A casa
Quando eu saí da capital até Três Colinas, deixei meu apartamento trancado. Dos quase dois meses que estive fora, as coisas pareciam estarem da mesma forma de sempre. Era um espaço que eu repousava, mas não era um lar. Marinho abria as cortinas da sala dando uma observada no lugar, talvez vendo a correspondência entre nossos pseudolares, acho que com uma única diferença sendo que ele, pelo menos, teve um lar um dia. Apesar dos móveis, o lugar parecia grande demais para tão pouca vida, pelo menos até aquele momento.
Não havia muita coisa na minha mente desde a hora do desembarque. Eu não dormi quase duas horas do longo trajeto de trem. Marinho, por sua vez, parecia ter literalmente “desligado a CPU”, uma vez que até roncava baixo sob minha pele. Isso, obviamente, não era nem um pouco desagradável. Nossa cabine era do tipo leito, o que permitiu que viajássemos confortáveis e abraçados durante o caminho. Eu me revezava entre observar a transformação da paisagem e vê-lo dormir ao meu lado, pensando em tudo o que passou e tudo que estaria por vir. Tentei limpar a minha mente do caso, das ausências familiares e da vida insatisfeita que eu estava tendo.
Muitas vezes, vi o amor como algo inalcançável para mim. Era como se, de alguma forma, tudo o que tivesse acontecido comigo me levasse a um lugar que eu nunca mais deixaria de ocupar. Havia uma sensação de recomeço em mim que me atormentava... E se eu fizesse tudo errado? E se eu o perdesse? Se eu nunca fosse realmente feliz ou se decepcionasse Marinho? Era tudo novo e, portanto, incerto. Eu pensava em tudo isso quando ele, ainda dormindo, passa seu braço forte sobre meu torço e cheira meu pescoço fortemente, dando um beijo em seguida e voltando a se aninhar. Era preciso fazer por ele e por nós... “Dos medos, caso houvesse, fossem extintos com teus beijos!”. Então tratei de pensar no agora, e em como tudo poderia ser diferente. Parecia ser mais palpável encontrar o amor da e para minha vida perto dos quarente.
Agora eu estava em pé, no meio da sala, olhando ao redor enquanto ele abria as cortinas e deixava a luz entrar. Felizmente havia um sol maravilhoso lá fora pronto para nos aquecer, eu sorri de forma involuntária quando ele, muito a vontade, tirou todo sua roupa e deitou-se pelado no sofá, se espreguiçando e tomando seu banho de sol. “_ Tinha esquecido o quanto o litoral é convidativo para o descanso!”, afirmou ele me olhando preguiçoso.
Vê-lo daquela forma como se estivesse em casa era uma das melhores cenas que eu poderia ter. Ele era um homem grande (em todos os sentidos), forte sem ser exagerado e com pelos negros e grossos por toda parte, aliás, não eram somente seus pelos que era grosso. Seu pauzão gostoso repousava sob sua perna, tornando a cena ainda mais excitante e terna. Eu nem acredito que tudo aquilo aconteceu e ele era meu.
Eu estava nitidamente cansado, mas um tesão avassalador tomou conta de mim. Acredito que pela quantidade de estresse que eu estava sendo submetido nos últimos dias não me dei conta que estava sem transar com ele há algum tempo. As suas pernas abertas e aquela quantidade de pelos tão farta me deixaram com vontade de sentir seu cheiro, coisa que tratei de fazer de imediato. Lentamente tirei minha camisa e fui me aproximando dele, que estava com seus olhos fechados. Me abaixei entre suas pernas ficando de fora do sofá e peguei firme no seu pau, que de imediato ficou completamente duro entre meus dedos. Aproximei primeiro meu nariz do seu saco pesado e com toda certeza cheio de leite e inspirei todo a ar ao redor dali, sentindo o melhor cheiro do mundo. Ele tinha um cheio extremamente másculo, e minha boca salivou na ânsia de sentir o seu pau invadindo minha garganta.
Ele estava desesperado, pois seu pau começou a babar e ele se contorcia no sofá, mas eu não o chupei ainda. Do saco, fui descendo por suas coxas grossas beijando e passando meu rosto nelas, beijando o sorvando tudo o que estivesse no meu caminho. Nesse ponto eu estava completamente tomado pelo tesão e meu pau parecia querer rasgar minha calça, enquanto minha cueca parecia cada vez mais encharcada por meu pré-gozo. Marinho, por sua vez, havia deixado uma mancha circular no sofá, mostrando que, por ali, a questão era basicamente a mesma.
