Ela me via só como amigo - Cap. 4

Um conto erótico de Bruno (por Carlos_Leonardo)
Categoria: Heterossexual
Contém 8798 palavras
Data: 17/11/2025 08:15:55

Wanda me olhava estupefata, com a boca entreaberta. Incrédula, ela balbuciava algumas palavras, mas parecia falar apenas para si mesma. Eu a olhava firme, tentando mostrar desapego com o que acontecera segundos antes, mas minha mente estava um turbilhão. Eu estava processando a perda e tentando calcular o prejuízo daquela relação. O resultado era desinvestir imediatamente, sem mais hesitação. A lógica era clara, mas o coração não respeitava a matemática.

Ela baixou os olhos e eu conseguia perceber a confusão em sua mente, apesar de não ter certeza sobre o quê, só suspeitar. E o que suspeitava não me era nada agradável. Eu não ia ser o amigo do peito enquanto ela retomava o namoro com o Vitor. Um trio jamais existiria, pelo menos não com a minha participação. E isso me dava muita raiva e me permitia sustentar o meu olhar.

Os lábios dela tremeram. Foi sutil, mas percebi. Seu olhar voltou-se para mim.

- Olha, Bruno – ela sussurrou baixo, pigarreou e então continuou – Bruno! Olha… acho que você tem que ser sincero com meu pai. Seja sincero, fale da proposta e vocês decidem o que é melhor. Ele aprecia a sinceridade. Isso é tudo o que posso te dizer.

- Tudo bem! Farei isso – falei assentido e me levantei para ir embora. Ela se agitou, inclinando o corpo para frente, mostrando um certo desespero.

- Espera, onde você vai?

- Bom, vou embora. Vocês querem ficar sozinhos, né?

- Não! – ela se levantou de repente.

- Não?

- Não! Fica mais um pouco com a gente, pra conversar, sei lá…

O olhar dela era de aflição. Porém, eu estava decidido. Não havia mais nada que eu pudesse fazer ali.

- Melhor não, Wanda. Vocês devem ter muito o que conversar. Não vou ficar atrapalhando, nem segurando vela.

Não me interessei por sua reação, nem esperei qualquer resposta. Virei-me e caminhei até a porta.

- Não é isso, Bruno! Espera... – ela suplicou, vindo atrás de mim.

Não mudei de atitude, abri a porta e caminhei em direção ao meu carro. Passei por Vitor, tentando uma despedida breve, que infelizmente não podia evitar:

- Até mais! – sussurrei.

- Ei, ei, ei… espera aí cara, calma!

Vitor segurou meu braço. Não foi um gesto brusco, mas apenas para garantir que eu o escutara. O toque, mesmo que breve, parecia me contaminar com algo sujo. Olhei para sua mão me segurando, depois para seus olhos e isso foi suficiente para ele me soltar. Aquele rapaz, que sempre conheci confiante, agora parecia vacilante. Tive uma pequena pontinha de satisfação. A hesitação dele era o único dividendo que eu receberia daquele investimento emocional fracassado.

- Deu certo a conversa com a Wanda?

- Sim.

- Legal! – ele me pareceu trêmulo, como se estivesse procurando palavras para esticar a conversa, para continuar me mantendo ali, sabe-se lá por qual motivo – Cara, fiquei curioso para saber como você gerencia o tempo fazendo duas faculdades. Pode me explicar?

- Com dedicação e disciplina – retruquei bruscamente – Não tem muito mistério. Agora, realmente tenho que ir.

- Espera, deixa eu te dizer…

E antes que eu pudesse dar meia volta, ele começou a falar algo relacionado à faculdade de Direito que ele fazia. Demonstrei inquietação para que ele percebesse. Minha mente estava em outro lugar, apesar de fingir atenção. Para mim, suas palavras pareciam estar no mudo, mas ele pareceu não se incomodar com isso. Certamente fazia de propósito. Tudo que eu queria era ir embora. Por um instante, desviei meu olhar para Wanda, querendo que ela visse minha crescente insatisfação e, de alguma forma, intercedesse. Entretanto, ela, encostada na porta de entrada, apenas nos olhava de maneira desconfortável.

Não sei por quanto tempo aguentei calado. Eu estava chegando no meu limite e prestes a interromper aquele monólogo irritante quando senti uma mão no meu ombro. Virei-me rapidamente, surpreso.

- Como vai, meu amigo? – Era Trajano, que me olhava com um sorriso acolhedor enquanto segurava Wis nos braços – Não esperava vê-lo por aqui. Venha, vamos até seu carro porque tenho uma missão para você. Sabe as ações da Petrobrás, pois bem... – Escutar a voz dele com um assunto familiar me ofereceu um alívio raro, como um boia de salvação no meio de um naufrágio.

Trajano foi me puxando pelo ombro, me tirando da presença de Vitor. Este ainda tentou continuar falando, querendo manter a atenção em si, tentando uma outra abordagem:

- Opa, tudo bem, Seu Trajano?

- Tudo! – o pai de Wanda respondeu com indiferença, mal olhando para ele. Trajano continuou se afastando, levando-me junto – Então, Bruno, eu preciso que você calcule o Preço Teto Ajustado considerando as seguintes premissas…

Enquanto nos afastávamos, Cecília passou pela gente de mãos dadas com Wendy. Ela me deu um sorriso agradável, mais chamativo que o do seu marido. Ela parou na nossa frente, interrompendo Trajano momentaneamente.

- Sempre é bom te ver, Bruno – Cecília me cumprimentou com um beijo na bochecha, que me deixou corado pelo carinho naquele momento terrível. Depois, ela seguiu em direção à sua casa.

Antes que eu pudesse processar o significado de tudo aquilo, Trajano continuou me guiando até meu carro enquanto dava sequência ao seu pedido. Eu tentava memorizar o máximo que podia, apesar da minha mente estar em polvorosa.

- Acha que consegue fazer?

- Sim, consigo. Pode confiar em mim.

- Quero essa análise para sexta que vem. Quando chegar no escritório, vá direto pra minha sala.

- Certo.

Então, Trajano silenciou e me encarou como se tivesse me analisando. Wis, envergonhada como sempre, aninhava-se no pescoço dele, deixando sua face fora do meu campo de visão. Após alguns segundos assim, ele me olhou com distinção e disse:

- Isto não é o fim do mundo, Bruno. O fim do mundo está longe para você. Foco no que te pedi, quero te ver na sexta – e me deu dois tapinhas no braço, me encorajando.

Assenti e me despedi. De alguma forma surpreendente e inesperada, Trajano e Cecília me deram um pouco de afeto e de respeito. Entrei no meu carro e fui para casa. Durante o trajeto, não chorei. Estava entorpecido apesar da minha mente estar em curto-circuito. Minha mãe, provavelmente ciente do que acontecera, me recebeu com um abraço caloroso e um sorriso promissor.

- Vai ficar tudo bem, filho.

Ela me apertou contra seu corpo, meu rosto apoiado em seu ombro, minha face agora envolta em um choro copioso, mas silencioso. Não havia muito o que ser dito, nós sabíamos. Meu coração estava partido em mil pedaços e, às vezes, o que nos resta é deixar o tempo passar e a dor ser sentida e absorvida. O vazio não era apenas transcendental, mas físico, na minha barriga, que parecia fazer um nó em si.

Fui para meu quarto desolado. Me deitei na cama e me permiti chorar mais ainda, como se fosse possível. Eu estava sem comer e assim fiquei. Hoje em dia, é até difícil traduzir em palavras o que senti nas horas seguintes. Eu me sentia dentro de um furacão de sentimentos. Era um misto de humilhação, de revolta, de injustiça e de indignação.

