Insana - Parte 10 - FINAL

Um conto erótico de Lucas (Por Mark da Nanda)
Categoria: Heterossexual
Contém 5088 palavras
Data: 03/12/2025 18:42:28

Clara suspirou fundo e falou:

- Eu voltei a tomar os remédios e numa dose maior, tudo orientado pela Mari. Ela ainda me disse que eu poderia, até deveria fazer uso de um com bebida alcoólica para potencializar os efeitos e que... - Ela pigarreou: - E que eu deveria forçar você a assistir e entender que aquilo, que o meu mundo de empoderamento, foi isso que ela me disse, poderia ser bom para nós dois.

- Por isso, eu acho que a Clara estava sendo utilizada numa experiência. Uso de medicamento controlado e de efeitos hipnóticos, e indução de uma verdade plantada durante as consultas em seu subconsciente. E só para você entender, Lucas, com essa “verdade” plantada e potencializada pelo medicamento, dificilmente a Clara iria resistir aos seus impulsos. Aliás, vou partir do pressuposto que o seu diagnóstico está errado e vamos trabalhar para descobrir, assim que os efeitos dos medicamentos passarem, se você tem realmente algum transtorno.

- Filha da puta! - Falei, batendo a mão no braço do sofá: - Eu vou atrás daquela biscate agora. Vou arrebentar e...

- Não, não vai. - Caio me interrompeu: - Isso é tudo o que você não pode fazer agora. Se quiserem fazer justiça, vamos ter que trabalhar com muita calma e vocês principalmente vão ter que fingir que tudo continua bem e que vocês estão seguindo à risca o tratamento dela. Tenho conhecidos na polícia civil que poderão nos auxiliar nos demais detalhes.

[CONTINUANDO]

- Como assim? - Perguntei.

- Primeiro, eu preciso saber de vocês o que querem fazer... - Ele fez um suspense, olhando-nos nos olhos: Vocês querem fazer justiça, punindo a Mariana, ou vocês querem simplesmente esquecê-la e seguirem a sua vida em paz? As duas possibilidades são válidas e devem ser avaliadas com muito cuidado.

- Eu queria arrebentar ela... - Resmungou Clara.

- Para que? Para ser presa, no mínimo processada e ficar com uma ficha suja? Vingança não leva a nada, Clara. Pelo menos, não essa que envolve violência.

Aquelas palavras do Caio ficaram martelando na minha cabeça durante o resto da conversa, “Vingança não leva a nada”. Ele tinha razão, claro. Mas ver a Clara ali tão frágil, sentada ao meu lado, tremendo como uma folha, os olhos vermelhos, quase me fazia perder a razão. Tudo o que eu queria era protegê-la e não arrastá-la para uma guerra que podia destruí-la ainda mais. Decidi que ela deveria tomar a decisão, sem pressão, sem indução. Quando ele perguntou se gostaríamos de decidir num outro dia o que queríamos fazer, eu olhei para ela que, mesmo pálida, mesmo com os lábios apertados como se estivesse mastigando vidro, falou:

- Eu só quero que isso acabe. - Disse com uma voz tão baixa que quase não ouvi: - Quero esquecer que essa mulher existiu.

- Então é isso! - Concordei, apertando a mão dela: - Vamos seguir nossa vida, sem denúncia, sem polícia, sem nada, apenas com muita paz.

Caio me olhou por um segundo, mas não estava contrariado:

- Entendo. Às vezes o melhor é mesmo virar a página. Mas se mudarem de ideia, basta me avisarem que eu marcarei com alguns investigadores, amigos meus. E Clara, continue vindo aqui. Vamos seguir com suas sessões, mas agora sem medicação ou indução alguma. Apenas conversa e entendimento dos fatos e porquês. Vamos trabalhar de verdade agora.

Clara sorriu e enxugou uma lágrima:

- O Lucas... ele pode me acompanhar?

Caio sorriu de forma acolhedora:

- Minha cara, Lucas será sempre bem-vindo quando você quiser trazê-lo. Só não quero que você se sinta acanhada com a presença dele, entende?

- Acanhada!? - Clara sorriu mais ainda: - De jeito algum. Acho que ele já sabe de todas as merdas que eu fiz. Não tenho medo algum de ser verdadeira com ele.