Fui descendo até chegar nos seus pés, que por um impulso sofre beijando e chupados por mim. Eu não me reconheci naquele momento, uma vez que nunca havia feito nada parecido com ninguém, mas não era hora de pensar em muita coisa, apenas fiz. Eu enfiei seu dedão na minha boca, voltando para seu pau com minha mão livre e o apertando com força, fazendo-o gemer muito alto. Ele não aguentou e me pegou pelos cabelos me dando um forte tapa no rosto, fazendo com que eu encontrasse sua mão em seguida com minha boca e chupasse seus dedos. O tesão era tão absurdo que nem notei meu rosto instantaneamente marcado.
Ele puxou forte meu rosto para o encontro do seu e demos um beijo violente e apaixonado. Ele me xingava de tudo quanto era coisa e esfregava seu pau completamente babado na minha barriga, enfiando uma de suas mãos dentro da minha calça. Senti seu dedo me penetrar sem muitas dificuldades, levando em consideração que eu estava piscando como uma verdadeira puta. Ele tirou minha calça e rasgou minha cueca sem muita paciência, me deixando completamente nu. Fui arremessando no sofá, caindo sentado e com seu pau quase totalmente na minha cara. Quando fui colocá-lo na boca, que a essa hora pingava continuamente aquele líquido transparente, levei outro tapa no meu rosto, agora mais forte que o outro. Ele pegou o cinto da minha calça e amarrou firme minhas mãos para trás me deixando totalmente vulnerável.
_ Agora você só mama quando eu mandar, vou te ensinar a obedecer a teu macho! – falou segurando meu queixo e passando seu pau levemente sob a minha barba e rosto, deixando um rastro de pré-gozo por onde passava.
_ Sim senhor, Delegado! – Eu disse como uma verdadeira puta pronta para servi-lo.
Ele abaixou-se um pouco e cuspiu na minha boca, atitude que quase me fez gozar instantaneamente. Eu, obviamente, engoli tudo imediatamente, esperando que em seguida ele me desse o que eu tanto queria. Coloquei minha língua para fora, e brevemente senti a parte de baixo da sua cabeça passar na ponta dela, senti aquele gosto salgado entre meus lábios e tratei de engolir tudo novamente enquanto olhava para ele. Arrisquei abocanhar seu pau, mas ele não permitiu, ao invés disso me colocou para cheirar novamente os fartos pelos que circulavam o pau mais belo que eu já havia visto. Forcei meu rosto o máximo possível para a região, desejando que nossas peles fossem uma só. Me senti possuído e febril, algo que eu não fazia ideia que poderia ser possível. Comecei a chupar e cheirar seus pelos incontrolavelmente enquanto meu rosto ficava cobertos de suor e pré-gozo.
Em um ato rápido ele afastou meu rosto e enfiou de uma vez seu pau inteiro na minha garganta. Eu senti uma dor alucinante quando ele alcançou minha garganta quase por complete, mas a sensação foi substituída em seguida por um tesão incalculável, já que meu nariz estava completamente afundado entre seus pelos fartos e minha boca preenchida por aquela torra grossa. Em determinado momento minha respiração falhou, mas ele não me deixou sair de onde estava, mas de uma forma carinhosa. Ele prendeu minha cabeça onde estava, e com a outra mão acariciou meus cabelos e rosto, mandando eu ficar calmo e aguentar um pouco mais. Ele repetiu isso algumas vezes, até quase gozar na minha garganta por umas duas vezes.
Ele se sentou no sofá com suas pernas abertas, me desvencilhando do cinto em seguida. Sabia que ele não queria gozar naquele momento, mas era mais forte que eu... Precisava tomar seu leite naquela hora ou morreria. Voltei a engolir seu pau inteiro, subindo e descendo por entre as veias que, nessa altura, saltavam pelo seu membro. Ele implorava para que eu parasse, se não gozaria na minha boca, o que obviamente eu não fiz. Senti como se seu pau ficasse cada vez maior na minha boca e por alguns segundos pensei inclusive que havia dobrado de tamanho, foi então que eu senti uma grande jatada de baba na minha boca, precedendo a gozada de um verdadeiro cavalo. Depois disso, o primeiro jato veio direto na minha garganta, do qual tratei de engolir muito veloz. Outros três jatos acabaram enchendo minha boca, dos quais tratei de engolir em seguida. Dois últimos jatos, agora mais fracos, ficaram sob minha língua, dessa vez me dando espaço para degustá-lo com mais calma.
