Os meses seguintes foram um turbilhão de descoberta e segredo. A casa simples do subúrbio, que antes era só um lugar para dormir e comer, virou nosso ninho, nosso mundo particular. Tudo mudou, mas de fora ninguém perceberia: continuávamos a mesma rotina de sempre – eu saindo cedo para o trabalho remoto na startup, ela indo para a escola pública com a bolsa surrada cheia de provas para corrigir. Só que agora, quando a porta se fechava à noite, o ar ficava carregado de algo novo, algo que nos consumia inteiros.
As noites eram nossas, inteiramente. Às vezes nem esperávamos o jantar esfriar. Eu chegava do “escritório” improvisado na mesa da sala, o laptop ainda quente no colo, e encontrava Ana na cozinha, de costas, mexendo algo no fogão com uma camisola fina que mal cobria as coxas. O cheiro de alho frito se misturava ao perfume dela, aquele de lavanda barato que ela usava desde sempre, agora mais intenso porque eu sabia o que vinha depois. Eu me aproximava por trás, abraçava a cintura macia, beijava a nuca suada, e ela já suspirava, largando a colher para virar o rosto e me beijar de verdade – boca aberta, língua faminta, mãos puxando minha camiseta para cima.
Fazíamos amor em todo canto da casa. No sofá puído da sala, onde o tecido áspero arranhava as costas dela enquanto eu a penetrava devagar, olhando nos olhos verdes que brilhavam de lágrimas de prazer. “Mais fundo, filho… me enche toda”, ela pedia baixinho, as unhas cravando nos meus ombros, as pernas abertas me envolvendo como se nunca quisesse soltar. Na cama dela – a cama que rangia alto a cada estocada, anunciando para a casa vazia que ali não havia mais mãe e filho, só homem e mulher. Ela em cima de mim era o que mais me enlouquecia: os seios fartos balançando na minha cara, os quadris rebolando devagar enquanto eu chupava os mamilos duros, sentindo o calor úmido dela me engolir inteiro. “Você é meu, Lucas… só meu”, ela gemia, o cabelo caindo como uma cortina ao nosso redor.
Teve noites mais quentes, quando o verão voltava com força e o ar-condicionado usado que eu comprei com o primeiro salário não dava conta. Saíamos para o quintal pequeno, deitados numa toalha velha no chão de cimento ainda morno do dia. Sob as estrelas, com o barulho distante dos carros na avenida e o cheiro de jasmim do jardim que ela finalmente conseguia manter vivo. Eu lambia cada gota de suor do corpo dela – do pescoço, entre os seios, descendo pela barriga macia até chegar na buceta depilada, inchada de desejo. Ela se abria toda para mim, as coxas tremendo enquanto eu chupava devagar, a língua rodando no clitóris até ela gozar na minha boca, abafando os gritos no braço para não acordar os vizinhos. Depois eu entrava nela ali mesmo, deitado por cima, sentindo a grama úmida nas costas, o corpo dela se contorcendo embaixo do meu até eu gozar dentro, quente, profundo, como se quisesse marcar território para sempre.
Ana me ensinava tudo com uma paciência que só uma mãe tem, misturada a uma paixão que me deixava louco. “Assim, amor… devagar no começo, deixa a mamãe sentir cada centímetro”, ela guiava minha mão ou meu quadril, os olhos semicerrados de prazer. Aprendi a fazer ela gozar de jeitos diferentes: com os dedos enquanto chupava os seios, com a língua enquanto ela se esfregava na minha cara, de quatro no chuveiro com a água caindo nas costas. E ela gozava bonito – o corpo todo tremendo, a buceta apertando forte, um gemido rouco que parecia vir do fundo da alma. Depois, caía nos meus braços, ofegante, beijando meu peito como se eu fosse a coisa mais preciosa do mundo dela.
Consegui o emprego de programador júnior logo depois daquela primeira vez no banheiro. Uma startup de delivery que precisava de alguém para manter o app rodando. Trabalhar em casa ajudava: eu codava o dia inteiro na mesa da sala, de shorts e sem camisa no calor, e ela chegava da escola às quatro, jogava a bolsa no sofá e já vinha me beijar no pescoço por trás da cadeira. “Saudade do meu homem”, sussurrava, as mãos descendo para dentro do meu short enquanto eu tentava fechar o laptop com as mãos trêmulas. O dinheiro entrou devagar, mas foi suficiente para consertos urgentes: pintamos as paredes descascadas, trocamos o chuveiro que só pingava, compramos o ar-condicionado usado no Mercado Livre que zumbia barulhento no quarto dela, aliviando as noites de verão em que o suor colava nossos corpos ainda mais.
A culpa nunca sumiu de vez. Tinha noites, depois do sexo, em que ficávamos deitados de conchinha, eu abraçando ela por trás, o pau ainda meio duro encostado na bunda macia, e um silêncio pesado caía. Ela começava a chorar baixinho, o corpo tremendo contra o meu. “O que a gente tá fazendo, Lucas? Eu sou sua mãe… isso é errado, vai pro inferno a gente”, dizia, a voz embargada. Eu a virava de frente, beijava as lágrimas, segurava o rosto dela com as duas mãos. “Eu sei, mãe… eu sinto a mesma coisa. Mas eu te amo tanto que dói. Não consigo imaginar minha vida sem isso agora. É nosso segredo, só nosso. Ninguém precisa saber.” Prometíamos um ao outro que era eterno, que ninguém nunca descobriria, que o mundo lá fora não entendia o que a gente tinha encontrado. Chorávamos juntos, depois nos beijávamos de novo, e o desejo voltava mais forte, como se a culpa alimentasse o fogo.
Mas o amor venceu, dia após dia. Ana mudou de um jeito lindo. Os fios brancos que ela pintava todo mês sumiram de vez – não sei se parou de pintar ou se o stress realmente acabou. O sorriso dela era mais leve, mais genuíno, mesmo nas manhãs em que acordava cedo para preparar o café. Cantava baixinho na cozinha, músicas antigas de rádio, enquanto fritava ovo. O corpo respondia ao meu com uma fome que me fazia sentir o homem da casa de verdade: ela me procurava à noite, às vezes de madrugada, a mão descendo para me acordar já duro, montando em mim sem falar nada, só gemendo meu nome enquanto rebolava devagar. “Me fode, filho… me faz esquecer tudo”, pedia, os olhos verdes brilhando no escuro.
Hoje, aos 22 anos, eu olho para ela dormindo ao meu lado na cama que agora é nossa. Os cabelos castanhos espalhados no travesseiro, o corpo nu marcado pelas minhas mãos – chupões discretos no pescoço que ela esconde com o cabelo na escola, arranhões leves nas costas que ela ri quando vê no espelho. O lençol cobre só até a cintura, deixando os seios expostos subindo e descendo com a respiração calma. Eu passo a mão devagar pela curva do quadril, sentindo a pele quente, e penso em como a vida nos trouxe até aqui: o pai que nos abandonou nunca soube o que perdeu. Ele saiu porta afora e deixou um vazio que a gente preencheu um com o outro.
Nós nos completamos de um jeito que ninguém lá fora entenderia. Só nós contra o mundo, agora mais unidos do que nunca. A casa velha range menos com os consertos, o jardim de flores que ela tanto lutava para manter finalmente venceu o sol forte – as rosas vermelhas florescem o ano inteiro, como se soubessem do nosso segredo.
E assim, vivemos nosso amor proibido, dia após dia, noite após noite. Felizes, inteiros, só nossos.
