Amor Em Família - Prólogo - Capítulo 3: A Irmã

Um conto erótico de Allan Grey
Categoria: Heterossexual
Contém 1023 palavras
Data: 08/12/2025 06:16:39

Capítulo 3: A Irmã

O silêncio constrangedor que se instalou entre mim e minha mãe depois daquela conversa absolutamente surreal só foi quebrado pelo som das pisadas no corredor. Ritmadas. Aceleradas. Aquele tipo de passo que você reconhece até de olhos fechados.

Óbvio que era ela. Manuela. Sempre ela, com sua energia contagiante, sua presença marcante e aquele ar de quem carrega o mundo na ponta dos quadris.

— Bom dia, família! — anunciou, entrando com a autoconfiança de quem sabe exatamente o efeito que provoca.

Eu não consegui evitar que meu olhar descesse, primeiro quase sem querer, depois com uma atenção doentia. Quando ela se aproximou, senti o calor que vinha do corpo dela, o perfume suave de alguma loção doce. Meus olhos subiram pelo contorno do rosto dela: pele morena clara, cabelo liso e castanho escuro solto emoldurando a testa e as maçãs do rosto. A boca cheia, de lábios rosados e úmidos, parecia ter sempre um meio sorriso preguiçoso. Os olhos, castanhos e luminosos, me encaravam com uma mistura de curiosidade e ironia.

Meus olhos percorreram o shortdoll rosa suave que ela usava: a parte de cima tinha alças finas e um decote em V com um pequeno babado na borda e um franzido central que moldava seus seios cheios de maneira quase agressivamente perfeita. Aquele volume parecia pulsar, subir e descer com a respiração dela, quase tocando meu braço quando ela se inclinou. O tecido parecia tão macio que eu podia imaginar a sensação de afundar os dedos ali.

O shortinho curto, justo na cintura e mais solto nas coxas, subia um pouco quando ela se movia, mostrando mais da pele lisa e morena. A curva dos quadris, a linha suave da barriga, o contorno das pernas compridas... Toda a combinação formava um conjunto que parecia feito para instigar pensamentos que eu não deveria ter. Eu senti meu peito apertar, o ar ficar mais pesado, como se cada detalhe dela me empurrasse para um lugar de desejo que eu não conseguia admitir.

A verdade? Não era à toa que eu vivia ouvindo piadinhas dos meus amigos sobre "a irmã gostosa". Tinha muito mais amigo meu querendo comer a Manuela do que amiga dela querendo dar pra mim. Triste realidade.

Ela veio direto pra cima de mim. Sem cerimônia, me puxou pra um abraço, apertando forte. Forte até demais. Aqueles seios esmagando meu peito não ajudaram nem um pouco minha crise existencial.

— Parabéns, irmãozinho. — Apertou mais. — Vinte anos nas costas e... — Bateu duas vezes nas minhas costas. — Carteira de virjão atualizada, plastificada e carimbada.

— Cala a boca, Manuela — rosnei, mais vermelho que um tomate. — Não começa.

Ela se largou na cadeira, jogando uma perna por cima da outra. Puxou uma banana da fruteira. Descascou devagar, daquele jeito que ela sempre fazia só pra provocar qualquer ser humano com mais de dois neurônios e hormônios em dia.

*Não, Miguel. Nem começa com essa linha de pensamento. É sua irmã. Sua. Irmã.*

— Relaxa. É só pra garantir que você não esqueça da sua condição atual. — Ela sorriu, apoiando o cotovelo na mesa, segurando o queixo com a mão. — Te lembrar de que ainda tá pendente, hein.

Arqueei a sobrancelha.

— Pendente o quê?

Ela mordeu o lábio.

— Perder a virgindade, né, seu idiota. Porque, convenhamos, do jeito que você vai, só se for pagando.

— Manuela! — Minha mãe tentou soar repreensiva, mas parecia mais divertida que indignada. — Pega leve com seu irmão.

Puxei o copo, bebendo devagar, tentando fingir que não doía.

— Engraçadíssima, você...

Ela sorriu.

— Você me ama, admite.

— Por algum motivo que só a ciência explica, sim.

Ela revirou os olhos.

— De verdade, Miguel... — Engoliu. — Eu fico chocada. Você é até bonitinho... — Fez um gesto com a mão. — Inteligente, razoavelmente engraçado... Como consegue ser tão incompetente nessa área? É quase... — Fez uma pausa dramática. — Impressionante.

Bufei.

— Sabe que eu tô considerando abrir uma vaquinha online, né? Tipo: *"Ajude um jovem a perder a virgindade. Doe esperança. Doe amor."*

Ela gargalhou. Gargalhou de verdade, jogando a cabeça pra trás.

— Eu AMEI. — Bateu palmas. — Já tenho até nome: *"Operação Desvirjando o Miguel."* Ou melhor... *"Adote um virjão. Faça a diferença."*

Manuela apoiou os braços na mesa, se inclinando um pouco.

— Mas falando sério... — A voz baixou meio tom. — Talvez a gente devesse resolver isso, né?

— Aham. E você vai me ajudar, é isso? — Ironizei.

Ela deu aquele sorriso torto que me dava nos nervos... e em outros lugares também.

— Na verdade... sim. — Pegou o celular, desbloqueou e deslizou as fotos na tela, como quem folheia um cardápio. — Tava pensando... posso te apresentar pra Raquel. Irmã da Rafaela. Gente boa. Solteira. E, mais importante, sem critérios altos.

— Uau. Obrigado pela parte que me toca — disparei.

Ela gargalhou.

— Hm. E se eu disser que talvez eu prefira a Rafaela?

O silêncio que se instalou foi lindo. Deveria ser tombado. Ela ficou me olhando, sem piscar. A banana parou no meio do caminho.

— A Rafaela? — Repetiu, devagar. — *A Rafaela*.

Dei de ombros.

— Ué.

— Tá. — Encostou na cadeira, cruzou os braços. — Então, assim... A Rafaela é tipo... — Olhou pro teto, buscando palavras. — Uma Ferrari. E você... você, irmãozinho... é basicamente aquele Uno 1.0 com escada em cima que faz entrega de gás.

Quase cuspi o café.

— Caralho, Manuela.

— Só sendo realista, irmãozinho. — E piscou. — Agora... se você quiser se iludir de verdade, pode mirar na Rafaela. — Pousou o queixo na mão, fingindo compaixão. — Mas, né... muita areia pro seu caminhãozinho.

— Manuela... — advertiu minha mãe, mais firme, mas com aquele fundo de risada que ela tentava disfarçar.

— Que foi, mãe? Só estou tentando ajudar. — disse, olhando diretamente para minha mãe, piscando de forma maliciosa.

Minha mãe se levantou, fingindo indignação, e foi até a pia.

— Manuela, você não presta...

— Só estou tentando fazer um serviço social aqui, mãe — respondeu, sorrindo largamente. — O garoto tá precisando. Vai explodir de tanto acumular...

Minha mãe pigarreou, quebrando aquele transe esquisito.

— Chega, vocês dois. Manuela, para de provocar seu irmão. — Disse, como quem finge que aquilo tudo não tava acontecendo.

Minha irmã riu, ajeitou o rabo de cavalo e jogou a última:

— Relaxa, irmãozinho... A mana aqui vai te ajudar a sair desse limbo.

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