O cheiro de suor e porra estavam impregnados em mim, de forma que desejei que nunca mais saíssem da minha pele. Enquanto gozada, Marinho gritava como um animal, quase que desmaiando em seguida, caindo quase desfalecido no meu peito no chão abaixo de nós. Eu beijava sua boca e nossas barbas se entrelaçavam, como se fossem uma só. Eu não sabia onde meu corpo começava e o dele acabava, me sentia completo. Ele não parou de me beijar nem por um segundo, sussurrando que me amava e que iriamos ser um do outro para sempre.
Eu estava amando tudo aquilo e não queria sair da posição que estávamos, mas ainda não havia gozado. Meu pau estava duro como pedra, e o dele, igual. Marinho sequer perdeu a ereção depois de ter gozado daquela forma. Em um gesto rápido ele montou em mim, fazendo com que meu pau desaparecesse na sua bunda peluda e firme. Ele cavalgava alucinado enquanto eu batia uma punheta nele e passava minha mão por seu corpo sentindo todos aqueles pelos nos meus dedos. Não demorou muito até eu gozar dentro dele, em meio a muito suor e beijos. Eu senti que enchi completamente ele, de forma que muita porra escorreu para fora quando eu tirei meu pau dali. Ele, por sua vez, gozou mais uma vez no meu peito, me deixando todo ensopado. Ele caiu no meu peito e pela janela, notei que o sol já se despedia de nós. Foi exatamente isso: passamos a tarde gozando e não vimos a hora passar.
Ainda naquela noite gozamos mais três vezes. Marinho me comeu no banheiro, socando forte enquanto mordeu minha orelha e dizendo que iria casar comigo ainda naquele ano. Nossa última gozada daquela noite foi dessa forma: dois animais completamente apaixonados. Eu sentia queimar por dentro pelo tamanho e força do seu pau, mas de forma alguma aquilo era ruim. Acabamos comento qualquer coisa e indo para o quarto, nada existia naquele momento além de nós dois.
_ É impressionante como gozar com quem a gente ama é bom, né!? – Dizia Marinho divertido, olhando nos meus olhos e acariciando meu rosto.
_ É diferente mesmo, não sei explicar. É como se o gozo continuasse depois de acabar, fazia tempo que eu não sentia isso. – Afirmei igualmente satisfeito.
_ Acho que tu é a segunda pessoa na vida que sinto isso, mas de uma forma totalmente diferente. Com a mãe de Sofia foi algo nesse sentido, mas eu sempre soube que havia algo errado. Com o maluco do Thomás nem preciso falar, era mais estranho do que tudo no mundo. Com as putas e com os viados que eu eventualmente comi pela vida era tudo, menos algo próximo disso. Mas agora tem você... Ao mesmo tempo que eu poderia passar o dia falando de como é bom também da vontade de somente deitar do teu lado e ver as horas passando, somente aproveitando esse silêncio. – Disse em tom de confissão.
_ Eu já havia desistido. Fazia muito tempo que eu não me sentia uma pessoa amada, tinha esquecido como era bom. A gente vai se acostumando com umas coisas e quando menos espera deixa de acreditar que isso vai acontecer novamente um dia. Eu penso muito em quando era mais jovem, era como se isso fosse cada dia mais distante. Depois de um tempo eu só me acostumei e tentei suprir essa falta com qualquer coisa. Agora contigo aqui tudo parece tão distante... Nem sei se consigo me lembrar mais do que eu tinha medo. Acho que gozar umas cinco vezes seguidas em um dia com o cara que amo ajudou um pouco nisso! – Disse fazendo com que eu e Marinho ricemos de forma muito genuína. Ele voltou a me dar beijos ternos e acariciar meus cabelos, voltando a falar em seguida:
_ Acho que inicio contigo uma nova vida. Minha casa já não era um lar, e no meu peito já não sentia essa vontade toda de viver, com exceção da minha filha que sempre foi a razão de acordar todos os dias. Mas havia uma dor muito grande, que ainda tá aqui dentro, mas que agora eu sinto que posso seguir em frente e talvez ser feliz. – Disse o delegado, acho que mais para ele do que para mim.