Saímos dali com uma sensação estranha de alívio misturado com medo, como se tivéssemos acabado de enterrar um cadáver e estivéssemos num capítulo qualquer de “Walking Dead”, correndo o risco do morto vivo reaparecer.

Os primeiros dias foram bons. Clara estava mais leve, mais presente, se adaptando a nova rotina sem medicação. Fazíamos amor quase todos os dias, às vezes duas vezes, como se quiséssemos apagar com o corpo o que a mente ainda carregava, como se quiséssemos reafirmar que éramos um do outro, apesar de tudo. Ela ria de novo, cozinhava cantando, me mandava mensagens safadas no meio do expediente. Eu quase acreditei que tínhamos superado tudo.

Até que começaram as mensagens.

Primeiro, simples, da Mariana perguntando como Clara estava, falando que ela andava sumida da sessões, querendo saber das novidades em nosso relacionamento. Clara respondia com educação, mas bem curta: “bem”, “vivendo”, “cada vez melhor”. Como Clara não se mostrou interessada em retomar as sessões, Mariana não insistiu, apenas dizendo que estava à disposição dela para o que ela precisasse.

Mas daí piorou.

Uma conta fake no Instagram começou a mandar mensagens para Clara. Apenas uma foto antiga dela, deitada apenas de lingerie num recamier em um quarto neutro, olhos fechados, se tocando por cima do tecido delicado. Uma foto que só a Mariana poderia ter. Na legenda, uma insinuação: “Saudades de você, minha putinha. Volta logo.”

Clara mostrou o celular pra mim tremendo tanto que quase deixou cair:

- Amor, é ela.

- Tem certeza?

- Sim. Bem, não. Tá, quase. Talvez até não seja, mas eu não me lembro direito desse quarto, mas quem mais poderia ser?

Antes que eu dissesse algo, ela mesma contemporizou:

- Talvez não seja dela. Talvez seja de algum... cara que eu tenha... - Ela suspirou, envergonhada.

Bloqueamos.

No dia seguinte, outra conta. E depois outra. E outra. E outra. Fotos dela cada vez mais sensuais, mais nua. Numa, Clara chupando um pau, que não era o meu. Noutra, Clara de quatro, sendo sodomizada. Eu nem sabia que ela havia dado tamanha confiança para Mariana, mas ela mesma parecia confusa, sem se lembrar daqueles momentos. Cheguei a cogitar que fossem criações de IA, mas... eram tão reais.

Mas então ela cometeu um erro. Após o envio de prints de conversas íntimas, ela mandou um áudio com sua voz distorcida:

“Você acha que pode me abandonar assim? Eu te criei, Clara. Eu estava te dando o que você sempre quis. Você não vai me abandonar!”

Por fim, vieram as ligações de números desconhecidos. Clara atendia e ouvia só respiração pesada, às vezes um gemido baixo, rouco, de sexo, talvez tentando acionar algum gatilhos inconsciente de Clara. Às vezes uma voz feminina ao fundo sussurrando:

“Eu sei onde você mora. Sei com quem você dorme. Sei com quem você dormiu. Sei o que você gosta de verdade. Volta para mim...”

Uma noite, chegamos em casa e tinha um envelope embaixo da porta. Dentro, fotos impressas: Clara saindo do banho nua, eu dormindo, nós transando, todas tiradas de longe, com zoom, pela janela de algum quarto. No verso de uma delas, com caneta vermelha:

“Vocês não serão felizes.”

Clara desabou no chão do corredor, chorando como criança. Talvez o fato de agora também me envolver, a estivesse abalando:

- Eu não aguento mais, Lucas. Ela tá me enlouquecendo.

Eu a acalmei, mas liguei pro Caio pouco depois, longe dela, contando tudo. Caio me orientou a conversar com Clara e reavaliar a possibilidade de a denunciarmos.

Foi o que fizemos. No dia seguinte, liguei para ele novamente:

- Mudamos de ideia. Queremos acabar com essa insana.

