A Corrupção 13 - A aula de dominação - Introdução a metodologia científica

Da série A corrupção
Um conto erótico de J.M.Calvino
Categoria: Sadomasoquismo
Contém 3948 palavras
Data: 02/11/2025 17:10:36

O céu noturno batia na janela do quarto com insistência de chuva, mas era só vento e poluição, uma névoa pegajosa típica do bairro velho. O quarto de Eduarda ainda tinha marcas de seu antigo eu, mas agora exibia, em sobreposição caótica, pôsteres de bandas de rock, mulheres de lingerie com olhos vidrados, pentagramas desenhados à caneta preta nas paredes, e, sobre a cabeceira, uma reprodução barata de um quadro de Egon Schiele. No criado-mudo, a Bíblia de capa dourada agonizava sob uma pilha de revistas de tatuagem e um display de piercings coloridos. O espelho, antes tão limpo, agora exibia marcas regulares de batom rojo, bilhetes obscenos colados com fita e flashes de selfies em que Eduarda mostrava, sem pudor, a língua ou os seios.

Ela estava sentada no chão, costas contra a cama, pernas esticadas e dedos inquietos. O polegar passava compulsivo pelo feed do Instagram, onde as amigas postavam stories de lanches, frases de autoajuda e fotos de cropped no espelho. Todas tão normais que chegava a dar raiva. Na timeline, o mundo parecia seguir ignorando que a própria Eduarda já não era mais a Eduarda de meses atrás — agora, o cheiro do próprio corpo lhe parecia diferente, mais ácido, mais potente. O próprio rosto no espelho era outro, olhos mais fundos, boca vermelha de tanto ser mordida.

Ela esperava. Por algo ou alguém, não sabia. O que sabia é que precisava de mais. Era um desejo que vinha da espinha, como cólica ou ressaca moral. O celular novo apitou, uma notificação de mensagem. Não era WhatsApp, nem direct, mas um SMS — quem ainda mandava SMS em 2023?

Remetente: "Desconhecido".

A mensagem era curta, brutal, com cheiro de convite e ameaça:

"HOJE, 23:30. SÓ VOCÊ, NADA DE FANTASIAS. ENDEREÇO: AVENIDA SANTOS 1443, COBERTURA. BLACKFORGE."

O nome soou como um disparo. Eduarda sentiu o calor subir pelo peito, as mãos tremendo de leve — não de medo, mas de expectativa. Ela apagou a tela, olhou ao redor, como se a mãe fosse brotar da parede a qualquer momento. Mas era só silêncio. O pai roncava no sofá, a irmã mais nova mandava áudio para o namorado na varanda. A casa estava em coma.

Ela se levantou, abriu o armário, procurou a roupa menos óbvia: jeans velho, camiseta branca, tênis imundo. Nada de lingeries de renda ou maquiagem escura — Blackforge fora específico, e Eduarda gostava de gente que sabia o que queria. Ela se olhou no espelho pela última vez, a tatuagem do dragão espiando na manga, o piercing do septo levemente torto. Sorriso de canto de boca.

O celular tocou de novo, agora era a mãe:

— Eduarda? Você vai sair essa hora?

— Vou, mãe. Trabalho de grupo na casa da Laura.

A mãe não discutiu, só suspirou alto, como toda mãe treinada para perder discussões.

— Não vai voltar tarde, tá? Seu pai já disse que se chegar de madrugada, tranca o portão.

— Tá bom, mãe.

Desligou. Pegou a mochila, enfiou carteira, carregador portátil, um maço de cigarros e o celular velho — era sempre bom ter um backup. Saiu pelo corredor, evitando pisar nas tábuas que rangiam, desceu as escadas sem olhar para trás.

Na rua, o ar era uma mistura de escapamento e flor de jasmim do vizinho. Eduarda andou até o ponto de ônibus, entrou no Uber de um estranho, sentiu-se invisível e poderosa. O caminho era curto, mas cada semáforo parecia teste de paciência. No celular, ela abriu a mensagem de Blackforge mais uma vez, decorando as palavras como se fossem senha de ritual.