_ A gente vai ver ela pela manhã, depois vai na sede resolver nossa vida profissional. Acho que vamos ter muitos desafios daqui pra frente, mas sei que tudo será superado desde que a gente esteja junto... – Disse retribuindo os carinhos e beijos que outrora recebi, continuando:
_ A vida vai se arrumando aos poucos pra gente, meu delegado. A gente só precisa decidir onde morar, se fica aqui, se aluga ou comprar um lugar maior... O resto, vamos vendo no caminho... – Disse quase sussurrando em seu pescoço.
_ Não importa! – Disse ele me virando e me colocando de conchinha, beijando minha nuca por último... – Meu lar vai ser onde você tiver! – Concluiu, e eu, quase dormindo também, acrescentei:
_ O meu também!
O fim
Um ano se passou desde que chegamos pela primeira vez juntos na capital. Nesse meio tempo, pensando de forma muito obvia, muita coisa mudou. Primeiro e talvez a mais significativa seja a rotina de Marinho com sua filha, que passou a fazer parte do nosso cotidiano devido a guarda compartilhada. Fora um atrito inicial entre eu e sua ex-mulher, não tenho o que falar. Sofia era uma menina um pouco tímida, mas que foi se soltando com um tempo e hoje já me chamava de tio. Com um tempo, claro, ela passou a me chamar de pai também, mas foi um longo caminho até esse ponto.
Luciano foi alocado na sede, como gerente do departamento de desaparecidos. Depois de um tempo em que a poeira do caso de Três Colinas foi abaixando, aqueles holofotes todos sobre nos cessaram. Ele ocupou o cargo por um ano, passando a realizar o treinamento dos novos investigadores que em breve iriam agir em campo. Com isso ele passou a ficar mais feliz, dizia que não queria mais toda aquela burocracia e preferia ficar em algo mais despretensioso e dinâmico.
Eu, por outro lado, aproveitei ao máximo toda aquela holofotação. Acabei por me tornar superintendente, o que gerou um maravilhoso aumento de salário fora todas as gratificações que eu recebia. Como Marinho também tinha um auto salário, não demorou muito até comprarmos nossa casa, que era grande demais para nós dois. Sabíamos que mais cedo ou mais tarde resolveríamos isso com irmãozinhos para Sofia, mas por hora, queríamos somente aproveitar nossa vida.
O tempo foi passando. Viajamos muito, conhecemos pessoas e lugares incríveis, perdemos algumas amizades, fizemos outras, refizemos outras e por aí vai. As vezes eu o olhava de longe e notava os efeitos do tempo. Agora ele usava óculos de grau e sua barba começava a ficar mais grisalha. Às vezes, em súbitas crises de meia idade ele pensava em pintar a barba e os cabelos de preto, o que obviamente eu pedia para não fazer, já que ele estava mais lindo do que nunca a meu ver.
Três Colinas parecia distante não somente geograficamente, mas também enquanto uma ideia. As vezes era como se o lugar não existisse para nós, e por muito muito tempo verdadeiramente não pensamos naquele lugar. Havíamos enterrado nossos mortos. Um dia, no entanto, isso mudou com uma Sofia adolescente com um pedido que nos pegou de surpresa:
_ Papai... – Disse em um dos nossos almoços enquanto Luciano respondia algumas mensagens do trabalho – Meu aniversário de 16 anos tá chegando e o senhor sabe que eu nunca peço nada demais de presente, né!? – Falou a menina evidentemente receosa – Então, minhas notas estão excelente, estou praticamente passada de ano, e quase fui aprovada no vestibular de medicina, mesmo sendo somente por treino... – Dizia como se justificasse – Então, o senhor sabe que o Festival da Colheita voltou há algum tempo, e o DJ Andromeda vai tocar lá... – Disse quase se arrependendo, eu nessa hora já havia parado de comer e olhava concentrado para Marinho esperando sua reação – Nesse caso, papai eu gostaria de saber... – Completa Sofia, que foi imediatamente cortada por Marinho.
_ NEM PENSAR! NEM SE FOSSE A ÚLTIMA DIVERSÃO DA TERRA! Olhe, eu vou ser bem direto ao ponto, eu só voltaria algum momento para lá se fosse para queimar aquela cidade. Sofia, pelo amor de tudo o que é mais sagrado, tire isso da sua cabeça! É isso! – Disse Marinho evidentemente irritado e um pouco incrédulo.
