Não dormi aquela noite. Demorei horas pra fazer Vivian se acalmar e dormir. Ela só chorava e tremia e só conseguiu dormir quando deitei e a puxei sobre meu peito, a envolvendo em meus braços. O corpo dela relaxou, aos poucos o choro foi diminuindo até cessar, e a respiração normalizou e tomou aquele ar de sono. Eu só conseguia consolá-la. Em meio ao sofrimento dela, eu não pude fazer nada. Eu continuava falhando em proteger a mulher que amo.
Enquanto acariciava seus cabelos, milhares de dúvidas vinham a minha mente: desde quando ele tem acesso ao meu filho? Como ele descobriu onde moramos? Por que reaparecer depois de tanto tempo? Essas eram as que mais me preocupavam. Me esgueirei pra fora da cama deixando minha amada tendo um pouco de descanso e fui pra sala. Eu precisava fazer alguma coisa. Precisava focar minha energia em algo pra minha cabeça reduzir a velocidade. Dentro de poucas horas teria uma reunião com Felipe e precisava me recompor.
Busquei referências do laboratório. Era um de grande renome que trabalhava com aquele tipo de exame corriqueiramente mas me assustou o bvalor do exame em si. Eles diziam que o deles tinha uma chance bem baixa de erro e que, a depender da rapidez do solicirtante, esse valor era alto. Usei as câmeras externas pra ver quem entregou esse pacote bomba mas apareceu somente um motoboy deixando isso na caixa de correio. Ainda mexi nas câmeras por mais um tempo até que peguei no sono.
Acordei com o corpo de Vivian se aconchegando e deitando no sofá junto a mim. Deitou-se dentro dos meus braços, com a cabeça em meu peito. Sua energia, sempre tão vibrante, tava triste e sombria. A abracei o mais forte que pude. Confesso que tive vontade de chorar naquele momento, me sentia um fracasso como protetor dela mas não ia deixar a bola cair. Percebi ela choramingando baixinho. Beijei o topo de sua cabeça.
-- ei... Vai ficar tudo bem... Eu não vou deixar ele acabar com nossa família. – apertei-a ainda mais contra o peito. Minha voz forte e decidida.
-- eu tô com medo, Nando... Não é só dele mas... De você!! Agora a gente sabe de quem o Nandinho é filho!! Você não é o pai!! Ele é fruto de- foi quando ela olhou pro meu rosto e parou.
Eu senti meu coração petrificando na hora. Meus olhos ficaram escuros e minha expressão enrijeceu na hora. Ficou entre decepção e mágoa. Sentia um bolo formado na minha garganta. A olhei e acho que foi a primeira e única vez que ela realmente temeu por mim.
-- Nandinho é meu filho. Ninguém dirá o contrário disso. Eu o amo. Sou eu que troco fraldas, sou eu quem alimento, sou eu quem põe pra dormir. Então nunca mais ouse questionar a minha paternidade sobre ele. – minhas palavras saíram ásperas, duras. Mas em vez de machucá-la, aquilo deu força.
-- Nando, ele é seu filho? – ela dizia já sem chorar enquanto olhava em meus olhos.
-- e de mais ninguém. – fui taxativo. Eu não ia perder mais nada praquele filho da puta.
Levantei-me e levei Vivian ao chuveiro comigo. Estavamos ambos atrasados para nossos compromissos e precisávamos de um banho rápido. Nós banhamos sem conversar muito mais. Arrumamos nandinho e chamamos um carro. No caminho, eu brincava com meu filho que ria pra mim. Como eu amava aquela criaturinha. Não queria saber da paternidade sanguínea. Eu só sabia que ele era meu e não desistiria dele. Deixamos na creche mas fui taxativo sobre chegarem perto do meu filho. Deixei expressamente proibido a entrada ou visita de qualquer pessoa que não fossem o pai ou a mãe. Depois, rumamos para a faculdade.
Chegamos a faculdade faltando ainda 30 minutos para o inicio das aulas. Eu estava nervoso e com raiva mas respirei fundo. Nada disso era culpa dela.
