AVISO AOS LEITORES: Este capítulo não tem cenas de sexo. Além de ser um capítulo de transição, há uma razão no capítulo pela qual seria muito forçado o Geraldo conseguir fazer ou presenciar sexo.
Boa tarde, meus (mais) jovens (que eu) leitores. Eu me chamo Geraldo, mas aqui no prédio todo mundo me chama de seu Geraldo. Tenho 62 anos e trabalho como porteiro neste condomínio desde 1988. Ou seja, já vi esse prédio nascer, crescer e mudar com o tempo. Esta série é sobre as amantes que tive nesse condomínio. Também as que eu comi uma vez só quanto as minhas putinhas fixas.
Fisicamente, tenho estatura mediana, corpo um pouco avantajado na barriga (culpa das cervejinhas no fim do expediente), mas ainda dou pro gasto. A pele é morena queimada de sol, os cabelos são grisalhos, já raleando aqui e ali, mas ainda dá pra ver que um dia foram pretos. Os olhos são pequenos, ligeiros, sempre atentos. Mãos calejadas do trabalho e um sorriso fácil quando preciso ser simpático. Mas o que ninguém sabe é que por trás dessa cara de porteiro prestativo, eu sou um verdadeiro colecionador. E minha coleção não é de selos, moedas ou figurinhas, mas das calcinhas das mulheres que comi.
Mas não se engane, tenho minha ética. Nunca revelo os nomes delas para ninguém. O que acontece entre quatro paredes, fica entre quatro paredes. Além disso, nunca roubo nem pego calcinhas usadas sem permissão. Cada peça que entra na minha coleção foi dada de bom grado, como um presente da dona. É isso que faz a coleção ter valor: a lembrança de que cada uma foi conquistada de forma legítima.
O capítulo atual começa no domingo seguinte aos eventos do capítulo passado.
Era domingo de manhãzinha, ainda antes das 7h30. A portaria estava calma. Eu tava sentado na cadeira de sempre, organizando as encomendas que ninguém ainda veio pegar. Foi quando a porta do condomínio abriu e entrou o Jonas.
Ele vinha da padaria, pão francês quentinho ainda soltando vapor. E um belo sorrisão. Daqueles grandes demais praquele horário. Aberto, satisfeito. Sorriso de quem tinha acabado de ganhar na loteria (ou de comer alguém muito bem comido).
— Bom dia, seu Geraldo — disse, animado demais pra um domingo tão cedo.
— Bom dia, seu Jonas. Tá feliz hoje, hein?
Ele deu uma risadinha curta, daquelas que não explicam nada.
— Adoro cheiro de pão fresco — inventou.
O Jonas ajeitou a sacola de pão debaixo do braço r acenou pra mim se despedindo. Vi ele entrar no elevador ainda com aquele sorriso bobo estampado no rosto. Quando a porta fechou, fiquei pensando. Conheço aquele tipo de felicidade e não era coisa de pão quentinho, não.
Voltei pras encomendas, mas não deu nem cinco minutos e a porta abriu de novo. Dessa vez, vieram duas juntas, também com sacolinhas da padaria: Anacleta e Andréia.
A Anacleta usava um vestido simples, mas que no corpo dela virava outra coisa. O tecido era colado o suficiente pra desenhar tudo, mas solto o bastante pra balançar a cada passo, marcando a cintura certinha, descia abraçando os quadris redondos e terminava um palmo acima do joelho, mostrando aquelas coxas fortes, firmes, de quem não pula treino nem reza ajoelhada sem esforço. Os seios, grandes e firmes, ficavam acomodados no decote discreto, mas impossível de ignorar. A pele morena-dourada brilhava com o sol da manhã que entrava pela porta de vidro, e o cabelo longo, castanho-escuro, caía todo jogado pra um lado, deixando o pescoço livre.
A Andréia também usava um vestido simples, estampado, mas curto. A parte de cima segurava os seios com certa dificuldade. A bunda enorme, redonda, alta, preenchia o vestido como se o tecido tivesse desistido de lutar. A cada passo, a raba balançava com uma naturalidade indecente, chamando atenção até de quem não queria olhar. Pernas grossas, coxas que se tocavam, corpo de mulher que come bem, dorme bem e fode melhor ainda.
— Bom dia, seu Geraldo — disse Anacleta, sorridente.
— Bom dia, minhas lindas — respondi, abrindo um sorriso também. — Domingo cedo assim só pode ser pão quente pra animar.
— E animou mesmo — disse Andréia, rindo.
Aproveitei pra pegar as encomendas delas atrás do balcão.
— Chegou coisa pra vocês ontem à noite — falei. — Essa caixa é sua, Anacleta. E essas duas sacolas aqui são suas, Andréia.
— Ai, ainda bem — disse Anacleta, pegando a caixa. — Eu tava doida por isso.
— Compra online é um perigo — comentou Andréia.
A Anacleta respondeu com uma careta divertida, apoiou a caixa no balcão por um segundo e suspirou.
— Falando nisso, estou com um problema sério pra resolver essa semana. Preciso de um contador novo.
— O que aconteceu com o antigo, deu ruim? — perguntei.
— Meu contador foi preso — respondeu ela, com a maior naturalidade do mundo. — A Receita Federal descobriu que ele inflava a renda patrimônio declarando milhas aéreas como patrimônio. Pra ser sincera, não sei se ele foi pra cadeia ou pra alguma instalação psiquiátrica.
Balancei a cabeça, rindo.
— Melhor dar uma olhada nas suas declarações anteriores...
— É para isso mesmo que estou precisando de um urgente.
Apontei com o queixo pra Andréia.
— Se precisa de uma contadora, tá olhando pra uma agora. Das boas. Ela cuida da contabilidade de metade dos moradores do condomínio.
A Andréia ergueu os braços como se estivesse saindo de um bolo surpresa.
— Não espalha não, seu Geraldo — disse, brincando. — O povo acha que eu sou só um rostinho bonito.
Sorri por dentro. Ela era muito mais que um rostinho bonito. Também era uma bela e gigantesca raba.
A Anacleta olhou pra Andréia com interesse.
— Sério? Então a gente precisa conversar essa semana.
— Me chama que a gente vê tudo direitinho.
A Anacleta ajeitou a sacola de pão no braço.
— Vou ter que correr agora. Daqui a pouco, tenho que estar na igreja.
— Domingo é dia do Senhor — disse Andréia, piscando pra mim.
— Amém! — respondeu Anacleta, sem perceber a brincadeira.
Elas se despediram. E eu fiquei ali, observando as duas se afastarem. As bundas rebolando em sincronia, cada uma do seu jeito: a da Anacleta firme, redonda, controlada; a da Andréia farta, solta, indecente. Duas obras-primas se perdendo pelo hall.
Algumas horas se passaram. E estávamos no final daquela manhã. Foi quando vi a Rebecca chegando do culto.
Ela vinha devagar, com aquele andar contido, postura reta demais pra quem está tentando não chamar atenção. Usava um vestido abaixo do joelho, tecido leve, cor pastel que marcava o corpo sem ser vulgar, mas também sem esconder nada. O vestido desenhava os quadris certinhos, a cintura firme, e quando ela andava o tecido acompanhava o balanço discreto da bunda empinada. Os seios pequenos e duros ficavam bem acomodados, sustentados por um sutiã que eu sabia, só de olhar, que era daqueles caros, certinhos, sem exagero. Os braços estavam à mostra, lisos, com uma musculatura suave que denunciava sua rotina na academia. O cabelo castanho-claro vinha preso num coque baixo, mas uns fios tinham escapado e emolduravam o rosto oval. O rosto estava limpo, quase sem maquiagem. Ela carregava a Bíblia junto ao peito como quem segura um escudo.
