Passando a Vara nas Vizinhas. Ou Não. - Capítulo 13

Um conto erótico de Eliana
Categoria: Grupal
Contém 8700 palavras
Data: 07/11/2025 20:42:43
Última revisão: 08/11/2025 00:39:20

[AVISO AO LEITORES: Este capítulo tem pegação, mas não tem sexo. É uma transição pra suruba que acontecerá no próximo capítulo.]

[AVISO AO LEITOR @Kasdo passivo: No final do capítulo, há uma mensagem e pedido de desculpas para você.]

Bom dia/tarde/noite, leitores. Meu nome é Eliana. Tenho 30 anos e sou engenheira elétrica, concursada na Petrobras. Sempre gostei de falar que trabalho com energia, mas a verdade é que eu mesma sou feita dela. Energia demais, vontade demais, sensações demais.

Tenho seios fartos e firmes, que se movem no compasso da minha respiração; coxas torneadas, densas e macias; pernas longas e fortes que sustentam cada passo com segurança; e uma cintura que se encaixa em qualquer abraço. Minha pele é bronzeada, quente ao toque, e meus olhos verdes contrastam com os cabelos castanho-claros que sempre caem sobre os ombros com naturalidade. Meu sorriso já me abriu mais portas do que eu gostaria de admitir. Muita gente diz que eu tenho aquele tipo de beleza que incomoda, e talvez tenham razão.

Minha vida amorosa, por outro lado, é um caos dolorido. Tenho um marido e um namorado. E o coração dividido entre o que eu construí e o que eu finalmente descobri ser capaz de sentir.

O Leandro é meu marido há sete anos. Engenheiro elétrico também, concursado no DNIT. Quando o conheci, ele era o homem mais divertido e inteligente da sala, e talvez ainda seja. Magro, com aquele jeitinho distraído e a barba por fazer que sempre me dava vontade de beijar. Mas nos últimos meses, algo se quebrou. Ele anda distante, frio, meio invisível dentro da nossa própria casa. Passa noites fora, sai com amigos, come o Maurício, e eu não pergunto mais pra onde vai. Porque já sei que não vou receber resposta. Nós não fazemos amor faz tempo. Nem lembro mais a última vez que ele me tocou com desejo. Nosso casamento virou um lugar silencioso.

E foi nesse vazio que o Carlos apareceu. O meu ex-professor, o meu pecado, o meu alívio. Carlos tem 53 anos, é professor de engenharia elétrica numa universidade federal, e eu nunca conheci homem igual. Inteligente, divertido, humano. Ele fala e parece que o mundo faz sentido. Ele olha, e eu me sinto inteira. Eu sei que ele é calvo, que tem uma barriguinha discreta e que a idade já lhe pesou nos ombros, Mas pra mim, ele é o homem mais bonito do planeta. Eu me apaixonei por cada detalhe dele: pelo jeito que ele me escuta, pelo riso que sempre vem antes do beijo, pelo toque que me faz esquecer quem eu sou. Quando estou com ele, eu não sou a mulher cansada tentando salvar um casamento morto. Eu sou viva. Eu sou desejada. Eu sou eu.

Gosto tanto dele que não me importo em dividir. Sei que ele também está com a Rebecca, minha amiga. E estranhamente, não sinto ciúmes. A Rebecca merece ser feliz, e talvez o amor não seja um jogo de exclusividade. Mas a diferença entre nós duas é que ela já decidiu o que quer. A Rebecca já pediu o divórcio. Eu, não. Eu ainda me pego olhando pro Leandro, tentando entender o que aconteceu com a gente. Ainda me pergunto se isso não é só uma fase. Se ele não vai acordar um dia e voltar a ser o homem por quem eu me apaixonei.

Mas no fundo, eu sei a verdade. Isso não é esperança, é medo. Medo de recomeçar, de admitir que o amor acabou, de aceitar que a mulher que eu era com o Leandro morreu junto com o nosso casamento. O que eu tenho com o Carlos é diferente. É sincero, é cheio de vida.

Essa é uma história de amor, mas não a minha com o Leandro. É a minha com o Carlos. E, de algum jeito, também com a Rebecca. E quem sabe, um dia, com a Letícia também. Porque o amor, pra mim, nunca foi sobre posse. Sempre foi sobre encontro. E com eles, eu me encontrei.

Nossa história atual começou em um domingo de tarde, no apartamento do Carlos. Estávamos lá eu, Rebecca e ele.

A Rebecca tinha pedido o divórcio no dia anterior. Ela parecia aliviada, mas também assustada. O Carlos, por outro lado, tinha aquele olhar sereno de quem já pensava em como equilibrar tudo. E eu tentava entender o que aquilo significava pra mim.

— A gente só queria deixar claro que nada vai mudar, tá? — disse Carlos, com a voz calma e firme. — A Rebecca agora tá livre, mas o nós três temos continua igual.

Rebecca assentiu, mexendo o cabelo atrás da orelha.

— É. Eu não quero que você pense que vou querer tomar a frente ou te passar a perna, Eliana. — Ela me olhou com sinceridade. — Eu não quero e não vou assumir publicamente o namoro com o Carlos agora. E nem tão cedo.

— Não quer? — Eu sabia que ela tinha um lado conservador, que adoraria sair com o Carlos como um casal oficial e publicamente aceito pela sociedade.

— Não. — Ela respirou fundo. — Quero ser a namorada dele, tudo certinho, tudo bonitinho. Mas não posso assumir isso sem você junto. Eu não posso e não vou deixar você ser a “outra”. Ou nós duas assumimos o relacionamento com ele ao mesmo tempo ou nenhuma assume.

Olhei pro Carlos, que apenas confirmou com um gesto lento.

— Nenhuma vai ser a outra. Vocês são iguais pra mim.

— Iguais? — soltei uma risadinha curta. — Bom, não dá pra negar que a situação é meio torta, né? Eu ainda sou casada, Carlos. Bem ou mal, você é o outro pra mim, e eu sou a outra pra você.

Ele cruzou os braços e falou com uma calma que me desconcertava.

— E se quiser continuar com nós dois, não tem problema. Mas aí você vai ter que contar a verdade pro Leandro.

Fiquei alguns segundos em silêncio.

— Então o acordo vai ser esse? — perguntei. — As duas podem ter um segundo namorado, ou marido, desde que todo mundo saiba e concorde?

— Sim — disse Carlos, sem hesitar.

— Sim — respondeu Rebecca. — Mas eu não quero outro. Por mim, só vou esperar as duas semanas de punição passarem pra... — ela fez uma pausa e me olhou com um sorriso tímido — pra consumar a relação com o Carlos.

Arregalei os olhos, surpresa.

— Espera. Você tá me dizendo que desde aquela transa em abril, você ainda não fez sexo nem com ele e nem com ninguém?

Ela abaixou o olhar, envergonhada.

— Não...

Por dentro, eu quase ri. Pensei no quanto eu mesma tinha dificuldade de ficar uma semana sem sexo e tentei imaginar como ela devia estar. Reprimida, elétrica, à beira de explodir. Mas fiquei quieta.

Rebecca deu uma risadinha nervosa e olhou pra nós dois.

