Amor Surrealista #22

Da série Amor Surrealista
Um conto erótico de Leonora
Categoria: Lésbicas
Contém 2086 palavras
Data: 03/11/2025 18:02:29

Depois daquele início intenso, conversamos bastante. Valentina era uma mulher muito inteligente e muito transparente com o que queria. Ela deixou explícito que sempre sentiu falta de ter um namoro normal, de poder sair para restaurantes e locais públicos. Aceitou um relacionamento às escondidas porque amava demais e não tinha outra opção, mas não queria mais isso. Ela disse que pelo que me conhecia, sabia que eu também não desejava um relacionamento assim. Porém ela me pediu para ter um pouco de paciência, pelo menos até a exposição dos quadros que eu estava terminando. Ela disse que não era por causa do nosso relacionamento, mas porque o meu trabalho era um segredo.

Eu disse a ela que entendia, mas que não sabia que já estávamos em um relacionamento. Levei alguns tapas no braço pelo que falei, mas ganhei sorrisos e tive ali a certeza de que ela queria me levar a sério. Aquilo me deixou muito mais segura.

Eu estava muito feliz e era uma felicidade diferente. Minha vida geralmente foi cheia de momentos felizes, muito mais do que tristes. Porém, nunca tinha me sentido tão feliz; era algo que preenchia meu peito completamente, que me fazia querer gritar aos quatro cantos que eu estava feliz. O amor parecia ser realmente um sentimento muito intenso, e olha que eu tinha acabado de conhecê-lo.

Dormimos juntinhas naquela noite e em todas as seguintes que passei ali, mas antes de voltar para ficar de vez na casa de Valentina, fui passar mais alguns dias com minha mãe. Estava muito feliz em estar em um relacionamento com alguém que realmente gostava, mas não podia deixar de passar um tempo com minha mãe. Depois de três dias de muitos beijos, conversas e sexo, voltei para minha casa.

Valentina me ligou todos os dias e, no final de semana, veio ficar comigo. Ela disse que ficou com pena de não convidar Alexia, mas que, se ela visse, não poderíamos aproveitar nosso tempo juntas à vontade. Eu disse que entendia, mas achava que Alexia poderia saber, que eu confiava nela. Valentina concordou, mas queria evitar qualquer coisa que pudesse atrapalhar seus planos com os quadros da Isabel. No fundo, eu entendia todo esse cuidado.

Eu já tinha contado para minha mãe e para Milene que eu e Valentina estávamos juntas. Embora não tivéssemos colocado um rótulo em nosso relacionamento, estava bem subentendido que estávamos namorando. A notícia foi bem recebida; minha mãe ficou toda feliz por eu estar apaixonada pela primeira vez. Na verdade, eu também estava, mas às vezes aquilo me dava medo. Acho que ainda precisava me acostumar a sentir aquele turbilhão de novas emoções que tinha tomado conta do meu peito nos últimos dias.

O final de semana foi incrível, mas passou voando. A semana seguinte, por outro lado, passou muito devagar. Era impressionante como o tempo parecia passar de maneira diferente quando Valentina estava comigo e quando ela não estava. Na sexta-feira, na hora do almoço, minha mãe disse que eu deveria voltar a São Paulo. Ela disse que não estava me mandando embora e amava minha companhia, mas sabia que tudo que eu queria naquele momento era estar com Valentina. Eu disse a ela que realmente queria estar com Valentina, mas aquele tempo com ela e com Milene era importante para mim. Minha mãe acabou desistindo de me convencer a voltar para São Paulo. Eu realmente queria estar com Valentina, mas sabia que ter tempo com minha mãe era mais escasso.

Valentina apareceu naquela sexta-feira à tarde e passou o final de semana novamente comigo. No domingo, ela se despediu, dizendo que me esperava no final de semana em sua casa.

Passei mais uma semana com meu casal favorito e, no sábado, depois do almoço, voltei para São Paulo. Fui recebida com muitos beijos e abraços por Valentina, que não escondia a felicidade de estar ao meu lado novamente.

