O encontro daquela noite tinha um sabor diferente. Joyce mal podia esperar para contar o progresso do seu caso. Thaís ficou radiante com as notícias:
— Eu te disse que ele podia ajudar! Agora é só aguardar com calma.
— Só de saber que existe uma luz no fim do túnel, já fico muito feliz. Muito obrigada, minha linda.
As duas se beijaram. As roupas já haviam ido para o chão. Thaís olhou para Joyce e perguntou, com a felicidade nítida no rosto das duas:
— O que quer fazer hoje?
Joyce levou a mão até o clitóris da sua amante, sentindo ela estremecer. Um pedido dela vei junto com o gesto:
— Eu quero a sua mão também.
Com calma, Thaís procurou o clitóris de Joyce. O toque fez ela morder os lábios.
As duas não precisavam de palavras. Os toques e os beijos entre elas já bastavam. Joyce já não estava mais acostumada; ela agora esperava pelas noites com Thaís. Ela não tinha atração por outras mulheres, apenas por sua loira.
Thaís sentia o gozo bem próximo. Enquanto arfava e se contorcia, ela beijou Joyce mais uma vez, fazendo um pedido:
— Estou quase lá, meu amor. Me faz gozar bem gostoso.
Ela mal teve tempo de falar e fechou a boca com força enquanto estremecia. Vendo aquela cena maravilhosa em sua frente, Joyce não aguentou e gozou com força.
As duas continuaram abraçadas juntas e se beijando por mais tempo. O silêncio dizia muito mais do que palavras.
Como de costume, Thaís teve que ir embora. Mesmo triste de ver sua loira saindo pela porta, Joyce ainda estava feliz pelo andamento do seu processo.
Os dias seguiam calmos. Joyce tinha suas funções na Padaria Artesanal, recebia a visita dos seus pais e a de Rayan, e a cada duas noites, fazia amor com Thaís. O medo de antes não era tão presente.
Ainda assim, algumas coisas incomodavam. Às vezes se sentia mal por ter suas noites de sexo, mesmo tendo um namorado do lado de fora. Ela tentava aliviar o peso, dizendo para si mesma que era apenas um movimento de sobrevivência. E não deixava de ser.
Outro ponto era as outras detentas. Saber que era inocente e ter que conviver com pessoas que cometeram crimes horríveis lhe dava uma sensação de imundíce. Uma das detentas foi condenada por ordenar a morte da ex-esposa do marido, apenas para ter na Justiça a guarda da filha do casal.
Outra que lhe dava arrepios era uma mulher mais velha que matou a filha adolescente após pegar ela transando com o namorado da mãe. Joyce viu essa mulher poucas vezes. Ela tinha um horário próprio, pois foi jurada de morte e espancada várias vezes.
Antes dela, haviam as “celebridades”. Mulheres que foram presas por crimes de repercussão nacional. A jovem que mandou matar os pais, a mulher que matou e esquartejou o marido, a madrasta que foi cúmplice do marido que jogou a filha do alto de um prédio; isso sem contar as histórias da ala masculina que Thaís lhe contava vez ou outra.
Essa rotina seguiu pelos seis meses que o advogado disse. Com certa frequência, ele aparecia com atualizações do caso. Mesmo que fossem poucas, Joyce se animava com o andamento.
Até que um dia, com quase um ano após sua condenação, veio a notícia que tanto aguardava. O processo foi aceito e sua liberdade era uma questão de horas. O Dr. Celso lhe contou pessoalmente:
— Com isso, você está inocentada. O tribunal anulou a decisão, reconhecendo que você é inocente.
— Então acabou tudo?
— Ainda não. Entenda, você está inocentada, mas o processo ainda não acabou. Falta alguns pequenos toques antes de tudo ser concluído. Diria que amanhã mesmo você estará fora daqui.
Foi a melhor notícia que recebeu em anos. Finalmente a luz no fim do túnel chegou. Mal podia esperar para chegar a noite e contar para Thaís.
Já tarde, houve a última noite das duas. Thaís ouviu tudo atentamente e ficou feliz com a liberdade de Joyce. Ela deu uma ideia para encerrar esse capítulo com a chave de ouro que merecia:
— Quer fazer um 69?