— Bom dia, seu Geraldo — disse ela, com um sorriso pequeno.
— Bom dia, dona Rebecca. O culto foi bom?
Ela parou perto do balcão, apoiou a Bíblia com cuidado e suspirou antes de responder.
— Foi tranquilo. Pelo menos lá dentro ainda me deixam existir.
— A senhora tá bem?
— Tô. Cansada, mas tô — respondeu. — E um pouco nervosa com a semana que vem.
— Semana que vem?
Ela se animou um pouco, o corpo relaxando quase imperceptivelmente.
— Vou participar de um mesacast. Falar sobre direito trabalhista, o que mudou nos últimos 15 anos. Reforma, pejotização, essas coisas.
Na hora, eu abri um sorriso sem nem perceber.
— Olha só. A dona Rebecca é mesmo famosa. Segundo programa que vai aparecer entrevistada.
— Não é bem famosa, seu Geraldo. Mas é uma entrevista, sim.
— É coisa chique! — falei, sentindo um orgulho bobo. — Eu conheço gente importante então. Advogada que vai dar entrevista.
— Importante nada — respondeu, mas dessa vez o sorriso veio mais sincero. — Só precisam de alguém pra explicar tudo e tirar dúvidas dos ouvintes.
Enquanto ela falava, eu reparava em como o vestido se ajustava quando ela respirava fundo, o peito subindo e descendo de leve. Era uma sensualidade quieta, talvez involuntária.
Foi quando a porta do condomínio se abriu com força. Entraram a Marieta, a Anacleta e mais quatro mulheres, todas com aquelas roupas escuras, saias longas, semblantes fechados. A Marieta vinha na frente, dura como um pedaço de pau velho, olhos acesos de raiva.
— Olha quem tá ali — disparou Marieta, sem nem diminuir o passo. — A divorciada. A adúltera. A vergonha desse prédio.
As outras quatro mulheres acompanharam, em coro, como se fosse ensaiado.
— Mulher sem marido não presta.
— Destruidora de lar.
— Jezebel moderna.
— Vai arder no inferno.
Senti o meu estômago embrulhar. Fazia uma semana que elas acusavam a Rebecca de “adúltera” sem provas. Pra elas, o ciúmes e o destempero do Maurício, bem como a decisão dela de se divorciar, eram provas suficientes da infidelidade da Rebecca. E espalhavam essa mentira mil vezes. Quem não a conhecia, já acreditava.
A Rebecca ficou imóvel. Não baixou a cabeça, não respondeu, não mudou a expressão. Só apertou a Bíblia contra o corpo, os dedos brancos de tensão.
— Deus não se agrada de mulher rebelde — continuou Marieta, cuspindo as palavras. — Divórcio é pecado. Adultério de corpo e espírito. Você tá amaldiçoada, Rebecca. E quem anda contigo também.
A Anacleta vinha logo atrás. Não disse nada. Os olhos dela encontraram os da Rebecca por um segundo só. Eu vi ali pena, culpa, medo. Um pedido de desculpa mudo. Mas ela seguiu andando, calada, como quem escolhe sobreviver. Isso tudo era medo da Marieta, medo de ser expulsa do grupinho, medo de perder a única identidade que deixaram pra ela.
— Isso ainda não acabou! — Marieta gritou já do hall. — Eu ainda vou expulsar você desse prédio, sua pecadora!
Elas se foram, deixando pra trás um silêncio pesado.
— Por que a senhora aguenta isso calada? — perguntei, sem conseguir esconder o meu lado.
A Rebecca respirou fundo.
— Porque gritar de volta não muda nada, seu Geraldo. Enquanto elas só falarem, eu deixo passar.
— Mas isso é injusto demais.
— É. Mas é temporário.
— Mas e quanto à expul—
— O apartamento onde o Maurício tá morando é meu. Tá no meu nome. Sempre fui eu que paguei condomínio, IPTU, tudo. Apenas fui educada de deixar ele ter um teto procura outro lugar pra morar, mas ele vai ter que ir embora em algumas semanas. Elas podem tentar me expulsar, mas não vão conseguir e ainda vou levar elas pro tribunal por difamação. Deixa elas criarem provas contra elas mesmas em público e em frente à câmeras.
— A senhora é forte, dona Rebecca.
— Aprendi a ser. Vou pro apartamento do Jonas e da Cinthia. É lá que tô ficando por enquanto.
Estranho ela sempre dizer pra todo mundo que tá morando lá, como se estivesse tentando nos enrolar.
Fiquei olhando ela entrar no elevador. Pensando que tem gente que se diz de Deus, mas só sabe espalhar medo. E tem gente que apanha em silêncio, mas já venceu.
Não se passou meia-hora de sossego e vi as duas primas entrando juntas na portaria: Sarah e Carolina.
A Sarah usava um short jeans do dia a dia, gasto nas bordas, colado nas coxas e na bundinha, que rebolava sempre. A camiseta era simples, de algodão, clara, mas fina demais pra esconder o que tinha por baixo. O sutiã marcava, os seios pesados puxavam o tecido pra frente, abrindo um decote discreto que, de discreto não tinha nada pra quem já tinha passado a mão ali.
A Carolina passava mais a impressão de mais postura e controle. Calça legging escura, grudada nas pernas torneadas, subindo firme até a cintura. Blusa leve, caída no ombro, deixando aparecer a alça do sutiã e um pedaço do colo que eu conhecia melhor do que devia. Os seios dela eram grandes, fartos, e pareciam ainda maiores naquele tecido solto, pesados, redondos, quase pedindo pra serem notados. O jeito de andar era seguro, olhar firme.
As duas pararam logo na entrada. A Sarah olhou rápido pro hall, a Carolina a conferiu se eu estava sozinho. Confirmada minha solidão, a Sarah virou a plaquinha, e a Carolina trancou a porta.
A Carolina veio primeiro, puxou a cadeira da frente do balcão.
— Senta, seu Geraldo.
— Oxente... — falei, mas sentei.
A Sarah veio por trás e empurrou a cadeira até a parede. Fiquei ali, meio preso, meio obediente, com as duas em pé na minha frente. E eu tentando entender o que tava acontecendo enquanto meus olhos só descia pros decotes das duas primas que já comi.
— A nossa tia Rute vai vir semana que vem — começou Carolina. — Vai passar um mês lá em casa.
— E por isso a gente precisa te pedir um favorzinho — Sarah cruzou os braços, os seios apertando ainda mais pra cima.
— Um favorzinho que você não pode recusar — completou Carolina.
— Senão... — Sarah deixou no ar.
Engoli seco.
— Ô, minhas querida, cês falando assim parece até coisa de filme. Que favor é esse?
Enquanto elas falavam, só olhava como os peitos da Sarah subiam e desciam devagar, e os seios da Carolina pareciam mais firmes, mais presentes.
— Seu Geraldo — disse Carolina, séria —, eu quero que você prometa por tudo que há de mais sagrado.