— Eu quero que a gente faça tudo direito, sabe? Sem culpa, sem medo.

Eu respirei fundo, sentindo o peso e o alívio daquelas palavras.

— Eu também quero isso. — E era verdade. — Mesmo que seja difícil, mesmo que o mundo inteiro ache errado, eu quero.

O Carlos aproximou-se um pouco mais e pousou a mão sobre o meu joelho. A Rebecca fez o mesmo, do outro lado. Por um instante, só o silêncio nos envolveu. E então, sem precisar dizer nada, os três se inclinaram um pouco, quase ao mesmo tempo.

Os lábios se encontraram. Primeiro eu e Carlos. Depois Rebecca encostou-se, e o beijo virou um só, confuso e suave. Senti o coração acelerando, e por trás disso, uma estranha sensação de paz. Como se, por mais absurdo que fosse, aquele triângulo fizesse sentido pra nós.

Podia sentir a nossa tensão sexual aumentar. Sabia que o Carlos estava imaginando fodendo suas duas lindas namoradas. O pau dele dizia tudo. Mas tínhamos dado uma punição e ele ainda ficaria uma semana sem sexo. Mas não resistimos e continuamos a nos beijar gostoso. Trocávamos um longo beijo de língua. Nós duas beijamos sua boca novamente, alternando as duas. Por vezes eu beijava a boca dele e rapidamente passava para a boca da Rebecca, beijando-a demoradamente. A Rebecca estava tão envolvida que nem percebia que estava beijando uma mulher pela primeira vez. Enquanto nos beijávamos, as mãos do Carlos passeavam pelos nossos corpos, nos apertando e massageando por completas.

— Agora, chega — eu disse, depois de alguns minutos de pegação tripla. — Você ainda tem uma semana de punição, seu safado.

Quando o beijo se desfez, eu encostei a testa na dele e sorri. O nosso trisal estava consolidado.

Mas tinha um problema aparentemente insolúvel: o que fazer com o Leandro?

Na segunda de noite, eu estava na cozinha da Jéssica. A mesa era pequena para tanta gente, mas a gente se ajeitava como podia. Estávamos ali: eu, Jéssica, Larissa, Lorena, Tatiana, Sarah, Carolina e Letícia. O ar cheirava a café fresco que a anfitriã tinha feito. A conversa já começava quente, porque o assunto vinha se arrastando há dias no grupo do WhatsApp.

— O ponto é o seguinte — comecei, apoiando o cotovelo na mesa. — Todas nós da turma da academia somos da Torre A. Se a gente quiser vencer o grupo da Marieta na assembleia, precisamos de mais votos. E esses votos estão na Torre B.

A Lorena, sempre bem informada, ajeitou o cabelo e sorriu.

— Pois é. Falei com o seu Geraldo mais cedo. Ele confirmou o que já suspeitávamos: tem várias moradoras com o nosso perfil na Torre B. Mulheres novas, ativas, mas mais reservadas. E elas também fazem academia. Só que naquela outra da outra esquina, a mais antiga.

— Aquela academia da esquina da padaria? — perguntou Jéssica.

— Essa mesma — respondeu Lorena. — Parece que o ambiente é bom. Mais discreto.

— Discreto demais — comentou Jéssica, mexendo no copo de água. — Eu sempre achei que aquela academia era tipo um clube fechado. Gente que não se mistura.

— A gente não vai saber se não tentar — retruquei, olhando pra ela. — Nós estamos presas nessa bolha da Torre A. Se quisermos crescer, precisamos furar isso.

A Tatiana, com aquele ar de quem sempre pensa em termos políticos, apoiou o queixo na mão.

— É, mas não vai ser fácil. Elas mal conhecem a gente, só de assembleias ou da piscina. E nós sequer sabemos os nomes delas. Se a gente chegar lá de qualquer jeito, pode ser um desastre.

Lorena continuou:

— O seu Geraldo disse que as coisas não são tão segregadas assim. Na outra academia, tem uma galera da nossa torre que também frequenta lá. O Antônio, aquele ex-namorado da Letícia, além da Anacleta e a Cinthia.

— A Cinthia? — perguntou Letícia, surpresa.

— A própria — confirmou Lorena. — E a Anacleta, que todo mundo achava meio reclusa, está lá toda semana.

— Interessante — comentei, cruzando as pernas. — Isso muda o jogo. A gente precisa se aproximar delas. Fazer amizade com elas, trazê-las pro nosso time.

A Tatiana deu um sorrisinho.

— Boa sorte.

— A gente tem que tentar — insisti. — Por isso, precisamos que uma de nós vá até lá amanhã. Pode ser sob o pretexto de aula teste, curiosidade, qualquer coisa. O importante é começar o contato.

Antes que eu terminasse de falar, sete mãos subiram ao mesmo tempo.

— Não posso — disse Larissa. — Tenho fechamento de sprint no trabalho esta semana.

— Também não posso — falou Lorena. — Reunião com fornecedor o dia inteiro.

— Nem eu — completou Tatiana. — Amanhã, tenho uma entrevista marcada pra uma reportagem.

— Eu trabalho até quase de noite — justificou Jéssica.

— Eu tenho uma consulta de tardinha — disse Carolina.

— Eu não acho uma boa ideia eu ir na academia do meu ex — falou Letícia, rindo nervosa.

Olhei pra Sarah, que ainda não tinha dito nada, e dei um sorriso de quem já sabia a resposta.

— Sarah, parabéns. Escolhida por eliminação.

Ela arregalou os olhos, os ombros tensos.

— Como assim, escolhida? Eu só não levantei a mão porque não sabia que dava pra fugir!

— Agora sabe — respondi, divertida. — Mas tarde demais.

— Eliana, eu não tenho jeito pra isso — protestou ela. — Eu mal consigo puxar conversa com gente que eu conheço. Imagina com desconhecidas!

— Justamente por isso — insisti. — Ninguém vai desconfiar das tuas intenções. Você passa uma imagem fofa, neutra. E é casada, o que ajuda. Elas vão baixar a guarda.

Sarah suspirou.

— Vocês vão me dever uma.

— Já estamos devendo — respondi, sorrindo. — Mas é por uma boa causa.

A conversa seguiu. Eu puxei o próximo ponto da pauta, batendo os dedos na mesa.

— Agora, a tal nova sauna unissex. O síndico inaugurou hoje de manhã, sem aviso prévio. Um papelzinho nos elevadores e pronto.

— Aquilo é um absurdo — disse Jéssica, cruzando os braços.

A Tatiana se inclinou pra frente, o olhar analítico.

—Tem três questões econômicas gritantes nisso. Primeiro: o custo da obra. A sauna não estava discriminada no orçamento e ninguém sabe o quanto isso influenciou nos aumentos do condomínio nos dois últimos anos.

— Nossa, é verdade — reagiu Letícia, balançando a cabeça. — A gente vive reclamando dos reajustes e nunca teve uma explicação decente. Vai ver teve dedo dessa sauna no meio.

— Segundo: os custos de manutenção — continuou Tatiana. — Não foi apresentado nenhum estudo sobre quanto a sauna vai custar por ano em energia, água e manutenção. Nem o quanto isso vai pesar na taxa do condomínio.

