Eu acordei na segunda-feira com a sensação de que o mundo, de alguma forma invisível, havia mudado. O café da manhã parecia mais quente, o sol mais suave, e até o barulho das panelas na cozinha tinha um som diferente. Mas nada disso era tão estranho quanto a lembrança viva, ardente e quase inacreditável de Leandro dormindo ao meu lado na fazenda.
Na aula de manhã, eu permaneci fisicamente presente e mentalmente distante. O professor falava sobre teorias, mas eu só conseguia pensar no ônibus vazio, no toque dos dedos entrelaçados, na forma como Leandro me tocara com tanta naturalidade, como se fosse algo que sempre desejara fazer.
A cada virar de página, o rosto de Leandro vinha à minha mente, sério, bonito, vulnerável.
E essa lembrança me deixava dividido entre um sorriso involuntário e uma angústia suave, que parecia deslizar como sombra por dentro de mim.
Leandro, por sua vez, passou o dia inteiro mergulhado no trabalho pesado. Carregava caixas, atendia clientes, resolvia coisas que exigiam força, rapidez, presença. Mas, mesmo com o corpo ocupado, seus pensamentos insistiam em escapar.
A minha imagem adormecida ao seu lado. O toque leve da minha mão no ônibus. O beijo que parecia ter mudado algo profundo nele.
E, acima de tudo: a culpa. Não só por ter esposa. Mas por desejar algo que nunca imaginara desejar.
“Eu não deveria…”, repetia mentalmente. Mas o pensamento seguinte sempre vinha: “…mas eu quero.”
Na segunda à noite, Leandro mandou uma mensagem curta:
“Passa aqui depois das 8. Vou estar sozinho.”
Eu li várias vezes antes de responder.
“Vou sim.”
E fui.
A noite caía sobre a cidade como um manto de veludo, envolvendo tudo em uma penumbra tranquila. A casa de Leandro estava silenciosa, quase escura, iluminada apenas pela luz da televisão ligada sem som. O lugar parecia diferente sem a esposa, mais vazio, mais íntimo, mais perigoso.
Quando bati à porta, Leandro abriu rápido, como se temesse que alguém visse.
— Entra.
Nós ficamos alguns segundos nos olhando, cada um esperando que o outro desse o primeiro passo. E, quando finalmente nos aproximamos, fizemos isso devagar, como se receássemos quebrar a frágil normalidade que tentávamos manter.
O ar entre nós era carregado de uma tensão doce, uma mistura de desejo e medo, como se ambos soubéssemos que aquela noite seria diferente, mas não tivéssemos coragem de admitir.
Leandro passou o braço pelos meus ombros. Eu encostei o rosto no peito dele.
Foi um abraço longo, silencioso, cheio de coisas não ditas, desejo, medo, ternura, culpa. Minhas mãos encontraram a cintura de Leandro, meus dedos se enroscando no tecido da sua blusa, uma camisa surrada do Corinthians.
Quando nos afastamos, Leandro segurou o meu rosto com as duas mãos e, com uma hesitação bonita, encostou seus lábios nos meus, suas mãos subindo para se enroscarem nos meus cabelos castanhos. Não foi um beijo urgente. Foi um beijo que pedia desculpas por existir, mas ainda assim existia.
Ficamos ali parados por um instante, perdidos um no outro, nossos corpos pressionados um contra o outro, nossas respirações se misturando. Eu podia sentir o calor dele, a dureza do seu pau pressionando minha barriga, e não consegui resistir à vontade de me esfregar nele, meu próprio pau pulsando de desejo.
- Esperei o dia todo por isso – ele murmurou contra meus lábios, suas mãos deslizando para baixo até envolver a minha bunda, puxando-me para mais perto.
Soltei um gemido suave, minha cabeça caindo para trás para lhe dar melhor acesso ao meu pescoço. Ele aproveitou a oportunidade, seus lábios percorrendo a minha mandíbula, seus dentes mordiscando a pele sensível da minha garganta. Eu lambi o seu pescoço de volta. Ele tinha gosto de sal e sol, e eu não me cansava do seu sabor.
