Acordei na quinta feira, desta vez na hora certa, com tempo de sobra, tomei meu banho matinal como de costume, senti falta do hidratante, desci preparei café, consegui fazer uma torrada bem caprichada, enquanto esperava a torrada ficar pronta e enquanto tomava meu café, pensei no Rodrigo, no que tinha falado;
-Será que a Fernanda tinha chance com ele?
Mas ele tinha falado um detalhe que eu ainda não tinha dado bola, “talvez colocando um silicone”, isso foi o suficiente para despertar minha curiosidade!
Se eu queria me parecer com uma garota, ter uma aparência feminina, não bastava só pernas longas e uma bunda, Rodrigo fez questão de destacar que haviam mais detalhes que faziam a diferença, bom e verdade seja dita, eu sempre olhei isso nas garotas que ficava, preferia as com seios médios partindo para grande, evitava as muito peitudas e as que tinham peito pequeno.
Precisava pensar nisso e o que fazer com os pelos, nas pernas ainda não havia sinal de nenhum, mas no peito e axilas já haviam pelos nascendo!
Sai com tempo de sobra e quando estava esperando o ônibus na parada, Rodrigo parou e ofereceu carona, (ele nunca tinha feito aquilo, sempre me ofereceu, mas nunca foi na parada, ele nem passava por ali), tinha amanhecido um dia além de frio, meio chuvoso, com uma garoa fininha, mas o suficiente para molhar, ele parou o carro e abriu o vidro;
-Ai Fer, carona, vamos!
O velho conflito um lado não queria, mas o outro estava louco para ir com ele, afinal éramos amigos a um bom tempo e a curiosidade incentiva.
Será que ele iria investir novamente com alguma brincadeira como as de ontem?
Embarquei no carro, ele fechou os vidros e ligou o ar quente para desembaçar, tudo normal, assuntos corriqueiros, futebol, universidade, festas…
Mas no primeiro semáforo umas 6 quadras depois, quando paramos, era um desse que tem 4 tempos, demora bastante, ele soltou a primeira, se curvou em minha direção e;;
-Deixa eu ver, está cheirando a creme hidratante hoje?
Para evitar um daqueles momentos frios, de silêncio mortal, eu respondi;
-Não hoje, não deu tempo de passar o creme hidratante depois do banho!
E não sei de onde tirei esta pérola, vou dar o crédito a senhorita Fernanda;
-Preciso me depilar primeiro, os pelos estão nascendo!
Nós dois caímos na risada e ele me disse;
-Cara por isso que eu gosto de ti, tu é debochado como eu, sabe brincar!
E eu tomado por um surto de confiança e ousadia;
-mas é sério, preciso me depilar mesmo, fica ruim passar hidratante com pelos grandes!
Sinal abriu e a gente quase chorava rindo, ele por achar engraçado e eu por estar falando a verdade de forma sincera.
Quando chegamos na universidade ele me deixou no meu prédio, quando estava descendo depois de se despedir, já estava arrancando o carro, abriu o vidro e gritou,
-hoje tu tem aula só até o meio dia né, te dou carona eu vou em casa almoçar e vai estar chovendo!
Eu estranhei esse comportamento dele, ele sempre ofereceu carona, mas nunca foi tão persuasivo assim, confesso que pensei, será que o Rodrigo quer me comer mesmo?
Cada vez mais achava que ele tinha sentido a calcinha quanto tocou minha bunda ou tinha me reconhecido no dia que me viu montada, através do vitral ou na sacada do meu quarto, não preciso falar que passei a manhã com isso martelando em meus pensamentos.
Entre uma aula e outra a manhã passou sem que eu percebesse, já tinha saído do meu prédio e realmente estava chovendo então fui para a parada do terminal urbano dentro do campus e o ônibus que ia até o bairro que eu morava, só passava a cada 30 minutos em dias normais, imagina chovendo.
Já eram quase 12:30 quando para minha surpresa o Rodrigo parou o carro onde eu estava e insistiu que fosse com ele, aquele comportamento estava me deixando desconfortável.
