Na manhã seguinte, acordei cedo. A primeira luz suave do alvorecer entrava pela janela, filtrando-se pelas fendas da cortina, desenhando listras azuladas sobre o lençol amassado. O quarto ainda guardava o cheiro quente do sexo da noite anterior, um misto de suor, pele e o perfume cítrico do óleo de massagem que havíamos usado.
Eu pisquei com a primeira claridade, os cílios pesados, enquanto a consciência voltava devagar, como se emergisse de um sonho erótico. Meu corpo ainda formigava, a memória dos toques de Heitor gravada na pele. Mas não era isso que me mantinha acordado agora. Era a visão à minha frente.
Eu observei Heitor dormir, o rosto bonito, parecendo mármore, desarmado pela luz fraca do amanhecer. Heitor estava só com um calção que vestira antes de dormir, de barriga para cima, um braço estendido ao lado do corpo, o outro abandonadamente jogado para fora da cama.
O peito exposto, a respiração calma, profunda, o peito subindo e descendo em um ritmo lento e hipnótico. Uma correntinha de ouro, fina, quase delicada, brilhando discretamente contra a pele branca, pendurada justamente sobre o coração, como se marcasse o lugar onde eu havia deixado minha própria alma na noite passada. O sol captava o metal, fazendo-o cintilar a cada inspiração. Era uma imagem simples e, ainda assim, poderosa. Era impossível resistir.
Eu fui tomado por uma ternura profunda, quase dolorosa. Me ergui devagar, me apoiando no cotovelo, os olhos fixos naquele detalhe ínfimo que, de repente, parecia conter todo o universo. Eu não queria acordá-lo. Não ainda.
Queria saborear aquele momento em silêncio, como se o mundo lá fora não existisse, como se só houvesse aquele quarto, aquela cama, aquele corpo. Meu próprio pau já começava a inchar sob a minha cueca, traidor, enquanto o desejo crescia como uma onda quente no meu ventre.
Não pensei duas vezes. Eu me inclinei, o hálito quente roçando os lábios entreabertos de Heitor antes de selá-los com um beijo leve, como quem confirma uma escolha. Não foi um toque urgente, mas lento, quase reverente, como se estivesse beijando uma imagem no altar.
Os lábios de Heitor eram macios, levemente úmidos, e eu os saboreei com a ponta da língua, traçando o contorno inferior antes de sugar delicadamente. Um gemido abafado escapou da garganta de Heitor, ainda sonolento. Só se mexeu um pouco, como se o subconsciente já soubesse o que estava acontecendo.
Eu não parei por aí. O que se seguiu foi silencioso, íntimo, carregado de uma cumplicidade nova. Ali, a conexão entre nós se aprofundou de um jeito silencioso, sem promessas, mas cheia de sentido.
Deslizei meu corpo para baixo, arrastando os lábios pela mandíbula áspera de barba por fazer, descendo pelo pescoço de Heitor, onde o pulso batia firme sob a pele branca. Cheguei à clavícula, lambendo o osso proeminente antes de mergulhar a língua na depressão entre os peitorais.
O sabor salgado da pele de Heitor explodiu em minha boca, misturado a algo mais primitivo, mais delicioso. Inalei fundo, o nariz esfregando contra o pelo fino que descia do peito até o umbigo, enquanto minhas mãos exploravam os músculos das costas, as nádegas firmes, como se quisesse memorizar cada curva de Heitor.
As axilas foram o próximo alvo. Eu ergui o braço de Heitor com cuidado, expondo a pele sensível, os pelos escuros, úmidos de um suor residual. Lambi em um movimento longo, de baixo para cima, sentindo o gosto amargo e terroso que só existia naquele lugar. Heitor estremeceu, um som gutural saindo de sua garganta, mas ainda não abriu os olhos.
Eu sorri contra a pele dele, satisfeito. Eu adorava essa reação, a maneira como o corpo de Heitor respondia a mim, mesmo entorpecido de sono, como se fosse programado para se render a mim.
Continuei descendo pelo abdômen magro e esguio de Heitor, os músculos tremendo levemente sob a minha língua. Eu tracei cada saliência, cada linha que levava ao umbigo, onde mergulhei a ponta da língua, girando-a em círculos antes de sugar com força. As mãos de Heitor se fecharam em punhos sobre o lençol, mas ele ainda não esboçava outra reação, parecia estar apreciando aquela sensação. E eu não tinha pressa. Queria provar cada centímetro dele.