— Prometa pela sua coleção de calcinhas — completou Sarah.
— Prometa que não vai transparecer, em nenhum momento, pra nossa tia, que você já comeu eu e a Sarah.
A Sarah emendou, sem dó:
— E vai prometer também que não vai comer a tia Rute. Já comeu mulher demais da nossa família.
Abri a boca pra responder, mas só consegui olhar os decotes.
— Eu prometo...
— Nossos olhos são mais em cima — disse Carolina.
Levantei o olhar, meio vermelho.
— Eu prometo — repeti, agora sério. — Prometo mesmo. Por tudo que eu tenho de mais sagrado e pela minha coleção.
E era verdade. Eu teria prometido mesmo se elas tivesse pedido de uma forma mais normal. Após ouvir isso, a Carolina pareceu relaxar um pouco.
— Se você cumprir, eu perdoo tudo — disse Carolina. — A gente volta a ser amigo. Até lá, trégua.
— Se você cumprir, eu te dou uma segunda calcinha — disse Sarah. — Vou usar bastante no dia. Correr, malhar, suar o dia inteiro.
— Eca — reagiu Carolina. Mas a prima mais velha sabia que aquilo era o que me atraía.
— Cês ainda me matam do coração desse jeito — brinquei.
— Se comporta — avisou Carolina.
— Sempre — menti, com dignidade.
Elas destrancaram a porta, se despediram. A portaria voltou a ficar silenciosa. E pensar que aquele foi o último momento de paz da semana...
Quando era perto da 15h, eu e o Zé Maria estávamos arrumando a portaria. Eu tinha acabado de tirar o pó do balcão de granito, enquanto ele organizava a prateleira atrás de mim, alinhando um monte de correspondências que os moradores insistiam em não buscar. Foi quando o seu Alberto entrou na portaria.
Ele entrou com um passo firme demais pra quem sempre foi meio encolhido. Camisa polo por dentro da calça, cinto bem apertado, postura reta. O bigode feio continuava o mesmo. Nas últimas semanas ele vinha assim: mais direto, mais seguro, mais dono do lugar. Aquilo me dava um arrepio estranho.
— Boa tarde, seu Alberto — dissemos, eu endireitando a postura atrás do balcão e o Zé Maria largando a vassoura encostada na parede.
O síndico não respondeu o cumprimento na mesma hora. Caminhou até perto da mesa, olhou ao redor da portaria como se estivesse fazendo uma vistoria silenciosa. Os olhos passaram pelo chão, pelo balcão, pelas pastas.
— Zé Maria, quais foram as atividades que você realizou hoje? — inquiriu, com a voz calma demais.
O Zé Maria engoliu seco. Medo puro de perder o emprego.
— Então, seu Alberto, hoje de manhã eu fiz a limpeza das áreas comuns da Torre A, troquei duas lâmpadas queimadas na garagem, dei uma olhada no vazamento do terceiro andar e ajudei a dona Anacleta com a porta que tava emperrada.
— Demorou quanto tempo nesse vazamento? — cobrou o síndico.
— Uns vinte minutos, no máximo. — Zé Maria coçou a nuca. — Era coisa simples.
Seu Alberto assentiu lentamente.
— Se era simples, poderia ter sido mais rápido e não precisaria me contar. — Sentenciou e depois se virou pra mim. — E você, Geraldo, tudo tranquilo?
Meu coração deu uma batidinha mais forte.
— Tudo sim, seu Alberto. Movimento normal de domingo. Recebi umas encomendas e fiquei de olho nos portões.
Ele fez um som curto com a boca, algo entre um “hum” e um “tá”. Aí puxou uma folha dobrada do bolso da calça e abriu em cima do balcão.
— Eu fiz uma pequena alteração na escala dos porteiros pra semana que vem — ele disse. — Coisa simples.
Olhei a folha. Meu nome estava lá, bem destacado. Plantão noturno de segunda a sexta. Das 18h às 6h da manhã seguinte. Senti um frio subir pela barriga, mas por fora, mantive a cara neutra.
A noite inteira na portaria significava menos contato com os moradores durante o dia e também menos liberdade pra resolver as coisas do jeito que eu sempre resolvi.
— Sim. Plantão noturno pra você — confirmou o síndico. — Analisei que você costuma sair bastante do posto pra consertar encanamento, resolver problemas nos apartamentos, atender chamados diversos. No horário noturno, essas demandas diminuem.
O Zé Maria olhou pra mim de canto de olho.
— É uma solução paliativa — continuou seu Alberto. — Enquanto eu avalio uma proposta de votação pra alteração no regimento. A nova resolução é que todo o tempo que você passar fora da portaria será descontado do salário.
— Mesmo pra ir ao ban...
— De dia, você tinha uma hora de almoço pra isso. Nos plantões noturnos, ninguém vai ver se você usar uma garrafa de sanitário. Mas eu vou ver se você sair...
Aquilo caiu pesado.
— Entendi, seu Alberto — baixei a cabeça, precisava do emprego. — O senhor sabe que eu só tento ajudar os moradores. Nunca foi má vontade.
— Eles que contratem marceneiros, encanadores ou profissionais especializados.
— Entendi, senhor.
Esse homem estava ficando perigoso. Isso não era coisa de regra, mas parecia prazer em controlar. E gente que descobre prazer em mandar costuma ir longe demais. O seu Alberto dobrou a folha, guardou no bolso e, dessa vez, abriu um sorriso mais largo.
— Conto com a colaboração de vocês.
— Bom domingo, seu Alberto — respondemos quase em coro.
O Zé Maria soltou o ar dos pulmões. Eu apoiei as mãos no balcão, olhando para a porta fechada.
A minha primeira noite nos plantões noturnos, segunda-feira, começou até tranquila. Eu estava de boas, sentado na cadeira, quando o Rogério entrou na portaria. Gostava dele, sempre uma mistura de firmeza com educação.
— Boa noite, seu Geraldo.
— Boa noite, meu filho.
Ele parou em frente ao balcão, apoiou os braços e ficou me olhando por uns dois segundos, como se estivesse organizando o que ia dizer.
— O senhor conhece alguns moradores daqui que joguem futebol?
Infelizmente já imaginava a causa da pergunta.
— Isso tem a ver com aquela partida que o Enéias te desafiou lá no campo society novo que inauguram na praça?
Ele deu sorriso constrangido e confirmou com a cabeça.
— Então vou te contar a verdade antes que você se anime à toa. O Enéias passou aqui mais cedo, fez a mesma pergunta e eu já passei pra ele a lista toda de quem eu conhecia.
Deu pra ver a resignação no rosto dele.
— Eu devia ter vindo logo pra cá... — suspirou.
Pelo que conhecia do Enéias, pra ele aquilo não era futebol. Era um palco onde ele poderia vencer o Rogério na frente da Jéssica.
— Mas você tem amigos! Já falou com eles? — perguntei.
— Já. Com todos os caras com que tenho contato no prédio. Só o Érico, o Carlos e o Antônio aceitaram jogar no meu time.
Ele fez uma pausa e continuou, num tom mais baixo:
— Depois que o Jonas soube da partida, ele sumiu do grupo de WhatsApp. Não atende ligação, não responde WhatsApp, não aparece no apartamento. Evaporou.