Então durante o trajeto ele me surpreendeu de novo, se desculpando pela brincadeira, que ele tinha refletido no que tinha falado e não queria que eu ficasse constrangido ou bravo com ele, falou aquilo de uma forma séria e com tanta serenidade que eu acreditei mesmo.
Só que aí ele conseguiu quebrar o encanto….
-Não quero perder a tua amizade e caso esteja pensando em se assumir como mulher!
-Eu tenho chance né?
Eu -Cara tu é muito filha da puta mesmo!
Não tinha outra coisa a não ser cair na risada!
Ai para completar a piada, ele me deu uma sacolinha de papel com um top de presente, esperava qualquer coisa vindo dele, uma calcinha, uma saia, algo pervertido, sei lá, qualquer coisa mesmo.
-toma, meu presente para te ajudar e incentivar na nova vida!
Peguei e abri como disse esperando qualquer coisa, até um bilhete ou um vale sexo, já tinha visto ele fazer isso, mas ele conseguiu me surpreender.
Era um vale para uma depilação completa e definitiva da não mais pelo!
Eu -cara tu é muito filha da puta, isto é piada né?
Ele -não, não é não é de verdade, sou cliente deles, claro que não faço depilação definitiva, mas sou cliente!
Ele - A Ângela e a Gabi também são clientes lá, então a gente ganha desconto quando indica um cliente novo.
Eu -tu não está pensando que eu vou fazer isso, mesmo né?
Ele -tu que sabe, eu inclui no nosso plano!
Ele falava um pouco sério, um pouco rindo que eu já nem sabia mais se era brincadeira ou ele falava sério mesmo!
Ele -vai lá faz a primeira se gostar faz as outras sessões!
Ele -só tem uma condição, vai deixar eu ver o resultado, de perto, na verdade daquela parte especifica, essa bundinha vai ficar linda lisinha!
Ele caia na risada, eu já não conseguia mais rir, estava me preocupando com aquela conversa, tanto que tentei falar serio com ele, mas ai ele tentou escapar, dizendo;
-mano tu me conhece, sabe que isso é brincadeira né!
Quando chegamos em casa ele me deixou na frente da minha e antes de arrancar o carro ele disse;
-é brincadeira mas o vale é de verdade, vai lá, experimenta!
E foi embora rindo!
Aquele comportamento dele me preocupou mesmo, qual seria a próxima pegadinha um implante de silicone?
E aí eu caí na gargalhada sozinho!
Fui procurar algo para comer e enquanto aquecia uma das marmitas que minha tia tinha deixado pra mim, peguei o vale que o Rodrigo tinha me dado e realmente parecia real, havia o código do vale.
Fui no site deles e tinha a opção do vale e onde digitar o código, cai da cadeira, era um vale para 3 sessões de depilação a laser, confesso a ideia não era ruim, mas não iria ir lá, para ele ficar sabendo?
Porque certamente ele deveria ter uma forma de saber que eu tinha feito a depilação!
Enquanto comia, eu fuçava pela internet e pesquisei por outra coisa que estava martelando na minha cabeça, eu precisava de peitos e naquele momento a única coisa permanente que eu arriscaria fazer seria a depilação e durante minhas pesquisas descobri os sutiãs de silicone adesivo e sem pensar comprei um kit que vinham 5 conjuntos com todos os acessórios necessários, eu literalmente estava pensando com o traseiro naqueles dias.
Porque já pensaram se entregam em um momento que meu pai está em casa ou minha tia estivesse por lá, ela eu sei que não iria abrir, mas meu pai abriria, que desculpa eu ia dar?
E o pior que não foi a única vez que fiz algo estupido assim, eu iria comprar outras coisas futuramente que poderiam ter causado um problemão, que não era necessário pelo menos não naquele momento.
Lembram que falei antes, que quem entra nesse mundo do cross-dressing, parece um viciado, bom, terminei de comer, limpei a louça até tentei sentar e assistir um pouco de TV, mas quando vi estava lá no quarto dos fundos, sentado na poltrona aquela, chovia bem forte ouvia o barulho do telhado e o som das calhas, com o notebook no colo, escolhendo o que usar e procurando na internet um tutorial de maquiagem, afinal eu tinha tudo que precisava só tinha que aprender a usar.
