Vizinha em aracaju

Um conto erótico de William
Categoria: Heterossexual
Contém 437 palavras
Data: 01/11/2025 19:08:22

Era sempre o mesmo ritual.

As portas do elevador se abriam e lá estava ela — o cabelo solto, o perfume leve, o sorriso que me desmontava.

Morávamos no mesmo andar de um prédio antigo na Atalaia, onde o vento do mar às vezes trazia o cheiro de sal e de noite fresca. Mesmo sem trocarmos mais que algumas palavras educadas, havia algo no ar — um silêncio cheio de possibilidades.

Nas primeiras vezes, eu desviava o olhar.

Ela também fingia olhar o celular, mas o reflexo no painel de inox denunciava: ela me observava.

Havia um jogo ali — discreto, silencioso, mas impossível de ignorar.

Numa madrugada qualquer, voltando do trabalho, encontrei-a outra vez.

O prédio estava quieto, o corredor meio escuro, iluminado apenas pelas luzes de emergência. Entramos juntos no elevador. O silêncio era quase palpável.

Dava pra ouvir a respiração dela, o leve toque do cabelo contra o ombro.

Quando o elevador parou no nosso andar, as portas se abriram e por um segundo ficamos ali, frente a frente, sem saber quem sairia primeiro.

Ela sorriu — um sorriso curto, quase enigmático — e eu entendi que aquele jogo havia chegado ao limite.

Tomei coragem.

— Posso te mandar mensagem? — perguntei, com a voz mais calma do que o coração.

Ela arqueou a sobrancelha, meio surpresa, meio divertida.

Digitou o número no meu celular e saiu andando, como se nada tivesse acontecido.

Em poucos minutos, já em casa, mandei:

“Chegou bem?”

A resposta veio instantânea:

“Cheguei. E você?”

Conversamos por minutos que pareciam segundos. O clima era o mesmo de antes — leve, provocante, cheio de entrelinhas.

Até que ela escreveu:

“Tá acordado mesmo?”

Meu coração acelerou.

Respondi que sim.

Silêncio.

Depois, uma nova mensagem:

“Então abre a porta.”

Fiquei imóvel por um instante. O som do vento lá fora parecia mais forte.

E então, os passos. Lentos. Seguros. O eco do perfume familiar.

Quando abri a porta, ela estava ali — o mesmo sorriso, agora sem disfarces.

O corredor parecia suspenso no tempo, e o mundo reduzia-se àquele olhar.

Ela não disse nada. Eu também não.

O instante era puro suspense — o tipo que não se escreve, apenas se sente.

Mas antes que qualquer palavra escapasse, o elevador voltou a subir, quebrando o feitiço.

O barulho do motor ecoou pelo corredor, e ela deu um passo atrás, como se o som a chamasse de volta para a realidade.

— Boa noite — disse, com um sorriso que misturava despedida e promessa.

Fiquei ali, encostado à parede, observando o elevador fechar outra vez.

O perfume dela ainda pairava no ar, misturado ao cheiro de maresia que vinha de longe. Ela voltou pra casa…continuação

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