Eu acordei antes de abrir os olhos.
Senti primeiro o peso leve de um braço sobre a minha cintura, depois o calor de um corpo próximo ao meu, o som tranquilo da respiração de Leandro logo atrás de mim. Por um instante, acreditei estar sonhando, mas a textura do colchão, o cheiro de madeira antiga e o silêncio profundo da casa grande da fazenda me lembraram, de maneira quase vertiginosa, de que tudo aquilo era real.
Me virei com cuidado.
Leandro ainda estava deitado, de olhos fechados, o rosto relaxado, quase sereno. Tinha um jeito jovem demais para alguém que carregava tantas responsabilidades. E, naquele momento, com o sol da manhã entrando pela janela e iluminando o contorno de seus cabelos negros, parecia mais leve do que eu jamais o vira.
Eu fiquei ali, observando-o, tentando compreender a mudança que havia acontecido dentro de mim durante a noite.
Não era só atração. Não era só curiosidade. Não era só a aventura de algo proibido.
Era um sentimento difícil, quente e assustador, o tipo de coisa que não se escolhe.
Leandro abriu os olhos devagar, como se sentisse o olhar sobre si. Quando me viu, sorriu, não um sorriso grande, mas algo pequeno e genuíno, carregado de reconhecimento.
— Bom dia… — murmurou.
Eu tentei responder, mas minha voz saiu baixa demais.
— Bom dia.
O silêncio que se seguiu não foi desconfortável. Foi um silêncio cheio de lembrança, de pergunta, de medo e de vontade. Mas logo nós dois nos levantamos, cada qual lidando do seu jeito com a estranha mistura de timidez e familiaridade que agora nos unia ainda mais.
O domingo passou como se estivesse em outro ritmo.
Caminhamos pela fazenda mais uma vez, conversamos pouco, rimos de algum assunto. Não nos tocamos como na noite anterior, mas a proximidade estava ali, no jeito como nossos ombros às vezes se esbarravam, no olhar que durava um pouco mais do que antes, em tudo o que era dito e principalmente no que não era.
Os donos da fazenda, ocupados com seus afazeres, não perceberam nada.
No final da tarde, quando o céu começou a ficar cor de cobre e os sons do campo diminuíram, nós dois agradecemos a hospitalidade e seguimos juntos até a rodovia onde passaria o último ônibus para a cidade.
O sol se pôs no horizonte, projetando longas sombras sobre a estrada. O ar estava impregnado com o cheiro de terra e um leve prenúncio de chuva, anunciando uma tempestade mais tarde naquela noite.
Eu sentia o coração apertado.
Não sabia se era alegria, ansiedade ou medo de que, ao voltarmos para a rotina, tudo aquilo se desfizesse como um sonho bom que não sobrevive à luz do dia.
O ônibus chegou devagar, rangendo ao parar. Era um veículo antigo, de estofado gasto e cheiro de poeira. Quase vazio. Apenas duas pessoas no meio e um senhor dormindo perto da frente.
Leandro subiu primeiro. Eu o segui, e nós dois escolhemos uma das últimas poltronas, lado a lado, como se escapar para lugares diferentes fosse impossível naquele momento.
O motor roncou, e o ônibus começou a se mover pela estrada escura. O zumbido do motor era o único som, uma canção de ninar suave enquanto nos acomodávamos juntos na fileira de assentos.
A luz apagada do interior criava um ambiente acolhedor, quase íntimo. Lá fora, o mundo passava em borrões de sombras dos morros e árvores. Ali dentro, só havia nós dois.
Sem dizer nada, Leandro inclinou-se um pouco, e eu senti o ombro dele encostar no meu. Foi um toque mínimo, mas bastou para que um arrepio suave percorresse a minha pele. Por alguns minutos, ficamos assim, compartilhando o mesmo espaço, o mesmo silêncio, o mesmo segredo.
Então Leandro deixou a mão deslizar, devagar, até tocar a minha. Não apertou, apenas descansou os dedos sobre os meus, como se pedisse permissão sem palavras.
Eu entrelacei os dedos com os dele.
Foi delicado. Foi simples. Foi íntimo.
Ninguém no ônibus viu. E, mesmo que visse, talvez não entendesse a profundidade daquele gesto.
Leandro aproximou o rosto. Não para me beijar, mas para sussurrar, com um tom quase culpado, quase aliviado:
— Eu não sei o que tá acontecendo com a gente… mas… eu gostei.