Eu já tinha reunido uma grande quantidade de links em uma pasta dos meu favoritos, de sites e blogs de trans, cds, tinha descoberto que existam até aqueles que gostam e sentiam atração por nós, (sim, na minha mente eu já era uma crossdresser), tinha descoberto o site tumblr e o flickr e dali vinham uma quantidade gigante de fotos, inspirações a seguir, dicas, explicações, mais variado tipos de pessoas falando sobre isso, alguns até médicos conhecidos, psicólogos, psiquiatras, aquele mundo se expandia cada vez para mim.
E claro, o mundo erotico envolvido também que é tão vasto quanto, achei o BDSM a lista gigante de coisas que incorporam o termo, obviamente algumas prenderam minha atenção, feminização, submissão, os fetiches descobri que eu tinha vários e cheguei naqueles que praticam a castidade tentando atingir o orgasmos anal ou sissygasm, muitos só chegam lá após muito condicionamento, outros chegavam lá mais fácil, mas havia um grupo que não sei dizer se realmente é pequeno como o texto que li dizia ou por outro motivos, como uma soma de fatores psicológicos, neurológicos e anatômicos, chegam lá naturalmente sem se esforçar.
Mas, naquela altura, me sentia especial, tinha conseguido logo na primeira vez!
E foi aí que, em segredo, não sei dizer porque, sem mesmo a Fernanda conhecer o mundo fora dos muros da casa, tracei o plano, ser o mais feminina possível, falar, andar, agir, como uma garota de 18 para 19 anos, mesmo que de forma anônima a partir daquele dia, quando estivesse ali, ou caracterizada eu seria uma garota, me vestiria como uma, agiria como uma, caminharia como uma, pensaria como uma, claro que havia a questão erótica envolvida, eu estava como nos contos eróticos que lia, viciado em sentir prazer como uma, mas eu queria estar mais feminina possível quando fosse fazer isso.
Soltei o notebook, coloquei uma música para tocar e fui até o guarda roupas, peguei um conjunto de calcinha e sutiã lilás, tipo tanga, com uma renda muito gostosa de sentir em contato com a pele, haviam vários vestidos eu tinha organizado eles por tipo e tamanho, vários tinham decote e naquele momento evitava coisas assim, “meu primeiro drama como garota”, peguei um curto pouco acima do joelho um azul escuro, entre o marinho e o escuro, (azul pruciano, quem inventa esses nomes?), com mangas longas uma faixa de amarrar e um zíper nas costas, uma meia calça bege cor de pele e já que era para ser feminina, um scarpin nude, salto fino, alto uns 10 centímetros, clássico, daqueles da ponta fina, pensei, falei sozinha…
-que seja o que Deus quiser!
Olhando para salto com eles na mão e se fosse ir para fora, “cruzar o pátio até a casa né”, um casaco que ia um pouquinho abaixo da cintura, branco com botões pretos, até que eu tinha bom gosto né?
Vesti a lingerie, a meia e por fim o vestido e vou fazer uma pergunta, que pensou em um vestido com o zíper nas costas?
Tive que aprender movimentos que eu nem sabia que o corpo humano fazia para fechar aquele zíper, quando consegui terminar sentei na cama recuperando o fôlego, peguei os sapatos que estavam do meu lado e causei nos pés, poder ver meus pés dentro daqueles scarpins gerava uma satisfação era algo tão feminino que causava uma euforia em mim.
Então, coloquei os pé um do lado do outro as mãos nos joelhos e fiquei em pé, os primeiros passos com calma, cuidando para tocar o salto primeiro no chão, e voilá, cheguei no espelho, estava olhando para o chão, mas quando levantei a cabeça, tive um de tantos momentos que já tinha experimentado e ainda iria experimentar em que minha imagem feminizada refletida naquele espelho iria arrancar mais um suspiro e um sorriso de satisfação de mim, (ainda tenho o espelho).