Quando o carro do aplicativo parou diante da cobertura, Eduarda pagou com um cartão que não era seu, subiu as escadas de serviço até o último andar e ficou de frente para a porta metálica, pintada de preto fosco.

Olhou a hora: 23:29. Sorriu. Sempre gostou de chegar antes do anfitrião.

Bateu na porta. Três vezes, como estava no convite.

Do outro lado, ouviu o som de trancas, correntes, um feixe de luz escapando por baixo. A maçaneta girou devagar, teatral, e a porta se abriu com um gemido grave.

Blackforge estava ali, inteiro, vivo, mais pálido do que na última vez, vestindo só uma calça de pijama e um sorriso oblíquo. Atrás dele, o apartamento era um aquário de vidro e aço, luzes azuis e quadros de pornografia gótica ocupando cada centímetro de parede.

— Achei que ia desistir — disse ele, voz de cantor bêbado.

— Achei que fosse um trote — retrucou ela, entrando sem pedir licença.

Blackforge trancou a porta atrás dela, encostou o corpo contra a madeira e ficou observando, como um animal que fareja a presa antes do bote.

— Vem — ordenou, e sumiu pelo corredor.

Eduarda seguiu, sentindo o chão frio sob os pés, os pêlos do braço em pé. O corredor terminava numa sala circular, onde uma mesa de vidro sustentava dezenas de objetos — seringas, bisturis, agulhas de piercing, e duas máscaras de couro, uma preta, outra branca. O cheiro era de álcool, couro e incenso de lavanda.

Blackforge girou e olhou para ela de cima a baixo, agora sem sorrisos.

— Quero te mostrar uma coisa. Só você.

Eduarda se aproximou, sem piscar. Ele pegou uma das máscaras, a preta, e colocou no próprio rosto, os olhos agora só dois pontos brilhantes. Depois, pegou uma agulha, espetou o próprio antebraço sem hesitar, e deixou escorrer uma gota de sangue sobre a mesa.

— Sabe o que mais me excita? — perguntou, sem esperar resposta. — Gente que não tem medo do novo. Gente que não pede desculpa por existir.

Ele tirou a máscara, aproximou-se de Eduarda, e lambeu o próprio sangue da agulha, mantendo os olhos fixos nela.

— Você é assim. E isso é raro.

Eduarda não sabia se estava excitada, assustada ou só anestesiada. O que sabia era que queria mais.

— Por que eu? — perguntou, a voz menos firme do que gostaria.

Blackforge sorriu, encostou a mão ensanguentada no rosto dela, e disse:

— Porque você tem cara de quem vai destruir o mundo antes dos trinta. E porque toda deusa precisa de um altar.

A frase ficou no ar, mais densa que o cheiro de incenso. Eduarda sentiu o sangue dele manchar seu rosto, quente, pegajoso.

— O que eu faço agora? — perguntou ela, sem ironia.

— Senta. Observa. Aprende.

Ele indicou uma cadeira de acrílico, e Eduarda obedeceu. Blackforge sentou-se em frente, acendeu um cigarro, e ficou olhando, como se estudasse um animal raro em cativeiro.

Por minutos, nenhum dos dois falou nada. Só o som dos carros lá embaixo, e o tique-taque de um relógio invisível.

Então, Blackforge quebrou o silêncio:

— Você quer ser minha discípula, Eduarda?

Ela hesitou, mas não mentiu:

— Quero.

Ele sorriu, satisfeito.

— Ótimo. Porque hoje começa tua iniciação. E não vai ser fácil.

Eduarda sentiu o corpo todo responder, cada músculo em alerta. Era o que sempre quis: não ser mais uma, mas a única.

— Quando começa? — perguntou.

— Agora.

