A ENFERMEIRA DA MADRUGADA

Um conto erótico de Castrol
Categoria: Heterossexual
Contém 830 palavras
Data: 24/11/2025 20:26:18

Chamo-me Flávio, tenho 29 anos, sou professor de muay-thai no Recreio.

Até três semanas atrás minha vida era regra, treino, filho, esposa, camisinha saborizada no criado-mudo.

Tudo mudou num sábado de chuva fina em Copacabana: uma frentista de ônibus fechou o corredor, eu freiei, a moto escorregou e o asfalto me engoliu de lado.

Capacete salvou o crânio, mas o resto virou pintura: braço direito fraturado, costelas raladas, hematomas que pareiam tátil de mapa.

Passaram-me no Miguel Couto, depois me transferiram para um particular de São Conrado — quarto 314, janela para o mar, ar-condicionado que gelava o medo.

Minha mulher veio com nosso filho de 2 anos, chorou, beijou a testa, jurou que tudo ficaria bem. Quando a porta se fechou, a solidão entrou — e com ela a falta de sexo: sete dias sem gozar é prazo longo para quem acostumou a transar duas vezes por semana.

Na décima noite acordei de pau duro que doía mais que a fratura.

Tentei bater uma, mas a tala no braço direito impedia o movimento; a esquerda, toda ralada, tremia.

Fiquei ali, respirando pela boca, quando a porta rangeu.

Entrou uma enfermeira loira, olhos mel que viravam âmbar sob a luz fraca.

Crachá: Lúcia.

Uniforme justo, batom já desbotado de turno duplo.

— Analgésico — avisou, mostrando a seringa.

Depois viu o lençol abaulado, parou, ergueu a sobrancelha.

— Precisa de… ajuda? — perguntei, sem graça.

Ela segurou a seringa como quem segura segredo.

— É normal — sussurrou. — Mas aqui não é lugar.

Saí rápida, voltou lenta, trazia um pote de gel transparente, cheiro de menta e hospital.

— Para os arranhões — explicou, mas não abriu o pote.

Olhou para mim, olhou para o lençol, depois para o interruptor da luz. Apagou. Sentou-se na beira da cama, dobrou a manga do uniforme até o cotovelo.

— Devagar ou rápido? — perguntou, como quem pergunta se quer açúcar ou adoçante.

— De… vagar.

Ela espalhou o gel entre os dedos, pegou meu pau pela base. O gel gelou, depois queimou, depois gelou de novo — sensação de respiração suspensa. Com a outra mão acariciou meus testículos, pesando-os como quem examina ovos de ouro.

Movimentos longos, de quem sabe medir pulso, contar batidas, adiar colapso.

Fechei os olhos: via minha esposa, via meu filho, via o teto — e via o teto de novo, porque o teto não me julgava.

— Vai gozar? — perguntou, voz de quem já sabia.

— Vou…

Ela apanhou um copo-descartável de urina, tirou a tampa, encaixou na ponta do meu pau como quem encaixa agulha em veia.

— Dá aqui dentro.

Gozei em jatos que pareciam não acabar; o plástico esquentou, o líquido branco se misturou ao gel transparente.

Ela fechou o copo, lavou as mãos no banheiro, voltou séria.

— Só quando eu estiver de plantão. Três vezes por semana. E em silêncio.

Nas noites seguintes ela voltava às 01h15, janela entreaberta, marulho de Copacabana ao fundo.

A primeira vez foi punheta.

A segunda, inclinou-se, deu uma lambidinha na cabeça, depois limpou a boca com gaze.

A terceira, sentou-se sobre mim, de costas, e esfregou a calcinha no meu pau até eu gozar entre as nádegas dela — sem penetração, sem traição oficial.

— Regra minha — dizia. — Você não entra em mim, eu não entro no seu mundo.

No quarto dia ela apareceu de touca cirúrgica, boca só de batom. Trancou a porta, baixou a luz, subiu na cama com um soro. Molhou a gaze, passou no meu peito, desceu até o umbigo.

— Respira.

Desceu mais e quando a gaze tocou no pau, ele pulcou. Ela riu, pela primeira vez.

— Professor de artes marciais, mas não aprendeu a conter o corpo, né?

Amarrou a gaze em volta do meu pau como se fosse torniquete, depois soltou — fluxo de sangue voltou em onda, deixando-me tão duro que doía a própria pele.

— Agora segura. — E ela se deitou ao meu lado, abriu as pernas, puxou a calcinha pro lado. — Só olhar.

Olhei.

Vi a buceta rosa, depois vi o teto, depois vi o teto de novo.

Gozei sozinho, sem toque, em cima do próprio abdômen.

Ela limpou com a gaze, beijou minha testa como quem fecha prontuário.

Na véspera da alta ela entrou sem fazer barulho.

Traje novo: avental descartável aberto, só de calcinha por baixo.

— Hoje é diferente — avisou. — Hoje você vai me tocar.

Colocou meu dedo indicador (o único sem escoriação) dentro da boca, molhou. Depois guiou até o clitóris, fez círculos lentos.

— Devagar, professor. Aqui não tem round.

Quando ela gozou, mordeu o próprio punho para não gritar. Depois beijou minha boca — primeiro e único beijo da história —, sabia a menta e a sexo.

— Pronto. — Ajeitou o uniforme. — Amanhã você esquece meu nome.

Deram-me alta no dia seguinte.

Esposa feliz, filho no colo, plano de saúde quitado.

No elevador cruzei com Lúcia de touca nova, crachá virado.

Nos olhamos, nada dissemos.

Desde então, toda vez que sinto cheiro de gaze com menta, o corpo lembra.

E, quando transo com minha mulher, fecho os olhos e vejo o teto — o mesmo teto que não me julgava.

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