Mamãe, que delícia! - Pt. 01

Um conto erótico de Gihh
Categoria: Heterossexual
Contém 3123 palavras
Data: 22/12/2025 02:19:07
Última revisão: 22/12/2025 04:29:28

Parte 01

O ventilador de teto da cozinha girava preguiçosamente, empurrando um ar quente que mais lembrava o bafo de um forno do que qualquer alívio de verão. Patrícia, dezenove anos, estava debruçada no balcão de granito, o queixo apoiado na mão, a boca torcida em uma expressão entre tédio e irritação. Os olhos, porém, brilhavam com uma atenção quase predatória enquanto miravam pela janela.

No jardim, sob o sol que começava a descer, Bruno e Camila pareciam grudados. Ele com a mão espalmada na lombar dela, puxando-a contra si. Ela no colo dele, praticamente sentada na coxa. As bocas coladas num beijo longo demais para ser “de namoro fofo”.

— Você acha que eles transam? — Patrícia perguntou, sem desviar o olhar.

Cristina, trinta e seis anos, morena alta, corpo ainda firme em um vestido de algodão leve, parou de esfregar o prato na pia. O barulho da água caindo no inox de repente ficou alto demais.

— Transam o quê, Patrícia? — Ela perguntou, mais por reflexo do que por falta de entendimento.

— Transar, mãe. Fuder. Comer. — Patrícia apontou com o queixo, impaciente. — Olha pra eles. Ela tá praticamente montada nele. Ninguém fica assim à toa.

Cristina secou a mão no pano de prato, virou-se e finalmente olhou pela janela. Viu a cena emoldurada como um quadro: o filho de dezoito anos, alto, forte, a camiseta colada nos ombros, segurando a namorada loira, pequena, de short jeans mínimo. Os lábios deles grudados, o pescoço da menina exposto, o maxilar do filho tenso.

— Eles são novos — Cristina repetiu, como se estivesse lendo uma linha de script. — Seu irmão acabou de sair do ensino médio. Camila ainda tá no terceiro ano.

— A Gina disse que a irmã dela contou outra história — Patrícia rebateu, baixando um pouco a voz, agora conspiratória. — Disse que chamam ele de "Tripé" no vestiário. Que quando ele vai de moletom cinza, as meninas ficam tudo cruzando as pernas.

Cristina sentiu o peito apertar. A memória veio rápida, como um tapa: Bruno dormindo de bruços na cama, de cueca boxer branca, o volume absurdo, pesado, caindo para o lado. Ela passara pela porta para chamar o filho e, por um segundo, ficou paralisada. Um “menino” não tinha aquele volume. Um homem tinha. Um homem grande.

— Isso é fofoca de vestiário, filha — ela respondeu, forçando um sorriso e virando-se de volta para a pia. O prato na mão recomeçou a ranger sob a esponja. — Menino exagera. Seu irmão é normal.

— Normal? — Patrícia riu sem humor. — Mãe, você me teve com dezessete. Não vem bancar a freira. Você sabe medir um pau.

Cristina ficou vermelha até as orelhas. O prato quase escorregou da mão.

— Patrícia! Olha o jeito que fala.

— Tô só sendo realista. — A garota endireitou a postura, cruzando os braços sob o peito, empurrando os seios para cima. — A Gina falou que a irmã dela viu no vestiário. Disse que ele é grosso. Que parece uma garrafa. Você jura que nunca reparou?

A pergunta ficou suspensa no ar.

Cristina apertou os lábios, respirou fundo. Uma parte dela queria dizer que não, que jamais olhara para o filho como homem. Outra, mais honesta e silenciosa, lembrava nitidamente de lençol levantado, de sombra grossa sob o tecido, de uma ereção matinal que ela viu por tempo demais antes de sair do quarto fingindo que nada havia acontecido.

— Mãe? — Patrícia insistiu.

— Eu troquei as fraldas dele, Patrícia. — Cristina optou pela rota segura. — Ele era um bebê normal. Não fico reparando nisso hoje em dia.

— Aham. — Patrícia virou os olhos, mas um sorriso enviesado surgiu no canto da boca. — Se fosse um cara aleatório passando na rua com esse volume, você reparava.

