Nelore - Capítulo 1: Como acabou

Da série Nelore
Um conto erótico de Maciel Petrópolis
Categoria: Gay
Contém 2750 palavras
Data: 19/11/2025 03:55:07

Ao fazer 18 anos, exatamente no início dos anos 2000, me vi na eminência de uma mudança que, a princípio, não queria realizar. Muita coisa ficaria para trás, e ficou mesmo. Tudo ficaria mais distante, esse era o preço a pagar por conquistar o mundo, mesmo entendendo que as vezes “conquistar o mundo” significa ter o abraço de quem se ama.

Eu pensava nos meus avós, nos meus pais, irmãos, primos e nele. Para ser honesto eu pensava principalmente nele. Sim, eu pensava muito nele... Eu ainda podia sentir o seu toque na minha pele. Era urgente, desesperado. Havia uma necessidade inexplicável na nossa busca um pelo outro. Quando finalmente nos beijamos, tudo fez sentido. Os planetas se realinharam, a origem da vida foi explicada, a existência de Deus foi provada. Quando, com as mãos segurando as minhas e os últimos raios de sol desapareciam em um horizonte com nuvens carregadas, senti seus lábios nos meus, tive certeza de que era ele e para o resto de nossas vidas. A chuva forte veio como uma confirmação disso.

Pouco tempo depois dali corremos desesperados até um casebre abandonado, geralmente usado por vaqueiros que cuidavam da fazenda e atravessavam o gado por ali. Lá dentro, a pequena lareira estralava em chamas que nos aquecia, enquanto aqueles olhos repousavam sobre mim. Não demorou muito até tirarmos nossas roupas encharcadas, sem timidez alguma. Estamos falando de uma vida de privação, que agora já não havia. Tudo veio à tona, como um jardim que floresce depois de um longo inverno. Finalmente iria acontecer, eu seria totalmente dele, e ele, meu.

Eu estava deitado sob um tapete de pele de búfalo muito aconchegante e confortável, enquanto ele se aproximava devagar com seu pau totalmente duro. No seu rosto havia uma barba rala, acompanhando de um peitoral com pelos finos. Ele tinha um sorriso tímido, mas igualmente safado. Ele tocou lentamente meu corpo, passando a ponta dos dedos pela superfície da minha pele fazendo com que eu me arrepiasse a cada toque. A sensação de calor tomou meu corpo quando senti algo rígido tocando levemente minha barriga, eu não tive outra reação a não ser gemer com aquele simples toque. Talvez a maioria não saiba, mas quanto se ama assim, quando se tem essa vontade que transcende a matéria, qualquer toque causa o gozo.

Sua boca encontrou a minha, sorvendo imediatamente meus lábios enquanto eu era puxado para um abraço que me fazia ter vontade de pedi-lo em casamento. Aproveitei para chupar sua língua, enrolando meus dedos por entre seus cabelos, que naquela data estavam um pouco grandes. Naturalmente, minhas pernas foram abrindo para recebê-lo, de forma que senti a cabeça do seu pau encaixar perfeitamente na minha entrada. Ele babava muito, e por pouco não acaba escorregando para dentro apenas naquele contato de vai e vem. Não entrou por um simples fato: eu era virgem de absolutamente tudo. Por mais que eu piscasse na cabeça do seu pau, ainda assim havia resistência para a penetração.

Naquele momento eu não pensava em dor ou algo do tipo. Era tudo tão mágico e inédito que até a dor eminente parecia um bom caminho. Hoje, bem mais velho que naquela época eu fico pensando naquela sensação e adoraria senti-la novamente, o primeiro amor é realmente único. Em um gesto rápido ele me colocou sentado em seu colo, o que me fez encaixar perfeitamente no seu pau que a essa altura parecia feito de concreto. Ele voltou a me beijar e sussurrar no meu ouvido:

_ Eu te amo tanto, Pedro! Fica, por favor, não faz isso com a gente. Tu vai se perder na cidade, vai se perder de mim, me esquecer e a gente não vai ser mais ser feliz juntos. Vai ser muito difícil no começo, mas com um tempo a gente vai ter um lar tão bonito e tantos filhos... Não vai caber felicidade na gente! – Disse parando o beijo e olhando nos meus olhos.

