Sinopse + Prólogo.
Sinopse: Um ano após os acontecimentos de Apaixonado pelo Perigo, a história recomeça - pelo menos, para o leitor.
Para os personagens, no entanto, quase um século se passou desde que suas vidas se cruzaram pela última vez.
Porque nem todos os amores, dores e raivas se resolvem em uma única existência. Às vezes, é preciso mais de uma vida para compreender, perdoar e recomeçar.
Yuri, Robinho e Samuel recebem uma nova chance do destino. Uma nova oportunidade de evoluir, de reencontrar quem um dia amaram e de tentar, dessa vez, fazer tudo diferente.
Sem lembranças do passado, mas guiados pelas mesmas conexões invisíveis que os uniram antes, eles vão descobrir que o amor verdadeiro nunca se perde - apenas se transforma.
E que algumas histórias são tão fortes que precisam atravessar o tempo para encontrar o seu final.
Um romance espiritual sobre reencontros, perdão e a força de laços que nem a morte é capaz de apagar.
Prólogo:
O tempo é uma força misteriosa. Ele não se mede em horas nem em dias, mas em sentimentos. É o tecido invisível que costura existências, entrelaçando memórias e experiências em uma tapeçaria que ultrapassa o limite de uma única vida. Às vezes, o tempo separa — outras vezes, apenas adormece o que o coração ainda precisa viver.
Quando um amor é grande demais para caber em uma só existência, ele encontra um jeito de voltar.
O destino chama essas almas novamente, oferecendo-lhes novas formas, novos corpos, novas chances. Às vezes, como amigos. Outras, como irmãos. Mas quando o amor é puro, intenso e verdadeiro, o universo se curva para que ele volte a florescer — não importa em qual vida, nem sob qual céu.
Assim era o amor de Yuri e Robinho.
Um sentimento nascido em meio ao perigo, à dor, ao caos — mas que sobreviveu ao tempo, à morte e à distância. Eles tentaram se encontrar tantas vezes, em tantas vidas, e sempre havia algo que os separava. Na última, não conseguiram viver o amor que sentiam. O destino os levou cedo demais, deixando um laço inacabado, uma promessa suspensa no vento.
Agora, um novo ciclo se inicia.
Yuri retorna como um jovem de coração leve, alma doce e olhar curioso — um espírito que, mesmo sem lembrar, carrega dentro de si as marcas de amores antigos.
Erick, seu irmão mais velho, é o mesmo que um dia jurou protegê-lo.
Em outra vida, ele foi o homem com quem Yuri compartilhou uma história de amor sincero e madura, e o universo, reconhecendo a pureza desse laço, os trouxe de volta lado a lado — não mais como amantes, mas como irmãos.
Porque o amor verdadeiro não precisa repetir formas. Ele apenas muda de cor.
Erick agora encontrará seu próprio caminho, sua nova chance de ser feliz — e dessa vez, o amor virá de outro lugar, de um coração que também já o esperava: Amanda.
E então há Robinho — o reencontro mais esperado.
Duas almas que, ao se olharem novamente, sentirão o mesmo arrepio que o tempo não conseguiu apagar. A ligação entre eles não será explicável, mas será sentida — como um sussurro vindo de outra existência, um eco de promessas feitas sob outras estrelas.
Yuri e Robinho voltarão a se cruzar, e talvez, finalmente, o universo permita que vivam o que sempre foi deles por direito.
Mas nem tudo é luz.
Nem todo sentimento que ultrapassa o tempo é amor.
O ódio, o orgulho e o ciúme também são forças que se recusam a morrer.
Há corações que partem sem aceitar a própria derrota, almas que partem sem entender o que perderam — e voltam, presas a um ciclo de dor.
Samuel foi um deles.
Em sua última vida, ele amou de forma torta, possessiva e silenciosa.
Desejou o que não teve coragem de assumir, e quando perdeu, preferiu se esconder atrás do orgulho do que reconhecer o amor que sentia. Morreu carregando um rancor que não se dissipou com a morte — e, por isso, retorna agora.
Ainda prisioneiro da própria sombra. Ainda tentando entender por que o amor que ele oferecia nunca era suficiente.
O destino, em sua sabedoria, oferece a cada alma o espelho do que ela precisa curar.
E nesta nova vida, as histórias de Yuri, Robinho e Samuel se cruzarão outra vez.
Dessa vez, talvez o amor vença, ou talvez o tempo precise girar mais uma vez para ensinar o que ainda não foi aprendido.
