Anos 80/90 preconceito e violência é o que esperam um jovem homossexual que vive no interior, mas eu estava lá com meu namorado, na cama da casa da tia dele, dormimos juntos como marido e mulher, pela primeira vez na vida, me sentia a mulher que nasci para ser…
Engraçado que alguns dias atrás, eu diria que não tinha pira de me vestir de mulher, de me maquiar e etc… Mas… A verdade é que isso sempre foi mentira, eu era criança quando me vestia de menina e quando começaram a falar o que acontecia com meninos que se vestiam de menina eu fiquei com medo, além é claro, o próprio tratamento de outros garotos.
A violência poderia vir a qualquer hora, como minha amiga Van, havia me dito antes de desaparecer, poderia vir em qualquer lugar, mesmo com meu 1,80 forte, apesar dos traços delicados e afeminados, o que eu poderia fazer contra um bando, como eu me defenderia de alguém armado.
Pior que isso, estávamos nas férias, Janeiro de 1990, apenas em Maio, 4 meses depois a OMS, retiraria homossexualidade da lista de doenças mentais, o mudno era muito diferente… E mesmo assim, naquele espaço, aquele santuário, eu acordei deitada com meu namorado nos braços dele, em uma cama de casal no sítio da tia.
Era madrugada ainda, mas os passarinhos já cantavam, eu resolvi levantar para preparar café para ele, eu queria, isso, queria manter a fantasia até a hora do almoço, quando então iria encontrar meu pai e aí sim poderia voltar para o mundo real…
Me arrumei, me montei, coloquei um short de bicicleta, justo, marcando o formato das minhas coxas, marcando minha bunda, com a calcinha ficava entrando no bumbum achei sexy, coloquei a camiseta e me maquiei como no dia anterior, apagando traços mais masculinos, reforçando os femininos.
Pela primeira vez eu olhava no espelho e amava isso, eu era uma linda índia de traços fortes, olhar atento, mas um ar tão feminino, tão delicado, que contrastavam com meu 1,80 e os braços fortes, sorri contente de verdade com o que via. Me levantei e fui preparar o café, toda feliz por ter isso para nós, por ser isso para nós.
Eu estava passando pelo corredor interno, quando escuto um sussurro em um quarto, aquilo me deixa alerta, me deixa firme, atenta, eu olho para a porta do quarto assustada, mas mesmo assim me aproximo, a porta se abre sozinha, eu sinto meu coração batendo como se quisesse explodir, mas entro assim mesmo.
Sussurros chamando meu nome, eu entro no quarto escuro e é um oratório, as vozes vêm de dentro, aqueles oratórios, que parecem um armário com porta dupla, eu abro e é um altar com animais, só animais, uma coisa meio xamânica, eu olho para isso, vejo sangue escorrendo das paredes do altar e desmaio.
“Sua amiga vai ficar bem Fábio, não se preocupe.”, a voz é feminina forte, de uma certa idade, me sento aturdida, percebo que ainda estou montada, mas estou com outra roupa, eu fui trocada, um vestidinho no meio das coxas, possivelmente nela é maior, uma mulher de uns 30 anos no pé da cama, me olha, é a tia dele, olho para o oratório e ele está fechado com cadeado.
“Desculpa, eu não quis abrir.”, “Você nunca abriu, não conseguiria está com cadeado.”, ela me fala, eu olho para ela ainda mais assustada. “Não se preocupe, vai ficar tudo bem, mas acho que você têm que ir para ver seu pai agora.”, eu olho confusa, “Que horas são.”, “Ainda é de manhã Dan.”, o Fábio me diz.
Eu fico toda vermelha, olhando para eles, confusa, com medo, quando ela estende a mão até meu peito e fala baixo e calmamente me acalmando, “Seu segredo está guardado comigo, relaxa, se quiser eu levo vocês dois de carro depois.”, concordo, Fábio sorri e concorda também, “Obrigado tia.”, “Muito obrigada.”, eu falo e nem reparei que foi 100% no feminino.
A tia dele nos preparou comida, eu me vesti como garoto, já que ia ter que ir embora e ela disse que guardaria o segredo estava relaxado, ela sorrio quando me viu, olhou para mim, “Você se disfarça bem.”, eu fico sem jeito, “Eu aprendi a me maquiar recente.”, ela da uma risadinha, “Não… Esse aí é seu disfarce, aquela é a verdadeira você.”, eu fico sem jeito todo vermelho, mas sinto um calor forte no meu peito.