Blackforge levantou, pegou a mão de Eduarda e a levou até a mesa. Mostrou os objetos, um por um, explicando cada função com a calma de quem tem a noite inteira para corromper alguém.

A cada explicação, Eduarda sentia a própria respiração acelerar, o coração batendo mais rápido do que nas noites de orgia.

— Um dos meus segredinhos sujos é isso aqui — Blackforge balançu um vidrinho transparente com líquido vermelho — deixa as garotas obedientes e cada vez mais burras, deve ser usado em pequenas doses e intervalos bem espaçados.

— O que é isso?

— Uma droga sintética, não sei a formula, trazem da Europa, eu só chamo de suco. Se for uma boa aluna te passo o contato do vendedor.

Ela sabia: depois daquela noite, não haveria mais volta. E, pela primeira vez, isso lhe parecia mais libertador do que assustador.

***

O estúdio era um bunker forrado de couro, vidro temperado e ferro. As paredes, forradas de quadros com imagens distorcidas de mulheres — ora anjos decadentes, ora demônios de lingerie — davam ao ambiente ares de catedral profana. No teto, ganchos de metal; nas prateleiras, fileiras de instrumentos que oscilavam entre o médico e o torturador. Blackforge acendeu luzes indiretas, em tons de púrpura e cinza, e o ar adquiriu um cheiro acre de incenso queimado, ozônio e suor antigo.

Eduarda não teve tempo de se acomodar na cena. Assim que sentou na cadeira de acrílico, a porta do fundo se abriu — de lá, surgiram duas mulheres idênticas, mas não eram gêmeas; eram clones de um ideal exagerado, desenhadas para agradar um fetiche específico. Cabelos negros, lisos e chapados até a cintura, peles brilhantes de marmore artificial, maquiagem negra, batom vermelho sangue. Vestiam lingerie chei de renda e negra e botas longas de solado salto. Andavam em sincronia absoluta, postura de passarela e olhar de boneca de vitrine. No rosto, nenhuma emoção, só a promessa de obediência.

Blackforge abriu os braços, orgulhoso, como se apresentasse um prêmio Nobel.

— Essas são a Nika e a Beta. Podem chamar de bonecas, escravas, tanto faz. O nome não importa — disse ele, olhando para Eduarda, como quem aguarda reação.

Nika se ajoelhou imediatamente aos pés de Blackforge, deitando o rosto na coxa dele. Beta parou na frente de Eduarda, abaixou o corpo com precisão robótica, e sussurrou:

— Mestre mandou servir a convidada.

Eduarda mal piscou, surpresa só pela eficiência. Beta segurou os dois tornozelos dela, afastou-os, e começou a subir as mãos pelo jeans, sentindo, apertando, testando. Parou na virilha, olhou para cima em busca de confirmação. Blackforge assentiu, satisfeito.

— Tire para ela — ordenou, e Beta desabotoou o jeans de Eduarda, baixou a calça e a calcinha em um só gesto, deixando-a exposta. O ar frio da sala arrepiou a pele, mas o calor do olhar de todos a fez latejar.

Beta ficou de joelhos, encostou o nariz no púbis de Eduarda e inspirou fundo, como um animal treinado a reconhecer o cheiro da fêmea dominante. Em seguida, lambeu devagar, a língua desenhando círculos perfeitos, depois acelerou, chupando o clitóris com precisão de máquina. A boca era macia, mas a língua era de aço — Eduarda gemeu antes de querer, a espinha se curvando de imediato. Ela tentou fechar as pernas, mas Beta as manteve abertas, mãos firmes e unhas compridas arranhando a coxa.

Blackforge riu, acariciando os cabelos de Nika, que já lambia o pau dele por cima do pijama.

— Beta era uma youtuber famosa, sabia? — disse Blackforge, conversando enquanto Eduarda perdia o fôlego. — Dava palestra motivacional para meninas de periferia. Diz que já foi campeã de xadrez. Mas aí me conheceu e decidiu que queria esquecer tudo. Pediu para ser burrificada. Passei três meses reprogramando a cabeça dela: sem livro, sem notícia, só reality show e TikTok. Hoje, mal escreve o próprio nome. Mas sabe chupar buceta como ninguém.