Meu coração ora errava as batidas, ora se normalizava. A dor alternava com a raiva: “Não foi falta de aviso”, eu me cobrei. “Burro, burro e burro”, eu me xinguei. O desespero tomou conta, seguido por uma urgência inexplicável por algo que já estava perdido. Não queria acreditar no fim do mundo, mas era o que parecia. Revoltava-me de ter desperdiçado tanto tempo e energia em um ativo fadado ao fracasso. Aquele era um custo irrecuperável e eu teria que amortizar sozinho.

Pensei na minha mãe e, bizarramente, a sua presença foi a única âncora que me impediu de gritar e destruir tudo. Isso me deu um alívio inesperado, provavelmente fruto da minha consciência. Aos poucos, minha respiração foi se tranquilizando e minha mente acalmando. Eu passei a suspirar pausadamente, querendo que ficasse assim, como se eu tivesse recuperado o controle. Mas era uma sensação passageira, pois Wanda reaparecia subitamente nos meus pensamentos e o ciclo recomeçava, devolvendo-me ao centro do furacão.

Lembro vagamente da luz ir e vir, de anoitecer e amanhecer numa escala de tempo não linear. Percebi diversos flashes em meio à escuridão. Em um desses, vejo minha mãe trazendo água e comprimidos. Noutro, vejo ela me forçando a tomar algo e beber, e depois me fazendo deitar novamente, colocando a mão em minha testa, franzindo com preocupação. Há também o lampejo de um médico, um rosto estranho usando óculos, me analisando com aquele típico olhar clínico tão comum em sua profissão. Também vejo minha mãe sentada à minha esquerda, verificando o seu celular. E depois me olhando e falando algo que não consigo compreender. Em seguida, a vejo no celular novamente, digitando, depois com ele no ouvido e, por fim, voltando a digitar sem parar. Sua expressão não parecia das mais agradáveis. E, então, eu apaguei.

Acordei numa manhã mais desperto que nunca, longe de qualquer nebulosidade. A primeira coisa que notei foi a ausência do furacão, substituída por uma exaustão gélida. Ao meu lado, impassível, estava minha mãe digitando no celular. Curiosamente, sua tranquilidade me deixou aliviado. Levantei-me, sentando na cama. Senti uma dor fraca e generalizada nos músculos, além de um peso em meus braços. Quando minha mãe me notou, ela voltou todas suas atenções a mim, com aquele cuidado que só uma mãe consegue proporcionar.

- Como se sente, meu filho?

- Bem, eu acho – observei meu quarto que tinha caixas de remédios na minha mesa, tubos vazios de soro fisiológico na lixeira e pequenas toalhas úmidas, algumas penduradas na minha cadeira e outras jogadas no canto da minha cama. – Que dia é hoje?

- Hoje é quinta-feira.

- Quinta-feira? – olhei-a assustado, fazendo as contas de quantos dias se passaram – O que aconteceu comigo?

- Você pegou uma virose forte e chegou a ter febre altíssima. E teve bastante alucinações também – ela sorriu querendo diminuir o peso do acontecido – Você está bem melhor agora, dormiu como uma pedra essa noite.

“Uma virose, claro”, pensei. Era a cumplicidade silenciosa dela.

- Eu dei muito trabalho?

- Não! – ela respondeu de uma forma sapeca, que denunciava uma mentira evidente – Um médico precisou vir aqui para te atender. Provavelmente, sua imunidade baixou, foi o que ele me explicou.

- Me desculpa, mãe – fiz um aceno de gratidão – Vou me cuidar melhor daqui pra frente. Não vai mais se repetir. Agora, eu sinto fome.

Na cozinha, eu encarava devagar uma sopa de carne enquanto fuçava meu celular, que ainda tinha incríveis 8% de carga. Rapidamente vi 16 chamadas não atendidas de Wanda e centenas de mensagens não lidas. Ignorei. Farto, com as mãos ainda ligeiramente trêmulas, apaguei tudo e bloqueei o contato dela. Feito isso, senti um corte limpo e frio na alma, uma dor diferente daquele furacão, mas igualmente real. Era o luto da esperança. Em seguida, coloquei o celular na mesa, virado para baixo.

A verdade era que eu nunca havia passado por um desarranjo emocional tão intenso e sentia-me envergonhado comigo mesmo e, principalmente, resignado. Eu queria entender os acontecimentos que me trouxeram até essa experiência desagradável. Repetia mentalmente o quanto era difícil de aceitar, eu simplesmente não conseguia ainda. Eu me sentia culpado, mas não entendia ainda exatamente pelo quê. Sabia, porém, que o ato de me perdoar seria um processo demorado e isso já estava me dando impaciência.

Atenta a mim, minha mãe me olhava esperando algum desabafo meu. Ela estava nitidamente em alerta, pronta para interceder e me proteger caso eu tivesse outro colapso repentino. Tudo que entreguei, entretanto, foi um silêncio continuado, firme e conformado. Ela era minha melhor amiga, me conhecia como ninguém e sabia respeitar os momentos em que preferia guardar tudo para mim.

Passei o restante do dia organizando meus pensamentos, projetando o que viria pela frente. A dor e a mágoa estavam lá, mas o desespero tinha ido embora. Ali, eu fiz um pacto comigo mesmo: jamais me permitiria um colapso emocional por conta de alguém cujas decisões não controlo. Meu foco seria retomar o controle da minha vida. A partir daquele momento, eu decidiria meu futuro, o que eu esperaria de mim. O único ativo de risco em que eu investiria seria a minha própria pessoa. E quem não gostasse, quem não aceitasse, que saísse do meu caminho e ficasse longe de mim. E sim, eu também tinha uma visão clara de que a execução desse novo propósito seria através de diversas batalhas diárias. Apesar disso, de noite, eu estava sereno na medida do possível. Fui dormir compenetrado.

No dia seguinte, mal saí da cama e a primeira decisão era preparar o relatório com as informações solicitadas por Trajano, algo que fiz rapidamente. Enquanto fazia, porém, lembrei com certa ironia que estava perdendo aula de Jornalismo. Ri com sarcasmo. Não era uma perda, era “investir do jeito certo”, eu pensei. Cada minuto economizado no estudo de reportagens e ética midiática seria dedicado agora a balanços e projeções de lucro. O mundo me ensinou que o verdadeiro valor não estava na narrativa, mas no patrimônio. A narrativa não me salvou, mas o patrimônio o faria. A única notícia que me importava agora era a do meu sucesso.

No começo da tarde, estava na sala do Trajano, aguardando pacientemente enquanto ele analisava meu relatório e murmurava o quanto estava bom e que nunca duvidou da minha capacidade. Ele reforçou pela enésima vez o potencial que eu tinha para voos maiores. Quando terminou, exalando satisfação, ele me estudou por um momento e perguntou como eu estava.

- Bem! – respondi – Muito bem, por sinal. Estou com algumas decisões para tomar...

- Nem pense em sair daqui – ele me cortou abruptamente. Wanda deve ter comentado.

- Não penso. E nem quero.

Falei com determinação, cabeça erguida e um olhar firme. Trajano, ao seu jeito, suspirou aliviado.

- Muito bem. Jamais aceitaria perder um ativo como você.

Assenti, respirando fundo em seguida.

- Na realidade, pra ser sincero, queria vir mais dias.

Trajano me olhou surpreso – E de onde você pretende tirar tempo?

- Vou trancar a faculdade de Jornalismo. O tempo virá daí.

Ainda me avaliando, percebi um leve sorriso em seu rosto.

- Decisão inteligente, Bruno. – ele se levantou, contornou sua mesa e parou ao meu lado, posicionando suas mãos em meu ombro, num gesto que, cada vez mais, tem se tornado recorrente entre nós – Você sabe que aquela sua explicação nunca me convenceu, né? Agora, você está sendo racional. Sim, isso mesmo, focando na faculdade de Economia e passando mais tempo aqui no escritório, você estará se preparando de verdade para ser aquilo que nasceu para ser: um investidor. Um investidor de verdade!

