O apartamento no Flamengo era um relicário de tempos áureos, com tetos de quatro metros de altura e um piso de taco que rangia como se o próprio prédio guardasse segredos. A Dra. Irene, aos 68 anos, sentava-se na poltrona de couro marrom com a espinha ereta. Sua pele era branca, marcada por décadas de sol carioca, exibindo marcas de expressão que eram o mapa de sua inteligência. Seus cabelos castanhos eram longos, descendo em ondas até o meio das costas, onde dezenas de fios brancos e prateados serpenteavam com naturalidade. Ela vestia uma blusa branca de tecido fino com decote em "V" e uma saia lápis escura que terminava de forma sóbria sobre os joelhos.
À sua frente, Beto era o contraste vivo: camiseta rubro-negra desbotada, bermuda de tactel florida e tênis de cano alto impecavelmente brancos. Um rapaz comum do subúrbio que descobriu cedo que o riso era a chave para desarmar qualquer autoridade.
— Seguinte, Doutora. Antes da "ciência", as regras. Se ficar demais, a palavra é "Páreo". Entendeu ou quer que eu desenhe no quadro? — ironizou ele.
. Irene assentiu, a garganta seca. Em minutos, Beto a imobilizou: pulsos presos aos braços da poltrona e tornozelos fixados a um banquinho. Ele se ajoelhou e segurou os calcanhares dela com as mãos calejadas.
— Sapato de qualidade, hein? — zombou, deslizando o couro para fora. Ao libertar os pés brancos, notou que a pele estava úmida. O suor de nervosismo brilhava no arco plantar.
Ele começou com uma pena de pavão no pavilhão auditivo, descendo pelo pescoço até as axilas. Ali, ele se demorou, sentindo as dobrinhas suaves da pele dela.
— Trabalho bem feito da depiladora, Doutora. Lisinho — zombou. Irene começou a se acabar de rir, um espasmo incontrolável: — Hmph... mmmph... HAHAHA! Não!
Após o delírio nas axilas, Beto iniciou uma descida lenta pelas costelas, descendo pelas laterais do abdômen até atingir a pele das coxas e panturrilhas, contornando os tornozelos com uma lentidão sádica, até finalmente repousar as mãos sobre os pés suados.
— Agora a aula começa de verdade — sussurrou ele.
. Beto começou de modo infantil, usando as pontas dos dedos: — Cutch, cutch, cutch... tic, tic, tic... — Ele dedilhava o arco do pé como se tocasse um piano frenético, fazendo Irene soltar gargalhadas curtas e agudas: — Hihihi! Pare! Hahaha! — Mas a brincadeira logo deu lugar à técnica. Com os polegares, ele começou a fazer círculos profundos e pesados bem no centro da sola, enquanto os outros dedos "caminhavam" rapidamente pelos vãos de cada dedo do pé.
Irene se debatia, a cabeça jogada para trás, os fios brancos do cabelo colando na testa suada. O riso era uma sinfonia de agonia e prazer: — AHAHAHA! NÃO! BETO! HAHAHA! — Quando ele usava as unhas para riscar de cima a baixo, do calcanhar até as pontas, ela perdia o fôlego, o corpo sofrendo espasmos que faziam as cordas rangerem.
Ele parou para enxugar o suor dela. Nessa pausa, "acidentalmente", roçou o braço nos seios dela, sentindo os mamilos entumescidos. Irene sentiu uma energia ambivalente — algo que a remeteu ao casamento, à vida que achava ter esquecido.
— Respira, Irene — ele sussurrou. — O grande final agora.
Beto passou óleo nas solas dela, deixando-as brilhantes e hipersensíveis. Ele ligou uma escova de dentes elétrica. A vibração mecânica começou no centro da sola, girando em círculos pequenos que faziam Irene gritar instantaneamente. Ele passeava com a cabeça vibratória pelas "almofadas" dos pés e depois descia até os calcanhares, onde a sensibilidade dela parecia explodir.
— AHAHAHAHA! PELO AMOR DE DEUS! HIIIIII-HAHAHA! — Ela ria com todo o pulmão, o som preenchendo o apartamento antigo. Era um riso histérico, descontrolado: — HUUUU-HAHAHA! PÁREO! PÁREO!
Beto parou imediatamente. O silêncio que se seguiu foi quase sagrado. Com uma devoção inesperada, ele soltou as cordas. Irene estava entorpecida, o corpo ainda vibrando involuntariamente. Beto a envolveu nos braços com uma força protetora, enquanto usava uma toalha para enxugar o suor de seu pescoço e rosto. Ele buscou um copo de água gelada — um copo de requeijão com as bordas simples — e o levou aos lábios dela. Irene bebeu devagar, sentindo o choque térmico enquanto o rapaz limpava o óleo de seus pés com cuidado, massageando cada dedo antes de calçar seus sapatos luxuosos.
Já no carro, ao sentar-se, Irene sentiu a umidade encharcando a calcinha. Ela estava excitada como não se sentia em décadas. Antes de dar a partida, ela tentou lembrar: teria sido o toque nas axilas? O roçar nos mamilos? Não. Foi a vibração frenética no centro da sola, misturada à imagem daquele jovem do subúrbio lhe servindo água num copo humilde de requeijão após tê-la levado à loucura. Ali, a Dra. Irene sentiu-se, finalmente, viva.