— Isso é um absurdo — comentou Carolina, indignada. — Depois vem aumento e dizem que é por causa da inflação. Tudo escondido embaixo do tapete.

— Terceiro: as reformas pendentes — concluiu Tatiana, batendo o dedo indicador na mesa. — A garagem, os encanamentos, a fachada... Todas essas obras são mais importantes e continuam fora de pauta.

— A fachada, principalmente — disse Larissa. — Tá toda descascando, e o síndico prefere gastar dinheiro com sauna? É piada, né?

Essa parte das obras emergenciais eram a praia da e ela não fugiu da raia.

— Em um mês ou menos eu termino o laudo das reformas emergenciais — disse, com aquele tom metódico de quando age profissionalmente. — Mas já adianto que, do jeito que está, o dinheiro que foi pra sauna faria uma diferença enorme nessas obras. A gente vai precisar remanejar recursos pra cobrir o que faltou.

— Agora o leite já foi derramado — comentou Larissa, dando de ombros. — Não é como se a gente fosse deixar de usar a sauna pra protestar, né?

Houve um silêncio desconfortável. Olhei em volta e vi que todas estavam pensando a mesma coisa. Lorena mexia distraída no cabelo, Tatiana tamborilava os dedos, Carolina mexia no celular fingindo desinteresse, e Jéssica olhava pro nada, mas com aquele sorrisinho de quem tentava disfarçar curiosidade.

Eu fui a primeira a admitir.

— Confesso que estou curiosa pra ver como vai ser.

— Eu também — disse Lorena, rindo. — Não sou de ferro. Se já tá pronta, pelo menos a gente aproveita o luxo.

— Uma vezinha não mata ninguém — completou Carolina, pragmática. — E se for boa, ajuda a relaxar depois da academia.

A Tatiana deu uma risada, saboreando a ironia. Ela era a primeira a reclamar da obra, mas como não tem como voltar atrás, estava louca pra usufruir dela.

— Seria contraproducente financeiramente e talvez até impopular boicotar a sauna — disse eu, tentando trazer o grupo pra realidade. — O que a gente pode fazer é usar a sauna pra se aproximar do pessoal da Torre B. Socializar lá, criar pontes, entender o que elas pensam.

— E desde quando você virou nossa líder, Eliana? — perguntou Jéssica, meio brincando, meio séria. — Já tá até distribuindo tarefas.

Tatiana sorriu torto.

— Boa pergunta. Quem te elegeu a líder da turma?

— Gente, calma — disse Lorena. — Eu não tenho problema nenhum em deixar a Eliana coordenar. Ela tem tino pra isso.

— Concordo — disse Sarah. — Ela organiza bem as ideias.

— Eu também não vejo problema — disse Letícia, sorrindo sem jeito. — A Eliana é prática. E todo grupo precisa de alguém assim.

— Eu também — disse Carolina. — Alguém tem que manter a gente focada.

A Larissa assentiu em silêncio, concordando com as outras.

A Tatiana estava prestes a abrir a boca de novo, mas Letícia se adiantou.

— E a gente combinou que a próxima candidata a síndica é a Tatiana, lembra? A Eliana já deixou claro que não quer isso pra ela.

A Tatiana parou por um instante e riu, meio sem graça.

— É verdade. Eu só... Deixa pra lá. Deu ciuminho besta.

— Então pronto — finalizei. — Vamos manter o foco. Alguém tem mais algum ponto pra trazer?

A Sarah levantou a mão.

— Eu tenho. Acho que a gente devia tentar trazer a Anacleta pra turma. Ela é próxima da Marieta, mas é uma pessoa boa.

— A Anacleta? — reagiu Jéssica, com visível hesitação. — Ah, sei não. Ela é meio crente demais pro nosso grupo.

— Eu penso igual — disse Larissa. — Ela tem cara de ser do tipo que se ofende se a gente falar um palavrão.

— Vocês têm preconceito com evangélicos, é? — perguntei, um pouco cansada dessa picuinha da Jéssica contra a Rebecca. — A Rebecca é batista e tá com a gente desde o início.

Sarah assentiu.

— É, e a Rebecca nunca encheu o saco de ninguém por causa de religião.

— Você confia na Rebecca tanto assim, Eliana? — perguntou Jéssica.

Aqui, eu perdi a paciência com a superioridade moral da Jéssica.

— Colocaria a mão no fogo por ela — respondi sem hesitar.

— Eu também — respondeu Lorena.

Sarah se inclinou pra frente.

— E, só pra lembrar, a ala da Marieta não é só de evangélicos. Tem católicos radicais e um monte de morador mais velho que sofreram lavagem cerebral da Marieta durante anos. Eles não são fanáticos religiosos, só passaram a acreditar no que ela diz porque era a única oposição que tinha aqui.

A Tatiana completou:

— Isso. Muitos desses estão com ela por causa da insatisfação com os aumentos no condomínio e com a saída de moradores antigos. A Marieta os convenceu que nós representamos uma mudança de valores. Os culpados pelos aumentos.

— Então tá decidido — apontei. — Eu vou tentar me aproximar da Anacleta, ver se rola uma amizade. Se der certo, a gente traz ela pro grupo.

— Eu posso tentar também — disse Letícia. — Ela me parece mais aberta do que as outras da ala da Marieta.

— Perfeito. E esse ponto que a Tatiana levantou, dos moradores mais velhos, é algo que a gente devia investigar. Tatiana, Jéssica, vocês podem ir atrás disso? Ver quem tá mais descontente e por quê.

— Pode deixar — disse Tatiana. — Já sei até por onde começar.

— O seu Raimundo conhece bem esse povo — comentou Lorena. — A Rebecca tá morando com ele esta semana, não?

— Os meus pais também — disse Larissa. — Posso sondar eles pra ver o que ouvem nos corredores.

— Então é isso — concluí. — Cada uma tem uma missão. A gente vai se falando no grupo de WhatsApp e repassando os avanços.

Eu olhei em volta e senti uma satisfação leve. Todas pareciam animadas, unidas, cheias de planos. Mal sabia eu que aquela seria a última reunião pacificamente bem-sucedida da turma da academia.

Eu tinha combinado de me encontrar com o Carlos na terça na hora do almoço. Em um restaurante com buffet por quilo razoavelmente perto da universidade e meio longe do meu trabalho. O risco de conhecidos era médio pra baixo, mas tínhamos a justificativa de sermos amigos.

Por algum motivo, ele estava atrasado e não avisou nem um simples “vou me atrasar”. As duas últimas mensagens nem tinham sido entregues. Não era do feitio do Carlos. Se houvesse algum imprevisto, ele teria avisado. E Carlos sempre foi cuidadoso comigo. Talvez alguma coisa tivesse acontecido. Pensei em ir até a faculdade, mas isso chamaria atenção demais.

Foi quando vi o Jonas entrando no restaurante. O mesmo sorriso ensaiado de sempre, camisa social meio aberta. Normalmente, eu teria me encolhido atrás do cardápio pra evitar papo. Mas naquele dia, com a cabeça girando em preocupação, acabei levantando o braço sem pensar.

Ele me viu e sorriu, aquele sorriso estudado de quem acredita estar prestes a conquistar alguma coisa.