Eduarda soltou um gemido abafado, a mão indo involuntariamente para a cabeça de Beta, pressionando mais fundo. A boneca obedeceu, sugando com mais força, agora alternando com pequenos tapas na parte interna da coxa.

Nika, ao lado de Blackforge, já havia retirado o pau dele para fora do pijama — um cilindro pálido e pesado, veias roxas saltando na base. Ela o massageava com as duas mãos, deslizando saliva até a raiz. Depois, enfiou a glande inteira na boca, sugando devagar, os olhos arregalados fixos nos de Blackforge.

— E essa aqui — Blackforge acariciou o queixo de Nika — era psicóloga de carreira. Perita em abuso sexual. Defendeu tese sobre ética do desejo. Puta ironia, né? Mas eu sabia: mulher que pesquisa perversão tem tara de virar escrava. Demorou um pouco, ela lutou. A primeira sessão, mordeu meu braço até sangrar. Mas foi só dar o suco, e olha só. Nem parece humana mais. Agora goza quando leva tapa, e chora se não obedece. Eu gosto assim.

Nika gemia baixo, o som abafado pela boca cheia de pau. De vez em quando, ela tirava a cabeça e lambia as bolas de Blackforge, depois voltava para a glande, alternando como uma sucção feita para torturar.

Eduarda sentia a pressão crescer dentro do corpo. Beta enfiou dois dedos dentro da buceta dela, simultâneo à lambida; os dedos eram longos, as unhas curvadas arranhavam por dentro, provocando uma dorzinha gostosa. Eduarda sentiu o orgasmo crescer, quente, espalhando-se pela barriga, depois explodindo em espasmos violentos. Ela gritou, mas o grito saiu rouco, misturado com riso.

— Isso, gozou bonito — disse Blackforge, sem tirar o olho dela. — Você é rápida. Vai se dar bem aqui.

Beta só parou quando Eduarda empurrou a cabeça dela, incapaz de aguentar mais estímulo. A boneca lambeu o gozo que escorreu, depois ficou de quatro, aguardando ordem.

Blackforge puxou Nika pelos cabelos, tirou o pau da boca dela, e apontou para Eduarda.

— Mostra pra ela o que aprendeu — ordenou.

Nika rastejou pelo chão, ainda de joelhos, e lambeu a coxa de Eduarda, depois a buceta, recolhendo qualquer resquício de gozo, como um gato limpando a pata. A língua era suave, mas os olhos estavam mortos; ela só fazia o que mandavam.

Eduarda sentiu pena e tesão ao mesmo tempo.

— Posso tocar? — perguntou ela, apontando para o corpo de Nika.

— Pode tudo — disse Blackforge.

Eduarda passou a mão pelo rosto da boneca, depois pelos seios artificiais, grandes e duros como balões de borracha. Apertou, torceu o mamilo, e Nika soltou um gemido agudo, quase infantil. Eduarda enfiou dois dedos na boca de Nika, que chupou com voracidade, depois foi descendo, até encaixar os dedos na buceta da boneca. Estava molhada, mais do que o normal, quase escorrendo. Eduarda massageou o clitóris de Nika, que imediatamente começou a rebolar, implorando por mais.

Beta observava, excitada. Blackforge abriu as pernas, chamou Beta com o dedo. Ela engatinhou até ele, deitou-se de barriga para cima, e ficou ali, aberta, esperando. Ele não fez cerimônia: puxou a calcinha dela para o lado, e começou a meter dois dedos, depois três, na buceta dela, enquanto a outra mão batia de leve na bochecha. Beta sorria, os dentes perfeitos, o rosto virado para Eduarda.

— Gosta de ver? — perguntou Blackforge para Eduarda.