_ Eu fico, eu faço tudo por tu... Pela gente... Seja o que vier, a gente vai tá junto. Vamos arrumar um pedaço de terra e criar gado e plantar uva, cuidar de uma vinícola pequena e ter muito amor por todos os cantos. Você é o amor da minha vida, Mateus!

Ele não conteve o sorriso e me abraço com mais força, fazendo com que meu peso caísse sobre ele. Estava tão lubrificado que a cabeça começou a entrar. Seu pau era muito grosso, então o processo foi um pouco demorado. Ele me deixou muito à vontade, de forma que conduzi lentamente um movimento de vai e vem enquanto me apoiava no seu peito. Mesmo com a dor e com o desconforto eventual eu estava sorrindo, e ele também. Nenhum de nós perdeu o sorriso do rosto nem que seja por um segundo, e talvez essa tenha sido a principal comprovação do nosso amor.

Quando finalmente a metade estava dentro, eu senti uma dor tão aguda que pensei em desistir. Ele, apesar de amoroso, foi categórico em não me deixar sair de onde estava, me prendendo ali. Eu queria gritar, mas ele olhou no fundo dos meus olhos e disse um abafado: "Amor, estou aqui! Calma!". Aos poucos fiquei na ponta dos pés e consegui me abaixar para beijá-lo mais ainda, ficando tudo perfeito. Sentia toda aquela mata de pentelhos arranhando minha bunda e sensação não podia ser melhor.

Ele me arranhava e eu arranhava ele, não ligamos para marcas. Isso seria um sinal de que pertencemos a quem pertencemos. Eu conseguia sentar agora, enquanto ele, desesperado de tesão, me suspendia para meter com mais força. Em determinado momento ele me segurou com força, me imobilizando completamente e em seguida me dando um beijo um pouco mais calmo.

_ Amor, eu tô quase gozando. Por favor, não se mexe se não vou gozar agora e quero aproveitar mais com você... – Eu não consegui responder, fiquei parado tentando me acalmar também porque eu estava quase lá e compartilhava com ele essa vontade de fazer daqui o mais demorado possível.

Ele começou a retirar o pau lentamente, mas quando estava na metade eu acabei sentando outra vez, eu estava obcecado de tesão sentindo tantos pelos roçando minha bunda.

_ Amor, assim não, se não eu gozo... – gemeu de dando mais um beijo na boca – Fica paradinho pra eu tirar porque não quero te leitar agora. – Concluiu.

_ E se eu não deixar você tirar? – Disse retribuindo o beijo enquanto acariciava suas costas.

_ Eu não vou aguentar... – Dizia Mateus agora desistindo de tirar aquele pauzão de dentro de mim, me fazendo gemer muito alto quando ele deixou todo seu peso cair em cima de mim até senti-lo totalmente dentro do meu cu. Por minha vez, travei minhas pernas em torno de sua cintura, fazendo com que ele não tivesse chance alguma de sair. O abracei totalmente e trouxe para junto de mim:

_ Mete gostoso, amor! Mete que eu vou gozar! – Gritei, sentindo-o a poucos segundo de me encher com seu leite, como o cavalo que ele é.

Até hoje não lembro exatamente se foi o êxtase do momento ou um desmaio, o que sei foi que gozamos em uma sincronia que traduzia nosso encontro de almas. Ambos estávamos ofegantes, repletos de suor, saliva e porra para todo lado. Aquele momento foi tão intenso que sequer percebemos a violenta chuva lá fora que nesse caso não parecia tão hostil assim. Ele caiu em meu peito ainda com seu membro dentro de mim, aninhando-se no meu pescoço e entrelaçando suas mãos nas minhas. Eu sentia o cheiro dos seus cabelos e conclui que, daquele momento por diante, esse seria meu cheiro preferido.

Durante um bom tempo nenhuma palavra foi dita, e nem precisava. Nada do que fosse dito ali seria equivalente a tudo o que sentimos, e por isso optamos pelo silêncio aconchegante do amor correspondido. Notava que tudo ao redor era muito simples, realmente pensado para acolher em quem estivesse em trânsito. Naquela sala havia somente uma mesa para duas pessoas, que ficava mais afastada ao fundo, o tapete onde fizemos amor e uma cadeira de balanço. Por questões óbvias não havia eletricidade ali. Toda e qualquer iluminação do ambiente era proveniente da lareira ou de alguma lamparina que fosse acesa, fazendo com que a visão não fosse útil ali. O toque, por outro lado, era o meu sentido mais aguçado.