Segurei o riso. O Jonas me lembrava mesmo o tipo de pessoa que se esconde pra não ficar no time perdedor. E, se ele fez isso, já imaginava a resposta da minha próxima pergunta.
— E os outros?
— O Leandro e o resto preferiram ir pro time do Enéias.
Não era só o caso do pessoal gostar de ficar do lado de quem parece mais forte, mas o Enéias era mais carismático, mais machão. Era o cara que era a alegria do churrasco... enquanto não tivesse dando em cima das esposas dos outros.
Enquanto o Enéias atraía a amizade dos homens, o Rogério era a atraía as das mulheres. Lorena, Rebecca, Sarah, Lisandra... Todas só tinham elogios à amizade dele e como ele era um bom ouvinte, companhia pra qualquer momento e excelente piadista.
— E por que você não fala com amigos do trabalho? Ou com os amigos da Jéssica?
Ele suspirou.
— Acho que vou ter que apelar pra isso... Mas não vai parecer que eu estaria pedindo reforço emprestado?
— Rogério — falei, apoiando o cotovelo no balcão —, me diz uma coisa. Por que você tá tão encucado com isso? É só uma partidinha de futebol. Não precisa ter esse orgulho todo ou se sentir diminuído porque o pessoal preferiu o Enéias.
Ele me olhou de frente agora, sério.
— Normalmente, também penso assim. Só um joguinho amistoso, todo mundo se diverte, todo mundo sai feliz. Mas nesse caso é contra o Enéias. Isso não é um amistoso. Isso é Brasil e Argentina em mata-mata de Copa do Mundo. Eu quero vencer essa partida nem que eu passe o mês que vem inteiro de muletas!
— Cuidado com isso, meu filho — falei, num tom preocupado. — Até eu sei que ele passou dos limites com a Jéssica algumas vezes. Mas também soube que ela parou de falar com ele. E isso ele não vai recuperar com um carrinho na tua canela. Mas talvez ela se magoe por você fazer isso com alguém que já foi punido.
Ele assentiu, pensativo.
— Eu sei. Mas vou baixar a cabeça pra ele.
— E nem deve — respondi. — Só lembrar que competição é coisa do Enéias. Ele vive disso. Você não.
Ele deu um sorriso pequeno, mais sincero agora.
— Obrigado, seu Geraldo. De verdade.
— Boa sorte no jogo. E lembra: perdendo ou ganhando, quem você volta pra casa com Jéssica é você.
Ele riu, daquele riso aberto que combina com ele.
— Boa noite, seu Geraldo.
— Boa noite, meu filho.
O Rogério saiu da portaria e eu fiquei pensando que ele deveria seguir o meu conselho. Com o time que ele montou até agora, iriam ser humilhados na próxima quinta.
Terça à noite. Eu estava alinhando os livros de registro, conferindo as chaves reservas no gancho e passando um pano rápido no balcão quando vi o Jonas atravessar o hall. Ele vinha mancando, desses que a pessoa tenta esconder por orgulho, mas o corpo entrega. Sacolas da farmácia cheias com pomadas, caixas de analgésico, aqueles envelopes fininhos de remédio que a gente só compra quando está com dor de verdade.
— Ô, seu Jonas. Aconteceu alguma coisa?
Ele parou, respirou fundo, como quem avalia se vale a pena explicar. O rosto estava meio contraído, suor fino na testa apesar do ar-condicionado. Ele decidiu mancar até a portaria.
— Seu Geraldo, o senhor já ouviu falar de parkour?
Hein? Parkour pra mim parecia nome de remédio ou de cachorro de raça.
— Park... o quê?
Ele deu um meio sorriso torto, que mais parecia careta de dor.
— Pois é. Eu também não tinha ouvido falar até hoje de tarde.
Ficou nisso. Nem um detalhe a mais. Só aquele sorriso sem graça e o corpo pedindo arrego. Ele acenou com a cabeça, um tchau rápido, e seguiu mancando em direção aos elevadores. Quando as portas fecharam, eu fiquei imaginando o que diabos era parkour e em que tipo de ideia um homem da idade dele se metia pra sair assim, parecendo que tinha perdido as costelas, os joelhas e parte da coluna.
Voltei pro balcão. Pouco depois, o Lucério apareceu. Ele cumprimentou do jeito dele: seco, automático, como quem cumpre tabela.
Ele ficou parado um instante, olhando em volta, como se estudasse a portaria. Prestou atenção nas câmeras e no novo circuito de monitoramento.
— Movimento tranquilo hoje — comentou, sem realmente querer saber.
— Jajá, começam a chegar pessoas da praça, da academia, do shopping...
Ele assentiu, mexeu no celular, guardou de novo. Aquele jeito de quem está sempre atrás de alguma informação, mesmo quando finge que não.
— Seu Geraldo, o senhor conhece duas moradoras daqui chamadas Carolina e Lorena? São da Torre-A.
— Sim, conheço.
Por dentro, pensei em muita coisa que não disse. Pensei no sorriso fácil da Carolina quando passa, no jeito educado de sempre, nos seios nus dela com mamilos bem grandes, naquele cuzinho virgem. Pensei na Lorena, na energia dela quando passou, nas pernas dela naquele legging coladinho. Mas isso não ia dizer.
O Lucério inclinou a cabeça e me pegou de surpresa com a pergunta seguinte.
— O que o senhor daria pra elas de presente de aniversário?
Eu estranhei na hora. Até parei de organizar os papéis.
— Presente?
— Sim. — Ele fez um gesto vago com a mão. — Algo personalizado, mas socialmente adequado. Barato. E que não queira dizer nada. No máximo: “reconheço sua existência”. Tal como é a relação do senhor com elas.
Como um presente pode ser personalizado e, ao mesmo tempo, passar a mensagem de que é irrelevante e desimportante?
— Olha... — ponderei, pensativo. — A Carolina é uma moça muito inteligente. Gosta de livro, dessas coisas. Talvez um livro. Um livro desses de gente inteligente.
O Lucério se interessou. Quase um sorriso, mas sem calor nenhum.
— Um livro. Seguro. Não compromete.
Ele fez uma anotação mental, dava pra ver. Depois voltou ao assunto.
— E a Lorena?
— A Lorena, não conheço tão bem — admiti. — Sei mais do que passa pelas caixas de encomenda. Mas quem conhece mesmo é a Lisandra. Ela trabalha lá, pode informar melhor.
— Lisandra... — repetiu, guardando o nome num arquivo mental interno. — Certo.
— Obrigado, seu Geraldo — disse da maneira mais formal e impessoal que só ele consegue.
— Imagina.
Quando já estava quase saindo, ele parou e virou de novo.
— O senhor está bem?
— Como assim?
— Parece... — Ele fez uma pausa. — Um tanto quanto mais triste hoje.
— Tudo normal comigo.
Ele não insistiu. Apenas saiu, passos medidos.
Por volta das 20h, precisei me arriscar em sair da portaria. Mas deixei o Astolfo lá, sentado na cadeira atrás do balcão, fingindo atenção total no monitor das câmeras.
— Se alguém perguntar, eu fui ao banheiro — disse baixinho, pegando o rádio.
— Vai rápido — respondeu ele. — Parece que o síndico saiu.