Senti um arrepio na espinha, uma excitação crescente. O propósito da minha vida mudara. Não queria limites para mim.

- Muito obrigado pela confiança, Seu Trajano. Não o decepcionarei.

Depois da reunião, saí do escritório mais cedo para resolver minha situação na faculdade de Jornalismo. Wanda não estaria lá, disso eu tinha certeza. Nossos horários eram os mesmos, pois fazíamos as mesmas disciplinas. E aquela tarde, sem aula, seria a ideal para o que eu pretendia fazer. Pelo Campus, encontrei algumas caras conhecidas, mas nada que me interrompesse. Na secretaria, o processo de trancamento foi relativamente simples. A moça que me atendia perguntou quando eu pretendia voltar:

- Ainda não sei – respondi de imediato com uma mentira inocente. Verdadeiramente, eu jamais voltaria a pisar naquele lugar. Se Wanda ainda me quisesse, que fizesse Economia.

De noite, acomodado no meu quarto, passei a limpo minha real situação na faculdade de Economia. Eu tinha reprovado duas disciplinas por falta e, pior ainda, uma por nota. Senti-me um fracassado. E a situação no semestre atual também não estava nada boa. Em algumas disciplinas, sequer imaginava qual conteúdo os professores estavam abordando. Não era que o assunto fosse difícil de lidar, mas isso não era garantia de que as provas seriam fáceis. Era preciso estudar com determinação. Felizmente, era uma situação possível de ser contornada. Criei um plano de recuperação e pendurei na parede, para sempre olhá-lo. Embaixo escrevi: “dedicação máxima, foco total”.

Quando me deitei, sentia-me satisfeito como nunca. Eu tinha uma confiança de que, enfim, estava fazendo o que era realmente certo para mim. “Plantar para colher depois”, eu pensei, querendo me encorajar. “As borboletas que virão ao meu jardim e não o contrário”, eu repetia mentalmente, como um mantra. Havia uma empolgação, um entusiasmo que me arrepiava o corpo inteiro.

Porém, aos poucos, a sensação foi se esvaindo enquanto o corpo relaxava e as lembranças ruins foram tomando frente, uma a uma, como num filme que eu estivesse preso, sem ter qualquer chance de sair. A angústia me alcançou e com ela, uma impaciência por não conseguir relaxar e dormir. Senti-me tentado a desbloquear Wanda e procurar respostas. Primeiramente, eu queria questioná-la. “Por que, Wanda?”. Depois, queria apenas que tudo fosse como antes e só perguntar como ela estava, como sempre fazia. “Já tá livre? Podemos conversar agora? Como você tá?”.

E, então, veio a saudade, voraz como a fome de um leão, inquietante e praticamente irresistível. O que me impediu de ter alguma atitude intempestiva foi a frase no meu plano de recuperação na parede. Forcei meus olhos a se fixarem nela, lendo-a pausadamente para recuperar o controle. Dedicação. Máxima. Foco. Total. Eu estava no começo ainda, não poderia fraquejar no primeiro dia de mudança. E assim, consegui resistir. Em algum momento, corpo e mente cansaram, e eu finalmente dormi.

O fim de semana passou como um borrão. Lembro de estar muito ansioso pela segunda-feira seguinte, onde mostraria ao mundo minha nova postura tanto na Economia quanto na consultoria, esta última em mais dias durante a semana. Para passar o tempo, tentei, sem sucesso, me concentrar para estudar ou mesmo analisar alguma ação. Séries na TV foram outra tentativa, também sem chance. Joguei um pouco GTA V, mas lembrava a cada instante do comentário de Wanda sobre esse jogo, o que me fez desistir logo. Assim como não me empolguei para jogar qualquer outro jogo.

Havia deixado meu celular desligado, mas a tentação de ligá-lo era avassaladora. Mesmo tendo bloqueado o número de Wanda, tinha curiosidade de saber se ela sentia minha falta e como ela explicaria a presença do Vitor na sua casa. Entretanto, quando a razão ficava mais forte, concluía que fazer isso seria o equivalente a investir em uma empresa falida. Eu precisava resistir.

Às vezes, pegava-me andando de um lado para o outro no meu quarto, com a respiração ofegante de um cansaço puramente emocional. Eu me pegava ouvindo a campainha, certo de que era ela, ou checando a rua pela janela, esperando que o carro dela parado e ela olhando para minha casa enquanto pensava no que ia me dizer para consertar tudo. A ausência de contato era, ironicamente, a prova de que Vitor a tinha e não eu.

Somado a isso, havia uma tensão por temer uma nova recaída. Me convenci de que ficar alheio a tudo era a melhor forma de me proteger. Minha mãe, curiosamente, passou o tempo todo em casa, com o celular sempre à vista, e me perguntando como eu estava com uma frequência incomum. Lamentei, pois sei que ela preferiria estar com Trajano e Cecília em vez de me monitorar. Dentro de mim, não queria que ela acabasse a amizade com eles por minha causa. Havia uma tola esperança enxotada no fundo do meu coração de que a amizade deles de alguma forma mantinha meu vinculo com Wanda.

Veio a segunda-feira e ao entrar na sala de aula, senti como se tivesse, enfim, iniciado minha trajetória na faculdade de Economia. Percebi os olhares dos meus colegas de classe com certo espanto, como se eu fosse um novato entrando em sala com o semestre em andamento. Não sei como eles me viam antes, mas naquele momento, eu daria dedicação total àquele curso. Durante a primeira aula, que foi de Econometria I, não tive conversas paralelas, não desviei minha atenção, nem mesmo em meus pensamentos, e entendi todo conteúdo que foi passado pelo professor sem qualquer dificuldade. Até mesmo as perguntas feitas por outros alunos me pareceram desnecessárias, o que me deixou mais tranquilo quanto ao meu nível perante a turma. Saindo da faculdade, eu senti uma gratificante satisfação de estar fazendo o que gosta.

Na consultoria, de posse dos meus novos horários na faculdade, alinhei com Trajano os dias que estaria presente. Eu iria quatro dias na semana, totalizando 16h semanais. Depois dessa definição, surpreendentemente, ele anunciou que triplicaria meu salário de estagiário, o que aceitei de bom grado. Estranhamente, o aumento não me excitou. Esse recurso a mais foi todo para meus próprios investimentos. Porém, quanto maior o bônus, maior o ônus. Ele também me mandou estudar Banda de Desbalanceamento de Markowitz e como eu deveria aplicar isso em três carteiras de investimentos de exemplo com patrimônio em torno de R$ 100 mil. Por fim, eu deveria gerar um relatório e mostrá-lo em dois meses. Achei um baita desafio, que certamente ocuparia minha mente.

À noite, já em casa, tentei estudar até a hora de dormir. Eu fazia isso propositalmente. Descobri que, por algumas horas, a disciplina abafava o caos. Tinha receio de ficar ansioso e desanimar por causa de Wanda. Então, eu não me permitia parar até que o cansaço vencesse e sono chegasse. E mesmo assim, era difícil dormir. A mente me pregava peças. Às vezes era um pequeno flash que disparava uma sucessão de lembranças boas e ruins, e isso culminava nas mesmas perguntas de sempre: “Por que, Wanda?”. A vontade de desbloqueá-la era imensa, mas seria o equivalente a comprar uma ação em queda livre, sem fundamento, puramente movido pela emoção. Meu novo plano proibia o investimento especulativo. Eu precisava ser frio e o autocontrole, ativo. Uma hora, meu corpo cansou e eu consegui dormir.