— Eliana! — Ele me deu um beijo no rosto, demorado. — Olha só quem eu encontro por aqui.

— Pois é — respondi, tentando soar leve. — Tá almoçando sozinho?

— Tava indo pegar o prato. Esperando alguém?

— Não. Nem tinha me tocado que aqui era perto do campus. Cadê o resto do pessoal? Quer sentar aqui?

O sorriso dele se alargou, e eu soube que ele interpretou o convite de forma errada. Ele foi pro bandejão e, quando voltou, com o prato equilibrado, sentou-se de frente pra mim. O olhar dele pro meu corpo era o mesmo de um leão avaliando uma gazela antes de atacar. Ignorei. Estava acostumada com aquilo. Quase todos os homens me olhavam assim. Tirando o Rogério, o Maurício e, bem, fazia uns meses que o Leandro não me olhava mais assim.

— E então — disse ele, cortando um pedaço de carne —, o que anda fazendo?

— Num projeto novo, parte de energia limpa. Bastante coisa pra resolver. E você?

— Na mesma. Mesmas disciplinas, mesmos alunos. A minha vida é um ciclo que reinicia a cada semestre.

Fiz um leve aceno com a cabeça, fingindo interesse, mas ansiosa demais com o atraso do Carlos.

— Sabe se o resto do pessoal vem almoçar por aqui também?

O Jonas limpou os lábios com o guardanapo.

— O pessoal do nosso prédio? Talvez a Alessandra apareça já-já. O Carlos e a Natália não devem vir hoje.

— É mesmo? Por quê? — tentei controlar o tom da voz.

— Foram levar o Maurício pro hospital.

A colher parou no ar.

— O quê? Como assim? O que aconteceu?

— Não sei bem. Pelo que falaram no grupo dos professores, parece que uma bola de boliche acertou o Maurício bem no... você sabe... no... púbis. Com muita força. Um acidente, mas algo horrível.

Arregalei os olhos, sem conseguir disfarçar. Ele fez uma cara de quem imaginava a dor e concordava que era algo terrível.

— Meu Deus... Como?

— Não sei. Teve quem disse que a bola escapou da mão de alguém, teve quem disse que miraram em outra pessoa enquanto ele tava passando e a pessoa se abaixou. — Jonas parecia preocupado, mas não o suficiente pra ir ao hospital ver o colega. Considerando que ele quase tinha espancado o sogro dele, dá pra entender os limites da empatia.

— Que horrível. Apesar de tudo que o Maurício tem feito ultimamente, eu não desejaria algo tão doloroso pra ninguém.

— Pois é — disse Jonas, que parecia arrepiar ao pensar na dor. — Eu não desejaria aquilo que descreveram pra ninguém.

— De qualquer forma, espero que o Maurício se recupere logo. Ele pode ter feito besteira, mas ninguém merece passar por isso.

Enquanto o Jonas mastigava, o olhar distraído, minha mente já trabalhava tentando preencher as lacunas da história. O Carlos e Natália levando o Maurício pro hospital fazia sentido. Os dois sempre foram do tipo que se compadece fácil. Principalmente a Natália. Se o celular do Carlos estava fora do ar, ele não teria como me avisar. Mas teria como mandar um recado pela Natália. Não direto pra mim, claro. Isso chamaria atenção. Mas poderia muito bem pedir pra ela soltar no grupo da academia, disfarçado de comentário banal.

Peguei o celular sob a mesa e abri o WhatsApp. No grupo da turma da academia, tinha a mensagem esperada.

[NATÁLIA]: “Gente, o Maurício acabou sofrendo um acidente feio na faculdade. O Carlos e eu fomos com ele pro hospital. Acho que ele vai precisar de cirurgia. Medo dele ter quebrado a bacia.”

Metade das mulheres da turma respondeu com emojis e frases curtas: “bem feito”, “Deus castiga”, “karma é rápido”. Suspirei. Por mais que elas quisessem tomar as dores da Rebecca, eu era contra sentir prazer em ver alguém machucado.

— Tudo bem com você? — a voz do Jonas me tirou do celular. Ele mastigava devagar, me observando por cima do prato.

Guardei o aparelho rápido, fingindo que estava apenas checando notificações.

— Tô bem, sim. Só cansada. E o Leandro também anda meio estranho.

— Estranho como?

Suspirei.

— Sei lá. Distante. Trabalha, chega em casa, fica no celular, quase não me toca mais. Às vezes, parece que eu moro com um colega de quarto.

— Isso acontece, Eliana. Casamento longo, rotina... Mas vocês dois sempre pareceram um casal firme. O que mudou?

A pergunta me pegou desprevenida.

— Acho que eu mudei. — falei baixo. — Depois que comecei a me enturmar mais com as outras mulheres na academia, eu me sento mudada, sabe? E ele pareceu não acompanhar. Ficou na defensiva.

Jonas assentiu lentamente, os olhos fixos nos meus.

— E você tentou conversar com ele sobre isso?

— Várias vezes. Ele sempre diz que tá tudo bem, mas eu sinto que não tá. — Dei um sorriso melancólico. — Às vezes acho que o amor da gente entrou em coma e ninguém sabe como acordar.

Jonas ficou em silêncio por alguns segundos, depois pousou a mão sobre a minha.

— Eliana, eu conheço você e o Leandro há anos. Fui professor dos dois, lembro bem de como vocês se olhavam. Não joguem isso fora por causa de uma fase ruim.

— Eu sei... — murmurei. O toque dele era morno, firme. E o olhar era tão intenso que me desconcertou. Havia algo ali que não combinava com as palavras de apoio. Um desejo que ele tentava mascarar com empatia. Por um instante, me peguei pensando algo absurdo: que ele não hesitaria em comer a mim e ao Leandro ao mesmo tempo, se pudesse. E o pior é que aquele pensamento não me causou repulsa. Me causou um arrepio leve.

— Obrigada, Jonas. Eu precisava ouvir isso.

— Sempre que precisar, Eliana. Pode contar comigo, de verdade.

O resto do almoço seguiu normal. Até o final dele, o Jonas não tinha recebido nenhuma novidade do Maurício e eu não entendi porque me sentia tão à vontade pra me abrir sobre o Leandro com ele.

No final daquela tarde, a votação sobre ver ou não os nudes do ex-namorado da Letícia, o Antônio, causou a primeira cisão da turma da academia. Depois disso, nunca mais confiamos cegamente umas nas outras.

Naquela noite, as repercussões já começaram. Eu, Rebecca e Letícia estávamos na mesa de jantar do apartamento do Carlos, onde a Rebecca tinha pedido pra nos encontrarmos. O Carlos e a Odete estavam fora. Àquela altura, eu e a Rebecca já tínhamos cópias da chave.

A Letícia estava com uma calça legging cinza clara e uma regata branca colada. As coxas dela pareciam esculpidas, o bumbum projetava a sombra perfeita. O cabelo castanho, solto e liso, caía nas costas com naturalidade. Era impossível não reparar como aquela mistura de inocência e fogo que deixava qualquer homem, e algumas mulheres, sem ar.