Ela nos levou para a cidade logo após o almoço, de ônibus ou bicicleta era bem longe, mais de uma hora, de carro, em 30 minutos, talvez um pouco mais já estávamos no Farol, ela deixou o Fábio primeiro, deixou ele em casa, depois me perguntou para onde eu ia, eu falei meu endereço precisava pegar as coisas para o trabalho no pesqueiro.
Quando ia descer do carro ela segurou meu pulso. “Se lembre de uma coisa, Dan, se lembre de quem você REALMENTE É e quem você ama..”, ela olha séria para mim nos meus olhos, “Isso é importante, quando vierem atrás de você, você precisa saber com todo o seu ser, quem é.”, eu olho para ela bem confusa.
A verdade é… Eu não sei porquê, o que ela disse fez sentido, fez sentido para mim, eu não entendi, mas guardei o ensinamento, como se ela acabasse de me dizer algo que poderia salvar minha vida, eu não imaginava ,que era exatamente isso que ela estava fazendo.
Eu saio do carro apressado, eu queria conversar e perguntar mais, mas é como se minha mente me disse que chega disso, que eu não deveria perguntar agora e sim me concentrar no que vinha pela frente, como se o que ela me disse fosse importante, mas não agora, só que poderia vir a ser.
Trabalhar naquele dia foi bem difícil minha concentração estava perdida, eu só pensava em algo diferente, algo, eu só pensava em Fábio, como dormimos juntos, a noite que tivemos, eu fui sua mulher como se o mundo aqui fora não existisse, como se fossemos intocáveis, eu ainda não tinha acordado desse sonho, eu queria mais queria meu namorado.
Quando encontramos nossos amigos, eu estava completamente nisso ainda, conversamos sobre o calor que fazia, as meninas estavam visivelmente loucas para dar, pela forma como tocavam seus namorados, mas por trás das piadas, brincadeiras, estava meus olhos sempre encontrando os do Fábio, sempre buscando meu Fábio, talvez no fundo, eu também estivesse louca para dar.
Quando saímos fizemos nosso ritual de sempre nos separando, cada casal indo por seu caminho, era um rio que após os últimos acontecimentos eu tinha certeza que no mínimo o César já não tinha dúvidas, quando chegamos na nossa rua, achamos ela estranha e seguimos até o mar.
Na escuridão do acesso ao mar, logo após as duas onde eu já tinha me entregado para ele da primeira vez, seus beijos me acendendo como uma vela na escuridão, suas mãos e minhas mãos, as trocas de toques arrancando gemidos e suspiros, estremeço por inteira, aperto mais minhas mãos.
Ele me guia e eu me ajoelho, olho para cima para os olhos dele, ele coloca para fora e eu começo a fazer o vai e vem enquanto coloco na boca, sugando chupando, tremendo por inteira, meu corpo todo estremeceu, sentindo sua potência, o quão duro, o quanto pulsa, sugando e brincando com o pau dele.
Aceleramos o movimento e de repente ele goza na minha boca, com um gemido alto, estremeço dos pés à cabeça deixando acontecer, revirando os olhos.
“Olha só achei que o Fábio era gay, mas parece que o único que gosta de pau é o Daniel.”, a gente se assusta, eu me viro olhando para os meninos e sinto o meu peito em queda livre, Vicente e Edson eles tinham visto tudo e agora, estávamos em uma puta de uma encrenca, isso só poderia acabar em tragédia.
Eu vejo Fábio puxando discussão com os dois, que não prestam atenção só estão tentando chamar atenção, eu seguro ele e faço que não com a cabeça, “Vamos embora daqui agora…”, saímos dali as pressas eles ameaçaram vir atrás da gente, mas aí Fábio ameaçou e ir para cima eles ficaram para trás dando risadinha, nossa vida social tinha acabado.
“Eu não sei o que fazer Fábio, eles viram, eles vão fazer um inferno.”, ele olha para mim e segura minha mão, “Vai ficar tudo bem Dani, se eles falarem alguma coisa eu arrebento eles…”, eu sorri… Mas estava assustada, depois que ele me deixa em casa eu fico pensativa.
======== ……FIM……========
Pois é... O mundo começa a ficar estranho, as coisas começam a se fechar, mas a magia finalmente começa, talvez Dani apenas reset tudo, como será ser uma mulher através de magia... Isso algo que eu terei que responder depois, um ponto é: Eu não escrevi ele após a transformação, eu vou esperar vocês, chegarem lá e me disserem se estão curiosos para ver o romance ou não.
Por enquanto essa primeira parte do conto acaba logo após a transformação, ou seja, têm mais dois contos.