Nos dias e semanas que se seguiram, a rotina continuou a mesma. Na faculdade ou na consultoria ou em casa, obrigava-me a me manter o tempo todo ocupado, seja estudando ou analisando investimentos. Evitava lazer, pois isso atraía ociosidade e com ela, pensamentos que eu queria evitar. A cada noite, mais tarde eu me deitava, tentando adiar ao máximo o momento em que encostava a cabeça no travesseiro, na escuridão do meu quarto. Nessa hora, minha mente não me permitia relaxar, sempre trazendo pensamentos sobre Wanda, pensamentos esses que iam ficando cada vez mais repletos de questionamentos. “Se eu era o seu melhor amigo, por que me abandonou, Wanda? Por que não fez uma loucura por mim? Por que se contentou com o meu bloqueio no celular em vez de invadir minha casa e me resgatar? Como conseguiu tão facilmente esquecer tudo o que vivemos e seguir em frente sem nenhum remorso? Por que, Wanda?”

Aos poucos, fui dormindo menos e as olheiras tornaram-se mais visíveis. Ao levantar da cama, não era raro sentir a visão embaçada e dores difusas pelo corpo, tudo isso fruto de noites e mais noites mal dormidas. Meu próprio corpo soava como uma máquina enferrujada, gritando por manutenção. Eu procurava fechar os olhos, respirar profundamente e acalmar o corpo e a mente, sempre lembrando do foco que adotei para minha vida. Isso me dava a força para melhorar e encarar mais um dia. Porém, estava claro que essa situação estava escalonando tanto que minha mãe, preocupada comigo, me interpelou um dia quando saía para a faculdade:

- Filho, você está com uma cara de quem não dorme há dias.

- Muita coisa para estudar – procurei me explicar rapidamente, já abrindo a porta.

- Ei, espera aí, mocinho.

- Que foi, mãe? Preciso ir, senão me atraso.

- Você tem certeza que foi uma boa ideia trancar o Jornalismo?

- Como assim? – perguntei espantado, não acreditando que ela queria falar disso naquele momento.

- Olha, eu sei que... – ela começou a se explicar, mas eu a interrompi antes que continuasse. Realmente, não queria ter essa conversa.

– Pera, mãe. Pera! Olha só… – respirei fundo – perdi muito tempo não dando a atenção à faculdade de Economia, você sabe muito bem. Agora, preciso tirar esse atraso. E tem as coisas da consultoria também. Não posso decepcionar o Seu Trajano.

- Eu sei, mas não pode ser do jeito que você está fazendo.

- Que jeito? Eu… – agora foi a vez dela me interromper – Você não relaxa, Bruno! Só quer saber de estudar, estudar e estudar. Tenho receio se, dessa forma, tem sido realmente produtivo.

- E estudar é ruim, agora?

- Não, claro que não. Talvez... – ela desviou o olhar como se procurasse as palavras adequadas para tocar no assunto que, claramente, eu queria evitar – Você vai ter outro colapso se ficar sem dormir adequadamente.

Olhei-a por um instante. Seria impossível eu esconder dela meus verdadeiros sentimentos e o porquê das minhas decisões. Ela queria ter voz, opinar, demonstrar o cuidado que só uma mãe, que ama verdadeiramente seu filho, tem. Entretanto, isso era algo que eu deveria resolver sozinho.

- Não sinto tanto sono assim, estou bem – tentei tranquilizá-la usando meu melhor sorriso.

- Filho…

- Estou bem, mãe. Confie! Não vou ter outro colapso – dei um beijo em sua testa e saí.

Na consultoria, entreguei meu relatório sobre a Banda de Desbalanceamento de Markowitz em menos de um mês, algo que foi recebido com surpresa e espanto por Trajano e seus sócios. O relatório foi bastante elogiado, com poucas ressalvas. Senti-me realizado, um sentimento bom depois de algum tempo. Meu reconhecimento aumentava, assim como novas demandas e exigências por mais análises e relatórios. Trajano, por sua vez, nunca me deixava longe de sua vista, sempre me interpelando com perguntas simples, mas que eram carregadas de significado oculto.

- Como anda a faculdade? Tem conseguido dar conta?

- Bem! Muito bem, com notas máximas, conteúdo empolgante, muito aprendizado, coisas novas, sinto-me em casa. Até penso em antecipar umas disciplinas para compensar as que reprovei por falta e, assim, poder terminar no tempo certo de 5 anos. Se duvidar, acho que consigo terminar antes do tempo.

- Muito bem, mas não tenha tanta pressa assim. Você é muito novo ainda. Se formar antes ou depois, não mudará o seu futuro, que será brilhante. Acredite!

- Obrigado pela confiança, Seu Trajano!

Na Economia, a guinada de 180° no meu desempenho atraiu atenção dos professores e dos alunos. Dois professores me chamaram para bolsa de estudos, o que recusei educadamente, mas sem fechar portas. Além disso, alguns colegas de classe começaram a, gradativamente, tirar dúvidas comigo, aproveitando momentos em que eu não estava estudando um conteúdo atentamente ou lendo um balanço. Um desses colegas, chamado Remo, também tentava iniciar uma conversa para além dos meios acadêmicos, querendo estabelecer uma conexão, mas eu o encarava com relutância. Não por culpa dele, obviamente, mas porque isso me lembrava a relação que tive com Wanda no Jornalismo.

- Você é meio fechadão, né, cara? – ele me perguntou num momento em que eu olhava pela janela da sala enquanto tentava organizar meus pensamentos que teimavam em desviar para a dor.

Eu lhe dei um sorriso de canto de boca, talvez o primeiro naquele curso – Impressão sua.

- Cara, vou numa boate no sábado. Vai uns caras daqui, vou levar umas amigas também. Dá uma chegada lá, beleza?

- Beleza, vou ver. Não garanto, mas te aviso.

- Vamos lá, cara. Você não vai se arrepender – ele me deu um tapinha no ombro – Me passa teu contato.

Devo ter olhado para ele com espanto. A lembrança de uma cena similar a esta com Wanda me pegou de jeito. Percebi com o tempo que, naquela época, ela não havia destroçado apenas meu conceito de amor, mas também a ideia de estabelecer conexões com potenciais amigos e colegas. Remo percebeu minha confusão e riu:

- É só o teu contato, cara. Como vou te passar a localização? E como vou tirar minhas dúvidas fora da faculdade?

- Claro.

Não fui para a festa, mesmo Remo insistindo tanto presencialmente quanto por mensagens.

- Na próxima dá certo, irmão – ele se resignou.

- Dá sim.

Na realidade, eu ainda não me sentia pronto para algo mais que estudar. Sinceramente, eu tinha medo de encontrar Wanda e Vitor num ambiente onde eles eram muito mais acostumados que eu. E não queria lidar com minha própria dor enquanto eles se beijavam e agiam como o casal mais apaixonado do mundo.

Até o final do semestre e as férias, tudo foi progredindo no automático. A rotina e a disciplina com que eu desempenhava metodicamente as minhas ações me davam uma sensação de controle. “Eu sou como um robô”, eu costumava zombar de mim mesmo enquanto refletia sobre minha vida. Curiosamente, os momentos em que me sentia uma “pessoa de verdade” eram aqueles em que Wanda retomava o controle dos meus pensamentos de maneira irresistível, como um choque elétrico que provava que eu ainda estava vivo. Com algum custo, consegui controlar todas essas situações, mas em duas delas, fracassei, sendo a última, um estopim para mudanças mais drásticas em minha vida.

