COMO FUI CHANTAGEADA POR 3 ALUNOS DE UMA ESCOLA PÚBLICA PT2 O ACORDO DE PAZ

Um conto erótico de Carvalhinho
Categoria: Heterossexual
Contém 985 palavras
Data: 25/12/2025 11:59:40

Na semana seguinte, os três primeiros dias foram perfeitos. A sala parecia outra: menos barulho, menos risadas fora de hora, alunos mais atentos e até participativos. Consegui avançar no conteúdo, corrigir exercícios sem interrupções e, pela primeira vez desde que cheguei, senti que tinha retomado o controle do 3º B. Ainda assim, algo me incomodava. A ausência deles deixava um silêncio estranho no fundo da sala, como se aquele espaço estivesse apenas em pausa, não resolvido. Eu fingia tranquilidade, seguia minha rotina, mas a frase dita na direção insistia em voltar à minha mente, lembrando que a calmaria podia ser apenas o intervalo antes de algo maior.

No meio daquela semana mais tranquila, seu Paulo me chamou para conversar e, pela primeira vez, falou abertamente sobre a situação dos três. Disse que um deles vivia apenas com a avó, já idosa e cansada de ser chamada à escola; que outro era órfão, passando por casas de parentes e praticamente sem acompanhamento; e que José Victor já tinha histórico fora dos muros da escola, envolvimento com coisas erradas e más companhias, o que sempre dificultava qualquer medida disciplinar mais dura. O diretor suspirou antes de concluir que, apesar de tudo, a escola precisava agir e que haveria uma reunião com os responsáveis dos três assim que a suspensão terminasse. Saí daquela conversa dividida entre a compreensão e a certeza de que contexto explica, mas não justifica — especialmente quando o limite já havia sido ultrapassado.

Na quarta-feira, cheguei à escola usando uma roupa que, mesmo profissional, chamava atenção — vestido na altura do joelho, bem ajustado ao corpo, salto médio e cabelo solto, tudo impecável, do jeito que me fazia sentir segura e no controle. Ao entrar pelo corredor, dei de cara com os três, parados perto da porta do 3º B, silenciosos demais para o padrão deles; os olhares foram rápidos, atentos, mas contidos. Antes que eu dissesse qualquer coisa, fui chamada por seu Paulo para a sala da direção, onde os três também entraram minutos depois. O diretor foi direto: relembrou a suspensão, deixou claro que aquela era a última chance e ouviu, um a um, a promessa de que iriam se comportar, respeitar a aula e evitar qualquer novo problema. Permaneci em silêncio, postura firme, observando — porque mais do que palavras, eu sabia que dali em diante seriam as atitudes que falariam. Nos dias seguintes, eles realmente se comportaram: faziam as tarefas, ajudavam quando eu pedia e mantinham uma postura quase exemplar, mas algo havia mudado — o olhar. Percebi isso com clareza numa tarde em que passei pela quadra e vi os três sem camisa, descansando depois da educação física. José Victor se destacava pelo corpo forte e pela cicatriz no abdômen, marca que explicava o respeito silencioso que ele impunha e o apelido que carregava com orgulho " NEGRO" ; Thales, mais atlético e definido, tinha o apelido por causa do jeito calmo e observador, sempre atento como quem calcula o jogo antes de entrar; e William, conhecido como Albino, pela pele muito clara e o contraste com os outros dois, parecia inquieto mesmo parado. Eles trocaram olhares entre si, sussurraram algo que não consegui ouvir, e então me encararam por tempo demais. Não houve palavra, nem gesto inadequado — apenas uma atenção concentrada que me deixou dividida entre a curiosidade e uma preocupação difícil de ignorar, como se aquela promessa de bom comportamento escondesse algo que ainda não tinha nome. Na semana seguinte, veio a semana de provas e, apesar do comportamento exemplar, os três tiraram notas baixas. Na última aula da sexta-feira, decidi ficar após o sinal para repassar as notas, levei meu notebook e organizei tudo ali mesmo na sala: um deles lia as notas em voz baixa, outro anotava no caderno de controle, e o terceiro lançava os dados no sistema da escola, enquanto eu corrigia outras provas na mesa. O ambiente estava estranhamente silencioso, quase funcional demais. Foi nesse momento que meu celular vibrou sobre a mesa — uma notificação inesperada, daquelas com cara de link suspeito, como vírus. O aparelho tremeu de novo, insistente, e meu estômago deu um leve nó; sem pensar muito, cliquei em “cancelar”, tentando manter o foco, mas com a sensação incômoda de que aquela vibração tinha quebrado algo invisível no ar.

Na sexta-feira, o dia transcorreu de forma surpreendentemente tranquila. Eles apareceram cedo e ajudaram no que foi preciso, cada um do seu jeito: José Victor foi direto e prático, carregando materiais e resolvendo tudo sem muita conversa, sempre atento ao redor; Thales ajudou com organização e conferência, silencioso e eficiente, observando mais do que falando; William, mais inquieto, se mostrou prestativo, perguntando o tempo todo se precisava de algo e tentando agradar. Não houve provocações, nem comentários fora de lugar, apenas uma normalidade quase desconcertante. À tarde, depois do expediente, saí direto para o shopping, depois fui para a academia, deixei o celular de lado e acabei ficando fora de casa a noite toda, tentando aproveitar a sensação de rotina comum — mesmo com aquela impressão persistente de que a calmaria ainda carregava algo não resolvido. Voltei para casa por volta das 21h30, cansada, mas estranhamente despertada; percebi logo que meu marido ainda não tinha chegado. Tomei um banho demorado, me perfumei e escolhi um look leve de ficar em casa — short de tecido macio e uma blusa fina que acompanhava o corpo, simples, confortável, mas impossível de ignorar minhas curvas.

Sentei para esperar, tentando desacelerar o dia, quando a campainha tocou. Ao abrir a porta, dei de cara com os três, parados ali, sérios demais para aquela hora. William, inquieto como sempre, deu um passo à frente e disse:

— Oi, profe… a gente precisa conversar.

Nenhum deles sorriu. Os olhares percorreram meu rosto, minha postura, meu silêncio — atentos demais, intensos demais — e um arrepio percorreu minha pele enquanto eu tentava manter a calma diante daquela presença inesperada. Era como se eles me comessem com os olhos.

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Comentários

Foto de perfil de Samas

Sua história não precisa nem falar nada pois ela por si só já diz tudo , pois é algo do nosso cotidiano. Já seu texto é quase impecável mas você usa muito o - em situações que uma vírgula é o mais correta, pois o correto é usar o - em pausas mais fortes diálogos , organizar o texto e ideias .

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