— Gosto — respondeu ela, sem hesitar. — Quero ver mais.

Nika estava quase em transe, a bunda empinada, a mão de Eduarda girando em movimentos circulares dentro dela. A boneca gozou de repente, um jato quente molhando a mão de Eduarda, a bunda tremendo de tanto prazer. Beta, por sua vez, urrava baixo, o corpo curvando para cima a cada estocada de Blackforge. Ele não perdoou: largou os dedos, pegou o pau e meteu na buceta de Beta, sem tirar o olho de Eduarda.

— Você quer, né? — perguntou ele, sádico.

— Quero — ela respondeu, o corpo já em combustão.

— Então vem aqui.

Eduarda obedeceu. Tirou o resto da roupa, ficou nua no centro do estúdio, sentindo-se à vontade como nunca. Blackforge deitou-se no sofá, puxou Eduarda pelo quadril, e a encaixou no próprio rosto. A língua dele era áspera, rápida, alternando entre lamber e sugar o clitóris dela. Enquanto chupava Eduarda, Blackforge comandava com a mão esquerda o vai e vem do pau dentro da boca de Nika, e com a direita apertava a bunda de Beta, que gemia cada vez mais alto.

O estúdio virou um coral de gemidos, sons molhados, o bater de pele contra pele. Eduarda gozou de novo, mas dessa vez sentiu que se desfazia inteira, o corpo perdendo coesão, dissolvendo na língua de Blackforge. Ele levantou, segurou Eduarda de costas para ele, e penetrou-a com força, um movimento único que fez tudo doer e gozar ao mesmo tempo. O pau dele era grosso, impiedoso, e cada estocada vinha acompanhada de um puxão nos cabelos de Eduarda, que sentia o orgasmo se multiplicar em ondas.

Nika e Beta, ao lado, se masturbavam freneticamente, as duas de joelhos, uma lambendo a outra, os dedos enfiados fundo e sem delicadeza. Blackforge acelerou, os gemidos agora misturados em uníssono, até que ele gozou, jorrando quente dentro de Eduarda, depois puxando o pau para fora e esfregando na bunda dela até sair tudo.

As bonecas disputaram quem limpava primeiro. Nika lambeu o que escorreu pela perna de Eduarda, Beta chupou os últimos resquícios do pau de Blackforge, até ele empurrar as duas para trás, satisfeito.

O silêncio que veio depois era de fim de culto.

Blackforge sentou na beirada do sofá, o corpo ainda brilhando de suor, e olhou para Eduarda:

— Viu como é fácil destruir alguém? — disse ele, sem ironia. — Mas o melhor é reconstruir. Moldar. Dar sentido. Gosto de criar monstros, mas monstros que sabem gozar.

Eduarda sorriu, a boca suja de gozo, o corpo inteiro dolorido. Olhou para as bonecas, depois para Blackforge.

— O que você vai fazer comigo? — perguntou, curiosa.

Ele levantou, caminhou até ela, segurou seu queixo com a mão cheia de marcas.

— Você? Você vai ser minha melhor discípula.

O olhar dele era uma promessa, um pacto escrito em carne e suor.

Eduarda sentiu o coração bater mais rápido, uma mistura de medo e tesão. Sabia que dali em diante, não era mais dona do próprio destino.

E, por algum motivo, não queria outra coisa.

***

A noite parecia suspensa — o tempo se curvava, as luzes oscilavam no teto como se alguém agitasse a sala em slow motion. Blackforge estava nu até a cintura, luvas pretas justas, o rosto banhado de suor e brilho de ódio contido. Nika estava deitada de bruços sobre uma mesa alta, o corpo esticado e preso por tiras de velcro. A bunda despida, perfeita, ostentava as marcas recentes do chicote e do prazer. Eduarda, agora completamente nua, sentou-se numa banqueta baixa ao lado, os olhos fixos nos instrumentos que Blackforge alinhava sobre a bandeja de aço: agulha, máquina de tatuagem, bisturi, tubo de tinta preta.