- Pensei em você o dia todo – admiti, a voz ofegante, meus quadris se movendo contra os dele, as duas ereções brigando entre si – Não conseguia me concentrar em nada.
Leandro deu uma risadinha, seus lábios se curvando em um sorriso contra a minha pele.
- Ótimo – ele disse, suas mãos deslizando por baixo de minha camisa, seus dedos traçando as linhas de meus músculos – Quero que você pense em mim. Quero que você pense nisso...
Essa rotina continuou na terça, na quarta, na quinta, na sexta.
Todas as noites, por motivos cada vez mais improváveis — “vou devolver um livro”, “vou te mostrar um jogo”, “vou te ajudar com o computador” — eu aparecia na porta, e Leandro sempre me recebia do mesmo jeito: com o coração apertado, um sorriso tímido e a certeza silenciosa de que aquilo não deveria estar acontecendo.
Nós conversávamos, víamos coisas na TV, ríamos baixinho, mas sempre acabávamos próximos demais, nos tocando com uma delicadeza que ambos fingíamos ser casual, quando na verdade era tudo menos isso.
E, inevitavelmente, os beijos apareciam. Os abraços se prolongavam. As carícias se tornavam mais confiantes. Os rostos se escondiam no pescoço um do outro.
Tudo doce, cuidadoso, profundamente apaixonado, sempre dentro dos limites de uma intimidade emocional e física suave, nunca invasiva ou desrespeitosa.
Mas cada toque trazia alegria e, depois, um remorso que ficava pairando no ar como uma nuvem leve, da qual nenhum de nós dois falava.
No sábado, algo parecia diferente desde o amanhecer. A esposa de Leandro só chegaria no domingo, o filho também. A casa era só de nós dois.
A manhã passou devagar, intensa de expectativa.
Quando eu cheguei, sem desculpa, sem pretexto, Leandro abriu a porta com um sorriso contido, como se já me esperasse desde cedo.
Passamos o dia juntos. Cozinhamos qualquer coisa, ouvimos música, jogamos videogame. Mas havia uma proximidade fina entre nós, um fio invisível ligando nossos movimentos, nossos olhares.
Quando finalmente ficamos quietos na sala, o silêncio pareceu pedir coragem. Leandro, com os olhos fixos no nada, brincava distraído com a barra da camiseta. Por minha vez, eu folheava um livro, as páginas passando sem que eu realmente lesse algo. O silêncio era confortável, mas também pesado, como se cada segundo que passava nos aproximasse de um abismo que ambos temíamos e desejássemos cruzar.
Finalmente, Leandro suspirou, virando o corpo para me enfrentar. Nossos olhos se encontraram e, por um momento, o mundo ao redor pareceu desaparecer.
— Mateus... — Leandro começou, a voz rouca e hesitante — Eu não consigo mais fingir que isso não está acontecendo.
Eu fechei o livro, colocando-o de lado. Meu coração batia acelerado, mas tentei manter a calma.
— Eu também não, Leandro. Mas... — eu parei, mordendo os lábios, como se as palavras fossem difíceis de sair — É complicado.
Leandro se levantou, aproximando-se de mim com passos lentos e deliberados. Quando ficou de pé diante de mim, estendeu a mão e tocou o meu rosto, o polegar deslizando suavemente sobre a minha face.
— Eu sei que é complicado — murmurou Leandro, os olhos escuros brilhando com uma intensidade que eu nunca havia visto antes — Mas eu não quero mais fugir disso.
Eu fechei os olhos, sentindo o calor da mão de Leandro em minha pele. Quando os abri novamente, Leandro já estava mais perto, seus lábios a centímetros dos meus. O meu coração disparou e não consegui mais pensar em nada além do momento.
Eu cheguei mais perto. Leandro respirou fundo. E o beijo que veio então não teve timidez. Não teve desculpa. Apenas um sentimento finalmente aceito, pelo menos naquele momento.