A primeira vez, quase no fim do semestre, a lembrança dela veio, como sempre, de forma avassaladora e repentina. Enquanto tentava recuperar o controle, eu me irritava pelas juras de amizade eterna que ela me fizera e que serviam de nada, porque ela sequer me procurava e se sacrificava por mim. Queria saber como ela estava, mas sem desbloqueá-la. Temia ler suas mensagens, ter um encerramento. Então, lembrei do seu Instagram, algo que tinha esquecido durante todo esse período. A última vez que tinha olhado foi na época em que fomos ao cinema. Naquela época, o perfil dela não era atualizado há tempos. Senti um desejo mórbido de ver. Não resisti e vi, com meu coração acelerado. Felizmente, continuava sem atualização. Isso me deu um pingo de esperança. Talvez, ela não tivesse retomado o namoro com Vitor. E isso, diante do que tinha acontecido, era inexplicável para mim. Criei muitas teorias em torno disso, que não valem a pena contar.

Na segunda, porém, foi onde meu mundo desabou mais uma vez e a esperança morreu definitivamente. Foi durante as férias, período em que me sentia satisfeito com minha aprovação em todas as disciplinas da Economia e passava a semana inteira na consultoria, da manhã até o início da noite, desempenhando um papel cada vez mais relevante. Era um sábado à tarde quando minha mente exigiu folga dos estudos. Então, no terreno fértil do ócio, as dolorosas lembranças retornaram como sempre. Uma frustração tomou conta de mim ao perceber quão distante eu ainda estava de superar o que aconteceu. E veio a vontade irresistível de saber como o Wanda estava. Entrei no seu perfil do Instagram mais uma vez. E lá estava, a atualização que eu não queria ver. Senti o ar sumir dos pulmões, um zumbido nos meus ouvidos, a visão ficar turva e o tempo parar. Naquele silêncio ensurdecedor, só consegui ouvir o som da última porta se fechando dentro de mim.

Wanda estava sentada no colo de Vitor, num local que não reconheci, talvez uma casa de praia pois ela estava de biquíni e uma canga branca que mal escondia suas coxas torneadas. Ele vestia um calção preto, típico de surfista, e sem camisa, deixando visível seu peitoral definido. Seus rostos estavam próximos, pareciam encostar um no outro. Eles se olhavam com cumplicidade. E sorriam com felicidade, prestes a se beijarem. As mãos dela acariciavam o rosto dele, refletindo um desejo inconfundível de entrega. Era uma bela foto, por mais que destroçasse o meu coração. Na legenda, uma simples frase: “Te amo, Vitor”. Fazia duas horas que tinha sido postada e já tinha várias curtidas, além de comentários aos montes, a maioria esmagadora de mulheres: “Meu casal”, “Eu sabia”, “Por que demoraram tanto a anunciar?”, “Feitos um para o outro”, “Quando sai o casamento?”, “Vocês são a felicidade”, entre outras.

Lembro de me deitar na cama temendo a inevitável recaída. Fechei os olhos e aguardei enquanto sentia todos os efeitos do luto, da desesperança, da perda irrecuperável de todo o amor que eu tinha. Fiquei imóvel, esperando o desfecho final. Mas nada colapsou. Eu parecia ter algum controle, um aprendizado herdado da dor antiga, da humilhação de vê-la com ele e que agora não aceitava mais sofrimento do que o justo. Desta vez, a dor veio sem o furacão. Senti-me estranhamente conformado, como se aquilo fosse a pá na cal para enterrar de vez qualquer expectativa. Não era a ausência de dor, mas a conquista do controle sobre ela. A emoção já não era o meu sócio majoritário.

Aquelas sensações ruins não voltaram na mesma intensidade. Desta vez, eu me permiti pensar nela livremente, sem qualquer autocontrole. Agora, tudo pareceu bizarramente administrável. Fui envolvido por uma clareza absurda. Minha mente agia de maneira cristalina, enumerando meus acertos e erros sem qualquer viés emocional. Criei por ela uma dependência prejudicial, fruto da minha própria inexperiência. Sim, eu exagerei com Wanda quando apostei tudo nela, desejando tudo que ela poderia me oferecer. Não dei importância ao que eu poderia ter oferecido a ela. Será que era o suficiente? Esqueci também do mundo ao meu redor, que tanto tinha a me oferecer quanto ao que eu tinha a oferecer. Não poderia mais me prender a uma única pessoa e não estava falando apenas de controlar minha própria vida. Era algo mais profundo. O controle das minhas próprias emoções.

Me peguei pensando muito tempo sobre o que eu poderia ter oferecido a ela. Eu tinha qualidades, mas será que tinha as qualidades decisivas para conquistar romanticamente alguém como Wanda? Se com ela estava perdido, eu não queria perder com outras. Um investimento errado no passado precisa ser um aprendizado para um investimento certo no futuro. Não achava que perdia para Vitor na inteligência, na conversa e na atenção a Wanda. Inclusive, me achava melhor que ele nas duas últimas. Porém, fisicamente, eu perdia feio. E na autoestima também. O que as pessoas diriam se Wanda postasse uma foto comigo no seu Instagram e me colocasse como seu namorado? O que imaginei não foi bom para mim. Esse era o meu julgamento. Eu havia investido todo meu capital emocional em alguém, mas negligenciado meu capital social e físico.

Tirei minha roupa, ficando apenas de cueca box e fui para o espelho de corpo inteiro que tinha no guarda-roupa do quarto da minha mãe. Fiquei me olhando por um bom tempo, analisando. O cabelo desgrenhado, o peso mal distribuído, a postura curvada, as acnes no rostos, os dentes desalinhados, a pele pálida, as olheiras… era o balanço patrimonial de um perdedor. Eu apostei tudo numa ideia de uma menina tão linda, uma princesa da Disney, namorar alguém como… eu. Suspirei em desagrado, resignado.

Minha mãe entrou no quarto nesse momento e ficou me olhando por um tempo, sem dizer nada. Ela avaliava o que se passava. Não lhe disse nada, também, mas não me envergonhei dela estar ali, me observando. Então, ela veio por trás de mim, me dando um abraço carinhoso. De ponta de pés, ela tentava se olhar no espelho por cima do meu ombro esquerdo. Nossos reflexos sobrepostos pareciam mostrar o antigo Bruno e o homem que ela queria que eu me tornasse.

- Você sabe que pode mudar tudo o que não gosta, não é?

Droga! Era irritante saber que ela conseguia me ler sem eu dissesse qualquer palavra. Não lhe respondi, continuei me encarando no espelho. Ela continuou:

- Para os cabelos, há barbeiros que podem encontrar o estilo certo para você. Para os olhos, há lentes de contato. Para os dentes, nada como aparelhos. Para o corpo, academia. E vamos pegar um pouco de sol na praia, deixar esse corpo bronzeado, com cor. Podemos descer pro litoral todo fim de semana, o que acha?

Continuei em silêncio.

- Podemos também contratar uma personal stylist para cuidar das suas roupas, mudar seu estilo, criar um visual todo novo e adequado ao investidor de respeito que você se tornará.

Ela teve um ponto, devo admitir. Grandes investidores que conheço estão sempre bem arrumados nos seus paletós, demonstrando um magnetismo e uma elegância que superava limites normais. Lembrei do Peter Lynch, um mito no mundo dos investimentos.

- Você não vai querer se encontrar e conversar sobre investimentos com um cliente de R$ 100 milhões de patrimônio usando uma roupa surrada, correto?

Ela me virou, pôs as mãos no meu rosto, me encarando com ternura.

- Posso resolver essas coisas por você? Eu conheço profissionais que vão te ajudar nisso. Pode confiar em mim só dessa vez? Por favor!

- Sim – respondi quase sem força, mas foi o suficiente para levantar o astral dela.

À noite, no jantar, ela fez macarronada para nós. Eu comia em silêncio, exceto pelo som natural de quem está sugando os fios do macarrão no garfo. Ela me olhava querendo conversar, mas eu desviava o olhar, tentando evitar.