Os dias a partir dali foram incríveis. Eu passava o dia todo fazendo o que amava e, à noite, estava ao lado da mulher mais incrível que já conheci. Valentina, além de linda e inteligente, gostava das mesmas coisas que eu. Poder passar horas falando sobre pintura com uma mulher que eu gostava era meu sonho, e era isso que acontecia com Valentina.

Na cama, também tínhamos uma sintonia perfeita; gostávamos das mesmas coisas. Inclusive, Valentina admitiu que não gostava de nada muito violento e nem de sentir dor como Donna. Ela disse que fazia o que Donna queria porque não se sentia mal fazendo e até se excitava com isso, mas que nunca quis experimentar. Eu disse que, no meu caso, era a mesma coisa; não me incomodava em fazer com ela, até porque já tinha feito com outra mulher, mas nunca quis aquilo para mim.

Durante essa conversa, acabei perguntando como Donna estava, não que me importasse com ela, mas por pura curiosidade. Valentina disse que ela estava bem, pelo menos era o que dizia a Alexia e Orlando. Quanto a Valentina, nunca mais trocou uma palavra com Donna. No fundo, fiquei feliz em ouvir aquilo; não odiava Donna, mas sabia que ela amava Valentina.

O assunto sobre Donna rendeu e, por curiosidade, perguntei a Valentina por que ela, de certa forma, protegia Donna. Deixei claro que, se fosse algum segredo delas, não precisava dizer, que eu entenderia. Ela riu e disse que não havia nenhum segredo que eu já não soubesse, especialmente sobre Donna. Ela falou que provavelmente era pena, ou por ser boba a ponto de não conseguir prejudicar alguém que sofreu tanto na vida. Fiquei ainda mais curiosa sobre aquela história.

Nora— Você está falando da morte da esposa dela?

Val— Sim, ela perdeu a única pessoa que amava e que a amava. Donna só tinha sua ex na vida; quando se assumiu lésbica e começou a namorar, os amigos e a família se afastaram. Mesmo assim, ela escolheu o amor, e quando esse amor foi tirado dela, ela ficou tão mal que passou três anos em terapia. Mesmo quando começou a trabalhar com a gente, ainda estava mal, e acabei me identificando com ela por causa da sua história.

Nora— Acho que entendi. Porém, isso não justifica o que ela faz e, sinceramente, tenho medo de ela te prejudicar a qualquer hora. Ela é obcecada por você e dá para perceber que não entende bem de limites quanto a isso.

Val— Eu sei, você tem toda razão, mas, por outro lado, o trabalho na galeria é tudo que ela tem e ela ama o que faz. Eu só não tenho coragem de tirar isso dela; não sei se ela suportaria.

Nora— Tudo bem, você tem um coração enorme, e admiro isso. Só tome cuidado com ela e prepare-se, porque ela será um problema quando a gente se assumir.

Val— Já pensei nisso, mas ela não vai causar problemas; ela sabe que esta é a última chance que dou a ela e vou tomar cuidado, sim.

Eu tinha quase certeza de que, quando eu e Valentina assumisse nosso relacionamento, Donna iria aprontar alguma. Só torcia para que não fosse nada que prejudicasse alguém ou que separasse eu e Valentina.

O ano estava perto de acabar e passei o Natal na casa da família da Geovanna. Foi nesse dia que percebi que eles eram como se fossem a família da Valentina. Amei quando Valentina me apresentou como sua namorada; aquele foi o segundo lugar, fora da casa da Valentina, onde nos comportamos como namoradas. Valentina pediu segredo a Geovanna e usou o problema com Donna como desculpa para não comentar com ninguém da galeria.

Na virada do ano, fomos para minha casa e passamos a passagem do ano na praia, bebendo champanhe e andando descalças pela areia, junto com minha mãe e Milene. Foram dias incríveis ao lado da Valentina, mas o ano começou, janeiro chegou e, com ele, minhas aulas voltaram. Eu estava de novo focada nos quadros e em aproveitar cada segundo com Valentina.

Apesar de minhas aulas ocuparem toda a parte da manhã, meu trabalho com os quadros estava indo muito mais rápido do que Valentina planejou. Provavelmente, não demoraria nem um ano para terminar todos, até porque os que eu estava finalizando já estavam adiantados, e eu ganhei confiança para pintar sem me preocupar demais, ou ficar pensando demais. Também havia parado de pintar meus próprios quadros; era muito estimulante trabalhar nos quadros da Isabel, então nem queria saber de pintar algo meu.