Só a luz da lareira nos iluminava, e caso não houvesse não faria falta. Eu sentia seu coração, agora mais calmo, sob o meu, e isso era tudo o que me bastava. Eu fiquei alguns poucos minutos antes de apagar também ao sentir o ronco baixo de Mateus misturado ao som da chuva no telhado, sentido também de forma misturada o cheiro de seu cabelo com o de madeira queimando. “Talvez eu tenha morrido e fui pra o céu... Só pode ser!” eu pensava comigo mesmo, mas era real. Eu estava lá e ele também. Dormi como uma pedra, como se meu corpo já sem energias quisesse dissociar que qualquer pensamento que uma hora ou outra fosse me atormentar.

Pela manhã, acordei sozinho na nossa “cama”. No ar, um cheiro muito convidativo de café se estabelecia, enquanto um som de alguém cantarolando alguma coisa chegava até meus ouvidos. Aquela voz de locutor de rádio acompanhando o corpo de um verdadeiro corredor de vaquejada me enchia os olhos, olhos esses que foram encontrados por um Mateus muito contente, com um sorriso gigante dizendo um calmo “Bom dia!”. Eu desenvolvi o sorriso de forma involuntária, percebendo o quanto se fica abobalhado diante da pessoa que você ama. Decidi não falar muito naquele momento, tratei de abraçá-lo e dar um belo beijo de “bom dia” quando ele se aproximou de mim com o café.

Por pouco não nos queimamos. Tomamos aquele café juntos que pareceu o melhor café que já tomei na vida, o momento fez com que o grão parecesse pertencer a melhor das safras.

_ Tu dormiu bem? – Disse com um semblante afetuoso, mas ao mesmo tempo tentando segurar a eminência do riso por felicidade.

_ Se eu soubesse que precisava disso pra dormir bem assim eu teria feito bem antes... – Conclui, fazendo com que ele tivesse uma explosão de riso tão genuinamente verdadeira que me fez suspirar.

_ Tu fica mais lindo toda vez que vejo! – Disse um pouco mais sério agora, passando seu polegar no meu rosto.

_ Eu nem acredito que a gente tá aqui agora. Pensei que nunca fosse acontecer... Sabia que desde que a gente se viu a primeira vez eu já sabia!? – Afirmei, deixando-o feliz e curioso.

_ Naquela época já? E tu sentia o que? – Ele me interroga.

_ Teve uma vez que te vi com teu pai na vaquejada, tu tava com com uma bota nova. Tu não me viu, mas passei a noite te olhando só que fiquei com vergonha de ir lá porque Melissa ficava te encarando o tempo todo, isso eu tinha acabo de fazer uns 14. – Afirmei um pouco retraído.

_ Comigo foi quando tu me ajudou em uma tarefa de matemática, em um momento tu pegou na minha mão pra me ensinar... Acho que tu tinha perdido a paciência comigo... – Disse rindo, me fazendo rir também e partir para abraçá-lo e enchê-lo de beijos. Ele, no entanto, demostrou estar um pouco triste com um nome que eu acabará de mencionar...

_ Eu gostava quando eu ia te ensinar as atividades da escola, só assim a gente ficava sozinho sem ninguém pra atrapalhar. – Disse categórico, mas sem alfinetar ninguém.

_ Nem se preocupa, que assim que a gente chegar na fazendo eu resolvo minha vida. Ninguém vai ficar no caminho da gente não, depois de tanto tempo assim finalmente a gente se encontrou de verdade e quero honrar isso. Possa ser o que for, de quem for, vou seguir firme nessa decisão que tomei antes. Eu te amo demais, e isso basta. Não preciso de mais nada além disso... Você tanto do meu lado, tudo vai se resolver.

_ Eu também te amo demais, Mateus! – Conclui, notando que apesar do homão que ele era, Mateus tinha olhos tímidos, daqueles que não se demoram em contato visual.

Decidimos passar a mão deitados ali mesmo. Coisas que não dissemos em anos foi tido ali naquele momento. Era tanta coisa para processar que obviamente não caberia naquele momento, por isso fiquei feliz em lembrar que teríamos uma vida inteira para compartilhar todas as sensações e sentimentos que guardamos um pelo outro nesse tempo todo. Somente decidimos partir para a fazenda por causa da fome.