Cheguei aos joelhos, beijando as rótulas ossudas, lambendo a pele mais clara atrás deles, onde a dobra era quente e úmida. Depois, as canelas, os tornozelos e, finalmente, os pés. Eu segurei o pé direito de Heitor com ambas as mãos, como se fosse um objeto sagrado, e pressionei os lábios contra a planta, inalando o cheiro forte, masculino.
Lambi a sola, do calcanhar até os dedos, chupando cada um deles com uma devoração que beirava o obsceno. O pé de Heitor se arqueou, os dedos se contraindo e, dessa vez, um nome escapou dos lábios entreabertos:
— Mateus…
Era um sussurro rouco, quase um lamento. Eu ergui a cabeça, encontrando finalmente os olhos de Heitor, azuis, turvos de sono, mas já ardendo com algo muito mais intenso. Não houve necessidade de palavras. O desejo entre nós era uma coisa viva, respirando no mesmo ritmo que nossos peitos.
Eu subi pelo corpo de Heitor novamente, dessa vez com as mãos à frente, deslizando pelas coxas internas, a pele aveludada sob as minhas palmas. Meus dedos roçaram a virilha, onde o pelo era mais grosso, mais escuro, e Heitor arqueou as costas, um gemido baixo saindo de sua garganta quando eu envolvi seu pau já semi-ereto com a mão.
Não o toquei por muito tempo, só o suficiente para sentir o calor, a pulsação crescente sob a pele. Depois, me afastei, me ajoelhando entre as pernas de Heitor, os olhos presos aos dele.
— Você é lindo demais — murmurei, a voz grossa matutina — Tão lindo que dói.
Heitor não respondeu com palavras. Em vez disso, sentou-se devagar, capturando a minha boca em um beijo voraz, a língua invadindo sem cerimônia, como se quisesse provar cada canto dela. Eu gemi contra os lábios de Heitor, as mãos subindo para segurar seu rosto, os dedos enterrados na barba por fazer. Quando nos separamos, eu estava sem fôlego, o pau latejando, úmido na ponta.
— Me fode, Heitor, por favor — pedi, a voz quebrando — Quero sentir você dentro de mim.
Depois do que eu havia confidenciado para Heitor sobre o meu passado com Leandro, não havia mais barreiras entre nós. Eu queria tudo com ele.
Heitor congelou. Não por hesitação, mas como se aquelas palavras tivessem acendido algo nele, algo selvagem. Seus olhos escureceram, as pupilas dilatando enquanto me observava, ajoelhado na cama, súplice, se oferecendo para ele. Não havia vergonha ali. Só necessidade. Só desejo.
— Você tem certeza? — perguntou Heitor, mesmo sabendo a resposta.
Sua mão já deslizava pela minha coxa, os dedos se aproximando do buraquinho apertado entre as nádegas. Eu ri, um som baixo, sujo.
— Se você não me foder agora, eu vou te matar.
Foi tudo que Heitor precisou ouvir.
Ele se moveu rápido, me empurrando para que eu ficasse de quatro, a bunda arredondada no ar, exposta. Eu apoiei os cotovelos na cama, arqueando as costas, me oferecendo ainda mais. Ouvi Heitor cuspir, o som obsceno, úmido, antes de sentir os dedos quentes deslizando entre as minhas nádegas, encontrando a minha entrada.
Não houve preparação demorada. Não dessa vez. Heitor pressionou um dedo contra o meu anel, empurrando para dentro com um movimento firme, e eu mordi o lençol, o corpo tremendo com a invasão repentina.
— Porra — sibilei, as unhas cravando no tecido — Mais...
Heitor não me fez esperar. Adicionou um segundo dedo, esticando, abrindo, enquanto a outra mão segurava a minha cintura com força. Os dedos saíram, e antes que eu pudesse reclamar pela falta, senti algo muito maior, muito melhor, pressionando contra mim.
A cabeça larga do pau de Heitor empurrou contra o meu cuzinho, exigindo entrada. Eu respirei fundo, tentando relaxar ao máximo os músculos, e então, sim. A ponta arredondada deslizou para dentro, me esticando de uma maneira que doía e era perfeita ao mesmo tempo.
— Caralho — Heitor rosnou, as mãos apertando as minhas coxas como se quisesse fundi-las às suas — Você é tão… apertadinho.