Valentina, percebendo que eu iria terminar muito antes do esperado, começou a planejar a exposição. Ela disse que um perito precisava autenticar todos os quadros antes de expô-los. Até aí, tudo bem; ele conhecia vários e a autenticação seria fácil. Isabel tinha uma técnica própria e era bem conhecida, então seria fácil para um especialista perceber que eram quadros dela mesmo sem a assinatura. Ficaria visível também as partes que eu havia pintado; era fácil distinguir a tinta envelhecida da tinta nova. E, por mais que minha técnica de pintura fosse quase idêntica à de Isabel, um especialista notaria as pequenas diferenças.

Valentina queria fazer uma grande divulgação antes e explicar a origem dos quadros. Essa parte era complicada, pois ela precisava arranjar uma maneira de explicar como obteve os quadros e como eu fui escolhida para terminá-los. Porém, ela disse que pensaria em algo até começar a divulgar a exposição.

Perguntei a Valentina se ela nunca iria revelar quem foi a Libélula, e ela disse que só faria isso se os pais de Isabel não estivessem mais neste mundo. Antes disso, ela nunca iria divulgar, mesmo que alguém descobrisse; sempre negaria. Isabel nunca assinou os quadros com o nome verdadeiro por medo de decepcionar os pais e ela pretendia manter assim enquanto eles estivessem vivos.

Perguntei também por que não havia nenhuma foto na casa e ela respondeu que nunca gostou de tirar fotos. As que tinha antes eram dela e de Isabel juntas. Perguntei se ela tinha guardado ou jogado fora, e ela disse que guardou todas as fotos e coisas pessoais de Isabel em um escritório que não era usado na galeria, já que lá era mais seguro do que em sua casa, que ficava muito sozinha antes. Na galeria, mesmo fechada, havia os seguranças e um bom sistema de monitoramento.

Perguntei por que ter um escritório que nunca foi usado e ela disse que era para ser o da Isabel algum dia, quando ela pudesse assumir o relacionamento delas ou quando seus pais não estivessem mais vivos. Infelizmente, Isabel se foi antes e, em vida, nunca teve coragem de se assumir para os pais.

Valentina disse estava pensando em trazer as coisas de Isabel de volta para sua casa e guardá-las em um dos quartos, deixando aquele escritório para mim quando assumisse nosso relacionamento. Eu disse que não precisava disso. Foi então que ela falou que me queria de volta na galeria, que eu poderia ajudar muito, já que entendia de arte e provavelmente seria uma pintora reconhecida em breve. Eu falei que Donna não iria aceitar isso, e ela respondeu que, se não aceitasse, era só pedir demissão.

Ter meu próprio escritório na galeria e ajudar Valentina seria perfeito para mim. Era algo que gostaria muito de fazer, mas disse a ela que iria pensar, embora provavelmente eu fosse aceitar. Mesmo que isso causasse um conflito com Donna, eu não deixaria de fazer algo que queria por causa dela. Porém, deixaria essa decisão para depois da exposição ou durante o início da divulgação; não queria resolver isso sem pensar com calma e, por enquanto, eu não tinha pressa.

Os meses foram passando e eu fui finalizando os quadros restantes. Tudo estava correndo bem e, de repente, percebi que meu aniversário estava se aproximando. Nunca fui de comemorar aniversário depois que me tornei adulta. Quando morava com minha mãe, ela fazia um bolo, ela e Milene cantavam parabéns, me davam presentes e a gente se deliciava com o bolo. Era muito divertido, mas não havia nenhuma festa, era só a gente mesmo. Na França, nunca comemorei; ninguém sabia quando era meu aniversário. Não que eu escondesse, mas simplesmente ninguém perguntou.

Valentina também nunca perguntou a data, então não contei a ela. Achei que só receberia uma ligação da minha mãe com Milene e pronto. Porém, eu teria uma grande surpresa, e, por falar em surpresa, nos próximos meses eu teria algumas, sendo que algumas seriam bem desagradáveis.