Sofia parecia entender, mas era óbvio seu desapontamento. De imediato, não tomei partido naquilo, somente a noite decidi conversar com ele. Preparei um jantar para nós dois, abri uma garrafa de vinho, coloquei uma música que ele gostasse... A casa era somente nossa já que Sofia, nessas horas já estava com sua mãe. Ele vendo toda aquela preparação, já foi se adiantando:
_ Nem pensar, Sr. Paulo! Eu sei muito bem o que o senhor está fazendo! Ninguém, eu repito, NINGUÉM, irá voltar para Três Colinas, especialmente para um festival de música eletrônica. Essa menina só pode tá maluca, isso deve ser influência de algum amigo noia, que eu vou descobrir quem é e tratar de acabar com essa amizade. Além disso... – Não esperei ele terminar e beijei sua boca, arrancando suspiros safados e algumas risadas dele. Em meio a uma guarda deliciosamente baixa, ele fala em meio a uma gargalhada:
_ Nem tente seus golpes baixos, seu safado... Sei muito bem que depois disso vem uma chuva de manipulação da sua parte. Minha resposta continua sendo não e a gente já pode pular pra parte que vou pra cama mamar esse pau gostoso... – Disse de forma safada me apalpando.
_ Eu não ia dizer nada, só perguntar qual foi a última vez que você teve pesadelos com Três Colinas. – Disse servindo seu jantar. Ele ficou sério e me olhava desconfiado, mas havia medo em sua voz, continuei:
_ Três Colinas não pode mais dominar a gente assim. Acho que suas crises não diminuíram de verdade, você só passou a esconder elas melhor de mim. – Eu disse de forma séria, colocando minha mão sobre a sua. – Parece loucura, marinho, mas acho que talvez essa seja a nossa chance de colocar Três Colinas em um lugar em que ela não afetará mais nossas vidas!
Ele parecia mais calado que o normal avaliando toda a situação. Depois de uma noite de um sexo para lá de gostoso e intenso, Marinho me acorda com beijos por todo o rosto, dizendo que iria comprar algumas coisas para nosso café da manhã. Aproveitou e deixou nossos dois cachorros no pet chop – dois vira-latas que ficavam nas imediações da central que acabamos por adotar. Ele demorou um pouco mais que o normal, chegando com uma sacola muito grande de uma loja do shopping que não me lembro mais qual era. Não perguntei o que era, e nem precisava, ele abriu e tirou uma foto, enviada para Sofia imediatamente: “Ingressos comprados! :)”. O que se seguiu foi uma ligação de mais de vinte minutos de uma menina gritando de contente.
Fomos eu, Marinho, Sofia e duas amigas dela supervisionadas por seus pais. Um casal muito agradável que passou a ser nossos amigos depois dessa viajem. Era estranho voltar a Três Colinas, que por incrível que pareça não estava mais tão fria assim. Cerca de cinco anos havia se passado desde a última vez, e olhando agora o lugar parecia ser mais inofensivo que nunca. Em meio a alguns reencontros e muitos pudins de café, fizemos amor novamente no lugar em que havíamos entregado a nossa alma um para o outro. Todos nós ficamos na casa que era dele, que por sua vez decidiu não a vender, mesmo que não tivesse pretensão nenhuma de morar novamente ali, ou sequer voltar para passar uns dias.
No dia de Andromeda, vimos como a colônia de pescadores e serralharia havia se desenvolvido. Agora tudo era uma cooperativa, sem sombra da incidência da família Marinho por lá. Isso, obviamente, aumentou significativamente a qualidade de vida das pessoas ali, de forma que, inclusive, passaram a ter alguns vereadores indígenas.
O lugar estava lotado e Marinho muito tenso. Eu e Sofia estávamos usando chips rastreadores, fato que não gerou muita resistência da nossa parte devida a uma conversa muito franca que eu tive com ela. No final, tudo pareceu muito engraçado, já que Marinho acabou se divertindo mais que sua filha. Nesse dia, ele fumou maconha pela primeira vez e pude ver o quanto ele deixou que seus fantasmas, enfim, partissem. Sim, foi uma catarse! Agora, além de fã de música country ele também era fã de música eletrônica.