- Não conheceu nenhum amigo na faculdade ou no escritório? – ela perguntou, de repente.

- Não.

- Nenhum? Ah, Bruno!

- Já falamos tanto disso, mãe. E agora, vamos de novo? Sério mesmo? – respirei fundo – Não me iludo com isso. Tenho parceiros de interesse. Trajano é um deles. Amizade é um ativo de alto risco.

Ela se calou, baixando os olhos enquanto fitava seu prato. Senti um pouco de pena, pois sabia que ela estava se esforçando por mim, pela minha melhora e ter uma conversa sobre tudo o que aconteceu comigo nos últimos tempos era uma forma dela encontrar algo a mais para me ajudar. Ela queria ser ouvida, queria ter sua opinião sobre tudo isso. Eu só não queria mais, mas ela merecia mais de mim.

- Mãe, tem um cara na Economia que parece ser legal. É o Remo.

Seus olhos se levantaram com surpresa e satisfação.

- Sério? E como ele é? Gato?

Dei-lhe uma cara de negação. Eu pensando que ela queria me ajudar com meus sérios problemas de amizade e ela vem perguntar se o cara é bonito.

- Ué, não posso perguntar se o amigo do meu filho é um gato? Tem ciúmes de mim, Sr Bruno?

- Não é isso. A senhora é livre para fazer o que quiser, você sabe. É que… quando se fala de relacionamentos, mesmo os de amizade, ainda tenho um pouco de receio.

- Você já está com medo de eu me relacionar com o Remo? Nossa! Ele deve ser um gato mesmo.

- Para, mãe!

Ela riu. Era uma risada gostosa que me desarmava, eu admito – Tô brincando. Mas me conta, me fala mais dele.

- Ele parece ser um cara legal, me enche o saco tirando dúvidas, mas não dei abertura nenhuma para ele vir falar comigo por algo a mais e mesmo assim, ele veio.

- E por que isso é um problema? Às vezes, as pessoas simplesmente decidem ser amigas de outras e vão atrás para fazer isso acontecer.

- Hum…

- Uma amizade quebrada não quer dizer que uma outra será quebrada também.

Eu a encarei porque sabia onde ela queria chegar. Ela aproveitou a brecha para externar algo sobre o que vivenciei com Wanda.

- Além disso – ela continuou – sempre acreditei que a amizade entre homens é mais forte e mais duradoura que entre homem com mulher e mulher com mulher.

- Isso não faz sentido – retruquei – Pessoas são pessoas, independente do sexo.

- Sim, mas minha longa vivência justifica esse meu entendimento.

- Hum, interessante! A senhora parece ser amiga de Trajano e de Cecília em igual medida. Não é uma quebra neste seu entendimento?

- Ah, toda regra tem exceções, né? – ela deu de ombros, sem muito convencimento.

Eu gargalhei. Ela riu surpresa, depois gargalhou junto. Era tudo tática dela, essa mulher!

- À propósito – continuei, tentando mudar o foco – você continua próxima deles?

- Sim. Por que a pergunta?

- Nunca mais soube de vocês saindo juntos ou mesmo conversando. Eles também nunca mais pisaram aqui.

- Ah, conversamos sim, aqui e acolá. E sim, eles nunca mais vieram aqui. Agora que você falou, vou até convidá-los novamente. Sobre sair, saímos sim, nós três, e é sempre muito bom, mas mudamos os dias e horários que normalmente nos encontramos.

- Por que?

- Circunstâncias especiais.

- Circunstâncias especiais?

- É! Coisa nossa.

- Ah, é? Não posso saber?

- Não.

- Ok! Posso saber pelo menos quando que vocês saem? A senhora sempre está em casa.

- Só que você nem sempre está em casa, né? – ela me deu uma piscadela.

- Ah! – meu espanto saiu mais incisivo do que eu esperaria. Aparentemente, a amizade deles mudou por conta de mim e de Wanda, mas não para melhor ou pior, apenas diferente – entendi.

Segui as mudanças propostas pela minha mãe. Em um mês, eu já tinha me consultado com todos os profissionais indicados por ela. Seu Jorge, o barbeiro, fez um corte que nem sabia que era possível. Inicialmente, fiquei com vergonha, mas depois, até que achei legal. Não imaginava que um corte de cabelo poderia mudar completamente a fisionomia de uma pessoa.

Coloquei aparelho nos dentes, ficando com um sorriso metálico estranho. A dentista, Dra Simone Sombra, me garantiu que eu precisaria de apenas um ano de tratamento. Achei excelente. As lentes de contato, na mesma cor castanha dos meus olhos e adequada ao meu grau, tiveram um efeito positivo para quem esquecia os óculos em casa uma vez ou outra. O oculista, Dr Thiago Pinheiro, reforçou a importância da higiene ao tirar e colocar as lentes, mas eu estava incomodado mesmo era com os olhares dele para minha mãe.

Na academia, Ibson, o personal trainer, pegava muito pesado, me fazendo pedir arrego várias vezes. Porém, aos poucos, eu estava ganhando massa magra, definição e resistência. E não poderia esquecer da Carol Siqueira, a personal stylist charmosa, glamorosa e elegante na casa dos 40 anos, famosa nas redes sociais, que mudou completamente meu guarda roupa e me deu várias dicas de etiqueta e de moda.

Essas mudanças não foram da noite para o dia, obviamente, mas um processo que ocorreu ao longo de meses e anos. Aos poucos, fui elevando minha autoestima. Olhar-me no espelho sempre antes de sair de casa se tornou um ritual de amor próprio, de satisfação pessoal. E os comentários de quem acompanhavam as minhas mudanças? Esses me deixavam bem corado.

- Você está ficando lindo, filho – disse minha mãe.

- Tô gostando do seu novo visual. Tá parecendo um executivo. Daqui a pouco, será um investidor intimidante apenas pela aparência – elogiou o Trajano.

- Bruno! Você parece outra pessoa. Uau! Olha esses músculos… uau! Ui… Perdão, Trajano, mas ele está um gato… miau! – derreteu-se Cecília, enquanto nos visitava, e me deixava completamente espantado e preocupado com a reação do seu marido, que apenas gargalhava junto com minha mãe. Ficava pensando se, depois, ela contaria sobre minhas mudanças para Wanda.

Sim, com o passar do tempo, os pais de Wanda voltaram a andar na minha casa, mas exceto pelos cumprimentos de chegada e de despedida, eu evitava estar com eles. A amizade envolvia principalmente minha mãe, então deixava os três à vontade. E não, não falávamos de Wanda por motivos óbvios. Muito embora não faltasse vontade de saber sobre ela, mas… eu tinha jurado a mim mesmo.

Na faculdade, resolvi dar uma chance a amizade com Remo e, por tabela, acabei me aproximando de outros colegas de sala como Denis e Érica. Formamos um grupo de amigos inseparáveis. Sempre assistíamos as aulas juntos. E no intervalo, aprendi a jogar conversa fora. Não falava muito de mim, mas foi se tornando prazeroso saber da vida deles, o que me fez entender minha mãe quando ela me pedia para relaxar e não se dedicar apenas a estudar.

Não demorou para meu novo grupo de amigos me puxar para uma vida social fora da faculdade. Depois de muito insistir, Remo conseguiu me levar para uma boate. Todos foram. E me senti completamente deslocado, querendo ir embora na primeira hora. E fui. Felizmente, o pessoal foi paciente comigo quando expliquei meu desconforto e o fato de não beber nada alcoólico ainda.