Continua…

Criação; Forrest_Gump

Revisão; Whisper

( Qualquer erro, incoerência, dica, crítica ou elogio, podem deixar nos comentários 🤝🏻) 

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Foto de perfil de Forrest_GumpForrest_GumpContos: 459Seguidores: 100Seguindo: 61Mensagem Sou um homem simples que escreve história simples. Estou longe de ser um escritor, escrevo por passa tempo, mas amo isso e faço de coração. ❤️Amo você Juh! ❤️

Comentários

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Eu super acreditei que Donna sabia algo a mais sobre a Libélula para conseguir fazer tanta miséria e ainda continuar no emprego, mas parece que é só o bom coração de Val que a mantém lá. Que bom, porque se fosse comigo, eu já teria dado bye bye há muito tempo!

Acho que o próximo capítulo seria um grande pesadelo pra mim e para Juh, a gente já fugiu de festa surpresa uma vez 🤷🏽‍♀️😂😂😂😂

Ótimo capítulo, meu amigo! ❤️👑

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Não, Donna não sabia não, talvez ela saiba sobre Isabel porque a esposa dela era amiga/conhecida da Isabel, mas ela não faz ideia de que Isabel era a Libélula ou que Isabel e Valentina tiveram algo no passado 🤷🏻‍♂️

Acho que dessa vocês duas não fugiram não 😂😂😂😂😂😂😂

Por falar nisso, eu odeia festa de aniversário surpresa, na verdade eu odeia as que não são surpresa também 🤷🏻‍♂️🤣🤣

Muito obrigado Lore 🤗🌹

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Achei muuuuito engraçadinho Nora levando tapinhas por falar do status de relacionamento. Também gostei de percebê-las sentindo falta uma da outra. As duas são muito fofas!

"mas ela não vai causar problemas; ela sabe que esta é a última chance que dou a ela e vou tomar cuidado, sim"

Se tem uma coisa q eu sei a Donna vai causar é problemas 🥴

Infelizmente é o q o histórico dela aponta 🤷🏻‍♀️

Ótimo capítulo!!! ❤️👑😍

PS: Ansiosa para Lore ler esse capítulo 😌

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Boa noite Famozinha! 📸🤗😘

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Boa noite, minha rainha! ❤️👑🥰

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❤️❤️❤️❤️😘

Assistiu o primeiro capítulo de ClaireBell?

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Jú, eu n sei se eu sou lerda e n acompanho muito as agendas ou se o nível de GL subiu MUITO esse ano 😂

Simplesmente n vi NADA da divulgação de ClaireBell e fiquei besta com a qualidade do 1° ep 🤷🏻‍♀️

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Ela não foi muito divulgada, mas teve um teaser e um trailer se não me engano.

Também gostei bastante da qualidade, era algo que eu fiquei meio na dúvida se seria bom por causa do que vi no trailer, mas achei boa. No geral, gostei bastante.

A propósito, o nível esse ano subiu e a quantidade aumentou bastante também.

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Muito, muito, muitoooo 😍

Nossas preces foram ouvidas 🙏🏻😂

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Amém! 🙌🏻🙌🏻🙌🏻🙌🏻🙌🏻🙌🏻

Kkkkkkkk

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Orange Is the New Black Tailandês 🤷🏻‍♂️🤣🤣🤣

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Orange Is the New Black 🤝🏻 Vis a Vis 🤝🏻 ClaireBell

😂😂😂😂

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Elas já tem seu ritmo no relacionamento, acho que o tempo que elas passaram juntas antes ajudou a elas a criar essa conexão 😍

Provavelmente vai mesmo, Donna com certeza vai pirar quando souber do relacionamento das duas 🤷🏻‍♂️😅😅😅

O passado da Donna, testemunha contra ela 🤷🏻‍♂️😂

Muito obrigado Juh 🤗🌹

Esse foi meio chato, mas era necessário 🤭

Ps: Algum motivo tem 🤔

Fiquei curioso 🤷🏻‍♂️😂😂😂

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Ela estava cheia de teorias q Donna sabia demais 😌

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