Eu não era de falar muito. E, de fato, não encontrei palavras.
Apenas assenti, com o coração disparado, e encostei a cabeça no ombro de Leandro. Senti a mão dele apertar a minha com mais firmeza. E ficamos assim, por longos minutos, balançados pelo movimento do ônibus, protegidos pela escuridão e pelo anonimato.
Era um tipo de carinho silencioso, escondido do mundo, mas que para nós dois significava mais do que qualquer demonstração grandiosa.
Passado algum tempo, depois que percebemos que estávamos completamente ignorados no fundo daquele transporte público escuro, o braço de Leandro envolveu os meus ombros, me puxando para mais perto dele. Eu me aconcheguei naquele abraço, sentindo o calor do corpo de Leandro contra o meu. O ônibus seguiu pela estrada vazia, a escuridão lá fora contrastando fortemente com a intimidade acolhedora do interior.
A minha mão repousava na coxa de Leandro, os dedos traçando padrões preguiçosos no moletom surrado. A respiração de Leandro falhou quando o meu toque se tornou mais ousado, aproximando-se cada vez mais de seu volume crescente. Ele olhou ao redor, mas o ônibus estava vazio, os poucos passageiros cochilando, exceto pelo motorista, que estava concentrado na estrada à frente.
A mão de Leandro encontrou o meu cabelo, os dedos se enroscando nos fios macios e castanhos enquanto ele me puxava para mais perto. Nossos lábios se encontraram em um beijo profundo e apaixonado, as línguas explorando e saboreando uma à outra.
A minha mão finalmente alcançou seu destino, envolvendo o pau duro e grosso de Leandro por cima da calça de moletom. Leandro gemeu na minha boca, seus quadris se movendo levemente. A minha mão deslizou até o cós do moletom de Leandro, o abaixando habilmente. Leandro ergueu os quadris, permitindo que eu deslizasse sua calça e cueca azul para baixo, libertando seu pau ereto.
Os meus olhos brilhavam de desejo ao contemplar o pau muito grande, grosso e duro de Leandro. Leandro tinha quase 1,90m e o tamanho do seu pau era correspondente à sua altura. Era um caralho reto, comprido, a pele clara, a cabeça rosada, algumas veias saltadas, um mastro branco saltando entre os pentelhos negros e espessos. Diante daquela visão, algo deu um clique dentro de mim e eu comecei a agir de uma maneira a qual nunca agira antes.
Não sabia se instruído por algum filme pornô que eu vira escondido, por algo que eu lera em alguma revista de conteúdo adulto, ou pelas conversas de algum colega mais velho da escola, de maneira instintiva, como se eu tivesse plena consciência do que estava fazendo, me inclinei, minha respiração quente roçando a pele de Leandro enquanto comecei a lamber toda a extensão da haste do pau dele.
Incrédulo, os dedos de Leandro se apertaram nos meus cabelos, um gemido baixo escapando de seus lábios. A minha língua, com uma naturalidade até então desconhecida, girava em torno da glande sensível, saboreando o líquido pré-gozo que escorria da ponta.
Despertando uma audácia que eu jamais tivera, levei o pau de Leandro à boca, chupando e lambendo enquanto movia a cabeça para cima e para baixo, tentando ao máximo engolir aquele cacete enorme que pulsava quente em minha língua. Eu jamais chupara uma pica antes e sentir o gosto daquele pedaço de carne intumescido dentro da minha boca me despertara praticamente um novo sentido.
Os quadris de Leandro se ergueram, encontrando a minha boca a cada movimento descendente, o meu rosto enterrado em sua virilha. O balanço suave do ônibus intensificava a sensação, tornando-a ainda mais prazerosa. A respiração de Leandro estava ofegante, seu corpo se tensionando à medida que se aproximava do clímax. A minha mão, desinibida, acariciou seus testículos, massageando-os suavemente enquanto continuava a chupá-lo profundamente o máximo que eu conseguia sem me sufocar, mas sem conseguir engolir o caralho por inteiro.
O orgasmo de Leandro me atingiu com força, seu corpo convulsionando enquanto ele gozava com um gemido abafado. Desavergonhado e sem pudor algum, eu engoli cada gota, minha garganta trabalhando enquanto recebia todo o sêmen de Leandro. Eu lambi os lábios, saboreando o gosto da ejaculação dele. O corpo de Leandro relaxou, um sorriso satisfeito em seu rosto enquanto olhava para mim, ainda não acreditando na minha reação.