Nós nos abraçamos com mais firmeza, nos deitamos no sofá, entrelaçados, falando baixo, nos tocando com cuidado: o rosto, o cabelo, o peito. Tudo com uma delicadeza ansiosa, como se o tempo estivesse meramente emprestado e nós precisássemos aproveitá-lo.
Leandro me envolveu em um abraço apertado, como se quisesse fundir nossos corpos em um só. Eu retribuí o abraço, meus braços envolvendo a cintura de Leandro com força. A diferença dos nossos corpos contrastava: eu tenho 1,67m, magro, pequeno, pernas fortes e uma bunda proeminente, mas nada exagerada. Leandro com 1,88m, grande, alto, forte, coxas e braços musculosos, costas largas, peitoral firme, o abdômen cálido e um pouco peludo.
Nossos lábios se encontraram de novo em um beijo profundo, cheio de fome e necessidade. Era um beijo que dizia tudo o que as palavras não conseguiam expressar, um beijo que falava de desejo, medo, e uma conexão que ambos sabíamos ser inevitável.
Leandro me puxou para mais perto, suas mãos deslizando pelas minhas costas, explorando cada curva, cada pequeno músculo. Eu gemi baixinho contra a boca de Leandro, sentindo o meu corpo arder de desejo. Leandro sorriu contra os meus lábios, antes de começar a descer os beijos pelo meu pescoço, sugando e mordiscando a pele sensível.
Não houve nada forçado, apenas a evolução natural de uma intimidade emocional profunda, com carícias demoradas, beijos longos, confissões murmuradas entre suspiros contidos.
— Leandro... — eu sussurrei, a voz trêmula de prazer.
Leandro não respondeu, apenas continuou sua jornada, descendo lentamente pelo meu corpo. Ele recuou um pouco, suas mãos puxando a minha camisa, seus dedos deslizando habilmente pela minha pele. Leandro empurrou o tecido por meus ombros e braços, seus olhos se deliciando com a visão de meu peito nu, meus mamilos duros e implorando por sua atenção.
Ele beliscou meus mamilos, me fazendo arfar de tesão, meu pau pulsando. Percebi uma mancha úmida no fino calção que Leandro usava e soube que ele estava tão excitado quanto eu.
Seus lábios encontraram os meus mamilos, e ele os sugou com delicadeza, primeiro um, depois o outro, até que estivessem eretos e sensíveis. Eu arqueei as costas, gemendo baixinho, o corpo tensionado de desejo, minhas mãos subindo para se enroscarem nos cabelos negros de Leandro.
— Você é tão lindo — Leandro murmurou, olhando para mim com um misto de admiração e desejo.
Ele continuou descendo, beijando a minha barriga, sua língua girando ao redor do meu umbigo, sabendo o quanto eu era sensível ali. Eu me contorci, rindo e gemendo ao mesmo tempo, minhas mãos apertando os cabelos de Leandro, tentando escapar das sensações que ele me provocava, explorando cada centímetro da minha pele.
— Para, Leandro... — eu ri, a voz falha — Isso faz cócegas.
Leandro sorriu, mas não parou. Suas mãos deslizaram para baixo, abaixando os meus shorts, empurrando-os para baixo pelos meus quadris, junto com a minha cueca.
Meu cacete saltou para fora, duro e lubrificado, e Leandro não conseguiu resistir à vontade de envolvê-lo com a mão, acariciando-o lentamente, seu polegar espalhando o líquido pré-gozo pela glande.
- Leandro – eu chamei pelo seu nome, ofegante, meus quadris se movendo contra sua mão firme.
Ele riu baixinho, seus lábios se curvando em um sorriso, sua mão continuando a me acariciar lenta e tortuosamente.
Ele mordeu as minhas coxas, puxando-me para mais perto, até que o meu corpo estivesse completamente sob seu domínio, sua mão ainda acariciando meu pau, lenta e firmemente. Com um movimento rápido, Leandro me virou de costas, expondo minha bunda para si. Eu senti o rosto corar, mas não consegui resistir ao toque de Leandro.