-- escuta, preciso que fique aqui o tempo todo. Se acabar a aula e eu não tiver aqui não me espere. Vá direto pra secretaria e me aguarde lá. Lá sempre é cheio. – ela ouve tudo aflita.
Antes de ir embora ela corre e se debruça no meu pescoço e me beija. Seus beijos sempre são gostosos.
-- me desculpe. Você é o melhor pai e o melhor marido que eu e nosso filho poderíamos querer. – ela me abraçou e eu a abracei de volta. Ela nunca precisava se desculpar mas aquela desculpa me deu forças pra fazer o que tinha que fazer.
Peguei o transporte e fui direto até o morro. Precisava falar com meu pai. Adiei demais o pedido e não ia dar conta se algo acontecesse novamente a Vivian. A viagem foi tensa. Era difícil pensar quando o que você tem que fazer vai contra o que você deve fazer. E na atual conjuntura da coisa, preferia ter esse peso na consciência do que ver minha mulher continuar sofrendo com essa maldita sombra.
Cheguei no morro e ainda era inicio da manhã. Mal passavam das 10 hs mas pra favela, isso já era meio do dia. Os becos fervilhavam de pessoas. Lojas abertas com som alto chamando clientes ou com músicas. Uma cacofonia infernal pra quem não é acostumado. Subi decidido e tão logo um dos crias me encontraram, já me levaram direto a Cirilo. Isso não foi feito porque já sabiam meu desejo mas indicava que ele queria me ver.
Assim que cheguei, como sempre, estava no terraço enquanto tomava café e comia pão. Dispensou todos os meninos mas mantinha um como seu braço direito. Curiosamente, todos achavam que ele era filho de Cirilo mas na verdade era um dos muitos orfãos que encontramos nas favelas cariocas. É triste mas a vida tende a empurrar pessoas socialmente vulneráveis pra esse tipo de situação.
Apesar de sempre estar de carro amarrada, essa vez era diferente. Estava com a boca retorcida em uma cara de escárnio mas o arco enviesado que fazia sua sombrancelha entregava a preocupação.
-- preciso lhe pedir algo. – não ia enrolar não tinha mais tempo – preciso da cabeça do Jorge.
-- e o que você acha que eu sou, seu merdinha? Alguma fada madrinha? – a veia em sua cabeça parecia estourar.
Tentei manter a calma e ia jogar com o coração dele.
-- por favor, pai. Ele fez um mal impossível de reparar. A mim e a minha mulher. Enquanto esse desgraçado viver, a sombra dele estará sobre nossas cabeças.
Por um breve instante, seus olhos adquiriram outro brilho. O rosto pareceu sereno, quase feliz. Talvez tenha sido o sol batendo em meu olhos. Pois quando andou até mim, voltara a ser o Cirilo de sempre.
-- Jorge está muito além de nós agora. Já ouviu falar de Ivan Nogueira? Pois bem... Ele é um dos acessores do deputado e homem de confiança. Fui atrás do pai dele quando descobri o causador daquela fofoca mas eles já tinham ido. Não ia aceitar ser feito de trouxa e cacei aqueles dois. Qual minha surpresa em saber que agora ele mora em um condomínio na Barra da Tijuca. – sua raiva era sentida. Tanto quanto meu horror. Foi a primeira vez que vi Cirilo fraquejar. Ele olhou pro chão como quem procura uma justificativa. – não posso mais fazer nada.
Andei pra traz cambaleante. Ivan Nogueira. O deputado. A favor de armas, contra a universidade federal. O mesmo deputado que teve o filho envolvido em um escândalo na faculdade e Jorge levou a culpa pra abafar o caso. Agora ele fora premiado pela sua presteza. Minha falta de atitude à época agora me punia com uma violência maior do que podia esperar. Eu divagava em meus pensamentos, quando Cirilo me sacode os ombros. Com força.