Aquilo bastou pra me deixar mais tenso. Desci pro estacionamento com cuidado, andando encostado nas paredes, usando as sombras entre os carros. Parei num canto mais escondido, perto das vagas do fundo, onde a luz falhava um pouco. Ali, a Odete já estava me esperando.
Ela vestia uma blusa leve, decotada do jeito certo, e uma calça que marcava bem o corpo. Odete nunca tentava parecer mais nova do que era. Ela simplesmente era segura demais pra precisar disso.
— Você demorou — disse Odete, sem cobrança, mas com aquele sorriso de canto.
— Tive que descer com cuidado. Depois que mudaram minha escala, qualquer passo fora da linha virou risco.
Ela me olhou com atenção, percebeu na hora que eu estava mais nervoso.
— E então? — ela perguntou. — Por que essa cara?
— Não sei como vou conseguir mais te visitar — suspirei. — Nem você, nem a dona Lourdes, nem a dona Cida, nem a Andréia.
Ela ouvia atenta.
— O síndico me jogou só pra noite. Disse que era pra eu não sair da portaria. Na prática, eu tô preso lá.
A Odete parecia mais curiosa do que chateada.
— Preso você nunca esteve, Geraldo — respondeu ela. — Só tão tentando te apertar.
— Mesmo vi aqui é me arriscar. O Astolfo tá me cobrindo lá em cima. Se o seu Alberto aparecer...
Ela deu de ombros.
— A gente dá um jeito — disse, com aquela tranquilidade perigosa que só a Odete tinha. — A gente sempre deu um jeito. Síndicos vêm e vão. Você e o Astolfo são a verdadeira constante daqui.
Eu sorri, sem muita convicção. Ficamos em silêncio por alguns segundos, foi quando vi, de longe, o Carlos e a Eliana saindo do elevador.
Os dois estavam arrumados demais pra uma terça-feira comum. O Carlos vestia uma camisa social clara, bem passada, por dentro da calça escura. O cinto combinava com o sapato, o cabelo estava ajeitado com mais cuidado do que de costume. Até o jeito de andar dele parecia mais confiante, mais leve.
A Eliana estava elegante num nível que chamava atenção mesmo à distância. Vestido ajustado ao corpo, tecido fino, daqueles que caem certinho e brilham pouco sob a luz do estacionamento. O salto era discreto, mas deixava a postura dela ainda mais bonita. O cabelo solto, bem tratado, e uma bolsa pequena, chique, pendurada no braço.
Pareciam estar indo pra uma festa importante. Ou pra um encontro com a pessoa amada.
Acompanhei os dois com o olhar. Eles caminharam lado a lado, próximos demais pra ser coincidência, até o carro da Eliana. Ela entrou sorrindo. Ele deu a volta, sentou no banco do motorista.
Fiquei ali, olhando o carro sair sem entender o que tinha acontecido. Odiava quando o quebra-cabeça vinha faltando peças.
— Geraldo — chamou Odete.
— Hã?
Ela se aproximou um pouco mais, ficou entre mim e a direção por onde o carro tinha ido.
— Você tava longe agora — disse ela, tocando de leve no meu braço, como que tentando atrair minha atenção. — Tá tudo bem?
Olhei pra ela.
— Tô — respondi. — Só pensando na vida.
— Então pensa em mim agora — ela disse. — O resto a gente deixa pra amanhã.
— Eu não posso demorar — avisei e me despedi na pressa.
Na portaria, saudei o Astolfo quando nos vimos e ele me disse que nada aconteceu naqueles dez minutos. Ufa.
Mais algumas horas se passaram e a madrugada estava começando. Era 0h10. Eu tava sentado atrás do balcão, olhando mais por hábito do que por interesse as câmeras e a rua vazia lá fora. Foi quando um carro familiar encostou devagar em frente à entrada.
Do banco do passageiro, desceu a Sarah.
Ela estava elegante como quem tinha acabado de sair de um lugar importante. Vestido claro, tecido leve, desses que acompanham o corpo sem esforço. O salto médio dava um ritmo bonito ao andar. O cabelo, normalmente arrumadinho, descabelados como lembrança de uma noite longa e animada.
Ela se inclinou pra dentro do carro, falou algo, riu de alguma coisa que o motorista falou e se despediu com um beijo no ar.
Depois disso, a Sarah entrou pelo portão do condomínio saltitando. Sim, saltitando.
Passou pelo hall quase dançando, cantarolando baixinho uma melodia qualquer, um sorriso largo demais pra caber no rosto. Era alegria sem esforço, felicidade que transborda sem pedir licença.
Até que ela me viu.
Na mesma hora, o corpo dela travou. A dança virou passos comuns. O sorriso virou aquele sorriso social, ajeitado, consciente. Ela parou, respirou fundo, e desviou o caminho direto pra portaria.
— Boa noite, seu Geraldo — disse, com voz calma demais pra quem estava pulando de alegria dois segundos antes. Arrumava o cabelo com a mão, como se só agora tivesse percebido os fios soltos.
— Boa noite, Sarah — respondi, do jeito mais neutro que pude.
— Eu... saí com umas amigas da época da faculdade — explicou como quem prestava contas — Elas estavam passando pela cidade e a gente saiu pra jantar, colocar a conversa em dia... essas coisas.
— É sempre bom reencontrar gente antiga.
— Sim. Estava morrendo de saudade delas. E acabei de voltar de Uber porque, sabe como é, “se beber, não dirija”.
— Está mais que certa!
Ela sorriu, aliviada, e se despediu de mim. Estava mesmo tarde pra quem tinha que estar no trabalho antes da 9h da manhã seguinte.
Ela saiu e caminhou em direção aos elevadores. Deu quatro passos. Quando achou que eu não tava mais olhando, voltou a saltitar. O mesmo cantarolar, dando uma voltinha leve no próprio eixo, cantarolando mais alto, comemorando sozinha. O corpo leve, quase dançando de felicidade.
Apertou o botão do elevador com um sorriso bobo e entrou ainda dançando. Eu fiquei olhando até a porta fechar.
Só então reparei que o carro já tinha ido embora. E aí a ficha caiu e lembrei de onde conhecia aquele carro.
Era o carro do Miguel. O “irmão mais velho” da Lisandra, como ela sempre chamava, mesmo sem laço de sangue. Médico, rapaz bonito, sorriso torto, jeito de malandro que mais encantava do que enganava.
— Que diabo um médico tá fazendo de Uber a essa hora? — murmurei pra mim mesmo
A não ser que... Há!
Esse prédio nunca decepcionava.
Eu jurava que o próximo a mamar os peitões da Sarah seria o Zé Maria. Quem diria que seria o famoso Migué da Lisandra...
Na quarta-feira, eu tinha chegado uma meia-horinha antes de bater o ponto. Deu tempo de arrumar umas coisas naquele final e quando era 17h45, liberei o porteiro anterior e já assumi o plantão. Deu nem um minuto depois, a Lisandra apareceu na portaria.
A loirona (mais de 1,76m!) estava de top e legging pretos de corrida, dessas que não escondem nada e ainda fazem questão de mostrar mais. A legging colada desenhava cada curva daquelas pernas grossas, firmes, de quem vive se mexendo. A bunda empinada, pesada, rebolava ao ritmo dos passos dela. O top segurava os seios pequenos mas firmes dela. A barriga lisinha, cintura marcada, aquela mulher era um monumento!
