O dia começou comum. Nem muito quente, nem muito frio, um daqueles dias cinzas e silenciosos que não prometem nada. A energia da minha casa, porém, decidiu que a monotonia precisava acabar. Um piscar de luzes, um ruído abafado do transformador na rua, e tudo apagou. O silêncio que ficou foi absoluto. Resmunguei, peguei o celular e fiz a ligação.
Menos de quarenta minutos depois, a caminhonete branca parou na calçada. Ele desceu com uma cadência tranquila, vestindo o uniforme azul-marinho que parecia ter sido feito sob medida. O tecido caía certo nos ombros largos. Quando toquei a campainha, fui recebido por um sorriso profissional. “Boa tarde. Problema com a energia?”
Abri o portão e o levei até o quadro de distribuição, no fundo da garagem. O espaço era estreito. Ele passou por mim, seu braço roçando no meu peito, e um cheio limpo, de sabonete e alguma coisa quente como metal, me atingiu. Fiquei parado, observando.
Ele trabalhou em silêncio. Abriu o quadro, testou disjuntores, seus dedos ágeis manuseando fios. De repente, se virou, seus olhos encontrando os meus. “O problema não é aqui dentro. Vou ter que checar a ligação externa, no poste.”
Eu o levei até o quintal. Ele avaliou a situação, prendeu o cinto e escalou o poste com uma habilidade impressionante. Fiquei vendo o esforço controlado do seu corpo. Um estalo seco, e as luzes da cozinha acenderam atrás de mim. Ele desceu.
“Pronto”, ele disse, limpando as mãos. “Era um fio solto.”
“Obrigado”, eu disse. Ele estava a menos de um metro, respirando fundo. O silêncio caiu sobre nós, mas era espesso, carregado.
Foi então que ele fez algo que me tirou o fôlego. Sem quebrar o contato visual, levou a mão à boca e, com os dentes, puxou a ponta da luva, tirando-a lentamente. Depois fez o mesmo com a outra. O ato foi deliberadamente lento. Ele deixou as luvas caírem na mesa de ferro.
“Acontece”, ele murmurou, mas não estava falando da rede elétrica.
Fechei a distância em dois passos e encostei minha boca na dele. Foi um choque. Ele respondeu instantaneamente, suas mãos agora nuas agarrando meu rosto. O beijo foi de fome. Ele me empurrou contra a parede, o corpo dele um bloco sólido e quente. Senti a excitação dele pressionando minha coxa. Ele enterrou o rosto no meu pescoço.
“Dentro”, ele rosnou.
Entramos correndo. Na sala, ele me despiu com impaciência. Eu fiz o mesmo com ele. O uniforme abriu-se, revelando um torso esculpido pelo trabalho. Inclinei-me e lambi um de seus mamilos. Suas mãos desceram até meu jeans, abriram o botão e enfiaram a mão dentro.
Um gemido escapou de mim. “Você também”, exigi, enquanto desabotoava seu cargo. Quando o soltei, era pesado, pulsante na minha mão.
Ele me virou de costas, pressionando meu peito contra o encosto do sofá. “Tem…?”, a pergunta foi sussurrada no meu ouvido.
“Na gaveta. Ali”, ofeguei.
Ele pegou o lubrificante. Sent seus dedos, gelados pelo gel, na minha entrada, preparando-me. Era invasivo, delicioso.
“Agora”, ele disse.
Ele entrou com um empurrão único que arrancou um grito do meu peito. Era uma dor que se transformava em êxtase. Ele começou a se mover: profundo, controlado, depois feroz. Cada estocada me empurrava contra o sofá. Suas mãos agarravam meus quadris com força. Ele se curvou sobre minhas costas, seus dentes prendendo minha pele.
“Vou gozar”, ele gemeu.
“Dentro”, respondi. “Goza.”
Com um rugido, ele enterrou-se até o fim e ficou lá, tremendo. A sensação quente foi o gatilho. Sem nem tocar em mim, meu corpo explodiu em ondas de prazer.
Ele desabou sobre mim. Ficamos assim, só respirando.
