Meu nome é Malik, persona que adotarei para desnudar as aventuras, prazeres e malícias desfrutadas com minha companheira. Tenho 28 anos de existência que só encontrou seu verdadeiro norte ao cruzar com ela. Sou um homem negro, 1,80m, cabelo curto militar, olhos escuros com barba cerrados — uma geografia que aprendi a usar para arranhar, marcar e percorrer a pele alheia.
Mas a protagonista do meu caos e da minha calmaria é Ayandara. Aos 32 anos, ela carrega a autoridade de uma rainha e a malícia de quem sabe exatamente o poder que tem entre as pernas e no olhar. Negra, 1,70m de curvas que parecem ter sido desenhadas ao som de tambores antigos. Cabelo curto que deixa a nuca exposta — um convite ao perigo — e um olhar firme, profundo, daqueles que te despertam a alma antes mesmo de você pensar em tirar a roupa.
Nosso (re)encontro ancestral aconteceu em 2023. Navegando pelo vazio frio de um aplicativo, os algoritmos serviram de oráculo para o destino. O que começou com um diálogo trivial logo foi atravessado pela corrente elétrica da diáspora: reconhecemos um no outro não apenas um par, mas um território seguro e, ao mesmo tempo, selvagem. Havia um fulgor de curiosidade, uma quentura que subia pelas entrelinhas. Meu coração, antes um compasso monótono, passou a bater no ritmo frenético de um atabaque, ansiando por algo que a tela do celular mal conseguia conter.
A migração para o WhatsApp foi urgente. Naquela noite fria, enquanto a cidade lá fora dormia sob o concreto, meu quarto fervia com a presença digital de Ayandara. Havia, porém, o abismo geográfico: duas horas e vinte minutos de estrada separavam nossos corpos. Uma distância cruel para o tato, mas combustível puro para a imaginação.
O papo, temperado pelo desejo, rapidamente perdeu a inocência. Eu, jovem e sedento, tentei a primeira investida, sugerindo que ela me acompanhasse no banho. A resposta dela veio não com pressa, mas com a precisão de quem sabe onde quer tocar: "Vai lá... Melhor ir sozinho. Se eu entrasse nesse box agora, minha mão boba não ia te deixar em paz."
A recusa dela me deixou ainda mais duro e com tesão. Tentei, então, recuperar o fôlego migrando para o romantismo, elogiando o sorriso dela nas fotos. Mas Ayandara não é mulher de aceitar elogios passivamente; ela os usa como armas.
— Sabe, fiquei aqui pensando... Se esse seu sorriso já me desarmou desse jeito, imagina o resto — digitei, tentando retomar o controle. — Mas agora tô curioso com uma coisa: e o beicinho? Fazendo manha você é bonita assim também?
A resposta dela brilhou na tela, carregada de intenção: — Perigo é pouco. Meu beicinho não é de manha, é de quem sabe o que quer e não tá recebendo. É um aviso.
Aceitei o desafio. Montei o cenário na minha cabeça e digitei para ela: vinho tinto, fundo musical lento, chocolate e uma noite fria. Eu e ela. Mas Ayandara, mestre em desestabilizar, lançou a pergunta que mudaria o tom da noite:
— A gente casa quando?
Meu coração apaixonado disparou. — Opa... O coração quase parou aqui. Fica me iludindo não, moça. Que jajá compro até a aliança.
Eu esperava um emoji tímido. O que recebi foi um corte seco, uma aula sobre o que é amar uma mulher preta e livre.
— Não, Malik. Para com isso — ela digitou, e eu pude sentir a seriedade em sua voz imaginada. — Nunca usei e nunca vou usar. A sensação que eu tinha, nos relacionamentos passados, é que queriam colocar metal no meu dedo pra me prender, pra demarcar território como se eu fosse lote. Meu corpo é meu território, preto. Ninguém planta bandeira aqui. Você está comigo porque eu deixo, porque eu quero sentir seu peso em cima de mim, não porque um anel diz que sou sua.
Li e reli aquelas palavras. Ali ela se revelava. Enquanto eu fantasiava com posse, ela reivindicava soberania. Meu pau ereto por baixo do edredom agora babava de desejo. Fechei os olhos, a respiração pesada. Aquilo significava que eu teria que conquistá-la todos os dias.
Foi quando a mensagem final chegou, selando minha rendição: — Vc sabe que eu tenho um filho né? Viu na descrição?
O fôlego travou. Ela não era apenas uma mulher; era mãe. Tinha a vivência, o corpo que gerou vida, as marcas de quem conhece a dor e o prazer em profundidades que eu apenas sonhava em explorar.
— Sim, vi — respondi, com os dedos trêmulos. — E isso só me faz te admirar mais. Uma mulher que cria, que gesta e que ainda tem essa força para ditar as regras do próprio prazer? Isso não me incomoda, Ayandara. Isso me excita... e me deixa louco pra te ter.
Joguei o celular na cama, encarando o teto. Eu não colocaria uma aliança no dedo dela. Mas eu passaria a língua em cada centímetro daquela pele, provando que a única marca que ela levaria de mim seria o brilho do meu gozo e a memória do que faríamos quando a distância finalmente zerasse.