A Lisandra apoiou um pé no banco da portaria e começou a se alongar. Dobrou o corpo pra frente, esticando as costas, e eu fiquei ali, fingindo que organizava uns papéis enquanto meus olhos iam e voltavam pra ela.
— Boa noite, seu Geraldo — disse, sorrindo daquele jeito aberto, enquanto puxava o pé pra trás, alongando a coxa.
— Boa tarde, querida. Tá animada hoje — respondi, já sabendo que vinha história. — Como foi de prova na segunda?
Ela riu e mudou de posição, abrindo mais as pernas, descendo devagar num alongamento que fazia a legging esticar ainda mais.
— Fui muito bem. Melhor do que eu esperava.
— Tá vendo? Eu falei. Quem estuda, colhe.
Ela assentiu e continuou se mexendo, agora girando o tronco, os peitos marcando o ritmo.
— E na terça, fiz o que o senhor recomendou. Fui lá na empresa do Rogério na hora do almoço, falar com o Vinícius.
— E aí? Deu tudo certo?
Ela parou um segundo, fez um alongamento mais lento, como se escolhesse as palavras.
— Eu vi coisas — respondeu ela, com um meio sorriso. — Coisas que não podem ser desvistas.
— Vish... — murmurei.
— Mas deu tudo certo — completou. — Eu e o Vinícius vamos ao cinema na sexta. E amanhã ele vem pra partida de futebol do Rogério contra o time do Enéias.
— Óia só — falei. — Então, rendeu.
Ela voltou a se mexer, agora esticando os braços acima da cabeça, o top subindo um pouquinho mais do que devia.
— Só que o Rogério ainda não fechou os 11 jogadores — comentou. — O Miguel ia, mas tem plantão amanhã.
— Ele sabe que o Enéias chamou o Amarildo e o Gilmar da Torre-B?
Ela olhou pra mim como se eu tivesse dito nomes que não existiam cinco segundos antes.
— Os dois são ex-jogadores profissionais. O Amarildo nos anos 2000 era famoso. Chegou a jogar a Série B por um time do interior paulista. Zagueiro carniceiro. Sempre escolhia a canela em vez da bola. E, pra ele, pescoço pra baixo é canela.
Ela arregalou os olhos e soltou uma risada nervosa.
— Misericórdia, seu Geraldo! Como o Rogério vai sair inteiro dessa?
— Eu acho que sair inteiro é mais importante que perder de pouco nessa altura...
Ela fez uma careta, daquele jeito meio dramático, meio engraçado, bem Lisandra.
Foi quando o elevador abriu e a portaria mudou de energia. Saíram de lá Jonas, Lorena e Carolina, já vestidos pra corrida.
A Lorena usava top justo, com legging colada. A bundinha dela era mais firme, empinada, redondinha, se mexendo com confiança. Coxas grossas, cintura fina, barriga chapada. O top marcava uns peitos médios, durinhos, e ela andava com um rebolado natural.
A Carolina tinha um corpo diferente, um pouco mais cheio. A legging segurava uma bundinha que também era pequena, mas suculenta. As coxas torneadas acompanhavam os quadris. Mas no tórax que vinha a verdadeira comissão de frente. O top apertava aquele par de peitões peitos generosos, que pareciam querer escapar.
Por fim, vinha o Jonas por último, meio deslocado, já suando antes mesmo de correr.
— Boa noite, seu Geraldo — disse Lorena, animada.
A Lisandra apontou pra Lorena.
— Ela me convidou pra dar uma corridinha noturna na praça. Diz que lá é seguro, ventilado e refrescante.
O Jonas fez um barulho estranho, algo entre um suspiro e um gemido.
— Ele não parece convencido — comentei.
A Carolina riu.
— O Jonas tem ajudado muito eu e a Lorena nas últimas semanas. Aniversário, clube do livro, sugestões de bons filmes e peças... Então, a gente resolveu retribuir. Ajudar ele a deixar de ser sedentário, perder a barriguinha de chope, antes que fique como... como...
— Como a minha barrigona — sugeri, rindo. Mas ela tava certa. Já era tarde demais pra mim. O Carlos estava no limiar do caminho sem volta e está melhorando uma semana de cada vez. Mas deve levar ainda um tempo pra ficar 100% bem. O Jonas não é gordo, mas é barrigudinho, sedentário e acima do peso. Ele pode se salvar.
A Lorena cruzou os braços, apertando ainda mais o top.
— E ele nos prometeu — enfatizou como uma sentença. — Disse que topava tudo que a gente sugerisse durante a semana.
O Jonas forçou um sorriso, olhando pra mim e pra Lisandra.
— Tô animado, sim — disse, claramente mentindo.
— Anima mais — provocou Carolina. — Vão ser só algumas voltas.
— E promete pelo menos se esforçar — completou Lorena. — Quero que você prometa que vai dar o seu melhor pra correr no nosso ritmo sem desistir enquanto sobrar forças.
Bem dramática a Lorena. O Jonas respirou fundo, com sofrimento estampado no rosto, mas sorrindo.
— Prometo.
— Então bora — disse Lorena, puxando a Lisandra.
Os quatro saíram do prédio, rindo e conversando. Fiquei ali, vendo as três bundas se afastando na noite: a da Lorena, firme e empinada; a da Carolina, pequena, justa e balançando gostoso; e a da Lisandra, aquela raba grande e linda, rebolando dentro da legging e chamando toda a atenção. Conhecendo a Lisandra, na próxima, ela vai amarrar uma camisa na cintura pra esconder a raba.
Era perto das 19h30 quando vi a Rebecca parada no hall. Não estava andando, nem mexendo no celular. Estava ali, ereta, bonita demais pra só estar esperando o elevador. Vestido bem cortado, marcando o corpo sem ser vulgar, cabelo arrumado com um cuidado que eu reconhecia de longe. Aquilo não era roupa de reunião de igreja nem de mercado. Aquilo era roupa de sair.
Levantei a mão e acenei. Ela sorriu quando me viu.
— Boa noite, seu Geraldo.
Ela veio até a portaria e me deu um abraço. Um abraço demorado demais pra ser só educação. O peito dela encostou em mim, macio, quente, e o cheiro do perfume subiu direto. Não era perfume barato nem exagerado. Era daqueles que ficam na memória. Segurei firme, do jeito respeitoso que o uniforme exige, mas por dentro o pensamento foi outro. Pensei no quanto aquele corpo devia se abrir bonito se eu apertasse mais.
— Boa noite, dona Rebecca.
Ela riu, daquele jeito contido, mas sincero.
— Vou jantar com a Sarah. Numa cafeteria noutro bairro — fez uma pausa, franzindo a testa. — A gente sente que está devendo um jantar uma pra outra. Mas eu não faço ideia do porquê.
— Essas dívidas invisíveis são as mais pesadas — brinquei. — a gente paga e nem entende o motivo.
O elevador apitou e abriu. A Sarah saiu, tão bem vestida quanto a Rebecca, talvez até mais ousada. Vestido justo, pernas firmes. Ela veio direto até a portaria.
— Boa noite, seu Geraldo.
— Boa noite, Sarah. Hoje o prédio está bonito — respondi, olhando pras duas.
— Eu também não entendo por que a gente encucou com isso —disse Sarah, rindo de leve. — Mas sinto que levar a Rebecca pra jantar parece a coisa certa a ser feita. Estranho, né?