-- sai daqui!! Agora!! Toma!! Se quiser falar comigo, usa esse telefone! Só tem esse número!! Sai por trás da casa e desça pelo corredor!! Você já vai sair lá embaixo na pista!! Vai!!! Vaiii!!! – disse enquanto me empurrava escada abaixo e seu filho subia trazendo um fuzil extra pra ele.
Todo morador de favela sabe o que aquilo significava. Ou a polícia, ou outra facção estava vindo. Ao contrário do que pensam, estávamos tão acostumados àquilo que buscavam os apenas nos esconder. Mas dessa vez era diferente. Os fogos explodiam com força no céu. Um alerta aos meninos do movimento e a população que hoje o bicho ia pegar. Logo os fogos foram abafados pelo som quase ininterrupto dos tiros. Segui por trás da casa, descendo por um corredor estreito e íngreme, escondido em meio as casas. Saí por trás de meia dúzia de carros da polícia. Me esgueirei por eles e saí de lá correndo. Por sorte, sem ser visto. Normalmente, preto correndo em dia de operação não tem benefício de dúvida.
Consegui pegar um moto táxi e fui direto para o escritório de Felipe. No caminho pensava no meu azar e como havia colocado minha família em risco. A história que eu nunca quis contar sem permissão da minha mulher me tornava cúmplice daquele escroque. Em meio disso, me veio o temor por Cirilo. Tinha uma gratidão muito grande por ele e nos meus mais loucos sonhos conseguia tirar ele da favela e ele teria um fim de vida tranquilo ao lado da minha mãe. Que idiota idealista eu era! A viagem foi rápida ou minha cabeça se ocupou muito porque quando dei por mim, estava na frente do escritório de Felipe: cobertura de um edifício comercial no Jardim Botanico de frente pra lagoa.
Quando fui anunciado, ele já me esperava. Era por volta de 12 horas e liguei para Vivian, dizendo que fosse pra diretoria e só saísse de lá quando eu fosse buscá-la. Ela concordou. Apesar de ter o sentimento de ainda estar cerceando a liberdade da minha mulher, ela entendia e acatava o que eu falava. Ao entrar na sala, não pude deixar de reparar na vista panorâmica da lagoa atrás dele. Era algo realmente muito bonito. O escritório era todo branco com luzes quentes e acarpetado. Possuía uma mesa de vidro fumê com notebook em cima e uns gavetarios curtos de cada lado da mesa.
Entrei apreensivo. Eu sabia o quão poderoso Felipe era. Apesar do fim de semana maravilhoso ao qual as famílias gozaram, eu não o conhecia direito. Talvez eu estivesse vendendo minha alma ao demônio mas a imagem de Duda me veio a cabeça. Uma mulher daquelas jamais estaria com um cara se ele fosse menos que perfeito. Contaria a um estranho praticamente uma história que eu mentia para mim mesmo dizendo não ser minha.
-- chegou em boa hora, Fernando. Vamos almoçar? – disse se levantando e pegando algo que supus ser sua carteira.
-- desculpe, Felipe, mas não tenho tempo. Preciso de ajuda. – talvez a urgência em minha voz o fez parar. Ele me olhou por alguns segundos e após isso, olhou por cima de mim.
-- Casé. – ele apenas o olhou e eu me assustei.
Sinceramente, eu sou um cara grande. Sou atlético. Anos de esporte e capoeira. Felipe parecia uma estátua de bronze grega do meu tamanho mas consideravelmente maior do que eu, com músculos protuberantes e definidos. E isso já me causava desconforto. O tal Casé era uma versão maior, se é que é possível, de Felipe. O cara parecia um obelisco de ébano. Mais alto que nós dois, mais forte que nós dois. Tão escuro que mal aparecia na sala. Ele me fazia parecer branco! Apesar disso, seu rosto era amistoso. Assim que foi chamado, respondeu:
-- sim, chefe. – saiu por um momento e logo voltou, trancando a sala.
Felipe se largou na cadeira e olhou pro relogio.
-- está próximo a hora de buscar Nandinho e Vivian, e o assunto parece urgente. Me dê o telefone de Vivian.