Mesmo com o sol quente, não fazia um calor desconfortável. A terra estava muito molhada, bem como a grama que crescia por todas aquelas terras tão verdes quanto esmeraldas. Tudo ao nosso redor era um mar de azul e verde, uma paisagem que particularmente não me cansa jamais. Atrás de nós, a cabana fruto de nosso amor ficava cada vez mais distante, bem como a mata que ficava perto dela. Caminhávamos tranquilos em nossos cavalos como dois jovens tranquilos e apaixonados, prestes a descobrir o que era viver de verdade. Mesmo com o medo de revelar tudo a todos, estávamos firmes. Ambos trabalhávamos e eu daria um jeito de fazer a faculdade que eu havia passado sem ficar totalmente longe dele, já sabíamos inclusive onde moraríamos até ter nossa própria terra e torcíamos para que em algum momento as pessoas aceitassem enfim e nos deixassem em paz. Todos esses pensamentos percorriam minha mente e a dele também, até avistarmos a fazenda de longe.

_ Eu tô muito nervoso! – Eu disse controlando a respiração – Tem certeza de que quer fazer isso? – Perguntei de forma muito honesta olhando em seus olhos.

_ Também tô com muito medo, mas mais medo ainda é da gente se perder um do outro e eu terminar fodido como meu pai. – Disse pareando seu cavalo com o meu, segurando na minha mão e a beijando.

Outra vez naquele dia eu tive a certeza: era ele. Meu coração batia mais forte à medida que fomos nos aproximando da fazenda. Eu contei cada um daqueles passos, até que finalmente descemos dos nossos cavalos e nos dirigimos onde estavam os empregos da fazenda. Antes de ir até lá Mateus ainda olhou nos meus olhos e disse um “Eu te amo!” silencioso, somente com o gesto labial. Fui a última vez até ali nos vimos.

Em questão de segundos uma Melissa muito eufórica corre e pula em seus braços, apertando-o com muita força. Em seguida, o pai, irmão e madrasta de Mateus aparecem parabenizando-o. Melissa estava grávida. Eu não tive reação alguma, nem lembro exatamente o que eu fingi. Só sei que ele parecia ter um semblante tão confuso quanto o meu, não houve nenhuma palavra disso se não um breve “falo contigo depois!” vindo dele.

Enquanto eu voltava para casa na garupa do meu cavalo uma quantidade incalculável de lágrimas escorriam pelo meu rosto. Eu não me lembro de tudo naquele dia, mas tem uma coisa que lembro muito bem: a sensação de dor e vazio. Eu estava sem rumo, o que era engraçado dado ao momento, pois a minutos atrás eu tinha certeza de tudo. Fui para casa e apaguei, meus pais ainda perguntaram se estava tudo bem e lembro de ter inventado alguma coisa que colou perfeitamente. Mais tarde, Mateus apareceu na minha porta, mas disse aos meus pais que não queria ver ninguém, então pedi para dizerem que eu estava dormindo.

Depois disso ele não voltou a aparecer. Eu fui embora em um terça-feira pela manhã e das poucas vezes que estive fora durante esses quinze anos não tive notícias dele. Sabia que ele havia se casado com Melissa, que seu filho se chamava José Arthur, que havia ganhado uma porção de troféus correndo vaquejada e que agora era fazendeiro na região, mas fora isso nunca mais o vi.

Passaram quinze anos quando eu decidi me mudar novamente para minha cidadezinha natal. Agora com 33 anos acabei passando em um concurso público e decidi voltar para lá, sem saber exatamente o que eu estava fazendo. Eu estava no meu primeiro dia de plantão no hospital quando uma intensa movimentação começa na emergência... Eu conheci imediatamente o Sr. Rivonaldo pai dele, quase sem vida nos braços acompanhado por neto, que era quase que um clone de Mateus. Foi a última vez que vi seu Rivonaldo com vida e a primeira que vi Mateus depois de tantos anos.

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Foto de perfil genéricaMaciel Petrópolis Contos: 12Seguidores: 12Seguindo: 0Mensagem Escrevo por diversão, e por isso agradeço a todos que me incentivam de alguma forma. Espero que aproveitem a leitura. No mais, deixo um abraço para cada um de vocês.

Comentários

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Gostei! Esperando pelo próximo capítulo.

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Muito obrigado pelo incentivo. Espero que continue acompanhando e incentivando a história. Também aceito sugestões para a narrativa. Em breve posto os novos capítulos.

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