— Com você? Claro que sim!
As duas se deitaram com Thaís por baixo. Joyce segurou o gemido após sentir a língua da sua amante. Ela foi até buceta de Thaís, repetindo o que ela sentia. O gosto doce em sua boca parecia mais saboroso do que nunca.
Thaís continuava voraz. Mexia os quadris com excitação enquanto sentia o mel em sua boca. Um gemido e outro escapava enquanto se chupavam.
Joyce sentiu o gozo bem próximo. Ela rebolava na boca de Thaís e se sentia muito gostosa de quatro com a buceta na boca de outra mulher.
Aquele orgasmo deu trabalho para segurar. Ela caiu cansada pelo prazer, mas voltou a chupar Thaís. Queria deixar saudades naquela mulher e retribuir todo o cuidado que ela teve.
E assim foi. Thaís teve um orgasmo intenso com Joyce. O último que selou uma fase complicada e repleta de descobertas.
As duas voltaram ao abraço. Seria o último momento íntimo entre as duas.
— Vou sentir sua falta.
— Eu também, minha linda. Mas você está livre e isso é ótimo. Seu lugar não é aqui.
Joyce parou para ouvir a vizinha de Thaís. Havia um sentimento bom naquelas palavras. Embora tivesse medo da resposta, ela resolve arriscar:
— Vou te ver de novo?
— Quem sabe? — Thaís respondeu enigmática. — Mas procura não pensar nisso. Vou te dar um conselho; vai curtir os seus pais, vai curtir o seu namorado, perde esse cabaço logo e seja feliz! Pensa em mim como sua fada madrinha.
O pensamento confortou Joyce, mesmo que só um pouco. A última hora entre as duas foi um namoro silencioso, onde as duas trocaram muitos beijos.
Thaís se levantou, vestiu suas roupas e deu um último abraço em Joyce. Houve uma última frase de despedida:
— Vai ser feliz, minha linda. Esqueça esse lugar.
— Você também, minha loira.
As duas se separaram. Thaís atravessou a porta pela última vez, e Joyce foi dormir em conflito. Feliz com a liberdade, mas de coração partido.
Na manhã seguinte, o momento que ela esperava a tempos finalmente chegou. Joyce foi chamada e informada para que pegasse seus pertences. Ao sair, olhou para sua cama. Mesmo não tendo nenhuma saudade da prisão, era impossível não lembrar das noites em que foi amada por Thaís. Com um pouco de peso no coração, ela foi embora.
Na administração, foi solicitado que ela assinasse alguns documentos. Ela então teve seus documentos e pertences pessoais devolvidos. Com tudo conferido e correto, ela recebeu ainda uma oportunidade para trocar suas roupas.
Joyce estava livre do uniforme da prisão. Sentia-se ela mesma novamente.
Por fim, recebeu a leitura do alvará de soltura, e os motivos que levaram a tal. Uma investigação posterior concluiu que Joyce nunca teve nenhuma participação na morte da vítima, e que portanto, teve sua condenação anulada.
Ela foi acompanhada por uma agente até o último portão. Assim que abriu totalmente, ela atravessou em disparada em direção a Rayan, que esperava por ela. Ele disse que o Dr. Celso avisou sua família e que ele se prontificou a ir buscá-la.
De volta à sua casa, finalmente reunida com sua família, seguiu os conselhos de Thaís. Almoçou com os pais, curtiu a companhia deles durante o dia, e de noite, finalmente tirou o atraso com Rayan, tendo a primeira vez com o namorado.
Conforme o tempo passou, ela acompanhou os desdobramentos do seu caso. No fim, a mãe foi a responsável pela morte da criança. Em uma noite, ela sacudiu o filho em um ataque de raiva, que levou à uma condição chamada de “Síndrome do Bebê Sacudido”, onde o movimento forte causa uma série de lesões que podem levar à morte. Não só a mãe foi presa, mas Joyce foi indenizada.
Ela primeiro conseguiu um emprego em uma padaria de alto nível, na área de bolos e doces. Embora sentisse falta de Thaís, seguia em frente e muito feliz com Rayan. Preferia pensar em sua loira como uma “fada madrinha no meio do Inferno”.