Cristina ia responder, mas a porta dos fundos abriu com força.

Bruno entrou primeiro, suado, cabelo grudado na testa, camiseta levemente molhada na gola. Camila veio logo atrás, rindo, ajeitando o short.

— Oi, mãe. — Bruno foi até a geladeira, abriu, pegou uma garrafa d’água e virou no gargalo, a gola da camiseta levantando e exibindo um pedaço da barriga definida.

Cristina desviou o olhar de propósito. Não precisava de mais uma imagem daquela região gravada na mente.

— Oi, Dona Cristina! Oi, Pati! — Camila acenou, ainda corada.

— Oi, querida — Cristina respondeu, natural.

Patrícia nem tentou ser cordial.

— Vocês se divertiram? — Ela perguntou, cínica, pegando uma faca só para ter algo nas mãos.

— A gente tava conversando — Camila falou, o sorriso um pouco nervoso.

— Conversando com a língua na garganta um do outro, né — Patrícia murmurou, baixo, mas não tanto.

Bruno baixou a garrafa, passou o antebraço na boca para limpar a água. O movimento fez o bíceps saltar, as veias do braço destacarem. Ele olhou para a irmã, e o olhar, por um segundo, foi mais velho do que sua idade.

— Ciúme, Patty? — Ele perguntou, com uma meia risada.

— De você? — Ela rebateu, rápido demais. — Não me rebaixo.

Os olhos dele desceram pelo corpo dela: o short curto, o top justo, o desenho dos mamilos marcando o tecido. Subiram para o rosto da mãe, o decote discreto, mas presente, o contorno dos seios sob o vestido leve.

Foi ali, naquele segundo, que o pensamento apareceu com nitidez cruel: *minha mãe e minha irmã são mais gostosas que qualquer menina da escola*. E o corpo respondeu antes que ele pudesse censurar.

O jeans repuxou discretamente na frente. Não o suficiente para uma pessoa distraída notar. Mas Cristina não estava distraída. E Patrícia muito menos.

Ambas viram o pequeno ajuste de volume. O jeito automático com que ele puxou ligeiramente a barra da camiseta para baixo. O leve rubor na base do pescoço.

— Vamos subir, amor? — Camila puxou o braço dele, ansiosa para fugir daquele clima estranho.

— Vamos — ele concordou, feliz com a chance de sair dali.

Quando as vozes dos dois sumiram no andar de cima, a cozinha ficou silenciosa, exceto pelo ventilador rangendo.

— Você viu? — Patrícia quebrou o silêncio.

Cristina levou um segundo a mais do que o normal para responder.

— Não sei do que você tá falando — ela tentou, mas a voz saiu um pouco rouca.

— Tá. — Patrícia riu baixo. — Finge, então.

O fim da tarde se arrastou em câmera lenta. O jantar foi simples: arroz, frango grelhado, salada. Camila foi embora antes de escurecer, dando um beijo rápido em Bruno na porta. Cristina assistiu de longe, num misto de alívio e incômodo.

Depois que a loira saiu, a casa pareceu grande demais para três pessoas.

Às nove e meia, Cristina pegou a chave da bolsa.

— Vou na Millie um pouco. Ela me chamou pra tomar uma taça de vinho. — Não era verdade. Mas se ela ligasse a campainha, a vizinha abriria um vinho sem fazer perguntas.

— Volta tarde? — Bruno perguntou, largado no sofá.

— Não muito. — Ela hesitou. Olhou os dois no sofá, cada um em uma ponta. Teve uma sensação estranha de que estava saindo e deixando fogo e gasolina sozinhos na mesma sala. — Se comporte, Bruno.

— Sempre, mãe.

Ela saiu.

O silêncio que ficou parecia outro tipo de som.

Patrícia trocou de canal sem ver o que passava. Estava deitada de lado no sofá, coberta por uma manta leve. Debaixo dela, usava só um top de alcinha laranja, recortado, e uma calcinha branca pequena. As pernas nuas estavam expostas até a metade da coxa.