Acabamos por ficar mais uns dias ali. Bebemos, comemos, tomamos banho de rio, cachoeira, visitamos museus, tudo. Até a delegacia foi visitada, mesmo que não tenha sido algo necessariamente leve. Marinho também encontrou uma das meninas que havia salvado, a única que a família continuo ali. Foi um encontro breve, mas extremamente intenso. Foi através desse encontro que descobrimos um ONG voltada para as vítimas, todas elas. Lá, além de trabalhos terapêuticos, pensava-se em empregabilidade e outras coisas. Era uma ação holística com o intuito e transformar a realidade local.
Marinho não pensou muito e acabou doando sua casa e dois terrenos que eram seus em Três Colinas para a ONG em questão. Eu fiquei verdadeiramente feliz com aquilo, só me deu mais certeza de que eu estava ao lado da pessoa certa. Sofia ficou igualmente feliz, abraçando e elogiando muito o pai. Essa viagem realmente foi transformadora.
Voltamos para a capital com nossos corações transformados, e com muita ressaca também diga-se de passagem. Com exceção de Sofia, eu e Marinho detonamos alguns estoques de vodka e vinhos, deixando conosco somente boas lembranças de dias coloridos e noites delirantes. Sofia, inclusive, com um humor ótimo, divertia-se vendo que aproveitamos mais que ela, inclusive precisando dirigir algumas vezes para nós dois porque estávamos bêbados. O tempo passou, e em definitivo, foi o fim que nós demos a Três Colinas.
O começo
Era um dia bastante ensolarado, mas não era incomodo. Eu terminei todo o meu trabalho e caminhei até o campo de tiros, onde uma nova leva de recrutas treinava para as provas práticas que deveriam ocorrer em alguns dias. Enquanto caminhava, eu agradecia a Deus por todas as coisas que acabamos conquistando, a vida era realmente muito boa. Nem sempre era tudo paz, as vezes brigávamos por alguma coisa ou outro, mas sempre fazíamos as pazes seguidas por um sexo de reconciliação maravilhoso. Mesmo depois de tantos anos, o tesão e o amor um pelo outro não diminuiu. Obviamente não éramos mais adolescentes, mesmo assim o fogo parecia cada vez maior.
Eu vi aquele homem grisalho falando com os recrutas e logo me deu uma vontade enorme de apertar sua bunda. Ele usava uma camisa justa preta e uma calça apertada que realçava sua mala, sabia que quando chegasse em casa iria ter aquele pauzão todo dentro de mim. Me aproximei recebendo cumprimentos de todos os lados e ganhando um sorriso muito meigo do meu amor, sabia que éramos um do outro por esses simples gestos.
Acabei atirando junto com ele, acertando uma quantidade boa de alvos. No geral, deu empate. Tínhamos uma regra somente nossa de que quem perdesse mais seria o passivo, nesse caso, hoje o dia seria de todos os papeis. Depois de um longo banho fomos para a casa de Sofia e sua mão, agora muitíssimo minha amiga. Ela, inclusive fez o bolo de do aniversário surpresa de Marinho, mesmo grávida de 8 meses – sim, Sofia teria mais irmãos.
Digo mais por que eu e Marinho decidimos adotar um casal de irmãos que foram abandonados em uma delegacia de uma cidade vizinha. Tudo fluiu para que fossemos unidos em uma família, e assim ficamos. Sofia brincava com os irmãos enquanto eu olhava a vista para o mar, sendo abraçado com um homem muito tarado e amável. Eu não pensava em nada em particular, somente o quanto a vida foi, está sendo e será maravilhosa para todos nós.
Naquele momento, ouvíamos risadas de criança, gargalhadas de adultos e conversas animais de jovens que ali estavam. A família era grande e prospera, e tudo ali fazia sentido de alguma forma. Eu estava um pouco nostálgico, meio emocionado e brevemente perdido em meus pensamentos quando ele me vira de frente para ele e me beija. Não um beijo desesperado, mas um beijo que tinha gosto de tarefa cumprida. Era um beijo com gosto de lar. Então, todos os dias eu sabia, enquanto estivéssemos assim, um para o outro, ninguém nunca mais se sentiria sozinho no mundo.
_ Eu te amo demais, lindo! – Disse em meio a olhos marejados e toques carinhosos.
_ Eu te amo ainda mais, delegado! – Disse para ele, permitindo que uma lagrima escorresse pelo meu rosto. Sim, isso era finalmente a felicidade.
Depois disso, tivemos somente uma vida pela frente que valeu por mil. Então, é assim que acaba, cabendo a você decidir se é mesmo um fim ou um começo.