A Rebecca, por outro lado, usava uma saia longa de tecido leve e uma blusinha azul que deixava os ombros à mostra. Mesmo quando tentava se mostrar firme, ética, religiosa, o corpo dela denunciava tudo o que tentava esconder: os seios pequenos e firmes, a bunda empinada sob o tecido leve, o jeito doce de ajeitar o cabelo atrás da orelha enquanto falava.

Eu estava de short jeans e uma camiseta branca que moldava meus seios grandes, o tecido marcando o contorno dos mamilos. Estava de chinelos.

A Rebecca apoiou os cotovelos na mesa e nos olhou de forma repreensiva.

— Vocês têm noção do que fizeram? Isso é criminoso, pra começar. E imoral. Vocês expuseram um homem inocente! Imaginem se o Antônio, o Leandro ou qualquer outro resolvesse mandar os nudes de vocês em grupo de vizinhos ou amigos! Vocês iam gostar?

A Letícia respirou fundo e cruzou os braços.

— Ah, Rebecca, pelo amor de Deus. Não é bem assim. Eu nem queria mandar! Foram as outras que insistiram. Eu só… Eu só queria fazer propaganda do Antônio pras solteiras! — Ela deu um risinho nervoso. — Só queria ajudar ele...

Suspirei, tentando aliviar o clima.

— Eu votei sim. Mas foi mais pela empolgação do grupo. Até a Jéssica votou sim. Eu não queria parecer a chata, a certinha do grupo. Todo mundo tava indo, acabei indo junto.

— Eu entendo, Eliana. De verdade. Eu sei o que é ser vista como a certinha, a carola, a que sempre diz não. Mas a gente não pode abrir mão do que acredita só pra se encaixar. Não vale a pena.

Fiquei em silêncio por um instante.

— Eu sei. Você tá certa. Mas às vezes é cansativo, Rebecca. Todo mundo te julgando por ser certinha demais. Eu só queria saber como é ser parte das mulheres mais liberais, nem que fosse por um momento.

— Vocês duas fazem parte de um harém! — lembrou Letícia. — Quer algo mais liberal que isso?

— Não é um “harém”! — repetiu Rebecca, como sempre. — É só um arranjo poliamoroso consensual diferente.

Letícia riu. Rebecca a olhou de novo, dessa vez mais suave.

— Letícia, eu gosto de você. Gosto mesmo. Você é incrível. Inteligente, bonita, divertida. Mas eu não quero te ver virando esse tipo de pessoa que faz revenge porn. Você não é isso.

A Letícia ficou um tempo calada antes de responder.

— Eu… Isso não foi um revenge porn. — A voz dela baixou. — Eu só pensei que, sei lá, o Antônio ia gostar da fama. Ele sempre quis ser o garanhão. Eu pensei que se fizesse propaganda dele pra mulherada solteira, elas iriam atrás dele e isso iria ajudar ele a me esquecer e seguir em frente.

— Ajudar? — reagiu Rebecca. — E a privacidade dele?

— Eu só queria que ele ficasse bem, que seguisse em frente. — Letícia suspirou e olhou pra baixo. — Eu já segui, mas todo mundo comentava que ele tava chorando pelos cantos na faculdade. Quis dar uma forcinha.

— A Rebecca tem razão, a gente passou um pouco do limite.

— Eu sei. Eu... vou pensar em como me desculpar com ele.

— Acho que deixar ele em paz e apagar aquelas fotos do teu celular são um bom começo — comentei.

— Todo mundo erra, mas você precisa assumir o seu erro — disse Rebecca. — Não temos como resolver o problema com as outras mulheres da turma. Se tentarmos obriga-las a apagar as fotos, vão começar uma guerra civil. Mas podemos resolver entre nós duas.

A Letícia baixou a cabeça antes de perguntar.

— Olha, eu sei porque você ficou tão zangada com a Eliana. Vocês duas estão em um relacionamento... Digo, compartilham um relacionamento em comum. Mas e eu? Por que tanta preocupação comigo em vez de, digamos, a Jéssica ou a Lorena?

Em pensamento, eu imaginava que uma boa resposta era que a Jéssica e a Lorena não sabiam do harém, digo trisal.

— Porque eu quero o seu bem, Letícia. — murmurou Rebecca, que se levantou, foi até ela e a puxou pra um abraço.

A cena me deixou tocada. Vi a Rebecca, com toda sua moral e fé, se desarmar completamente. E a Letícia, com toda sua energia, se derreter. As duas ficaram abraçadas por um tempo, e eu não consegui evitar pensar que aquilo terminaria em sexo lésbico um dia.

Me juntei a elas no abraço.

— É bonito ver vocês assim — comentei. Eu olhei pras duas, sentindo um calor estranho subir pelo corpo. Era carinho, admiração e um pouco de desejo, talvez. Aquele equilíbrio entre razão e impulso que sempre existia entre nós.

Rimos juntas, as três. A Letícia estava quase perdoada, mas ainda precisava fazer algo pra se redimir. O quê? Ainda não sabíamos.

Era quarta, já quase umas 22 horas. Eu estava a poucos passos da porta da Carolina quando ela se abriu de repente. O Jonas saiu, com aquele sorriso educado de sempre.

— Oi, Eliana — ele disse, ajeitando os cabelos que indicavam começar a rarear.

— Oi, Jonas. Tudo bem? — respondi, tentando soar casual, embora a surpresa fosse evidente.

Ele me cumprimentou com um cafuné nos cabelos e foi em direção ao elevador. Eu o observei de relance enquanto ele esperava o elevador, depois me voltei para dentro.

A Carolina estava na sala, sorridente. Atrás dela, a Lorena estava fechando o notebook, colocando no case.

— Oi, queridas! — cumprimentei, abrindo um sorrisão.

Fui abraçar a Carolina primeiro. O perfume dela era doce, leve, inconfundível. Depois, abracei a Lorena, que me retribuiu com um sorriso simples e aquele olhar sempre sereno.

— O que vocês estavam fazendo? — perguntei, curiosa, ajeitando a bolsa na cadeira.

— Estávamos preparando uma apresentação pro clube do livro — explicou Carolina, apontando pra mesa. — O Jonas e a Lorena estão me ajudando.

— Ah — fiz um sorrisinho. — Então foi uma noite de intelectuais.

A Carolina riu baixo.

— Foi sim. O Jonas tem umas sacadas muito boas.

— E ele tem uma paciência absurda — completou Lorena. — Não sei como consegue lidar com nossas divagações filosóficas sem perder o fio da meada.

— Ele é um cara muito legal mesmo — comentou Carolina, distraída.

Eu apenas assenti, sem comentar nada. O Jonas sempre causava reações misturadas em mim. Algo nele me incomodava.

A Lorena terminou de arrumar as coisas e se levantou.

— Vou indo. Amanhã, acordo cedo.

A Carolina se levantou também e a Lorena lhe deu um abraço forte, sincero. Quando veio a minha vez, o abraço da Lorena foi mais breve, educado, mas carinhoso.

Assim que ela saiu, o apartamento pareceu respirar em outro ritmo. Logo, me virei pra Carolina.

— E por que você não me chamou pra ajudar dessa vez? — perguntei, meio de brincadeira, meio curiosa.

Ela desviou o olhar, envergonhada.

— Achei que você fosse negar.