Bruno desceu da escada ao som da água do chuveiro ainda ecoando na pele. Veio só de calça de moletom cinza, sem camisa. O peito ainda brilhava de umidade, uma gota teimosa escorrendo do pescoço até o abdômen.

— Que filme é esse? — Ele perguntou, mais para puxar assunto do que por curiosidade.

— Nem sei. — Ela deu de ombros. — Senta aí.

Ele sentou. Não exatamente longe. Não grudado. Um meio termo que permitia, ainda assim, que a coxa dele encostasse um pouco na dela sob a manta.

O contato foi pequeno, mas suficiente para arrepiar a pele de Patrícia.

O cheiro de sabonete e shampoo barato misturado com alguma coisa quente, limpa, masculina, invadiu o espaço dela.

— Bruno... — Ela chamou, sem olhar para ele. — Posso te perguntar uma coisa sem você bancar o idiota?

— Tenta.

— Você e a Camila... vocês tão transando?

Ele riu, baixo.

— Por que essa fixação?

— Porque eu sou sua irmã mais velha. Porque fui embora pra faculdade e voltei e, do nada, você virou “o pegador do colégio”. Porque todo mundo fala de você. E eu nunca perguntei de verdade.

Ele ficou em silêncio por um instante. O rosto relaxado, a mandíbula trabalhando.

— Tô, Patty. Tô transando.

Ela sentiu um aperto no peito. Algo entre ciúme, inveja e outra coisa que ela não tinha coragem de nomear.

— Desde quando?

— Um tempo. Não foi com ela a primeira vez.

— E você gosta? — A pergunta saiu mais íntima do que ela pretendia.

— Gosto. — Ele deu de ombros. — Mas...

— Mas o quê?

— Às vezes parece que falta alguma coisa.

Ela virou de lado, encarando-o de verdade. O rosto dele estava sério. Mais homem do que menino.

— Tipo o quê?

— Tipo... — Ele passou a mão no cabelo molhado. — Sei lá. Tem gente que a gente quer e não pode ter. Aí o resto perde a graça.

Os olhos dela estreitaram.

— “Gente que não pode ter”?

Ele encarou, sustentou. O ar entre eles pareceu ficar mais pesado, mais quente.

— Tem fantasia que não cabe na vida real, Patty.

Ela engoliu em seco.

— De quê? — insistiu, com a voz mais baixa.

Ele hesitou só o necessário para parecer que ainda tinha senso de certo e errado.

— De mulher proibida — disse, enfim. — De mulher que mora na mesma casa. De mulher que eu cresci vendo de pijama, de toalha. De mulher que todo mundo acha que é só “família”, mas que é a mais gostosa que eu já vi.

Ela sentiu as costas formigarem. Parte de si quis rir, tirar sarro. Outra parte ficou séria e trêmula.

— Você tá falando da mãe? — tentou escapar, meio brincando, meio sondando.

Ele riu, mas não desviou o olhar.

— Tô falando das duas.

O coração de Patrícia deu um pulo. Uma onda quente subiu da barriga para o peito. Ela se mexeu sob a manta, desconfortável e excitada.

— Você é doente — ela murmurou, mas não soou indignada. Soou curiosa.

— Doente é quem não enxerga o que tem em casa. — Ele inclinou um pouco o corpo, o tempo suficiente para a pele do braço roçar na lateral do seio dela, mesmo através do top. — Você acha que nunca percebi como olhavam pra você na escola? Você era a fantasia de todo mundo. Inclusive a minha.

Patrícia abriu a boca, fechou, abriu de novo.

— O quê você...?

— Eu inventava história pros caras. — Ele falou, com um pequeno sorriso culpado. — Contava que você andava pela casa só de calcinha e sutiã. Que eu tinha te visto com um sutiã amarelo de renda, todo transparente. Que uma vez te vi saindo do banho, a toalha caindo. Eles ficavam malucos.

— Você é um desgraçado. — Ela levou a mão ao peito, mais por reflexo do que por pudor. — Você mexeu nas minhas coisas?

— Só dava uma olhada às vezes. Na gaveta de calcinha. — Ele não encarava, como se isso amenizasse.

Ela sentiu uma pontada de humilhação misturada a um prazer estranho.