- No começo é difícil mesmo, cara, mas você se acostuma. Confia no pai! – Remo tentou suavizar o acontecido. E ele provou estar certo. Na quinta vez indo para balada, consegui ficar até o fim. Arrisquei tomar uma cerveja, mas tinha odiado. Quando cheguei em casa, minha mãe estava maravilhada e preocupada ao mesmo tempo, achando que eu estava bêbado. Que exagero!

As festas se tornaram meu novo vício. E tudo melhorou quando Remo foi apresentando suas amigas. Foi com Juliana, uma linda morena, que dei meu primeiro beijo e foi meu primeiro fica. Lembro dela me pedindo calma, dizendo que eu não precisava ser tão afoito. E ria com minha vergonha e inexperiência, mas voltava a me beijar novamente.

- Você é um gatinho, sabia? – ela me elogiava e me beijava, e elogiava de novo, me beijando de novo.

Ela se empolgou comigo e repetimos a dose noutras festas. Logo, combinávamos por mensagem de nos encontrar em novas festas, mas sem compromisso, só nos curtindo. Virou uma amizade colorida por vários meses. Acho que ela esperava que eu a pedisse em namoro, mas eu não estava pronto para isso. Sequer sentia um interesse romântico por ela, apesar de adorar beijá-la. Pelo contrário, eu a via como uma amiga com benefícios e nada mais. Quando ela começou a namorar outro cara, cortamos contato. Não sofri, foi indiferente.

Também fiquei com outras mulheres, não apenas as amigas do Remo. Teve a Júlia, uma baixinha rabuda, que cheguei junto numa calourada e ficamos. Milena, morena jambo, estava numa balada me dando mole, não dispensei também. E a Dayse, uma morena clara dos olhos verdes, disse que já tinha me visto ficando com outra mulher e ficou morrendo de vontade de ficar comigo. Então, ficamos. Algumas vezes, diga-se de passagem.

Porém, com nenhuma delas evoluía para mais que ficada de baladas e festas. Foi bom beijar, muito bom por sinal. Em muitos momentos, me excitava bastante, mas tentava não desrespeitar as meninas. Elas, porém, nunca reclamaram de nada. E não forçavam nada também. Hoje, percebo que elas esperavam a minha iniciativa, mas eu ainda não estava pronto (ou pelo menos acreditava nisso). Sendo sincero, muitas vezes, eu me acabava na punheta mesmo.

Curiosamente, nenhuma dessas mulheres eram loiras, mas esse fato só percebi anos depois. Remo, por sua vez, me elogiava por não estabelecer nenhuma relação séria, muito embora eu já tivesse perdido a conta do tanto de vezes que o vi ficando com Érica.

- Somos novos para ficar preso, amigo – Remo argumentava, e um incômodo surgia em mim ao lembrar da conversa entre Vitor e Gustavo. Naquele dia, Vitor parecia convencido disso, então por que esse entendimento não durou mais que um ano? Porém, logo desencanei dessa espiral. Isso estava se tornando um passado distante.

O receio de me reencontrar Wanda foi diminuindo aos poucos à medida em que me sentia mais confiante comigo mesmo, com minha autoestima elevada e mulheres desejando ficar comigo. Ela continuava sem me procurar e eu também não procurava saber dela, nem mesmo no seu Instagram. A irritação pelo suposto desprezo dela era apenas uma nota de rodapé na enciclopédia dos meus pensamentos.

Mas continuando, nem só de boate e balada eu vivia. Remo me levou para um jogo do Corinthians porque, segundo ele, eu tinha cara de maloqueiro. Denis me levou para um do Palmeiras, pois tinha mais a ver com minha cara de investidor, coisa que nunca entendi. Érica, são paulina, até tentou me levar para o Morumbi, mas desisti. Nunca gostei de futebol mesmo. Também saímos diversas vezes para jogar boliche em shopping, sinuca em bares ou encher a cara em algum restaurante no Jardins. Sim, pode-se dizer que aprendi a beber socialmente. E, claro, sem esquecer dos happy hours quando as aulas terminavam à noite. E nesses dias, minha mãe me obrigava a ir de Uber para a faculdade e sempre me mandava mensagem preocupada comigo.

Do grupo, Denis era o que mais parecia comigo em relação a vida profissional. Ele já tinha seus próprios investimentos e queria ganhar a vida com isso, como eu. Uma vez, ele arrumou ingressos para nós participarmos de uma palestra envolvendo os presidentes da XP, do BTG Pactual e do Itaú. Foram três horas incríveis, de muito aprendizado. Nesse dia, percebi que Denis seria um grande reforço para a PHX Consulting. Quando comentei com Trajano, ele me pediu para agendar uma conversar com Denis. Em uma semana, Denis estava estagiando lá também.

Prestes a começar o oitavo semestre, eu fui contratado como PJ pela PHX. Assinei um contrato interessante, onde tinha remuneração baseada nos ganhos dos nossos clientes, principalmente daqueles cuja assessoria eu participava. Fiquei lisonjeado, mas Trajano e seus sócios reforçaram que isso nada mais era do que seguir o fluxo normal das coisas. Eles não quiseram esperar que eu me formasse. Para Trajano, isso era uma mera formalidade.

- Você é um profissional feito, Bruno! E parte importante no crescimento da PHX nos últimos anos. Não vai ser a ausência de um diploma que dirá o contrário.

Ao final do nono semestre, eu concluí a faculdade depois de antecipar disciplinas e dar conta delas com maestria. Na entrega do diploma, contava apenas com minha mãe, mas tive uma surpresa grande quando Trajano e Cecília apareceram na cerimônia de diplomação.

- Quis lhe fazer uma surpresa, Bruno. Pedi pra sua mãe não lhe contar. Espero que não incomode – explicou-se, Trajano.

- Meu Deus, claro que não, Seu Trajano. É uma honra sua presença! – exclamei satisfeito.

- Não perderíamos por nada nesse mundo – Cecília falou – Minha família mandou os cumprimentos.

Pensei em Wanda. Será que esses cumprimentos eram dela também? Nunca saberia e rapidamente desviei meu pensamento, sem qualquer drama – Muito grato, Dona Cecília! Feliz demais por ter vocês aqui.

Fomos a um restaurante comemorar. Era a primeira vez que me reunia com os três. A intimidade deles me era intrigante, mas algo me impedia de aprofundar esse pensamento. Conversamos bastante, tive que contar causos vivenciados na faculdade e nas saídas com meus amigos. Num dado momento, Cecília me perguntou:

- E quanto as mulheres, não tem ninguém?

Engoli em seco. Afinal, a pergunta fora feita pela mãe de Wanda. Tentei pensar se havia algo por trás dessa pergunta, mas minha mente tinha se bagunçado. Optei por responder a verdade, mas com um sorriso misterioso – uma ou outra, nada sério, sem compromissos.

- Ele nunca me conta nada, logo eu, que sou louca pra saber – minha riu, fingindo lamentação.

- Deixem o rapaz, queridas – Trajano tentou me tirar dessa enrascada, mas eu estranhei o “queridas” – Bruno é focado, inteligente, alguém que sabe o que quer. Na hora certa, ele terá alguém que valha a pena – depois, ele me deu uma piscadela cúmplice.

Em seguida, Trajano erguei sua taça de vinho. Minha mãe e Cecília fizeram os mesmos. Meio confuso, os acompanhei com meu copo de cerveja. Então, o pai de Wanda disse:

- Viva o Bruno! À sua formatura e ao seu futuro!

- Viva! – respondeu Cecília. Depois que todos deram um gole, ela continuou – Sabe, Bruno, você não é do meu sangue, mas sinto e ajo como se você fosse da minha família. Você e sua mãe. Amo vocês, mais do que imaginam.