Mesmo sem a peruca e o rosto nu, sem nenhuma maquiagem, ainda era satisfatório me ver daquele jeito, sabem tem uma analogia para isso, sabe aquele defeito em alguma coisa, um móvel desnivelado, uma parede torta ou um automóvel com um risquinho ou amaçado imperceptível na lataria que você nunca tinha notado e chega alguém e aponta ou você mesmo nota e a partir daquele momento você sabe que está lá e não tem mais pás até corrigir, bom, desde a primeira vez que me vi feminizada fiquei com esse mesmo sentimento, quando estava vestida como garoto era como se faltasse algo.
Depois de admirar no espelho algumas poses e fotos, se continuasse assim em breve a Fernanda teria um álbum de fotos significativamente maior que o meu da vida toda, fui tentar a minha primeira maquiagem, me certifiquei que minha barba estava rente ao rosto, eu tinha muito pouca.
Seguindo um tutorial do youtube, improvisei o estojo de maquiagem, (eu tinha dois estojos grandes e muito completos, um maior e outro pouco menor que eram das garotas da minha vida), em uma banqueta e o notebook na apoio da poltrona e comecei a aplicar a base.
Quando tinha conseguido obter um resultado aceitável perto do que o vídeo mostrava, meu telefone tocou eram algo em torno de 14:55, eu não via o tempo passar quando estava ali, peguei o aparelho, era Pedro, atendi;
-Alo!
Ele -Oi Fer, tudo bem?
Eu -sim, tudo, aconteceu algo?
Ele -Não, na verdade, como me disse que estaria em casa hoje à tarde, um aluno cancelou e estou livre às 16 horas.
-Se quiser, posso te pegar antes e pode até fazer duas aulas juntas, das 16 às 17h e das 17 às 18, aí fica liberado cedo e eu também porque você era o meu último aluno hoje!
-O que me diz?
Eu -claro, às 16 estou te esperando!
Ele -Eu estou perto, te pego um pouquinho antes, pode ser?
Olhei a hora, eu tinha uma hora para voltar a ser o Fernando, então aceitei, desliguei e fui procurar no perfil do youtube como tirar maquiagem, de cara não achei nada do que listava no vídeo para remover a maquiagem.
Fui procurar alternativas, e só fizeram me assustar, porque com água e sabão saía, mas podia ficar resíduos, mas no estojo que era da minha irmã o menor tinha dois vidros de água micelar.
Pronto, base removida, fiquei quase meia hora naquilo, eram 15:25, então tirei o vestido e o scarpin e pensei, vou colocar minha roupa por cima, vou de abrigo a camiseta e pego um moletom de capuz que é folgado, Pedro não vai notar.
Quando atravessei o pátio correndo para escapar da chuva, descobri que a sensação de usar lingerie por baixo da roupa assim de forma escondida também me deixava excitado e lembrava que a Fernanda estava junto o tempo todo, o atrito da meia em contato com a minha pele no tecido do abrigo, causava arrepio acho que era estática. kkk
Passei correndo pela cozinha e a janela que ficava no fim da ilha se via a rua, lá estava Pedro parado com o carro, ele estava perto mesmo, a quanto tempo já estava ali?
Subi correndo no meu quarto, peguei o moletom com capuz mais folgado que tinha, disfarçava muito bem mesmo que a Nanda estava escondida embaixo das minhas roupas, desci correndo e fui lá fora.
A chuva estava bem fraquinha naquele momento, fui até a porta do carona ele estava distraído com o celular e os vidros embaçados ele não me viu, então dei a volta no carro e fui na janela do motorista e fiz uma coisa feia.
A janela do motorista o vidro tinha sido limpo, acho que ele passou a mão ou sei lá, mas havia um espaço que se via para dentro, quando ia bater no vídeo vi a tela do celular, tinha uma garota de joelhos chupando um cara, o pau era enorme ela segurava com as duas mãos, era um vídeo e naqueles segundos que vi, o ângulo mudou e mostrou que a garota era uma trans, então ele percebeu a minha presença e tomou um susto, tentei simular que tinha acabado de dar a volta no carro, não sei se ele acreditou.