— Você chegou a pegar alguma?

Ele demorou demais para responder.

— Eu não... devolvia — foi tudo que ofereceu.

A imagem veio imediata: ele trancado no quarto, deitado na cama, uma calcinha dela amassada na mão, enfiada no rosto, o braço subindo e descendo. A barriga dela apertou.

— Você é um porco — repetiu, mas agora a voz saiu mais baixa, rouca. — Você já... pensou em mim... assim?

Ele respirou fundo.

— Você quer mesmo ouvir?

Ela hesitou. Quis dizer não. Disse:

— Quero.

— Já pensei em você em tudo quanto é jeito. — A voz dele ficou mais baixa. — Pensei em você andando pela casa sem sutiã, com a blusa molhada. Pensei em você me pedindo ajuda pra passar protetor nas costas na praia. Pensei em você deitada no meu peito, dizendo que tava com medo de trovão. Pensei em você vindo pro meu quarto de madrugada...

— Chega. — Ela interrompeu, o rosto em chamas, o corpo pegando fogo.

O pior era que as imagens que ele narrou encaixavam perfeitamente em coisas que, em algum momento, ela mesma tinha fantasiado ao contrário.

Um relâmpago distante iluminou a janela. O calor pareceu aumentar.

Por cima da manta, ele levantou a mão, devagar, até alcançar a barra inferior do top dela. Segurou o tecido com dois dedos. Não puxou ainda. Esperou.

— Se você mandar parar, eu paro — ele disse, muito sério.

Ela olhou para a mão, para o rosto dele, para a TV, para o teto. O coração batendo no pescoço. A respiração curta.

Não disse nada.

Ele puxou. Não o suficiente para expor nada. Só o suficiente para sentir o elástico esticar, mostrar um pouco mais de pele da barriga, do costado do seio.

Ela prendeu o ar. A mão dele entrou por baixo, só até encontrar costela, pele quente. Parou ali. O polegar roçou a base dos seios, sem chegar no mamilo. O tocar foi leve, quase um teste.

— Bruno... — ela sussurrou.

— Fala pra eu parar. — Os olhos dele foram dos dela para a boca, de volta.

Ela não falou.

Ao invés disso, sob a manta, a própria mão dela, que até então agarrava o tecido, desceu um pouco, pousando em cima da coxa dele. Por cima do moletom. Só isso: a palma aberta tocando o músculo quente.

Ela sentiu, debaixo do tecido, o volume. Não apalpou, não envolveu. Apenas sentiu a presença. Grosso, pesado, vivo.

O corpo inteiro formigou.

Ele, em resposta, ousou mais um centímetro. O polegar avançou sob o top, tocando a parte de baixo do seio esquerdo. Sentiu a textura diferente da pele ali. Justo antes da aréola.

O mundo encolheu até virar só aquele ponto de contato duplo: a mão dela na coxa dele, a mão dele na base do peito dela.

Foi aí que a porta da frente abriu.

— Cheguei! — A voz de Cristina cortou o ar como um raio.

Os dois se separaram tão rápido que pareceu coreografado. A mão dele saiu debaixo do top. O top voltou para o lugar. Ela tirou a mão da coxa dele. A manta subiu até o pescoço. Cada um se encolheu numa ponta do sofá, como se sempre tivessem estado assim.

Cristina entrou na sala, já com o salto na mão, bolsa no ombro. Parou um segundo. O olhar treinado de mãe captou detalhes demais: o rosto corado dos dois, o jeito abrupto como tinham se afastado, o top dela levemente torto, o moletom dele apenas um pouco deslocado pra frente, um relevo discreto na região do colo das pernas. E o cheiro. Um cheiro leve, mas inconfundível, de gente excitada.

— Que filme é esse? — ela perguntou, neutra.

— Terror — Patrícia respondeu rápido demais.

— Acabando já — Bruno emendou, sem olhar para ninguém.

Cristina continuou parada mais um instante, como se estivesse montando um quebra-cabeça. Uma parte dela murmurou “não, imagina”, outra soprou “você sabe o que viu”. O estômago dela apertou, e não foi de medo. Foi de algo muito mais baixo.