Elas trocaram um olhar rápido. Não pareciam saber ou aceitar por que estavam fazendo isso, mas não vinham problema em fazer. Duas amigas indo jantar e jogar papo fora. Não parecia um sacrifício.
Uber encostou. As duas se despediram, agradecendo. Fiquei vendo elas atravessarem o hall, o balançar natural das bundas, cada uma com seu ritmo e pensei em coisas que não devia envolvendo o meu pau e os dois buracos de trás dela.
Por volta das 21h, eu estava no estacionamento, tenso e com pressa. A tampa do capô do carro da dona Cida levantada. Era coisa simples, só completar a água do radiador. Mas o simples também vira tensão quando a gente tá fora do lugar. O Zé Maria ficou cobrindo a portaria pra mim, mas do jeito que o seu Alberto estava, não podia me expor muito.
Enquanto eu despejava a água, o elevador se abriu ao fundo e olhei por instinto e vi os dois saindo: o Carlos e a Eliana.
A Eliana vinha toda de preto. Manga longa colada nos braços, desenhando o formato deles, e um moletom aberto por cima. A calça marcava as pernas grossas e firmes. O corpo dela parecia um vulcão mesmo tão coberto. Ela puxava uma mala de rodinhas, daquelas de viagem de avião.
O Carlos caminhava do lado dela, meio sério, meio concentrado. Os dois seguiram até o carro dela. Eu vi quando ela jogou a mala no banco de trás, abriu a porta do passageiro e entrou. O Carlos sentou no banco do motorista, ligou o carro e saíram.
Aquilo era estranho. Mas não comentei nada, nem com a dona Cida. Terminei o serviço rápido, fechei o capô e bati a mão pra tirar a sujeira.
— Pronto, dona Cida. Pode rodar tranquila.
— Deus lhe pague, seu Geraldo.
Saí quase correndo em direção à portaria. No meio do caminho, dei de cara com dois sujeitos de uniforme, ferramentas na mão.
— Boa noite. A gente vai mexer nos elevadores agora. Avise quem entrar que vai ficar tudo parado até amanhã de manhã — um deles avisou.
— Até de manhã? — perguntei, só pra confirmar.
— É. Serviço grande.
Assenti e segui. Quando cheguei na portaria, ainda ajeitando o fôlego, vi a Lisandra entrando pela porta de vidro. Ela tava acabada. Suada de pingar mesmo, o cabelo grudado na testa, o peito subindo e descendo rápido.
— Oxente, Lisandra, tu correu atrás de quê? — soltei, meio rindo, meio preocupado.
Ela apoiou as mãos nos joelhos, respirando fundo.
— Pelo amor de Deus, seu Geraldo... A Lorena e a Carolina enlouqueceram hoje.
— Eu tô vendo. Parece que veio fugida — falei, olhando o estado dela.
— Elas puxaram num ritmo absurdo. Como se fossem maratonistas profissionais. Elas podem! Elas que fazem academia há sei lá quantos anos. Eu não dou conta disso não. Meu exercício é varrer casa, limpar móvel.
— Cada um com seu treino, minha jovem. Limpar casa cansa do mesmo jeito, e você faz isso todo dia.
Ela riu fraco, ainda ofegante. Esperei ela recuperar um pouco o fôlego e perguntei:
— E hoje vai dormir onde? No apê do Rogério e da Jéssica? Ou lá com a Lorena? Ou vai pra casa?
Ela se endireitou, enxugou o suor do rosto.
— Vou dormir no apartamento do Miguel. Ele tá vindo me buscar. Fez até um quarto pra mim, pra quando eu precisar.
— Olha só...
— Com ele eu me sinto mais à vontade — continuou. — O Rogério e a Lorena são amigos, mas ainda são patrões. A gente não pode esquecer isso. O Miguel não. Ele é família. Em casa de família ninguém é visita.
— Tá certinha — eu disse. — Patrão bom continua sendo patrão. Família é outra conversa.
Ela assentiu. Nesse momento, um carro buzinou lá fora.
— É ele — ela falou, já se animando um pouco.
— Vá com Deus. E descansa essas pernas.
Eu fiquei vendo ela sair, ainda meio cambaleante do cansaço. Depois voltei pro meu posto e ajeitei a cadeira.
Era por volta das 22h00, quando vi mais um Uber parando. Rebecca e Sarah saíram dele e entraram juntas no condomínio, rindo baixo, com aquele ar leve de quem se sente em paz depois de fazer algo certo.
— Boa noite de novo, seu Geraldo — disseram quase ao mesmo tempo.
— E aí, como vocês se sentem?
— A gente está leve — respondeu Rebecca, pensativa. — O jantar foi simples, mas acabou virando conversa longa. Muita coisa em comum e muita fofoca.
— Não sei como a gente nunca saiu juntas antes — comentou Sarah.
— Ainda não sei por que a gente precisava marcar isso, mas valeu totalmente a pena — continuou Rebecca. — Sinto como se esse problema tivesse sido resolvido.
— Eu também — concordou Sarah. — Como se fosse uma dívida paga.
— Sim, a gente quitou — sorriu Rebecca. — Sei lá o que era, mas a gente quitou.
— Melhor sensação! — completou Sarah.
Elas trocaram um olhar cúmplice, tranquilo, diferente do de mais cedo.
— Agora dá até vontade de chegar em casa e dormir em paz — falou Sarah, rindo baixo.
Já iam se despedindo quando avisei:
— Só uma coisa: o elevador entrou em manutenção até amanhã de manhã. Agora, é só pela escada.
As duas sorriram e deram de ombro como se os vários lances de escada foram meros inconvenientes.
Elas se despediram de novo e seguiram em direção à escada. Fiquei olhando enquanto se afastavam. O rebolado das duas pelo hall, o vestido da Rebecca marcando tudo. Pensei em como queria enrabar a Rebecca, em como ela ia gemer baixo, surpresa com a própria entrega. Depois voltei ao meu posto.
Era pouco depois das 23h30, quando a Letícia apareceu na portaria, recém-chegada do estacionamento.
A universitária de 23 anos estava vestida pra sair. Um vestido curto, justo no corpo, preto, que abraçava as curvas sem pedir licença. O tecido colava na cintura fina e descia justo pelo quadril, marcando cada passo. As pernas longas vinham à mostra, firmes, e o salto fazia o corpo dela se mover com um balanço lento, quase distraído, mas impossível de ignorar. O decote não era exagerado, mas era suficiente pra puxar o olhar, ainda mais com o jeito como ela se inclinou um pouco pra ajeitar a bolsa no ombro. O cabelo solto caía pelos ombros, com cheiro de noite, de bar, de gente jovem rindo alto.
— Boa noite, seu Geraldo — disse Letícia, sorrindo daquele jeito fácil, meio cansado, meio animado.
— Boa noite. Voltando cedo até.
Ela riu.
— Mais ou menos. Fui num bar ali perto da faculdade com o pessoal. Mas recebi mensagem dizendo que chegou uma encomenda minha de tarde.
— Amazon, né? — falei, olhando pra uma caixa que tava com o nome dela.
— Isso! Minha cafeteira nova. A outra morreu de vez hoje de manhã.
Peguei a encomenda embaixo do balcão e a entreguei nas mãos dela, que segurou apertado, como se fosse um troféu.