Beta, a outra boneca, permanecia de joelhos no canto, os olhos lacrimejando de prazer recente, mas ávidos por mais. O clima era de hospital improvisado, mas o cheiro era de puteiro: mix de sangue, álcool, lubrificante, suor antigo.

Blackforge fez um gesto: era hora.

— Vai ser rápido, Nika — disse ele, a voz tão terna quanto a de um pai embalando bebê recém-nascido. — Ou você aguenta, ou te desmaio.

Nika nem respondeu, só arreganhou mais as pernas, apoiou o rosto no antebraço, e mordeu a almofada.

Blackforge desenhou na pele da nádega dela um círculo perfeito, e no interior dele, letras miúdas, um código. Com a mão esquerda, pressionava a bunda de Nika; com a direita, pilotava a agulha, furando a pele com ritmo que era entre chicoteada e oração.

O barulho da máquina parecia mantra: zzzzzzzz — uma música de fundo que embriagava todos. Nika começou a gemer baixo, o corpo inteiro tensionado. Cada nova linha queimava na pele, mas ela não se mexia; era só o gemido, primeiro de dor, depois de um prazer que, aos poucos, misturava os dois.

Blackforge olhou para Eduarda e fez um convite silencioso: “faça algo”.

Eduarda entendeu. Se aproximou do rosto de Nika, afastou os cabelos, e beijou de leve a testa suada da boneca. Depois, desceu os lábios até a nuca, mordeu de leve, e foi lambendo o suor que escorria pela espinha. A cada gemido de Nika, Eduarda acelerava o ritmo, lambendo, sugando, agora descendo até a base da bunda.

O cheiro de sangue fresco se misturava ao cheiro doce de pele de mulher bronzeada. O gosto era inebriante. Eduarda abriu mais as pernas de Nika, aproximou o rosto, e passou a língua na buceta dela, sentindo a vibração do corpo inteiro. Nika chorou um pouco, lágrimas de alívio, talvez, e logo depois gemeu mais alto. Blackforge tatuava com mais força, rasgando a pele até que gotas de sangue escorressem pela coxa. Eduarda lambia tudo: o sangue, o suor, a secreção. Aquilo era rito de passagem.

— Sabe por quê a dor e o prazer sempre se encontram, Eduarda? — perguntou Blackforge, sem parar o serviço. — Porque só assim a gente entende o poder de mudar o outro. A dor é a mãe. O gozo é a filha. E, no fim, não dá pra saber quem fecundou quem.

Nika estava em estado de transe; gritava e ria ao mesmo tempo, o corpo inteiro convulsionando. Eduarda não recuou: enfiou a língua ainda mais fundo, depois dois dedos, depois três. Sentiu o gozo explodir dentro de Nika, uma onda quente, salobra, que misturava prazer e ardência. O barulho da máquina parou. Blackforge olhou a própria obra, satisfeito.

— Pode olhar, — disse ele, limpando a pele manchada de sangue com papel toalha. Eduarda aproximou o rosto, viu o círculo tatuado na bunda de Nika, com a inscrição em letra gótica: “PROPERTY OF BLACKFORGE & DAUGHTERS”. Embaixo, um código de barras minúsculo.

Nika estava em silêncio, só o peito subindo e descendo, os olhos perdidos no teto.

— Isso é para sempre — disse Blackforge. — É o oposto do batismo. A marca nunca sai.

Eduarda se sentiu poderosa, dona de um segredo novo. Olhou para Nika, deitada, marcada, mas não derrotada. Naquele instante, soube que não queria ser só aprendiz: queria ser escultora, queria esculpir outros.

Beta, assistindo de longe, se masturbava devagar, como quem reza. O clima era de templo. Blackforge desligou a máquina, limpou as mãos, e se virou para Eduarda.

— Agora é sua vez, — falou, voz de comando. — Senta aqui.