Três dias depois, estávamos no consultório dele de novo. Caio nos apresentou dois homens que pareciam saídos de filme de ação dos anos 80, típico estilo “Miami Vice”: O primeiro era Anselmo, investigador da civil, uns 45 anos, cabelo preto não muito curto e um bigode ao estilo “Tom Selleck”, e um olhar que parecia saber até em que matéria colei na 5ª série. O segundo... bom, o segundo era Waguinho, um negro de mais de dois metros, músculos que esticavam a camisa de mangas dobradas e 3 botões abertos, exibindo seus peitos malhados e lisos, braços grossos como minhas coxas, mãos que pareciam capazes de esmagar um coco. Não estava brincando, quando ele apertou minha mão, senti os ossos reclamarem:

- Waguinho. - Ele disse, voz tão grave que vibrou no meu peito: - Prazer, irmão.

Clara ficou parada, olhando pra Waguinho como se tivesse levado um tapa com o pau do cara. Eu vi. Vi o jeito que os olhos desceram pelo peito dele, pararam na cintura e se arregalando novamente, para subirem de novo, e uma leve mordida no lábio inferior. Vi tudo.

E senti um troço esquisito no estômago que não era só ciúme.

Eles se sentaram e Anselmo explicou o plano: Clara voltaria pra terapia com a Mariana, fingiria estar desesperada com uma nova crise em seu relacionamento, que precisava dela mais do que nunca. Só que agora iríamos gravar tudo, áudio e vídeo, para provar o exercício ilegal da profissão, além do stalking, ameaça, uso de medicação controlada sem receita, indução hipnótica, enfim, iríamos fodê-la de verde e amarelo, o pacote completo:

- E se ela desconfiar? - Perguntei.

- Não vai. - Disse Anselmo: - Ela é uma louca, narcisista. Conversei com Caio e achamos que o perfil dela não admite a hipótese dela estar errada. Então, não vai desconfiar. Vai achar que venceu.

Clara começou as sessões de novo, mas agora sempre aparelhada para gravar tudo. Voltou também a fingir que tomava os remédios e até mandava vídeos para a Mariana para comprovar, naturalmente tomando placebos que o Caio preparou, idênticos aos originais. Fingia estar cada vez mais suscetível do controle dela. Mandava áudios chorando pra Mariana, dizendo que não aguentava mais, que precisava de ajuda urgente, que estava quase me perdendo, tudo sob orientação do Anselmo.

Mariana mordeu a isca com vontade.

Numa quinta-feira à noite, Clara chegou em casa branca como papel:

- Ela disse que ia te ligar para te convencer a participar de uma... uma “sessão imersiva”. Palavras dela. Diz que é o único jeito de quebrar sua resistência de vez, amor. Que você precisa ver, precisa participar, precisa aceitar que esse é o meu “verdadeiro eu”.

- Quando?

- No sábado da próxima semana, na suíte BDSM do Motel Prazeres. Ela disse que iria cuidar de tudo e inclusive ligar para você. Ela falou que não ia te contar, mas que terá três caras lá nesse dia. “Profissionais experientes”, segundo ela para ajudar a “liberar nossas mentes”.

Eu senti o sangue gelar, mas estava disposto a tudo para ajudar Clara a se livrar de vez daquela maluca:

- E a polícia?

- Não sei. Ainda não falei com eles.

Liguei para o Anselmo que já estava de posse das gravações da última sessão da Clara. Ele disse que seria a nossa chance de acabar com Mariana de uma vez por todas. Ele iria tentar uma autorização judicial para grampear todo o ambiente, com microfones, câmeras, enfim, tudo. Deixariam tudo correr conforme a orientação da Mariana e chegariam lá antes de qualquer coisa acontecer:

- Mas... não há risco, Anselmo? Serão três caras contra mim. - Falei o óbvio.

- Vocês só precisarão fingir até nós chegarmos, Lucas. E não serão três contra um, serão uns 10 ou mais contra os três, que nem sabemos se estão com a Mariana ou se são somente pagos por ela.

Clara me abraçou forte:

- Eu tenho medo, Lucas. Mas... se não fizermos... Não! Nós vamos. Vamos acabar com aquela vadia.

No dia seguinte, Mariana me ligou, simulando estar nervosa, preocupada com Clara. Na ligação, me disse que Clara está quase surtando e que ela temia por sua vida. Fingi preocupação e perguntei como poderia ajudar. Posso ter me enganado, mas tive a impressão de ter ouvido uma risada bem baixa:

- Lucas, eu sei que ela o ama e sei que você a ama também. Somente a visão engessada de seu patriarcado machista o proíbe de viver uma vida plena ao lado da Clara. Quero ajuda-los a superarem esses limites de uma vez por todas, mas para isso preciso de sua ajuda pessoal numa sessão.

