pau dele, e ainda assim não parei.
Subi no colo, sentei com força, comecei a rebolar. Ele chupava meus peitos, olhava nos meus olhos e gemia:
— Vou gozar, sua cachorra…
Apertei mais forte, pulei no pau dele, e quando senti o jato quente estourar dentro de mim, gozei junto, gemendo alto, descontrolada, com as unhas cravadas no peito dele.
Depois do banho rápido, saímos. O sol já castigava. Ele me levou de volta ao ponto onde me pegou. Desceu da moto, tirou o boné, passou a mão no cabelo molhado.
— Quando quiser outra dose, é só descer no ponto.
Sorri. Não respondi.
Nunca mais fui a mesma depois daquela foda. Ele me comeu com tanta fome, com tanta certeza, que fiquei mole por dias — e, no entanto, cada vez que fecho os olhos, ainda sinto a marca daquela veia latejando na língua.
Até hoje ele me procura, querendo repetir, mas eu fujo. Porque sei que, com ele, eu viro cadela — e ninguém, nunca, me fodeu com tanta brutalidade como aquele marrento safado.
FIM