Eu me sentei de novo na poltrona, meu próprio pau duro e pulsante. A mão de Leandro se estendeu, acariciando a minha ereção por cima da calça jeans.
– Sua vez – sussurrou Leandro, a voz rouca de desejo.
Os meus olhos se arregalaram, mas assenti, ansioso para sentir o toque de Leandro.
A mão de Leandro deslizou até o meu cinto, desabotoando-o rapidamente antes de abrir o zíper da minha calça. Eu ergui os quadris, permitindo que Leandro abaixasse minhas calças jeans e cueca. A mão de Leandro envolveu o meu membro, acariciando-o lentamente. A minha respiração falhou, meu corpo tremendo de antecipação.
Os meus quadris se ergueram, um gemido baixo escapando de meus lábios. Leandro me punhetou com firmeza. Com sua mão esquerda, ele segurou com força os meus cabelos, me puxando em sua direção, enquanto beijava o meu pescoço e mordiscava a minha orelha, gemendo coisas desconexas ao meu ouvido.
O orgasmo veio, forte e avassalador, me sacudindo em ondas de prazer. Meu corpo tremia, um gemido contido, e o mundo girava ao nosso redor, no balanço daquele ônibus.
A respiração pesada, o suor grudando na pele. Leandro, sentado ao meu lado, ainda ofegante, me observava com um olhar que misturava desejo e ternura. A luz fraca da lua e de alguns postes entrava pela janela, banhando o ônibus em um brilho prateado, realçando o seu corpo grande e forte.
- Foi... incrível - sussurrei, a voz rouca.
Ele sorriu, um sorriso que me atingiu como um raio.
- Pra mim também.
Ainda sentindo a pulsação do prazer, me aproximei dele, roçando meus dedos em seu peito, por debaixo da sua camisa de malha. A pele macia, quente, me causava arrepios. Leandro me puxou para perto, nossos corpos se encontrando em um abraço apertado. O cheiro dele, uma mistura inebriante de desodorante masculino e suor, me dominava.
Ele beijou meu pescoço. Senti meu corpo se arrepiar novamente. O toque dele era como fogo, queimando cada célula do meu ser. Meus dedos deslizaram por suas costas, sentindo a textura da pele, a força dos músculos.
O ônibus parou na primeira estação, a parada repentina nos arrancando do êxtase e do orgasmo. Nós ajeitamos as roupas rapidamente, com os corações ainda acelerados pela intensidade do que acontecera. Leandro se inclinou, dando um beijo suave nos meus lábios.
– Vamos para casa – sussurrou, com a voz rouca.
Quando chegamos à nossa parada, já passava das nove da noite. O motorista abriu a porta na praça do nosso bairro, e Leandro desceu comigo.
Ao descer do ônibus, o ar fresco da noite nos atingiu, um contraste gritante com o calor da intimidade que compartilhamos. Caminhamos alguns passos juntos. A rua estava vazia, iluminada apenas por postes antigos. A minha casa ainda era a mesma da do dia anterior. Mas agora eu carregava um sentimento diferente (ou que já estava ali, apenas esperando a oportunidade de submergir do meu peito?).
Eu me virei para encará-lo, os olhos arregalados de incredulidade.
— Não acredito que isso acabou de acontecer. Obrigado… por tudo — eu consegui dizer, a voz quase um sussurro.
Leandro olhou para mim de um jeito intenso, quase preocupado, quase grato.
— A gente se fala amanhã?
— Claro.
Houve uma pausa. Um quase gesto. Uma vontade contida. Mas os dois sabiam que não era o momento.
Leandro apenas tocou o meu ombro com leveza, num gesto que, vindo dele, parecia tão íntimo quanto um beijo.
— Boa noite.
— Boa noite — eu respondi, com a voz quebrada.
Entrei em casa devagar, como se pisasse em um sonho prestes a acabar.
Quando fechei o portão atrás de mim, apoiei-me nele por um instante, sentindo o peito quente e leve e completamente tomado por algo novo.
Eu não acreditava no que tinha vivido. Não acreditava no que estava vivendo.
E tinha a sensação de que aquilo era apenas o começo.