Ela poderia ter sentado, conversado, perguntado. Ao invés disso, deu meia volta até a cozinha, abriu a geladeira sem necessidade, pegou uma garrafinha d’água só para fazer algo com as mãos.

Foi ali, com a porta da geladeira aberta, luz branca iluminando o rosto preocupado no reflexo de aço inox, que a ideia apareceu.

— Sabe o que eu tava pensando? — ela voltou para a sala, fingindo casualidade. — A gente podia aproveitar que vocês dois tão de férias e dar uma escapada pra praia.

Bruno e Patrícia levantaram os olhos ao mesmo tempo.

— Praia? — Patrícia repetiu.

— Ilhabela. — Cristina girou a garrafa nas mãos. — A casa lá tá fechada desde o ano passado. A gente podia descer amanhã cedo, passar uns dias só nós três.

A proposta, dita assim, parecia inocente. Mãe carinhosa querendo aproveitar férias com os filhos. Mas por dentro, ela própria sabia que tinha outra camada. Longe da cidade, longe de olhares, longe de conhecidos. Se algo estivesse “errado” ali, ninguém veria. E, se nada estivesse “errado”, pelo menos ela ficaria de olho nos dois.

— Eu topo — Bruno falou primeiro, rápido demais.

— Eu também — Patrícia disse, encarando o vazio da TV.

— Então tá decidido. — Cristina sorriu, aliviando a tensão. — Arrumem uma malinha leve. A gente sai de madrugada pra evitar trânsito.

Mais tarde, no quarto, trancada, ela sentou na cama e finalmente permitiu que o corpo reagisse. Lembrou da cena abaixo: o top da filha um pouco fora do lugar, o silêncio carregado, o jeito desajeitado demais com que eles tinham se afastado. E, por trás disso, lembranças antigas: o filho dormindo com a ereção marcada na cueca, o marido morto há anos, o corpo dela esquecendo como era ser tocado.

A mão desceu pela barriga, encontrou a calcinha. Estava molhada. Ela fechou os olhos, envergonhada consigo mesma, e ainda assim não parou.

Na madrugada, o Corolla desceu a rodovia quase vazia. Bruno dirigia, concentrado demais para alguém em uma estrada reta. Patrícia, no banco de trás, fingia dormir, mas os olhos abriam de vez em quando, fixando na nuca do irmão. Lembrava do calor da mão dele pela metade do seio, do toque quase nada, que mesmo assim tinha deixado o mamilo duro por longos minutos.

Ela passou a mão discretamente pela barriga, sentindo a calcinha ainda úmida, e se xingou mentalmente.

Na frente, Cristina olhava para a escuridão adiante e pensava que aquela viagem era, ao mesmo tempo, uma tentativa de controle e um convite ao desastre. O documento emocional da própria cabeça já tinha as fases escritas: negar, ver, participar. Ela ainda estava na primeira. Mas sabia o quanto demorava para escorregar para a segunda.[1]

Quando o som da balsa começou a ecoar e o cheiro de maresia invadiu o carro, um relâmpago cortou o céu ao longe. A chuva engrossou. A ilha apareceu do outro lado como um recorte escuro, esperando.

Ao estacionarem diante da casa simples de madeira azul, o ar estava pesado, abafado, estranhamente parado. Nenhum vento. Só o zumbido distante do mar.

Bruno foi direto para o quintal, dizendo que ia montar a barraca ali, perto das árvores.

— Você não vai dormir dentro de casa? — Cristina perguntou.

— Quero ouvir o mar, mãe. — Ele deu de ombros, meio rindo. — E vocês duas roncando em quarto fechado, tô fora.

Patrícia riu, mas havia um fio de nervosismo na risada. Cristina, olhando para o filho de costas, fincando estacas na areia, pensou fugazmente que talvez fosse melhor ele mesmo ficar do lado de fora. Que talvez, assim, as coisas ficassem sob controle.

O primeiro trovão pesado veio horas depois, no meio da noite, estourando tão forte que acordou mãe e filha ao mesmo tempo. E então, tudo que era só pensamento começou a virar ação.

***

CONTINUA…

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