Não entendi muito bem o por quê mas como havia dito, Felipe e Duda não eram pessoas frívolas e muito menos que gostassem de ser contrariados. Ele digitou algumas coisas no telefone e voltou a atenção toda pra mim.
-- agora esclareça toda a história.
E eu contei. Contei tudo. Contei sobre o trio, sobre quem era Jorge, sobre o que ele fez, sobre o que eu fiz... Tudo. Ele escutou tudo sem me interromper e vez por outra tomava nota e olhava pra Casée é isso, Felipe. Eu sempre me escondi dizendo que essa história é da Vivian mas ela passou a ser minha quando ele tenta desfazer minha família e tenha chegado a tal ponto que me sinto acuado. Eu falhei com ela de novo! – dizia a ponto de chorar mas respirava fundo, tentando conter as lágrimas. Não queria demonstrar mais fraqueza na frente daqueles homens.
Felipe deu a volta na mesa e parou ao meu lado, pô do a mão no meu ombro. Era quente, firme. Me sentia um gatinho pego pelo pescoço. E não era pelo físico. Era a presença. A porra do ar de pessoas fortes e poderosas tem.
-- você já sabe o que quer fazer. Você quer que eu faça acontecer. Você entende o que está me pedindo? – olhei pra cima e o perguntei o que queria dizer com a expressão.
-- nada é dado sem que algo seja tomado, Fernando. Eu não sou sua fada madrinha. Posso resolver seu problema. NÓS iremos resolver seu problema. Mas isso será cobrado a seu devido tempo.
Ali estava. O contrato com o demônio. Foda-se. Por eles, por Vivian e por meu filho. Era um preço pequeno a pagar. Recebi uma ligação de Vivian, o que me tirou do devaneio. Já passava da saída dela e de Nandinho. Atendi.
-- oi, amor, des- - ela tava gargalhando?
-- oi, amor!! As meninas pediram pra te agradecer!! Vamos pegar o Nandinho e vamos dar uma volta, tá bom? – sua voz voltando gradativamente ao normal. – para, Lívia!! Elas tão falando pra você deixar que elas cuidam de mim...
Sorri verdadeiramente aliviado. Com elas, eu sabia, vivian e meu filho estariam protegidos. Olhei pra Felipe que ainda aguardava minha resposta.
-- darei tudo o que quiser, Felipe, mas preciso de ajuda pra salvar minha mulher e minha família. – eu disse, de pé, em um ímpeto. Estava resoluto. – mesmo que trabalhe de graça pra você mas quero salvar os dois.
Felipe assentiu enquanto me olhava.
-- já vi uma história parecida, Fernando. Uma vez, um homem perdeu a mulher e o melhor amigo. Ele moveu mundos e fundos para pegar os culpados e isso quase o destruiu. Você está preparado pra isso? – ele dizia me encarando. Seus olhos tinham um brilho quase igneo.
-- eu sou um preço pequeno a pagar pra dar uma vida tranquila pra eles. – disse-lhe resoluto.
Felipe fez um pequeno aceno de cabeça pra Casé, que saiu logo em seguida.
-- Fernando, eu não vou te impedir e vou te ajudar mas na hora derradeira, cuidado com sua escolha. Esse tipo de coisa... Pode te tirar mais do que você espera. – ele disse quase com pena na voz.
-- não me importa, Felipe. Eu preciso resolver isso de uma vez por todas!! – me exaltei.
Ele pôs a mão em meu ombro em concodância.
-- vá pra casa. As coisas já estão se movimentando.
Me despedi de Felipe e fui pra casa. O trato já estava feito e alma vendida. Agora era aguardar. A viagem foi rápida até. Não sei se devido ao bom fluxo de trânsito ou a minha cabeça por demais ocupada. Cheguei em casa a tempo de ver um pequeno grupo de pessoas na porta , em frente ao estúdio. Não entendi o que era a princípio mas quando o vi, já sabia que não era boa coisa. Ivan. O deputado nojento e corrupto que pregava ignorância. E junto dele, alguém que eu queria ver a muito tempo.A visão de Jorge me cegou. Corri na direção dele e os seguranças mal tiveram tempo de tentar me segurar. Quando o desgraçado me viu, eu já tava em cima dele.