Ele saiu de mim, devagar. Quando me virei, ele já estava vestindo a parte de cima do uniforme, mas ainda desabotoado. Seus olhos ainda ardiam.
Foi então que a chave virou. A visão dele ali, vulnerável, marcado por mim, acendeu outra coisa. O desejo não tinha se apagado; só tinha mudado de forma.
Antes que ele pudesse se recompor totalmente, empurrei-o de volta contra a parede, ao lado da porta. Ele olhou surpreso, mas o surpresa logo se transformou em um olhar de compreensão ardente.
“Minha vez”, eu disse, e não era um pedido.
Desci até seus joelhos, abri o cargo que ele mal tinha conseguido fechar e o liberei novamente. Coloquei na boca, sentindo o gosto salgado de nós dois nele. Ele gemeu, os dedos se enterrando no meu cabelo. Não fiquei muito tempo ali. Era só um aviso.
Levantei-me e o virei de costas, contra a parede. “Fica assim”, ordenei no ouvido dele. Ele obedeceu, curvando-se levemente para frente, as mãos espalmadas na parede. Seu uniforme aberto pendia dos ombros.
Peguei o lubrificante do chão e preparei ele, desta vez. Meus dedos encontraram a entrada tensa. Ele prendeu a respiração quando um dedo entrou, depois dois. Ele estava quente por dentro, estreito.
“Você quer?”, perguntei, roçando a cabeça do meu membro nele.
A resposta dele foi um empurrão para trás, um movimento claro e convidativo. Não precisei de mais.
Empurrei para dentro, tomando posse dele de uma vez. Um gemido rouco, quase um choro, saiu da garganta dele. Era um som lindo. Comecei a me mover, estabelecendo um ritmo implacável. Meus quadris batiam contra as nádegas dele, que estavam firmes sob o tecido grosso do cargo. Minhas mãos agarravam seus quadris, depois subiam pelas suas costas suadas, sob o uniforme aberto. Eu o dominava completamente, cada estocada uma afirmação.
Ele se entregou, completamente. Gemidos contidos escapavam dele a cada embate. “Isso… porra, assim…”, ele gemia, a voz abafada contra o braço.
A sensação era incrível, de um poder brutal e íntimo ao mesmo tempo. Ver aquele homem forte, que consertava coisas, se render assim para mim, me deu uma onda de prazer que acelerou tudo. Apertei os quadris dele e cavei mais fundo, mais rápido.
“Vou gozar de novo”, gritei, perdendo o pouco controle que me restava.
“Dentro”, ele implorou, virando a cabeça para o lado, o rosto contraído. “Faz eu sentir.”
Foi a permissão que eu precisava. Com um último empurrão profundo, soltei-me dentro dele, em ondas intensas e cegantes. O tremor do meu corpo fez com que ele também chegasse ao limite novamente, ele próprio atingindo o clímax contra a parede, sem tocar em si mesmo, apenas com a força da minha penetração.
Desabamos os dois no chão da sala, um amontoado de membros, suor e uniforme azul. A respiração ofegante era a única coisa que se ouvia. Dessa vez, a exaustão era total.
Passado um tempo, ele se moveu primeiro. Levantou-se com um esforço visível, puxando o cargo para cima, fechando-o. Vestiu a parte de cima do uniforme e pegou a bolsa de ferramentas. Na porta, parou e olhou para trás. Seu olhar era complexo: cansado, satisfeito, desafiador.
“Se houver outro curto-circuito…”, ele começou, o rosto sério.
“… eu ligo”, completei, sentado no chão, sem forças para me levantar.
Ele acenou com a cabeça, um quase-sorriso tocando seus lábios. A porta se fechou atrás dele. Ouvi o motor da caminhonete.
Fiquei no chão da minha sala vazia, completamente esgotado, cada músculo latejando. A memória do poder, da submissão dele, da troca completa, queimava em mim mais intensamente do que qualquer orgasmo solitário. O técnico tinha vindo consertar a energia. E, no processo, nós dois queimamos todo e qualquer fusível que existia dentro da gente. O dia tinha começado comum. Não era mais. Não seria nunca mais.