- No seu consultório?

- Não. Eu quero simular uma situação real de tensão de forma imersiva para vocês. Assim pretendo derrubar o muro que existe entre você e ela.

- E como seria essa sessão? Aliás, como e onde?

- Eu prefiro comentar os detalhes no local para não assustá-lo, mas preciso que confie em mim. Tudo o que vou fazer é no melhor interesse da Clara. No dela e no seu, é claro.

- É claro.

- Posso contar com você?

- Claro que sim. Faço tudo pela Clara.

- Ótimo! Passarei o endereço nos próximos dias.

Os dias passaram voando apesar da tensão crescente. Eu existia, mas sem viver efetivamente. Além disso, eu e Clara nos reunimos quase todo santo dia com os investigadores para repassar os detalhes do plano e em quase todos os dias o mesmo olhar sorrateiro da Clara para o tal Waguinho.

Enfim, chegou o Sábado.

Chegamos no motel às 21h17. O lugar era um delírio: paredes pretas, luz vermelha, correntes penduradas, palmatórias, algemas, chicotes, uma cama redonda enorme com espelhos no teto, uma cruz de Santo André no canto. Cheiro de incenso e pecado por todo lado.

Mariana estava lá, vestida num jaleco branco, os cabelos presos e seus óculos a postos sobre o nariz. Apenas o salto alto e o batom vermelho sangue destoavam. Sorria como quem ganhou na loteria:

- Finalmente, Lucas. Sabia que você viria.

Na cama, três caras. Vestiam apenas sungas brancas bem justas, marcando a saliência dos volumes que a natureza lhes deu. Três monumentos masculinos, reconheço. Um loiro platinado, tatuado até o pescoço, pau marcando absurdamente na sunga. Outro moreno, cabelo raspado, corpo de crossfit, peitoral parecendo pedra. O terceiro negro, preto na verdade, quase tão grande quanto o Waguinho, dreads longos, olhos vermelhos de quem estava com conjuntivite ou com alguma erva no pulmão.

Sob uma mesinha lateral, cartelas de medicamentos, um conhecido azulzinho, praticamente fazia, bebida aos montes:

- Esses são os terapeutas de hoje. - Disse Mariana, com voz melíflua: - Vão mostrar para você o quanto a Clara precisa disso. O quanto ela é feliz sendo ela.

Clara apertou minha mão. Eu senti o microfone colado no peito, o ponto eletrônico na orelha. Ouvi a voz do Anselmo:

- Aguentem vinte minutos no máximo. Estamos na porta.

Mas vinte minutos para quem está a ponto de ser devorado podem ser uma eternidade.

Mariana se aproximou de Clara, acariciou seu rosto:

- Tomou a medicação que eu mandei, querida?

- Tomei.

Clara hesitou um segundo, mas mentiu maravilhosamente bem. Bem, pelo menos para mim. Entretanto, Mariana a olhou de uma forma como se acreditasse, duvidando:

- Ótimo. Então vamos começar. Lucas, você pode se sentar ali, querido. - Me indicou uma cadeira no canto: - Se quiser tirar suas roupas e aproveitar o show, fique à vontade, até mesmo para participar com eles e ela, ok?

O loiro, que os demais chamaram de Thor, agarrou Clara pelos braços e a puxou com força para si. Ela deu um gritinho que era 1/3 medo, 1/3 teatro eexcitação? Eu reagi sem pensar, dando um passo à frente, segurando no braço dele:

- Tira a mão dela!

Mariana se aproximou, fingindo preocupação:

- Lucas, querido, fique calmo. Tudo faz parte da simulação.

- Violência?

- Não é violência. É só... pegada, entende? A pegada de um macho alfa, viril, diferenciado. É só mais um dos elementos que a Clara gosta.

Eu continuava invocado e não larguei o tal Thor enquanto ele segurava a Clara:

- Querido, quer tomar um remedinho? Apenas para relaxar... - Continuou Mariana.

Aí a emoção me atropelou e cometi um erro:

- Quer me drogar, Mariana!? Quer me dopar como tem feito com a Clara?