O primeiro soco foi tão forte que estourou o nariz dele igual um repolho. Quando o segurança veio me segurar, o puxei pelo braço e acertei uma joelhada no estômago, jogando-o pro lado na sequência, e voltei a golpear fortemente o maxilar de Jorge, que dessa vez caiu zonzo. Aceitei um bico em sua cabeça e um nas costelas até ser puxado pelo outro segurança que me agarrava em um mata leão. Acho que ele pensou que fosse me parar tão facilmente. Coloquei a mão pra trás e pressionei com o polegar o olho dele, que gritou e soltou. Raspei as pernas dele o deixando gritando e estatelado. Subi em cima de Jorge e o golpeava forte quando escutei um grito.
-- FERNANDO, PARA!!! VOCÊ VAI MATAR ELE!!!
Era Vivian com meu filho no colo. Duda e Lívia estavam logo atrás. Quando olhei ao redor, a equipe de filmagem do deputado tinha evaporado, o pessoal do estúdio estava todo na porta, observando e evitando que as crianças saíssem, e só estava ele com um sorriso nervoso enquanto me olhava e olhava prós seus seguranças caídos. Minhas roupas estavam empapadas de sangue. Levantei meio cambaleante e fui até Ivan que recuou timidamente, tentando manter a postura.
-- vai fazer o que, seu marginal? Vai bater em um congressista? – disse com falso desafio e se tremendo todo.
-- nunca mais chega perto da minha casa. Nunca mais tente ganhar pontos com nosso trabalho. Na próxima, quem vai sofrer vai ser você. E se levar isso adiante... – ri ameaçadoramente – vai ver que o que fiz com eles foi só uma massagem.
Ele engoliu em seco, ajudou os seguranças a levantarem mas deixou Jorge lá, que se levantava com dificuldade. Me aproximei dele, respirando pesado.
-- a próxima vez que chegar perto da minha mulher e do meu filho de novo, eu juro por Deus, eu esqueço tudo. E te mato. Com minhas proprias mãos. – me tremia mas não era medo. Era tentando controlar meu instinto de resolver aquilo ali mesmo. Mas o filho da puta riu.
-- olha pra ela, seu otário... Quem você acha que ela tem? Eu ou você? Acha que eu forcei ela a alguma coisa? Se ela quisesse, ela teria resolvido te contando quando a peguei na cozinha!! Você é só um corno raivoso que não consegue aceitar a verdade.
Não sei como meus dentes não quebraram. Tranquei minha mandíbula com tanta força e minha cara transfigurou de tal jeito, que aquele animal arranjou forças pra levantar e sair correndo. E eu ali. Na frente de casa. Com todos me olhando. Vivian entregou Nandinho pra Duda e veio correndo me abraçar, chorando. Eu a segurei forte. Depois de muito tempo, aquele dia, eu me senti forte de novo. Era uma vitória breve e pequena mas espancá-lo daquela maneira relaxou todos os meus músculos.
Todos os quatro entramos em casa enquanto o resto do pessoal retomou as aulas. Vivian correu até o armário tirando um kit de primeiros socorros e limpando minhas mãos. Lívia foi pro quarto de Nandinho depois de pegá-lo com Duda e foi colocá-lo pra dormir. Ali, na sala, somente eu, Vivian e Duda.
-- desculpe, amor... Ele... Ele falou sobre ter te assediado na cozinha. Se eu fosse mais disponível pra você naquela época, nada disso estaria acontecendo. – disse com a voz baixa, um tanto decepcionado.
-- para, Nando!! Já foi! Já passou!! Estamos juntos com nosso filho e eu te amo!! Por favor, não se apegue aos fantasmas do passado! Deixa isso lá!! – falava enquanto limpava minha mão – isso não é importante agora, amor...
Do que ela tava falando?
-- Amor... – falava olhando em meus olhos enquanto os seus ainda veriam lágrimas – é o Cirilo...