Eu não consegui responder. Estava ocupado demais tentando não gozar só com a sensação de estar sendo preenchido daquele jeito, centímetro por centímetro, até que Heitor estivesse inteiro dentro de mim, as bolas quentes pressionando contra as minhas próprias.
Por um momento, ficamos assim, imóveis, respirando pesado, enquanto eu tentava me ajustar à queimação deliciosa, ao peso de Heitor sobre mim, à realidade de que aquilo estava finalmente acontecendo (confesso que era bem mais fácil aguentar Heitor do que Leandro, um brutamontes de 22cm. O pau de Heitor, de 18cm, era menor, mais comprido que grosso, e se encaixava com muito mais facilidade ao meu cuzinho).
Depois, Heitor começou a se mover.
Os primeiros empurrões foram lentos, quase hesitantes, como se ele estivesse saboreando cada segundo. Mas eu não queria delicadeza. Queria ser fodido. Empurrei o quadril para trás, encontrando o ritmo de Heitor, e o som que saiu da minha garganta foi quase animal.
— Isso — gemi, a voz embargada — Assim, porra. Me fode.
Heitor não precisou ser pedido duas vezes.
Seus quadris bateram contra a minha bunda com mais força, o pau deslizando para dentro e para fora em um ritmo que deixava nós dois sem ar. Cada vez que Heitor se enterrava fundo, eu sentia a cabeça do pau dele esfregar contra aquele ponto interno que fazia minhas pernas tremerem.
As mãos de Heitor deslizaram para a frente, agarrando meus peitos, beliscando os mamilos duros entre os dedos, e eu joguei a cabeça para trás, um grito abafado saindo de minha garganta.
— Heitor, eu vou...
Não terminei a frase. Heitor me empurrou para baixo, de modo que eu fiquei deitado de lado, minha posição favorita, uma perna levantada, enquanto Heitor se ajoelhava entre elas, continuando a me foder sem parar.
A posição era mais íntima, mais suja. Eu podia ver o pau de Heitor desaparecendo dentro de mim a cada empurrão, brilhante com a lubrificação natural do seu próprio pau, que jorrava pré-gozo. Uma das mãos de Heitor envolveu meu pau, apertando na base, e foi isso que me levou ao limite.
— Vai, Heitor —ofeguei, as unhas cravando no braço dele — Goza dentro de mim.
Heitor não aguentou mais. Com um último empurrão brutal, ele se enterrou fundo, o corpo rígido, enquanto jatos quentes de esperma me enchiam por dentro. A sensação foi demais. Eu gozei no mesmo instante, meu sêmen jorrando entre os dedos de Heitor, manchando meu próprio peito, minhas coxas, enquanto eu tremia incontrolavelmente, o cuzinho ainda apertando o pau de Heitor como se não quisesse deixá-lo sair.
Por um longo momento, só houve silêncio, interrompido apenas por nossas respirações descompassadas. Depois, Heitor se retirou devagar, e eu senti o esperma escorrendo por minhas coxas, quente e grosso. Não me importei. Me deitei de costas, puxando Heitor para cima de mim, nossos corpos colados, suados, o cheiro de sexo pesado no ar.
Heitor enterrou o rosto no meu pescoço, os lábios roçando minha pele.
— Eu gosto muito de você — murmurou, a voz rouca de exaustão.
Eu sorri, os dedos brincando com a correntinha de ouro no peito dele.
— Eu também. Agora aproveita o restinho da manhã e dorme, seu animal.
Heitor não demorou a fechar os olhos e a dormir novamente, o sono pesado e profundo. Eu o vesti com o calção, o cobri gentilmente com o lençol, liguei o ventilador para afugentar o cheiro de sexo pesado no ar e pulei para a cama de solteiro, caso a minha avó resolvesse nos acordar mais cedo.
Quando voltamos para casa, na segunda-feira de manhã, trazíamos no corpo o cansaço bom e, no olhar, algo diferente: a certeza de que havíamos cruzado uma linha.
Voltamos felizes. Saciados. Ingenuamente confiantes de que aquele equilíbrio poderia durar. Sem saber, ainda, que o jogo estava apenas começando.
Embora eu já soubesse, no fundo sempre soube, que jogos emocionais raramente permitem finais simples. E que, quando se aprende a jogar, também se aprende que toda escolha cobra um preço. E eu ainda teria que pagar o meu.