Os olhos de Cecília pareciam marejados. Os de minha mãe também. Havia algo não dito ali, mas novamente optei por não me aprofundar nisso. Trajano estava feliz, orgulhoso, sorriso de orelha a orelha. Ele, percebendo minha confusão, mudou o assunto da mesa, nos trazendo de volta a aparente normalidade. E eu deixei fluir sem fazer quaisquer questionamentos.

Após a formatura, passei a trabalhar em tempo integral na PHX. Minha rotina ficou resumida entre trabalho e saída com meus amigos. Vivia um dia por vez e sentia-me confiante e empolgado para o futuro. Uma nova mudança drástica em minha vida começou quando, saindo da sala de Trajano após uma reunião, ele me fez um comunicado.

- Contratei uma secretária. Ela começa próxima semana. O nome dela é Adriana.

Assenti. A consultoria estava crescendo, a empresa tinha agora mais de R$ 100 milhões em portfólio gerenciado. Não era de se surpreender que Trajano quisesse uma secretária pessoal, afinal, suas demandas aumentaram exponencialmente. Ele não podia continuar fazendo certos trabalhos “braçais”. Ele precisava dividir seu trabalho e, assim, subir na hierarquia.

Na segunda-feira, cheguei cedo e logo sentei na minha mesa. Havia muitos balanços para estudar e clientes para aconselhar. Inesperadamente, uma moça parou ao meu lado. Ela era branca, de cabelos pretos, lisos e longos, partidos ao meio. Seus olhos verdes eram intensos e sedutores. Seu sorriso era dócil, mas carregava um desejo subentendido. Havia um pouco de sardas no seu rosto, o suficiente para deixá-la mais intrigante ainda. Seu corpo, cheio de curvas, mal era contido pela roupa social de corte impecável. Ela estendeu a mão, me cumprimentando.

- Olá, eu sou Adriana. O Sr Trajano me disse que devo lhe auxiliar em tudo o que você precisar.

- Ele disse? – questionei mais embasbacado que qualquer outra coisa.

Ela riu. Eu corei. Sua presença era como um ativo de altíssima liquidez. E, de repente, ela me pareceu a cura final, o que viria depois de seguir em frente. Agora, eu já sabia exatamente onde investir.

Continua...

Espero que gostem. Desde já, ficarei grato com qualquer comentário, crítica ou elogio. Próximo capítulo em alguns dias.

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Comentários

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Excelente história... Muito boa... Aguardando os próximos capítulos... Show

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Da pra sacar que a mãe dele é "marmita" dos pais da Wanda.

Ele evoluiu enquanto homem mas continua imaturo, ele não presta realmente atenção as coisas ao seu redor, não vive mais a sombra de um amor platônico, mas agora vive na sombra do seu próprio medo. Esse demônio ele vão ter que superar tendo uma boa conversa com a Wanda.

Nada sem cobranças, apenas entendimento, uma despedida da forma correta, assim como ele mudou e evoluiu ela deve ter feito o mesmo.

Vamos aguardar as próximas cenas.

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Finalmente nosso mano Bruno teve sua tão esperada virada de chave. E foi incrível. Ótimo trabalho Carlos.

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Siga para a frente, não vale a pena empatar com quem não merece

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Vim só reclamar. Não é do conto, não! O conto tá bom pra caralho!!! Só que você escreveu o bagulho tão bem que tá geral angustiado querendo logo a continuação!!! Rsrsrs

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É isso, crescimento profissional e pessoal, o resto vem na esteira. Siga assim, sempre em frente sem olhar para trás, quem perdeu foi que não ficou junto.

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Sensacional, uma saga interessante, foi citado a possibilidade de o Bruno não ter uma dependência emocional pela Wanda, acho que neste capítulo ficou até claro, que na realidade o sentimento era mais profundo e ainda mais "nocivo", ele tem uma verdadeira obsessão emocional pela Wanda, e olhando por esse foco, o afastamento abrupto e total da Wanda, é o único jeito e oportunidade que ele precisava para se fortalecer em todos os sentidos, mas também posso dizer que o afastamento, vida social e nem um amor verdadeiro e equilibrado

são a cura definitiva e completa para esse sentimento do Bruno pela Wanda, somente com uma acareação, sendo conversado sobre todos os fantasmas, todos os elefantes rosas no quarto, todas as decepções, todas as idealizações do Bruno e que a Wanda expresse suas verdadeiras emoções sem filtro algum em contraponto às revelações do Bruno, só assim esse TOC emocional que tanto aflige a felicidade do Bruno se extinga completamente.

No final, ficando com a Wanda ou não, a certeza é só tem uma, o processo é lento, trabalhoso, demorado e não há garantias de nada.

No conto, só achei anormal, novamente a aceitação passiva da Wanda, em relação ao rompimento total da proximidade do Bruno, o sentimento, seja qual tipo fosse, que ela demonstrou sentir pelo Bruno, se opõe a passividade que ela aceitou o afastamento, ainda mais com a proximidade do Bruno com parte de sua própria família, prevejo alguma situação inusitada e reveladora para tal comportamento, que irá trazer novamente algum contratempo na vida do nosso protagonista.

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Aceitação passiva, mais ou menos. Ela disparou mensagem pra ele que nem louca, ligou também. Ele só apagou e bloqueou. Nunca saberemos o que se passou nessas mensagens. E algo me diz que o fato dela ter demorado tanto a mexer no Instagram também foi esperando ele. Sei lá... Sou bobo e gostaria de ver eles dois juntos mas agora, acho que já passou. Ele tá superando, seguindo em frente e ela procurar por ele agora, principalmente pelas mudanças físicas e sociais pelas quais ele passou vai ficar muito feio... Agora é deixar o barco seguir. E, como eu disse, o grupal é a mãe e o casal de amigos!

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Sim, esse trisal, na minha percepção, parece ser a relação amorosa mais saudável do conto até agora, é inusitado e surpreendente, e acho que está relacionado ao falecido marido e pai do Bruno, mas tudo indica que é uma relação funcional e prazerosa.

Tenho a mesma impressão que você em relação a Wanda, minha grande curiosidade agora, é o motivo da passividade da Wanda, antes eu até tinha dúvidas sobre ela ter sentimentos pelo Bruno, mas agora depois de tudo que viveram juntos e das declarações dela para o Bruno, não tenho a menor dúvida que ela nutria sentimentos bem fortes por ele, caso ela não tenha tido o mínimo a empatia necessária aos sentimentos do Bruno, que com certeza ela tem conhecimento, faz dela uma pessoa no mínimo fria e egoísta, mas temos que esperar os verdadeiros motivos e sentimentos dela, amor fraternal ou carnal, inclusive, poderemos sim saber o conteúdo das mensagens, caso ela não tenha apagado no telefone dela, que na minha opinião, quando essas revelações vierem a tona, será uma grande encrenca na tentativa de reconstrução de vida do Bruno.

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Finalmente ele teve essa mudança, tava na hora…..

Agora, claramente a mãe dele forma uma especie de trisal com os pais da Wanda.

Tem a questão do pai dele também, que aparentemente também era conhecido dos pais da Wanda. Acho que isso é o grande mistério do conto.

Em relação a Wanda, ela realmente não se esforçou muito pela amizade deles, mas a principal questão nisso dai é que o Bruno se esforçava demais, dai a comparação sempre fica ruim pra Wanda….

Vamos ver agora como vai ser essa relação com a Adriana, que coincidentemente o Trajano contratou pra assessorar nosso protagonista….

Outra coisa que me intriga são as tags, elas não batem com a história até aqui, ou seja…..

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Cara, não dá pra saber. Ele fez a mesma coisa que fez com ela na faculdade. Ela disparou uma penca de mensagens que ele só apagou. Não dá pra saber... Ainda torço pelos dois mas hoje acho difícil esse conto acabar com eles como casal.

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Isso ai boa levantada,ela vai acabar sozinha denovo cadela.

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