Ele abriu o vidro e disse vai se molhar e foi tirando o sinto, entra ai, é cedo temos que esperar dar 16 horas, eles controlam os horários lá no CFC pelo rastreador, então em um impulso sem pensar, eu disse;
-Então vamos tomar um café da tempo!
Ele olhou a hora no celular e disse;
-Dá sim, tem meia hora ainda, se não for problema, sabe que adoro café!
Eu -problema nenhum, estou sozinho, preciso de companhia e assim já conhece minha casa!
Ele fechou o vidro e entramos, mostrei as salas, de estar, de jantar, o canto da TV e fomos para cozinha, café passado que demora mais ou da maquininha eu perguntei.
Ele -sempre quis provar dessas máquinas mas nunca fui atrás!
Decidido então, eu disse!
-Nos temos mas quase nunca usamos, só quando queremos café rápido, porque dá pouco por cada cápsula… conversa fiada que seguiu em torno do café!
Enquanto preparava a cafeteira e respondia no piloto automático o que Pedro dizia para mim, eu pensava no que tinha visto ele assistindo, será que ele curte, será que foi algum vídeo enviado whatsapp, era a moda, ficar enviando vídeos para os contatos,(ainda é!)...
Mas aquilo podia significar que havia uma chance dele se interessar pela Fernanda!
Tomamos o café, conversamos algumas futilidade, mostrei rapidamente o meu carro, o quintal da casa, de longe mesmo onde ficava o quiosque o salão de festas, ao sair, apontei a escadaria;
-lá em cima os quartos são 4 e mais uma como que nunca soubemos qual seria sua finalidade, um estúdio ou atelier.
A aula pratica começou, enquanto dirigia pelas ruas do bairro em direção a outra parte da cidade, eu sentia a meia por baixo do abrigo, e quando paramos em um sinal eu olho para baixo e levo um susto, quase fingi um desmaio, o abrigo tinha subido, não sei se ficou enroscado em alguma coisa quando entrei no carro ou foi ao levantar a perna ou dentro, não sei mesmo, na perna esquerda o abrigo subiu e ficou meio dobrado e se via o final da meia soquete, eu só as mais curtas, que ficam perto do tênis, aparecia um palmo onde devia ser minha pele a perna, lá estava a meia calça.
E não tem como o Pedro não ter visto porque o instrutor de trânsito olha se estamos usando os pedais corretamente, ainda mais a embreagem, fiquei mudo, eu só respirava esperando qualquer coisa vinda dele.
Deu a primeira hora ele;
- perguntou vamos fazer duas horas ou quer voltar?
Eu -podemos fazer duas horas, adianto um dia!
Dia chuvoso de inverno, estava bem escuro já para aquela hora, passava das 17:20 começamos a voltar para casa e pegamos um trajeto que iria passar próximo a rodoviária da cidade, havia um rua naquela região onde a noite se reuniam algumas trans, obviamente naquele dia com a chuva e por ser muito cedo não tinha nenhuma.
Quando passamos pelo local, ele tocou no assunto;
-Aqui mais tarde sempre tem umas garotas, digamos diferentes!
Eu me fiz de inocente e desentendido;
-Aqui? mas fazem programa? como assim diferente?
Nesse momento eu tinha parado em uma placa de pare e enquanto esperava os veículos passarem olhei para ele e vi eu seu rosto a expressão mais safada que já vi em alguém em toda minha vida, não sei descrever, mas era como se ele esperava aquela chance de entrar no assunto.
E de imediato me veio à mente, que ele tinha visto a meia calça e queria falar sobre o que tinha visto!
Arranquei o carro, seguindo as instruções dele e segui o trajeto, então ele sem perder tempo;
-São garotas trans, sabe o que é né Fer?
Não sei se ele falou assim porque era uma coisa óbvia ou queria insinuar algo para mim!
Eu -Claro que sei, só parecem, mas não são mulheres!
Então ele praticamente me repreendeu!