— Salvou minha vida, seu Geraldo. De manhãzinha, não funciono sem café.
— Eu entendo bem — falei. — Sem café, nem eu aguento esse turno.
Ela ficou ali mais um pouco, apoiada no balcão, cruzando as pernas de um jeito que fazia o vestido subir um tiquinho a mais.
— Vai encarar essa noite longa aí, seu Geraldo? — perguntou.
— Até às seis da manhã — respondi. — Companhia só os fantasmas e as câmeras.
— Força — sorriu ela. — Qualquer coisa, eu faço um café agorinha e trago pra você.
Foi quando o portão principal abriu de novo. Olhei pra lá e demorei um segundo pra entender a cena.
A Lorena e a Carolina entravam praticamente arrastando o Jonas. Um braço dele jogado sobre os ombros de cada uma, o corpo pesado, as pernas se movendo mais por obrigação do que por vontade. Ele vinha com a cabeça baixa, suado, a cara de quem tinha sido atropelado por um caminhão.
Arregalei o olho.
— Oxente — escapou de mim. — Que foi isso, minha gente?
A Letícia virou o corpo inteiro pra olhar, arregalando os olhos.
— Gente, o que aconteceu com ele?
A Lorena respondeu primeiro, toda animada, como se estivesse chegando de uma caminhada leve.
— Nada demais, seu Geraldo. A gente só deu umas voltas na praça, como tinha falado.
— Umas voltas... — resmungou Jonas, a voz arrastada, levantando a cabeça com dificuldade. — Quatro horas correndo que nem quem tá perdendo o ônibus.
— Aí, depois a gente encontrou uma academia de crossfit que acabou de inaugurar — completou Carolina, tranquila. — Eles tinham aula-teste grátis. Foi ótimo.
— Ótimo pra quem? — suspirou. — Uma hora e meia no inferno.
A Lorena deu de ombros.
— Eles pegaram leve. A gente avisou que você era sedentário, um pouquinho acima do peso, que nunca tinha feito isso...
— O instrutor entendeu que era o treino mais avançado — suspirou Jonas, sem forças pra se indignar. — Eu não tenho mais joelhos!
— Ah, deixa de drama, Jonas. Foi até revitalizador — disse Carolina, sorrindo.
A Letícia mordeu o lábio pra segurar o riso.
— Vocês duas parecem ótimas...
— Tranquilíssimas — disse Lorena. — De boa total.
— A gente entendeu o que a Larissa e a Alessandra vêem no crossfit — concordou Carolina.
— E essa dorzinha, Jonas, amanhã passa — continuou Lorena. — Uma noite de sono resolve. Talvez amanhã doa um pouquinho, mas é só o músculo se acostumando.
Ao pensar em amanhã, a Letícia franziu a testa, preocupada.
— Professor, você vai estar bem pra aula amanhã?
O Jonas piscou, confuso.
— Aula? Que horas é a aula amanhã mesmo?
— A minha aula contigo é 8h da manhã — respondeu Letícia.
— Ai meu Deus...
— Mas você me contou que, nas quintas, dá aula das 8h às 16h, lembra?
Ele soltou um gemido dramático, deixando o peso cair ainda mais sobre as duas.
— Ai meu Deus...
Olhei pra aquilo com pena, mas em dúvida se o defunto merecia reza. A Lorena se ajeitou melhor pra segurar ele.
— A gente vai levar ele até o apartamento. Do jeito que tá, sozinho, ele não chega nem no elevador.
Eu pigarreei.
— Ah é, minhas queridas, os elevadores estão em manutenção até amanhã umas 8h.
A Carolina nem piscou.
— Sem problema. A gente vai de escada.
O Jonas arregalou os olhos.
— Escada?!
— Exercício leve — provocou Lorena.
— Vocês me odeiam — disse ele, quase chorando.
— Se a gente te odiasse, te largava pra dormir aqui no hall, sozinho e com frio — respondeu Carolina.
Enquanto eles se ajeitavam pra seguir, Lorena teve um estalo.
— Gente! O jogo! Amanhã é o jogo! O time do Rogério contra o do Enéias!
A Letícia animou na hora. A Carolina ouviu com interesse. A Lorena continuou:
— O Rogério ainda não fechou o time. Ele precisa de mais um homem...
A Lorena olhou pro Jonas, com um sorriso provocador.
— Você faria esse sacrifício pelos amigos?
Antes que ele respondesse, Lorena e Carolina se entreolharam. Um olhar longo, silencioso, cheio de malícia e cumplicidade.
— E por nós? — as duas perguntaram quase juntas.
Jonas suspirou fundo, os ombros caídos, o corpo inteiro doendo, a alma derrotada.
— Faço... — disse.
As três comemoraram ali mesmo, baixinho, rindo, batendo palminha.
Eu fiquei ali, olhando pro Jonas com a certeza de que ele seria o primeiro a ir pro hospital naquele jogo de amanhã...
Pois bem, leitor. No próximo capítulo, vou lidar com as novas complicações do trabalho, enquanto a turma de moradores se prepara pra passar o fim de semana num sítio.
— Para saber mais sobre as promessas de Jonas pra Carolina e Lorena, leia “Quem Vai Comer a Advogada Evangélica? – Capítulo 12 a 14” (será publicado em breve).
— Para saber mais sobre os dois encontros da Sarah, leia “Eu e Minha Esposa Pulamos a Cerca... E o Caos Explodiu - Parte 12” e “Eu, minha amiga gostosa e os vizinhos dela - Parte 03” (será publicado em breve).
— Para saber mais sobre a partida do time do Rogério contra o time do Enéias, leia “Eu, minha esposa e nossos vizinhos – Parte 19 e 20” (será publicado em breve).
— Para saber mais sobre a ida da Lisandra ao trabalho do Vinícius, leia “Eu, a esposa gostosa do meu chefe e os vizinhos deles - Parte 03” (será publicado em breve).
— Para saber mais sobre o que está acontecendo com Eliana, leia “Passando a Vara nas Vizinhas. Ou Não. – Partes 14 e 15” (será publicado em breve).
Algumas questões que gostaria que os leitores respondessem nos comentários:
I) Como está o sofrimento do Jonas? Ele está pagando bem pelos pecados ou merece sofrer bem mais nas mãos da mulherada?
II) Quem é o verdadeiro pau de mel da novela: Érico ou Miguel?
III) Vocês preferem uma partida mais realista (com o time do Rogério perdendo, mas mantendo a moral) ou uma partida mais mentirosamente catártica (com o time do Rogério vencendo)?
Coloquem nos comentários para o que vocês torcem que aconteçam nos próximos capítulos. Em breve, teremos a continuação.
Os próximos capítulos serão:
* Eu, minha amiga gostosa e os vizinhos dela - Parte 02
* Louco para enrabar a professora ruivinha, enrabei a <SPOILER> primeiro
* Passando a Vara nas Vizinhas. Ou Não. - Capítulo 14
* Eu, minha esposa e nossos vizinhos – Parte 19
* Quem Vai Comer a Advogada Evangélica? - Capítulo 12
NOTA DO AUTOR: Devido aos meus hiatos, atrasos em algumas semanas e ao próprio ritmo de publicação, a história não se passa em tempo real desde mais ou menos março deste ano. No momento atual, a história ainda está no final de julho de 2025.