Mas às vezes, o amor não termina — apenas gira.
Gira mais uma vez, como a Terra girando em torno de si mesma, para ensinar o que ainda não foi aprendido, para curar o que ficou aberto, para fazer nascer o que a dor impediu de florescer.
E foi nesse novo giro, nesse ponto entre o fim e o recomeço, que eles se encontraram novamente.
O silêncio era diferente ali.
Não era ausência de som — era plenitude.
Um espaço onde cada vibração tinha cor, onde a luz parecia respirar junto com o tempo. A atmosfera brilhava num tom dourado e prateado, como se o próprio céu fosse feito de lembranças antigas e esperanças novas.
Três espíritos estavam reunidos no centro de uma imensa planície luminosa.
Não havia chão, mas uma energia suave sustentava cada um deles, como se estivessem flutuando sobre o véu do infinito. Em volta, silhuetas de outras almas observavam em silêncio — algumas irradiavam serenidade, outras pareciam preocupadas. Era um momento importante. Um novo ciclo estava prestes a começar.
Yuri foi o primeiro a abrir os olhos.
Se é que olhos espirituais se abrem, ele os abriu — e o brilho que emanava dele era leve, cálido, quase infantil. Havia em seu semblante algo puro, uma vontade imensa de amar, de começar de novo, de fazer dar certo dessa vez.
— Então é agora? — perguntou, com a voz que parecia feita de vento e luz.
Um mentor espiritual — uma figura envolta em branco, com traços serenos e uma expressão de infinita paciência — se aproximou dele.
— Sim, Yuri. O ciclo da tua alma está pronto para recomeçar. Você já aprendeu muito… e agora o amor que vive em você precisa florescer de novo, em outras formas.
Yuri sorriu, e por um instante, olhou para o lado.
Ali estava Robinho, ou melhor, a essência que um dia fora Robinho.
Seu olhar tinha o mesmo calor que o de antes, mas havia nele um amadurecimento. As feridas antigas pareciam ter virado luz.
— A gente vai se encontrar de novo, né? — perguntou Yuri, com uma esperança doce, quase infantil.
Robinho sorriu de volta. — Sempre. De um jeito ou de outro, eu sempre te encontro.
As luzes em torno deles pulsaram levemente, como se o universo confirmasse aquelas palavras.
Mas nem tudo era serenidade.
Um pouco mais afastado, envolto numa névoa acinzentada, estava Samuel. Seu olhar era perturbado, inquieto, como o de alguém que não entende por que ainda sente dor.
Ele observava os dois com uma mistura de curiosidade e desconforto.
— E eu? — murmurou, quase sem voz. — Também vou voltar?
O mentor voltou-se para ele.
— Vai. Mas não para repetir o que fez, Samuel. Você vai voltar para entender.
— Entender o quê? — ele perguntou, com amargura.
— Que o amor não se conquista pela força, nem pelo medo. E que às vezes, o que mais dói é o que mais ensina.
Samuel desviou o olhar, respirando fundo — ou fingindo respirar.
Dentro dele, o orgulho e a dor ainda lutavam, mas havia algo novo ali… uma centelha, pequena, de arrependimento.
Robinho o observou com compaixão.
— A gente vai se ver de novo, não vai? — perguntou.
Samuel respondeu sem encarar. — Talvez. Mas não sei se quero.
O mentor sorriu, sereno.
— O destino não pergunta se queremos. Ele apenas nos coloca diante do que precisamos.
O céu começou a mudar de cor — o dourado tornou-se branco, depois azul, depois uma mistura de todos os tons possíveis.
Era o sinal.
As almas estavam sendo chamadas de volta à Terra.
Yuri se aproximou de Robinho, tocando levemente a luz que o envolvia.
— Se eu te encontrar e não te reconhecer, me perdoa, tá? — ele disse, com a voz embargada.
Robinho sorriu. — Você sempre me reconhece. Mesmo quando finge que não.
A luz começou a envolvê-los, e o som de um coração distante começou a bater, cada vez mais forte.
O tempo, mais uma vez, se dobrava sobre si mesmo.
E então, no último instante antes da reencarnação, o mentor falou:
— Que o amor de vocês seja agora aprendizado. Que a dor de ontem seja força. E que, desta vez, o reencontro traga paz.
As luzes se dissiparam.
E o silêncio foi quebrado pelo primeiro choro — o som de uma nova vida começando.