Mariana arregalou levemente os olhos, surpresa, mas se recobrou rapidamente. Ela olhou para os outros dois e fez um levíssimo meneio de cabeça. Foi o suficiente.

Eles avançaram sobre mim, imobilizando-me. Um por trás, braço no meu pescoço, o ar quase me faltando enquanto em me debatia, mas quando o outro segurou meus pulsos e disse “Perdeu!”, entendi que resistir não era mais uma opção. Eles me arrastaram até a cadeira de ferro no canto, a mesma que fora oferecida por Mariana instantes antes, e me amarraram com cordas delicadas mas fortes, além de uma algema nos pulsos. Mariana riu:

- Calma, Lucas. É tudo parte da terapia. Você precisa ver e viver essa experiência para entender.

Clara olhava pra mim, olhos arregalados:

- Lucas...

Thor rasgou a blusa dela com um puxão. Os seios saltaram livres. O moreno já voltava na direção deles, seguido pelo negro. Logo, estavam os três ao redor dela, o moreno apertando seus seios com força ao ponto dela gemer de dor, enquanto o negro abaixava sua calça dela também com violência, a calcinha sucumbindo junto:

- Olha só essa bucetinha, galera. - Disse o negro, uma voz grossa e rouca que chegava a arrepiar, enquanto passava um dedo na vagina de Clara: - Ela já tá molhada pra caralho.

Clara se debateu:

- Não! Eu... não tô excitada. Não posso estar. Eu não tomei o remédio... por favor...

Mariana, atenta a tudo, franziu a testa. Foi até ela e agarrou seu queixo:

- Mentiu pra mim, sua safadinha?

Clara cuspiu na cara dela todo o ódio que carregava. Mas Mariana... sorriu. E eu tremi e temi por Clara.

Mariana então tirou do bolso um vidrinho com comprimidos, chacoalhando na frente de Clara como se fosse uma lembrança. Ela então foi até a mesinha de canto e triturou três deles com o cartão de crédito, fez um montinho e colocou sobre a mão:

- Abre a boca.

Clara apertou os lábios. Thor segurou o nariz dela até ela abrir pra respirar. Mariana enfiou o pó e dois dedos goela abaixo de Clara. Tapou sua boca, mas, não satisfeita, a fez cheirar uma boa quantidade daquele pó.

Clara tossiu, engasgou, os olhos brilhando de ódio:

- Isso, amorzinho. Agora tudo vai ficar melhor. Você vai ver. Já, já...

Eu gritei, me debati nas cordas, mas só consegui sentir a dor do metal da algemas nos pulsos:

- Sua filha da puta! Eu vou te matar!

Mariana veio até mim, agachou, rosto a centímetros do meu:

- Posso preparar uma dose para você também, querido, quer? - Mas ela se afastou um pouco e sorriu um sentimento que me deu calafrios: - Quer saber? Não! Você vai ver sua mulher ser comida como nunca foi e vai gostar. Sabe por quê? Porque você é um corno, Lucas, um corninho revoltado, mas um corno. E não há um corno revoltado que não amanse após uma show da sua puta, aliás, da puta dos meus meninos.

Naquele momento, eu só me perguntava: “Cadê a porra da polícia!?”

Aproveitando um momento em que Mariana havia voltado para junto deles, cochichei próximo ao microfone:

- Caralho, onde vocês estão? A Clara vai ser estuprada.

Mas nada de retorno. Só o silêncio.

Clara começou a piscar rapidamente, como se estivesse com a visão embaçada. Seus olhar parecia vidrado em tudo e em nada, a boca entreaberta sem soltar uma única palavra:

- Clara... está me ouvindo? – Perguntou Mariana, a voz suave, quase sibilante.

Clara apenas confirmou com um movimento de cabeça:

- Sabe por que está aqui?

Clara repetiu o movimento o movimento de cabeça e temi que Mariana perguntasse o motivo e ela desse com a língua nos dentes. Mas Anselmo estava certo, seu narcisismo não admitia que ela estivesse errada e ela própria respondeu:

- Sim, querida, você está aqui para mostrar ao seu noivo que é uma putinha sem limites e que ele precisa entender o lugar de corno a que pertence. Você vai fazer isso, querida? Vai mostrar para ele como você gosta de ser devassa? E vai fazê-lo beber a porra dos seus comedores para entender quem é que manda?