Leandro admirou a visão por um momento, antes de se ajoelhar atrás de mim. Ele começou a massagear as minhas nádegas, apertando-as com firmeza, dando tapinhas leves e mordidas suaves. Eu gemi alto, o corpo tensionado de prazer.
— Leandro, por favor... —sussurrei, a voz cheia de necessidade.
Leandro não respondeu. Ele enterrou o rosto na minha bunda, chupando e lambendo o meu cuzinho com voracidade. Eu delirei, o corpo tremendo de prazer. Eu nunca havia sentido algo assim antes e a intensidade das sensações me deixou sem fôlego.
— Leandro, eu... — tentei falar, mas as palavras se perderam em um gemido quando Leandro introduziu a ponta do dedo em meu cuzinho, com cuidado.
Ele conseguia sentir meu desespero, minha urgência, e sabia o que estava fazendo. Leandro queria me levar ao limite, me desfazer em seus braços, mas também queria prolongar o momento.
Leandro continuou a explorar o meu corpo, seus dedos deslizando para a frente, encontrando o meu pau duro e pulsante. Ele começou a me masturbar com firmeza, sincronizando os movimentos com os beijos e chupadas na minha bunda, sua língua percorrendo do interior da minha coxa ao meu cuzinho.
— Goza pra mim, Mateus — Leandro murmurou, a voz rouca de desejo — Goza pra mim.
Eu não consegui segurar por muito tempo. Com um gemido desesperado, eu gozei, meu corpo tremendo de prazer. Leandro continuou a me masturbar, extraindo cada gota de sêmen, antes de se levantar, o próprio pau duro e pulsante.
— Agora é a sua vez — eu disse, a voz ainda trêmula, mas com um sorriso nos lábios.
Me ajoelhei diante de Leandro, olhando para o pau dele com súplica e fome. Leandro colocou as mãos na minha cabeça, guiando-o para mais perto. Eu abri a boca, submisso, engolindo o pau de Leandro o máximo que pude, sugando com força e habilidade.
— Filho da puta... — Leandro gemeu, sentindo o prazer subir rapidamente.
Ele não durou muito. Com um gemido rouco, Leandro gozou na minha boca, enchendo-a com sêmen quente. Eu engoli tudo, ofegante, os olhos brilhando de desejo e cumplicidade.
Quando Leandro finalmente se afastou, nós dois estávamos ofegantes, os corpos brilhando de saliva, sêmen e suor. Nós nos olhamos por um momento, o peso do que havíamos compartilhado pairando entre eles.
— Isso foi... —comecei, mas não conseguiu terminar a frase.
Leandro sorriu, me puxando para um abraço.
— Eu sei — ele murmurou, beijando a minha testa.
Era como se o mundo tivesse desaparecido por um dia e só restasse o espaço onde estávamos, um dentro do outro, sem medo.
Mas o mundo não desaparece para sempre.
No domingo à tarde, o carro parou em frente à casa. Eu vi pela janela. Leandro viu também.
A esposa desceu primeiro, loira, baixinha, bonita, com um sorriso cansado. O filho correu para o colo de Leandro.
E, de repente, tudo o que havia acontecido na semana anterior se encolheu dentro de mim como se nunca tivesse existido.
O peito de Leandro se apertou como se faltasse ar. Eu senti uma fisgada profunda, quase física.
Era a volta da realidade. A volta da vida que eu sempre soube que existia.
A esposa entrou, abraçou Leandro, falou animada sobre a viagem. Ele respondeu, mecanicamente, com o filho no colo.
Saí da minha casa pela porta dos fundos para não ser visto. Andei até a rua com a sensação de que algo dentro de mim despencava.
A alegria da semana inteira se transformou numa mistura amarga de:
remorso
angústia
vergonha
frustração
e… perda.
Leandro não conseguia olhar para a esposa sem lembrar do meu toque. Eu não conseguia caminhar sem sentir que havia deixado algo para trás.
O pequeno paraíso que tínhamos construído por uma semana havia ruído em um único minuto. E, pior: nenhum de nós dois sabia o que fazer com o que ainda sentíamos.