Esposa X Enteada (03)

Um conto erótico de GHOST RIDER
Categoria: Heterossexual
Contém 1133 palavras
Data: 07/11/2025 04:40:33

Em casa, a tensão crescia como uma planta venenosa. Maria, cega pelo cansaço e pela rotina, não percebia os olhares que Sarah e Paulo trocavam à mesa, nem os silêncios que se instalavam entre eles, pesados e cheios de significado. Para ela, eram apenas os três lados de um triângulo familiar que, aos seus olhos, permanecia intacto.

Uma noite, após uma discussão banal sobre as contas do mês—aquelas brigas que escondem descontentamentos mais profundos—Maria recolheu-se ao quarto mais cedo, queixando-se de uma enxaqueca latejante. Sarah e Paulo ficaram na sala, envoltos pela luz fantasmagórica da televisão, que iluminava seus rostos sem, no entanto, aquecer o ambiente.

"Ela está se matando de trabalhar", comentou Paulo, o olhar fixo no noticiário, mas a mente claramente em outro lugar.

"E você? Não está?" Sarah encolheu os pés debaixo do corpo no sofá, observando-o com atenção. "Trabalhando e se matando, quero dizer."

Ele virou-se para ela, e pela primeira vez, ela viu um lampejo de raiva genuína em seus olhos. "O que você quer, Sarah?"

"A verdade."

"A verdade sobre o quê?"

"Por que você casou com ela."

Ele riu, um som seco e sem humor. "Isso não é da sua conta."

"É, sim." A voz dela era um fio de desafio. "Porque quando você olha para ela, eu estou lá. E quando você olha para mim..." Ela não terminou a frase. Não precisava. O ar entre eles pareceu ficar mais rarefeito.

Ele levantou-se de um salto, como se o sofá estivesse em chamas. "Você não faz ideia do que está falando. Você é uma criança brincando com fogo."

"Eu não sou uma criança." Ela também se levantou, enfrentando-o. A diferença de altura era considerável, mas ela não recuou. "E você não está feliz. Eu vejo. Todos os dias, você diminui um pouco mais. Esta casa é uma gaiola para você."

"Esta casa é minha vida", ele retrucou, mas a voz falhou, traindo sua própria convicção.

Ela deu um passo à frente. Estavam tão perto que ela podia sentir o calor emanando de seu corpo, sentir o cheiro dele—uísque, cigarro e algo profundamente masculino que a fazia sentir tonta.

"Eu poderia te fazer sentir vivo", sussurrou ela, a voz carregada de uma ousadia perigosa.

Por um instante que pareceu uma eternidade, ela pensou que ele ia ceder. Seus olhos baixaram para sua boca, e ela viu a luta interna estampada em seu rosto—o homem contra o padrasto, o desejo contra a decência. Seu corpo inclinou-se levemente na direção dela, uma gravidade perversa puxando-os juntos.

Então, ele fechou os olhos e recuou, como se tivesse se queimado.

"Vá para o seu quarto, Sarah." A voz dele estava rouca, quebrada, como se cada palavra tivesse sido arrancada à força.

Ela obedeceu, mas não antes de lançar um último olhar sobre ele, parado no meio da sala como um náufrago diante de um resgate recusado. Ela tinha aberto uma fenda em sua armadura, exposto a fratura. Era o suficiente por enquanto. A semente estava plantada.

As semanas seguintes testemunharam uma mudança silenciosa em Paulo. Ele parou de chegar tarde do bar. Em vez disso, tentava voltar mais cedo, trazendo às vezes jantar para Maria ou insistindo para que eles assistissem a um filme juntos no sofá. Sarah observava de longe, com os dentes apertados, enquanto ele massageava os pés cansados de sua mãe após um plantão. Maria, inicialmente surpresa, começou a florescer sob a atenção renovada. Seus olhos, tão acostumados à fadiga, recuperaram um brilho que Sarah mal conseguia lembrar.

Essa reaproximação não aqueceu o coração de Sarah; pelo contrário, acendeu um pavio dentro dela. Cada gesto de carinho entre os dois era como uma facada. Ela os via rindo na cozinha, sussurrando no corredor, e uma certeza doente solidificou-se nela: aquilo era um teatro. Uma farsa montada por Paulo para afastá-la. Ele estava usando sua mãe como um escudo humano.

A obsessão de Sarah mudou de foco. Ela não queria mais apenas observar Paulo; ela queria exporá-lo. Queria provar para sua mãe que aquele homem dedicado era uma fraude. Começou sua investigação silenciosa.

Espiava o celular da mãe quando ela deixava desbloqueado na mesa. Revirava os bolsos do casaco de Paulo em busca de bilhetes, de qualquer coisa. Seguia ele em seus supostos "recados", sempre descobrindo que ele ia, de fato, ao supermercado ou à farmácia, como dizia. A normalidade de suas ações era o mais frustrante.

A estratégia de Paulo era simples e eficaz: ele estava se tornando o marido perfeito. E Sarah sentia a sua influência, o seu poder sobre ele, escorrendo entre seus dedos como areia.

Foi uma sexta-feira. Maria havia tido um dia particularmente difícil no hospital e Paulo a levara para jantar fora. Eles voltaram mais cedo, rindo baixo, com o braço dele envolvendo seus ombros. Sarah, deitada na cama, ouviu-os subir as escadas e entrarem no quarto. O coração batia forte em seu peito, um misto de raiva e uma curiosidade mórbida.

O silêncio do corredor foi quebrado por um novo som. Um sussurro baixo, seguido pelo som abafado de uma risada de sua mãe—uma risada que ela não ouvia há anos. Era uma risada íntima, convidativa.

Sarah sentou-se na cama, o corpo tenso. Ela escutou.

Os sussurros continuaram, ganhando um tom diferente. Mais graves, mais urgentes. Ela ouviu o rangido suave da cama de casal contra a parede que dividia seus quartos. Um som ritmado, familiar e, ao mesmo tempo, totalmente estranho. Depois, ouviu a voz de sua mãe, um gemido baixo e contido, que não era de dor, mas de prazer.

Era isso. Era o som deles. O som da reconexão que ela tanto temia e desprezava.

Sarah não se moveu. Ficou sentada na cama, no escuro, forçando-se a ouvir cada sussurro, cada gemido, cada rangido da cama. Era uma tortura auto infligida, uma forma de punição e de confirmação. As lágrimas escorriam silenciosamente pelo seu rosto, mas não eram lágrimas de tristeza. Eram de fúria. Uma fúria negra e impotente.

Paulo não estava apenas fingindo. Ele estava consertando as coisas. Estava fechando a porta que ela tanto tentara abrir, trancando-a do lado de dentro com a chave que era sua mãe.

Quando os sons finalmente cessaram, substituídos por um silêncio ofegante e satisfeito, Sarah sentiu-se mais sozinha do que nunca. A casa, que antes respirava segredos ao seu favor, agora sussurrava um segredo diferente: o de que ela estava do lado de fora, e sempre estaria.

A investigação dela tinha chegado ao fim. Ela encontrara a prova que não sabia que estava procurando: a prova de que podia ser substituída. De que a sua mãe, no fim das contas, ainda era a mulher da vida dele. E ela, Sarah, era apenas a filha problemática, observando a vida dos outros do lado de fora da janela.

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