Clara novamente confirmou com um movimento de cabeça, olhando perdidamente através da própria Mariana. Esta, aliás, parou por um instante e depois olhando para os homens disse:

- Vamos melhorar as sensações, queridos? Eu tenho aqui um presente que não pensei que iria utilizar hoje com o Lucas, mas que pode vir bem a calhar.

Ela foi então até uma bolsa, próxima a mesinha lateral e depois de alguns segundos procurando algo, sacou um objeto pequeno e brilhante que não reconheci de imediato:

- Preciso da ajuda de vocês, meninos. Thor, traga a Clara, por favor.

Todos vieram na minha direção. Clara parecia uma boneca sem vontade própria, apenas existindo, sem alma, sem vontade.

Mariana mostrou o objeto para Clara e perguntou:

- Sabe o que é isto, querida?

Clara confirmou:

- Ótimo! Peça para seu noivo aceitar esse presente de coração e diga que gostaria muito que ele o usasse, para coroar ainda mais esta noite maravilhosa.

Clara se virou para mim e se abaixou em minha direção. Olhou-me nos olhos, mas não a vi ali, não a minha Clara. Naquele momento, ela era apenas um corpo, não uma mulher:

- Amor, Mari quer lhe dar um presente, para confirmar o seu compromisso de corno manso comigo. Se você aceitar, ficarei tão feliz que...

- Clara, acorda! – Falei, a interrompendo: - Você está sendo induzida. Essa não é você.

Mariana se aproximou, certamente para dizer algo, mas foi Clara que se adiantou:

- Sou eu sim, Lucas, a sua Clara. A sua e a de todo o mundo. Amo você e amo fazer amor contigo, mas também amo dar como uma puta. Essa sou eu.

Ela se abaixou e começou a desamarrar meu tênis. Depois, começou a desabotoar minha calça. Eu me travei na cadeira porque aquela não podia ser ela. Thor a puxou e Diego se abaixou:

- Facilita aí, mané, ou a coisa pode ficar feia, pra você e pra sua putinha.

Olhei na direção de Clara que me olhava sem expressão alguma. Resisti enquanto pude, mas Diego e Malcolm tiraram a minha calça e cueca como quem tira doce de uma criança. Mariana falou:

- Como eu imaginava, você não endureceu. Enfim, vamos agora garantir que você se excite controladamente, afinal, um bom corno não fica de pau duro, apenas assiste e goza na gaiolinha.

Ela então exibiu o objeto metálico, prateado e o reconheci: uma gaiolinha para pênis. Ela se aproximou achando que eu deixaria que colocasse, mas me debati. Foi o bastante para eu tomar um tapa na cara de Diego. Malcolm apertou minha coxa com sua mão:

- Irmão, facilita. A minha mão é ainda maior do que a de Diego.

Não facilitei, mas também não apanhei. Os dois eram muito fortes e sabiam que a violência era desnecessária. Em minutos, eu estava com o pau preso naquele objeto. Em segundos, Mariana trancava o cadeado com uma chavinha e comemorava:

- Maravilha! Agora podemos começar a sessão. Se você se comportar como um bom corno manso enquanto Clara é libertada de sua “persona” mundana e se você a limpar com a língua depois, eu solto você no final para também comê-la um pouquinho, entendeu? Mas sem gozar, ok?

Malcolm jogou Clara de joelhos no chão e puxou o pau para fora da sunga:

- Abre essa boca, vadia.

Clara obedeceu. Pegou o pau dele com as duas mãos sem conseguir envolve-lo, pois era muito grosso, e começou a chupar como louca, indo apenas até a metade, por ser enorme. Lambia, engolia, engasgava, babava. Thor e Diego se aproximaram, jogando as sungas ao chão, e ela passou a alternar: chupava um, punhetava os outros dois, mas gemia para os três, como puta em filme pornô hardcore:

- Isso, engole tudo. Deixa ele bem duro que eu vou arrebentar essa sua buceta de mulher séria. - Dizia Malcolm, segurando o cabelo dela, socando na garganta.

Eu sentia as lágrimas queimando meus olhos. Mas sentia outra coisa também, uma que me causava uma vergonha: uma mórbida excitação que tentava endurecer o meu pau, sem sucesso pela gaiolinha que passou a me machucar. Eu odiava aquilo, odiava tudo, mas meu corpo reagia de forma contrária, o que me levou a perguntar: será que a insana era a Mariana ou éramos nós por negarmos nossos instintos? Eu já não sabia se ela estava tão errada assim.