— Eu provavelmente negaria mesmo — admiti, rindo. — Mas gosto de ser chamada.

Ela riu também, relaxando.

Sentamos à mesa. Ela recolhia alguns papéis, e eu a observei por um instante em silêncio. A camiseta dela marcava levemente o contorno dos seios, e as pernas, cruzadas de um jeito displicente, revelavam uma naturalidade sensual que me incomodava. O Carlos sempre tivera uma queda pela Carolina. Quando nos tornamos namorados/amantes, ele me contou sobre a atração que sentia por ela, mas que nunca passou disso. Claro que eu tinha colocado a Carolina na lista de mulheres “liberadas”, aquelas com quem ele podia transar sem culpa. Mas eu só tinha a colocado porque não pensei em nenhum argumento pra enrolar a Rebecca. Só de pensar no Carlos com a Carolina, meu estômago revirava.

Não que eu fosse possessiva. Mas porque eu sabia que, se a Carolina tivesse dado qualquer condição ao Carlos na época pós-divórcio, eu não estaria com o Carlos hoje. Seria ela, a namorada do Carlo. Não eu.

— Você e o Jonas têm mais em comum do que eu imaginava — comentei, mexendo na caneca de café. — Os dois são tão intelectuais. Literatura, teatro, esses filmes cabeçudos.

— Filmes cabeçudos? Que ofensa, Eliana.

— Ah, você entendeu — respondi, rindo. — Eu sou mais do tipo que dorme na metade de “O Sétimo Selo”.

— E eu sou o tipo que discute o final por horas — disse ela, brincando.

— Pois é... — dei um gole no café e olhei pra ela com um sorrisinho. — E já pensou se você e o Jonas fossem namorados? Ia ser o casal mais intelectual do prédio.

Ela riu alto, inclinando-se pra trás na cadeira.

— Você esqueceu que o Jonas é casado?

— Detalhes.

— Ele foi nosso professor.

— Isso faz quase nove anos!

— Hm... É esse o argumento que você usou pra namorar o Carlos às escondidas?

O riso morreu na minha garganta.

Por um instante, o mundo pareceu silenciar. O ar ficou espesso, pesado. Eu senti o coração bater acelerado, o sangue subir ao rosto. A Carolina me observava, os olhos calmos, mas atentos, como quem acabara de jogar uma carta e esperava pra ver minha reação.

— Desde quando você sabe disso, Carolina? — perguntei, tentando manter o tom leve, mas sentindo meu rosto esquentar.

Ela sorriu, recostando-se na cadeira, como quem saboreava um segredo antigo finalmente revelado.

— Ah, Eliana, a gente se conhece há o quê? Uns 14 anos? — Ela me olhou com aquele olhar doce, mas firme. — Nessa altura do campeonato, você é praticamente minha melhor amiga. Só nunca chamamos uma à outra assim.

Suspirei.

— É verdade. Você é minha melhor amiga — admiti. — Talvez por isso eu acabe indo ver esses filmes cabeçudos e chatos que você adora. Eu vou pela sua companhia.

— Chatos, é? — disse, brincando. — Olha que o próximo é um iraniano de três horas, hein?

— Vou precisar de pipoca e travesseiro — respondi, rindo. — Mas eu vou contigo.

Ela riu junto, balançando a cabeça. O clima estava mais leve, mas eu sabia que ela não tinha acabado.

— Sabe, Eliana. Eu sempre percebi que você era apaixonada pelo Carlos desde o terceiro período da faculdade. O jeito que você olhava pra ele, aquele nervosismo quando ele te chamava pra responder uma pergunta.

Ri, meio sem graça.

— Eu achava que disfarçava bem.

— Disfarçava nada. Você ficava toda corada, tropeçava nas palavras, gaguejava. — Ela deu um risinho. — Era até fofo.

Cobri o rosto com as mãos, envergonhada.

— Meu Deus, que vergonha...

— Nunca falei nada porque, naquela época, o Carlos tinha fama de cafajeste. — O tom dela ficou mais sério. — Diziam à boca pequena que ele comia geral entre as professoras, pós-graduadas e funcionárias do departamento. Que ele tinha um harém de mulheres.

Eu dei de ombros, tentando esconder o desconforto.

— Ele mudou, Carolina. Hoje ele é outro homem.

— Talvez. Mas o jeito que você olhava pra ele não mudou. Nunca mudou — disse ela. — Quando você se mudou pra cá, o olhar era o mesmo.

— Então você andou me observando bastante, hein? — tentei brincar, mas a voz saiu meio trêmula.

— Não precisava observar muito. E somar um mais um não foi difícil depois que vi vocês se beijando no carnaval e, depois, no cinema.

Congelei. Fiquei muda por alguns segundos, sentindo o coração acelerar.

— Então, você viu — murmurei, por fim. — É, eu tô namorando o Carlos. Faz uns meses. Desde março.

Carolina respirou fundo e me olhou com uma mistura de ternura e reprovação.

— Eu não aprovo o Carlos. Acho ele um cafajeste. E acho tudo isso bastante errado porque você ainda é casada, Eliana. Mas, eu sei que esse sempre foi o seu sonho. E eu não vou te julgar. — Ela apoiou o queixo na mão. — Só promete que vai se divorciar do Leandro.

Desviei o olhar, o incômodo apertando o peito.

— Posso te fazer uma pergunta? — mudei de assunto. — O que você acha do Jonas como homem?

Ela reagiu surpresa.

— O Jonas? Ele é casado. E foi nosso professor, lembra?

— Eu sei, mas e como homem? — insisti, brincando com a borda da caneca.

Ela pensou por um instante.

— Ele é inteligente, articulado, confiante. Charmoso, de certo modo. Mas tem algo nele que me deixa com um pé atrás. Não sei explicar.

Enquanto ela falava, uma ideia começou a crescer na minha mente. Uma imagem. Carlos e eu, de um lado da cama. Jonas e Carolina do outro. Dois casais, dois professores, duas ex-alunas. Havia uma simetria quase poética nisso. E o pensamento me deixou excitada. O calor subiu pelas minhas coxas, e senti o coração acelerar; o leve tremor nas minhas mãos denunciava o quanto aquilo me excitara.

A Carolina me olhou desconfiada.

— Por que essa pergunta? Era só pra desviar o assunto do Leandro?

— Não exatamente — admiti. — É que, por um segundo, eu imaginei algo. Eu e o Carlos de um lado da cama, e você e o Jonas do outro. Dois casais de professores com suas ex-alunas. Soou adequado.

Ela me encarou, surpresa. Por um instante, o riso que ensaiou ficou preso na garganta. A respiração dela mudou, mais curta, como se o pensamento também tivesse a atingido. Uma olhou pros seios da outra, procurando evidências de que ambas tinham ficado excitadas com a ideia. Depois ela riu, balançando a cabeça, tentando disfarçar.

— Você não presta, Eliana. E o pior é que... — Ela hesitou por um instante, como se ponderasse se devia continuar. — Isso não é tão distante do que a gente já conversou, lembra? Na faculdade. Quando você ainda era só namorada do Leandro, e eu do Gerson. A gente falou disso várias e várias vezes. Deu tempo das duas se casarem, eu me divorciar e a gente nunca levou isso adiante. Nem vai.