-Sim, não sou mulheres só por um pequeno detalhe, mas são muito mais femininas, se cuidam muito mais, que muitas mulheres por aí, estão sempre bem vestidas e cheirosas, claro que tem umas que quando estão na pista partem para o apelativo.
-Mas conheço algumas que são muito elegantes e educadas, inteligentes e simpáticas!
Então eu tive a chance de matar minha curiosidade e saiu da minha boca sem pensar;
-Você já ficou com alguma?
Eu sabia que ele um cara boêmio, ele me contava as suas peripécias na noite, das suas conquistas e mulheres que levava para cama, mas obviamente isso não é o tipo de coisa que se sai detalhando por aí, mesmo hoje ainda existem tabus quanto a isso, imagina a mais de 10 anos atrás.
Ele deu uma pausa, talvez escolhendo as palavras;
-Sim, claro que já fiquei, mas aqui na cidade só com duas e uma não era daqui!
Quando eu fui abrir a boca, para pergunta aqui na cidade e fora, ele mesmo completou;
-mas quando vou a Floripa ou a para o litoral, sempre saio com algumas trans!
Agora eu já sabia que ele gostava de garotas como eu, decidi explorar mais;
-Mas e como é?
Ele -como assim?
Eu -como é ficar com uma garota trans?
Ele -obviamente não é como uma garota comum, como disse, elas estão sempre bem produzidas, capricham nos detalhes, são sexuais, gostam de te agradar, são safadas, são mais femininas que muita mulher.
Eu -mas pega elas assim na rua?
Ele -não, não faço isso, primeiro que não gosto de sair com garota de programa, prefiro conquistas, pego em boates, na noite, marco pela internet.
Eu -e o….
Ele -o sexo, isso que você quer saber né?
Eu só acenei com a cabeça, enquanto percorria os últimos quarteirões antes de chagar na minha casa.
Ele -o sexo é muito bom, elas sempre quere mais, eu adoro um sexo demorado e forte, então é a combinação perfeita.
-eu quando usam lingeries,saltos, acessórios, roupas provocantes, fantasias, tenho esse fetiche e elas geralmente adoram usar coisas assim, então como disse, combinação perfeita!
A conversa estava fluindo e eu matando minha curiosidade, A Fernanda arranhando minha garganta para pular para fora, mas chegamos na minha casa, parei o carro, desliguei e fui tirando o cinto.
Ele elogiou minha direção, que realmente eu conduzia muito bem, combinei com ele a aula da sexta, após a aula, ele iria me pegar na universidade.
Havia parado a chuva, eu desci do carro e ele também, para ir para o banco do motorista, ao nos despedirmos ele deu aquele aperto de mão e temi que ele fosse me tocar no ombro ou a baixo do braço como sempre fazia e acabasse sentindo o sutiã por baixo do moletom, mas por sorte naquele dia ele só apertou minha mão e se foi.
Entrei em casa, eram umas 18:10, corri ao banheiro, e olha, ir no banheiro de meia calça é difícil, pela primeira vez tive que fazer xixi sentado, foi uma experiência nova, enquanto estava lá me aliviando, tocou meu telefone era minha Tia, avisando que estava chegando para me levar comida e conferir se eu não tinha deixado a casa de pernas pro ar.
Não deu nem 5 minutos ela chegou, eu estava lavando as xícaras do café com o Pedro, chegou cheia de sacolas, (já notaram que era muito desligado disso, comia o que achava, era prático), ela trouxe frutas, frios, fizemos um lanche e conversamos um pouco, durante nossa conversa pensei várias vezes em abrir meu coração para minha tia, se tinha alguém que iria me entender e me ajudar seria ela, além de poder me dar uma direção também.
Assim que minha tia partiu, me lembrou várias vezes que no dia seguinte, sexta feira, meu pai iria voltar de viagem, quando ela se foi, tranquei as portas e certifiquei que tudo estava seguro, eram umas 20 horas, a Fernanda quebrou o silêncio.
-Então garoto e agora, vamos conversar um pouco?
continua…