Parece que Mariana percebeu minha agonia. Riu:

- Olha só, Clara. O Lucas tá adorando. O pauzinho dele está reagindo, mas, como um bom corninho em adestramento, está impedido de ficar excitado. – Então, me encarou: - Relaxa, querido. Em algum tempo, o seu prazer será observar e servir sua putinha. Talvez até a coma, mas o prazer maior será o de assisti-la com outros. Confie em mim.

Clara olhou pra mim, olhos vidrados, boca cheia de pau, e gemeu algo que parecia “desculpa”, ou “é minha culpa”, ou “não se culpa”. Não sei.

Thor a levantou do chão pelos cabelos e a jogou nos ombros, como um saco de batatas. Partiu rumo da cama, jogando-a como um objeto sem sentidos ou sentimentos. Então, abriu suas pernas dela e enterrou o pau todo de uma vez, sem preparo, sem proteção. Clara gritou de dor, ou de prazer, ou de ambos:

- Caralho, que buceta apertada! - Grunhiu Thor.

Os outros dois se aproximaram de sua cabeça, oferecendo os paus. Ela seguia punhetando e lambendo, desajeitadamente, devido as estocadas de Thor.

Após um tempo, não sei quantificar, Diego falou algo e Thor saiu de dentro de Clara. Thor se deitou e eles a colocaram sobre ele. Instintivamente ou não, Clara se deixou penetrar, colocando o pau dele em sua buceta e passou a cavalga-lo.

Mas havia mais.

Diego foi por trás, cuspiu no cu dela e começou a forçar a entrada. Clara se debateu um pouco, mas Malcolm segurou o rosto dela e enfiou o pau em sua boca de novo:

- Relaxa, puta. Vai entrar. Você aguenta.

E entrou. Os dois ao mesmo tempo, aliás, os três: Thor na buceta, Diego no cu, Malcolm na boca. Clara era só gemidos abafados, corpo tremendo, lágrimas escorrendo, mas os quadris já estavam rebolando sozinhos.

Mariana filmava tudo com o celular e um sorriso sarcástico nos lábios:

- Isso, Clara. Mostra pro seu corno a putinha que você é. Mostra como você gosta de fazer.

Eu fechava os olhos, respirava fundo, rezando para tudo não passar de um pesadelo. Mas quando os abria de novo, tudo estava lá e pior, eu já não conseguia parar de olhar. Era hipnótico. Era doentio. Era...

De repente, um estampido fortíssimo e a porta da suíte veio abaixo.

Waguinho entrou como um touro raivoso na arena de rodeio, arma em punho, vários policiais atrás, gritando:

- POLÍCIA! MÃOS NA CABEÇA, VAGABUNDOS!

Tudo aconteceu rápido demais. Malcolm tentou correr, mas levou um soco na cara de algum policial que o fez perder o equilíbrio e bater a cabeça na parede. Apagou na hora. Diego tentou pegar uma faca na mesinha, mas tomou um tiro no ombro. Thor levantou as mãos e só então vi que Clara seguia fodendo o seu pau, hipnotizada, alheia a tudo o que se desenrolava.

Alguns policiais se aproximaram, mas não sabiam o que fazer com ela, ou simplesmente quiseram assistir um pouco daquele espetáculo. Quem estava atrás, via sua linda bunda e um buraco onde antes ficava o seu cu apertadinho. Só quando algemaram uma das mãos do Thor que ela parou, e desabou na cama, nua, tremendo, olhos revirando. Corri pra ela assim que me soltaram e a abracei forte:

- Tá tudo bem, amor. Tá tudo bem. Já acabou.

Mariana ainda tentou correr, mas Waguinho a agarrou pelo cabelo e a jogou no chão com violência demais:

-Mariana Setúbal!? Tu tá presa por exercício ilegal da profissão, falsidade ideológica, tráfico de entorpecentes, estupro por meio de fraude, coação, lesão corporal grave e mais uma porrada de crimes. Tudo o que você disser, pode e será usado contra você no tribunal. Tu tem direito a um advogado também, senão o Estado te paga um.