Ri, sem conseguir esconder o sorriso provocante.

— Mas eu sempre quis que a gente fizesse sexo a quatro. Seria uma daquelas loucuras mais liberais que eu só teria coragem de fazer ao lado de um casal próximo.

— Então, agora você tá louca pra me ver dando pro Jonas? — Ela riu. — E eu não sei se quero ver o Carlos te comendo.

— Não precisa ser o Jonas. Pode ser qualquer outro ex-professor. Menos o Carlos — respondi. — Que tal o Vítor, então? Você achava ele gostoso na época da faculdade.

— Ele deve estar com uns 48 agora, né? — replicou, rindo.

— E daí? Os dois estão solteiros. Eu posso conseguir o WhatsApp dele com o Carlos, se quiser...

— Você não presta, Eliana.

— Não estou te pedindo pra se casar com o Vítor, só uma transa casual. E você deixar eu ver ele enfiando o pau na sua buceta beeeeeeeeem devagar.

Nós caímos na risada e ficamos em silêncio por alguns segundos. O clima no ar oscilava entre a cumplicidade e algo quase elétrico. Até que ela se levantou e foi até a bancada pegar mais café.

— Então, qual era o verdadeiro motivo de você ter vindo aqui hoje? — perguntou, servindo as duas canecas.

Então lembrei dos nossos planos pro condomínio e a conversa sobre sexo e putaria morreu de vez.

Era a noite da quinta. Eu tinha acabado de chegar da academia e o meu corpo ainda pulsava quente, coberto de suor e endorfina, quando entrei direto no banho. A água morna escorria pelos meus ombros, descia pelo pescoço, deslizava entre os seios e escorria até as coxas. Fechei os olhos e respirei fundo, deixando que a água me envolvesse como um cobertor. Eu fiquei ali por longos minutos, como se aquele banho pudesse dissolver todas as minhas tensões. Pensava em nada e em tudo. Pensava no Leandro, ou melhor, na ausência dele.

A campainha tocou. Uma, duas, três vezes. Ignorei nas primeiras, fingindo que não ouvi. Mas a insistência foi tanta que eu fechei o chuveiro com um suspiro e enrolei uma toalha no corpo. Tinha quase certeza de que era o Carlos ou a Rebecca. A toalha era curta, rosa, e grudava um pouco na pele ainda molhada. Meus cabelos pingavam sobre os ombros e a toalha deixava boa parte das minhas pernas à mostra. Sabia que estava um tanto exposta pra quem ia abrir a porta, mas se era um daqueles dois não teria problema.

Quando abri, levei um susto: era o Jonas.

— Boa noite, Eliana — disse ele, com aquele tom calmo e educado de sempre, entrando sem esperar convite. — Eu vim devolver uns blu-rays do Leandro.

— Ah, oi, Jonas. — Fiquei um pouco sem graça, tentando ajeitar a toalha no peito. — Ele não está, saiu faz um tempo.

Jonas me olhava de cima pra baixo, fixando cada detalhe das minhas coxas, registrando cada gota d’água que escorria dos meus ombros até a curva dos seios. Eu fingi não perceber, mas era desconcertante. Precisava me livrar dele, ou pelo menos, arrumar uns segundos pra vestir algo.

— Você tá bem? — perguntou de repente, com a voz mais suave. — Tá com uma cara, não sei, meio triste. Aconteceu alguma coisa?

Eu vacilei.

— Não é nada, Jonas. Só cansaço. — Olhei pro chão. — Foi um dia puxado.

— Eliana... — respondeu, dando um passo à frente. — Eu te conheço. Tem algo errado. Quer conversar?

A maneira como ele falou soou sincera. Não era o Jonas debochado das reuniões, nem o professor metido da época da faculdade. Ele estava diferente, ou parecia estar. Suspirei, hesitei por alguns segundos e, quando percebi, já estava contando.

— Eu não sei mais o que fazer com o Leandro. — A voz saiu trêmula. — Acho que nosso casamento tá por um fio.

— Isso tem a ver com aquela conversa de ontem? — ele perguntou, se acomodando no sofá. — No almoço?

— Tem, sim. — Eu sentei ao lado dele, ainda apertando a toalha contra o corpo. — É tudo aquilo e mais um pouco. A gente se perdeu, sabe? Ele tá distante, frio. Quase não conversa comigo.

— Me conta tudo — pediu, com um tom de quem realmente ouvia. — Desde o começo.

E eu contei. Contei tudo. Contei de como o Leandro tinha virado um estranho dentro de casa, de como passava noites fora dizendo que era com amigos, de como eu tentava me aproximar, conversar, reacender alguma coisa. E nada. Disse até da vez que tentei fazer anal com ele pra ver se isso mudava algo entre nós, mas não deu certo no meio, me deixando humilhada. As palavras iam saindo, e eu nem percebia mais o quanto estava exposta, nem o quanto a toalha cobria ou revelava em excesso.

Mas, naquele momento, o Jonas não parecia olhar pro meu corpo. Ele apenas ouvia. Atento, calado. Só fazia perguntas aqui e ali:

— E desde quando ele anda assim?

— Você acha que tem outra pessoa?

— E o diálogo entre vocês, ainda existe?

Eu respondia tudo, sem filtrar nada. A voz falhava às vezes, mas ele não interrompia. Parecia realmente interessado, e por um momento eu me senti acolhida, compreendida.

— A gente não faz sexo desde fevereiro — confessei, num sussurro. — Ele quase não dorme comigo. Passa várias noites fora, chega tarde, e quando chega, parece um hóspede.

Jonas balançou a cabeça devagar, olhando pra frente.

— Isso é muito sério, Eliana. — A voz dele era calma, quase triste. — Por que você não acaba logo com isso? Pede o divórcio. Ninguém te julgaria depois de tudo que você passou. O que ele está fazendo é quase abandono marital.

Eu respirei fundo. Aquela expressão, “abandono marital”, me soava tão fria, tão definitiva. Cruzei as pernas no sofá e olhei para Jonas.

— Eu não quero que o casamento acabe assim, Jonas — falei, sentindo a garganta apertar. — Eu amo o Leandro... ou amava. Eu não sei mais. Mas eu quero saber o que aconteceu. Quero, pelo menos, poder dizer pra mim mesma que fiz tudo o que podia pra salvar o nosso casamento.

Jonas me observou em silêncio por alguns segundos, e então balançou a cabeça lentamente.

— Isso é uma forma um tanto errada de enxergar a questão. — O tom dele era ponderado, quase professoral. — Uma forma orgulhosa demais, talvez.

— Orgulhosa? — perguntei. — Não é orgulho. Eu só não quero desistir. Faria qualquer coisa pra tentar salvar o meu casamento. Qualquer coisa. Ou, pelo menos, descobrir o que realmente aconteceu.

— Qualquer coisa mesmo? — repetiu, com uma entonação mais baixa, que quase me fez estremecer.

— Sim. Qualquer coisa.

Jonas recostou-se um pouco no sofá, cruzando as mãos.

— Eliana, às vezes, descobrir a verdade não é tão libertador quanto parece. — Ele me olhou diretamente nos olhos. — Às vezes, a ignorância é uma bênção.