Eduarda sentou na mesa, as coxas abertas, a pele latejando de desejo. Blackforge lambeu o sangue do dedo, depois beijou a boca dela, a língua áspera trazendo o gosto de metal e saliva. Ele puxou Eduarda pela nuca, a força bruta do gesto quase quebrando o pescoço, e mordeu o lábio dela até doer. Depois, empurrou o rosto de Eduarda na direção de Nika, que ainda tremia.

— Agora cuida dela. Gente marcada merece carinho. Ou acha que os monstros não choram? — disse ele, rindo baixo.

Eduarda abraçou Nika por trás, beijou o ombro, a bunda recém-tatuada, e deitou sobre ela, pele com pele, os seios pressionando as costas da boneca. Nika retribuiu, segurando o braço de Eduarda, como quem pede proteção.

Blackforge subiu na mesa, ajoelhou entre as duas, e foi alternando tapas e beijos nas costas delas, ora apertando, ora afagando. O pau dele, ainda duro, se esfregava entre as coxas de ambas, ora entrando em Nika, ora em Eduarda, sem ordem ou aviso.

O ato virou uma dança: Eduarda chupava a orelha de Nika, Nika gemia no ouvido de Blackforge, Beta gemia no próprio canto, como um coral de sobreviventes.

Quando Blackforge penetrou Eduarda de lado, a sensação foi de descarga elétrica. Ele entrou com brutalidade, o pau rasgando e lambuzando tudo de novo, enquanto a mão livre puxava os cabelos dela para trás. Eduarda gritou, mas o grito era de quem finalmente entende o sentido de tudo: dor, gozo, poder, perda. Blackforge acelerou, gozou dentro, e depois puxou o pau para fora, batendo nas costas de Eduarda até respingar gozo nas duas mulheres.

Nika sorriu, a boca suja de saliva e lágrimas. Eduarda lambeu o gozo, depois o sangue da tatuagem, depois beijou Nika com fúria, como se quisesse devorá-la.

No final, estavam os três deitados na mesa, corpos misturados, respiração descompassada, pele pegajosa de suor e história. Beta veio até eles, deitou junto, e ficou ali, enroscada como bicho recém-nascido.

O silêncio foi quebrado por Blackforge:

— Agora você é parte disso. Não tem mais volta.

Eduarda sorriu, lambendo os dentes.

— Eu nunca quis voltar mesmo.

Blackforge passou a mão pelo cabelo dela, com um afeto que parecia verdadeiro.

— Você vai ter seu próprio rebanho, Eduarda. Gente que vai te chamar de mestre. Ou de monstro. Só depende de você.

Ela ficou olhando para o teto, sentindo o corpo latejar de dentro para fora, a cabeça rodando de excitação, medo e triunfo.

— E o que eu faço com isso? — perguntou.

Blackforge sorriu de novo, os dentes brilhando sob a luz azul.

— Você já sabe.

Ele se levantou, pegou a máquina de tatuagem, e a entregou para Eduarda.

O curso avançado de Eduarda só estava começando.

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Comentários

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Tem semelhança com os evangélicos radicais. Os pastores ensinam a pessoa a não sentir nenhum tipo de prazer, nenhuma alegria. Os crentes transformados vivem só pra ler a Bíblia, orar e converter outras pessoas. E nesse curso dessa história a pessoa é transformada pra apenas obedecer e ser um escravo sexual. Nos dois casos a individualidade é eliminada e substituída por uma religião ou pela submissão sexual sem limites.

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Sim, muitos cultos e igrejas (evangélicas e uma americana que recruta jovens em países estrangeiros e os manda pelo mundo pra evangelizar) utilizam de lavagem cerebral, PNL e outros métodos. Normalmente os mais pobres e de níveis intelectuais inferiores recebem uma educação básica nisso usam sem entender, achando que é “o dom da palavra”. Enquanto outros de níveis intelectuais superiores, sobem na hierarquia e recebem instruções mais avançadas .

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