Mariana gritava, se debatia, dizia ser um mal entendido e que eles estava interrompendo uma importantíssima sessão de terapia comportamental. Waguinho a algemou com uma calma assustadora. Parecia desfrutar daquele momento.

No hospital, um exame de sangue e urina confirmou o óbvio: Clara tinha um nível altíssimo de Rohypnol no sangue, traços de escopolamina (o tal “zombie drug”), sildenafila, até extrato de canabis. Clara dormiu por 48 horas sedada. Quando acordou, chorou três dias seguidos.

Mariana pegou 18 anos em regime fechado, mas foi morta dois meses após ser transferida para a penitenciária estadual. Parece que ela tentou induzir uma chefe do pavilhão a aceitar seus conselhos, mas esta achou melhor introduziu um cabo de rodo em seu rabo até chegar na garganta. Outros dizem que o cabo foi introduzido pela boca até chegar no rabo. Se há exagero ou não, foi o que ouvi dizer.

Os três garotos de programa também foram presos e processados por estupro por vulnerável e associação criminosa. O loiro, Thor, tentou dizer que foi contratado, mas as imagens internas mostravam que eles sabiam que Clara estava dopada e mesmo assim continuaram. Pegou 12 anos cada. Não soube nada mais deles.

Clara parou de tomar qualquer medicação depois de três meses de terapia com o Caio. Nunca mais teve recaída. Às vezes, quando transamos, ela sussurra no meu ouvido:

- Sabe que eu só preciso de você, né, meu corninho?

E eu acredito, não me ofendo e até peço:

- Quer brincar com a gaiolinha e o consolo?

Os olhos dela brilham e brincamos só nós dois a noite toda. Eu com o meu pau preso, ela sendo fodida por mim por vários consolos de cores e tamanhos diferentes.

Certa vez, Waguinho veio nos visitar em casa. Trouxe uma cerveja artesanal e um sorriso que ocupava metade do rosto:

- Como tá a nossa guerreira?

“Nossa!?”, pensei em silêncio enquanto Clara sorria, aquele mesmo sorriso que eu não via há tempos:

- Tô ótima, grandão.

Waguinho nos contou que atrasaram porque Anselmo sofreu um acidente enquanto se dirigia ao motel, batendo na traseira de um caminhão tanque. A explosão o vitimou e tiveram que refazer todo o trajeto por uma via alternativa, atrasando a chegada.

Conversamos muito e rimos muito mais nesse dia. Na despedida, eles se abraçaram. Eu vi o jeito que ela apertou ele e ele a ela, um pouco mais forte do que o necessário, um pouco mais demorado do que precisava. Vi o jeito que ele olhou pra bunda dela quando ela foi abrir a porta. Senti meu pau endurecer de novo e não resisti:

- Vocês já se conhecem, né?

Waguinho confirmou, encabulado, mas Clara foi sincera e disse que ele foi um de seus amantes antigos, quando vivia em crise.

Ele saiu.

Ela saiu atrás, desculpa acompanha-lo até o portão.

Eu fiquei.

"Talvez um dia.", pensei.

Quem sabe.

FIM

[Ou não, quem sabe.]

OS NOMES UTILIZADOS NESTE CONTO SÃO FICTÍCIOS E OS FATOS MENCIONADOS E EVENTUAIS SEMELHANÇAS COM A VIDA REAL SÃO MERA COINCIDÊNCIA.

FICA PROIBIDA A CÓPIA, REPRODUÇÃO E/OU EXIBIÇÃO FORA DO “CASA DOS CONTOS” SEM A EXPRESSA PERMISSÃO DO AUTOR, SOB AS PENAS DA LEI.

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Foto de perfil de Mark da NandaMark da NandaContos: 325Seguidores: 702Seguindo: 29Mensagem Apenas alguém fascinado pela arte literária e apaixonado pela vida, suas possibilidades e surpresas. Liberal ou não, seja bem vindo. Comentários? Tragam! Mas o respeito deverá pautar sempre a conduta de todos, leitores, autores, comentaristas e visitantes. Forte abraço.

Comentários

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Que coisa! O Lucas virou um corninho manso e adestrado mesmo... até o cara que ajudou a salvar a Clara já comeu ela. E pelo visto, vai continuar comendo! Triste fim para o Lucas...

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