— Eu não me importo — respondi sem hesitar. — Eu só quero saber a verdade. O que quer que ela seja.

— Tem certeza disso? — perguntou ele, devagar.

— Absoluta. — Eu o encarei, determinada. — Custe o que custar.

Jonas fez uma pausa longa, como se ponderasse algo sério, e então falou com voz grave:

— Então me dá a sua palavra? Que você quer descobrir, aconteça o que acontecer.

— Tem a minha palavra, Jonas. Eu tô desesperada. Eu preciso entender. Quero sair dessa relação sabendo que tentei de tudo. Sair de espírito limpo.

Ele então estendeu a mão na minha direção.

— Certo. — O tom dele voltou a ser mais leve, quase amistoso. — Então, Eliana, temos um acordo. Eu vou pensar em algumas formas de descobrir a verdade sobre o Leandro. Talvez ele se abra comigo, homem pra homem. Mas já te alerto uma coisa... Tenho quase certeza de que você não vai gostar do que vai ter que fazer pra salvar essa relação. Se eu conseguir descobrir alguma coisa, você vai me dever um favor. Tudo bem?

Hesitei por um instante, mas estendi a mão e apertei a dele.

— Tudo bem, Jonas. Temos um acordo.

Por dentro, algo em mim gelou. Eu não sabia explicar. Foi só um aperto de mão, mas senti um arrepio estranho percorrer a espinha. Sem perceber, tinha acabado de fazer um acordo com o demônio. Um acordo valendo a minha buceta, o meu cu e o do Leandro.

O Jonas se levantou logo depois, com um sorriso discreto.

— Preciso ir agora — disse. — Mas eu entro em contato, assim que tiver alguma novidade. Confia em mim, Eliana.

— Tá bem... — murmurei, ainda meio atordoada.

— Mas, sério, enquanto eu não falar contigo sobre o que eu descobri, você pode voltar atrás. Porque tenho certeza de que você não vai gostar do que vou descobrir.

Ele saiu do apartamento com a mesma calma com que havia entrado. A porta se fechou, e o silêncio voltou a reinar. Apertei a toalha contra o corpo e sentei novamente no sofá, tentando entender o que ele queria insinuar. Será que o Leandro nunca me amou?

Fiquei em silêncio. O riso morreu nos meus lábios. A ideia me atingiu como um soco. E se fosse isso? E se, desde o começo, ele só tivesse me visto como um troféu, uma forma de parecer o cara perfeito, hétero, bem-casado? E agora tivesse simplesmente cansado de fingir?

Neguei com a cabeça, tentando afastar o pensamento. O Leandro nunca faria isso comigo. Nunca.

Mas, agora, a dúvida incômoda estava instalada dentro de mim. E seria a ruína de um casamento já destruído.

Pois bem, leitor. Nos próximo capítulo, eu e a Rebecca vamos nos meter numa confusão e eu, enquanto transava com uma mulher da lista das permitidas, acabei vendo a minha namorada se entregando a outro cara. Quem? Surpresa.

Algumas questões que gostaria que os leitores respondessem nos comentários (mais sobre a narrativa):

I) Vocês acham que eu fui muito escrota em considerar a hipótese de empurrar a Carolina pro Jonas (um homem casado!) só pra afastar ela do meu Carlos?

Agora, e pelos próximos capítulos desta série e da série de Érico/Sarah, vou deixar as opções em aberto pra votação sobre o que deve acontecer.

Inevitavelmente, o Jonas comerá um dos casais: ou Eliana/Leandro ou Érico/Sarah.

Coloquem nos comentários o que vocês torcem que aconteça no lance Jonas/Eliana/Érico/Sarah e POR QUE torcem pra isso:

1) Jonas come Eliana e Leandro e transforma o casal em suas putinhas particulares por um tempo. Neste caso, Érico e Sarah escapam do Jonas.

2) Jonas come Érico e Sarah e transforma o casal em suas putinhas particulares por um tempo. Neste caso, Eliana e Leandro escapam do Jonas.

3) Jonas come Eliana e Leandro ao mesmo tempo, mas apenas uma vez. Neste caso, Érico e Sarah escapam do Jonas.

4) Jonas come Érico e Sarah ao mesmo tempo, mas apenas uma vez. Neste caso, Eliana e Leandro escapam do Jonas.

5) Jonas come Eliana e Carlos ao mesmo tempo, mas apenas uma vez. Neste caso, Érico e Sarah escapam do Jonas e a Eliana não tem problemas com o Carlos.

NÃO HÁ opção em que os dois casais escapem juntos. Apenas um casal vai escapar.

Ou a opção mais votada ou a que tiver o melhor argumento a favor será a vencedora e vai rolar na série do Jonas.

Coloquem nos comentários para o que vocês torcem que aconteçam nos próximos capítulos. Em breve, teremos a continuação.

Os próximos capítulos serão:

* Neste Condomínio em que Ninguém é de Ninguém, Exijo o Meu Vintém

* Eu, minha amiga gostosa e os vizinhos dela - Parte 02

* Minhas coleções de calcinhas, amantes e putinhas - Parte 10

* Queria Ser Síndica, mas Porteiros e Zeladores Me Viram Pelada - Parte 02 de 02

* Louco para enrabar a professora ruivinha, enrabei a <SPOILER> primeiro

* Eu, minha esposa e nossos vizinhos – Parte 17.5

* Eu e Minha Esposa Pulamos a Cerca... E o Caos Explodiu - Parte 11

* Eu, minha esposa e nossos vizinhos – Parte 18

* Quem Vai Comer a Advogada Evangélica? - Capítulo 11

* Eu, minha amiga gostosa e os vizinhos dela - Parte 03

* Apostei que Faria Aquela Médica Certinha Virar Minha Putinha - Parte 04

AVISO AO LEITOR @Kasdo passivo: Em primeiro lugar, peço desculpas por ter parecido que quis te ofender de alguma forma. Não era a minha intenção. Inclusive, o seu nome tinha sido listado entre os leitores que eu agradeci pelos argumentos, respostas e comentários. Como sempre enfatizo, aqui é um lugar pra comunicação aberta e respeitosa com todos os leitores.

Em segundo lugar, eu li e reli as minhas respostas para ti e não entendi em que momento fui grosseiro ou desrespeitoso. Talvez tenha passado batido por mim em alguma resposta, mas realmente não encontrei o trecho. Se puder me indicar onde fui desrespeitoso, posso buscar entender o que fiz e me justificar na próxima seção de respostas. Mesmo assim, peço desculpas pelo incômodo. Você é um dos leitores mais fieis e mais participativos da novela. Nunca foi minha intenção ofender você ou quaisquer leitores.

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Foto de perfil genéricaAlberto RobertoContos: 98Seguidores: 275Seguindo: 0Mensagem Em um condomínio de classe média alta, a vida de diversos moradores e funcionários se entrelaça em uma teia de paixões, traições e segredos. Cada apartamento guarda sua história, no seu próprio estilo. Essa novela abrange todas as séries publicadas neste perfil. Os contos sempre são publicados na ordem cronológica e cada série pode ser de forma independente. Para ter uma visão dos personagens, leia: Guia de Personagens - "Eu, minha esposa e nossos vizinhos"

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