Sábado é o dia oficial do corno de agenda marcada. Ele passa a semana inteira dizendo que vai ‘curtir o fim de semana com ela’, quando na verdade ele só curte a ilusão dele. Ela se arruma toda, sai dizendo que é ‘rapidinho’, e ele fica pronto no sofá, todo carente, esperando uma bênção que nunca chega.
O pior? Ele sabe. Sabe que sábado não é o dia dele — é o dia em que ela ‘resolve a vida’, volta cansada, feliz e com aquele brilho no olhar que ele nunca conseguiu dar. E ele ainda corre pra abraçar, cheirar o perfume que não é por ele… e acha romântico.
Corno de sábado tem essa coisa: vive de esperança, respira desculpas e engole sorriso que não foi pra ele. Se ela chega tarde, ele diz que ‘tudo bem’. Se ela chega muito tarde, ele ainda pergunta se quer algo pra comer.
E no fim da noite, enquanto ela dorme com a alma leve, ele fica encarando o teto, imaginando que um dia o sábado vai ser dele. Tadinho… nem o domingo é
Sabe o que eu acho mais engraçado em você?
É que eu nem preciso levantar a voz pra te desmontar.
Eu só digo: ‘Hoje é sábado… você sabe que eu não vou estar pra você.’
E você já fica naquele silêncio resignado, tentando fingir que não sente o golpe.
Você me vê pronta, toda iluminada, e ainda pergunta:
‘Precisa de alguma coisa antes de sair?’
Preciso sim.
Preciso que você continue exatamente onde eu deixei:
obediente, quieto, esperando, fingindo que não percebe o que está acontecendo.
E quando eu volto… com aquele sorriso que você nunca conseguiu me dar… você corre até mim, como se tivesse sido escolhido.
Mal sabe que eu nem pensei em você.
É quase fofo como você tenta esconder o incômodo quando eu te provoco.
Quando eu chego perto demais.
Quando eu sussurro que minha noite foi ótima — e você sabe exatamente o motivo.
Você finge força.
Eu vejo fragilidade.
Você finge orgulho.
Eu vejo rendição.
E o que te mata é que eu sei que você faria qualquer coisa só pra não perder esse restinho de atenção que te dou.
Qualquer coisa.
E eu nem preciso mandar…
basta eu olhar.
E você já entende o seu lugar.