Em menos de uma semana, eu e meu ex-padrasto colocamos nossa rotina nos eixos. Nenhum dos dois falava sobre isso, mas nossa vida ficou melhor sem ter minha mãe por perto. Dona Leila via defeito em tudo, pegava demais no meu pé e vivia jogando Betão para baixo. Eu nunca entendi como ele aguentava ouvir tanto desaforo. Quando ela queria virar a noite brigando, ele assumia até os erros que não eram seus, só para encerrar o assunto.
— Certo, certo, Leila. Você é a dona da razão. Pra você, eu sou o cara mais errado do mundo, sou tudo o que não presta. Não é assim? Agora me deixe dormir. Amanhã vou sair cedo para o trabalho, para ganhar minhas merrecas, como você vive dizendo.
Eu não me metia nas brigas do casal, mas entendia o lado de Betão. Não é porque a mulher dele era minha mãe, que eu ia dizer que ela era santa. O marido trabalhava duro e assumia todas as contas da casa, mas ela só queria saber de luxos. Não sei por que ela se juntou com um homem a quem chamava de pobre coitado ou de catador de moedas.
Mas agora minha querida mãe estava em Roraima, vivendo com um homem que parecia ter dinheiro. Eu desejava que eles fossem felizes por lá, porque eu estava aqui vivendo muito bem com o marido que ela desprezou.
Quem olhasse de fora, poderia achar que eu e Betão éramos um casal. A gente resolvia tudo de comum acordo, só não dormia junto, o que era uma pena.
Apesar de estudar à noite, eu acordava cedo para ler o material do curso e escrever os trabalhos. Quando Betão saía do quarto dele, eu já havia tomado banho e feito o café. Com a farda da empreiteira e cheirando a sabonete e desodorante, ele sempre começava o dia agradecendo pelas coisas que eu tinha colocado na mesa.
— Obrigado, Fael. Você fez tudo o que eu gosto, mas não precisava ter se preocupado. O certo era você dormir até mais tarde, já que chega da faculdade quase meia-noite.
Sem perceber o meu olhar apaixonado, ele preparava uma xícara enorme de café com leite e montava um prato de macaxeira com ovo frito e queijo coalho. Para completar, passava manteiga em um ou dois pães. Por ser um homem grande e por trabalhar no pesado, ele precisava comer muito.
Bem alimentado, Betão corria para escovar os dentes, botava a bolsa nas costas e pegava o capacete. Como se quisesse ir na garupa, eu o acompanhava até a área e esperava que ele arrastasse a moto para a rua. Antes de montar, ele me dava algumas recomendações sobre as coisas da casa e fazia um carinho nos meus cabelos.
— Vou lá, Rafael. De noite, estamos juntos de novo.
Nas nossas despedidas de todos os dias, só faltava ter beijo. A vizinha da frente, uma fofoqueira do caralho, já deveria andar falando que minha mãe deixou o marido porque ele preferiu ser o meu macho. Minha falsa fama de veadinho safado rolava solta por ali, mas eu não me incomodava com a língua do povo.
Quando a moto desaparecia na esquina, eu fechava a casa e ia cuidar da vida. Ouvindo música, limpava o banheiro, arrumava os quartos e a sala, colocava roupa na máquina e fazia comida. Desde o tempo em que morava com minha mãe, sempre gostei de fazer essas coisas.
Betão também cuidava da casa e sabia cozinhar, mas a maior parte dessas tarefas ficava na minha mão, porque ele trabalhava o dia todo e eu tinha muito tempo livre. No sábado à tarde, a gente se juntava para fazer uma faxina geral. No domingo, fazíamos as compras e almoçávamos em algum restaurante modesto.
Nossa vida era simples, mas muito boa e divertida. A cada dia, a gente se sentia mais à vontade um com o outro. Por não ter mulher em casa, Betão se permitia viver só de cueca. Isso era uma provação do caralho para mim. Parece que ele não tinha consciência do quanto era lindo e gostoso. Às vezes, eu tinha a impressão de que ele usava boxer apertada só para deixar a bunda e a verga mais destacadas. Enquanto ele desfilava pela casa, o meu tesão ia às alturas. Achando que nunca teria o prazer de sofrer com aquela vara arrombando o meu cu, eu sentia vontade de chorar.
Toda noite, fantasiando que Betão era o meu marido, eu batia muitas punhetas e socava o dedo na bunda. Depois da gozada, imaginava que, no quarto ao lado do meu, ele também tinha acabado de depenar a rola — na minha intenção, claro.
Apesar de não dividirmos a cama, eu estava feliz por viver com Alberto. Só que, ao redor da nossa casa, nem tudo era calmaria. Eu não podia esquecer que minha mãe ainda fazia parte dessa história. Além disso, o meu pai cismou de se intrometer na minha vida.
Seu Ivaldo nunca me deu importância, mas agora queria me controlar. Quando eu liguei para dizer que não ia morar na casa dele, pareceu aliviado, falou apenas que eu me cuidasse. Dias depois, ele ligou se fazendo de bom pai.
— Você vai ficar mesmo morando com o ex-marido da sua mãe? Que negócio da porra é esse, Rafael? Perdeu o juízo, menino? Não está vendo que isso é errado? O que é que você tem com esse cara? Um homem com idade pra ser seu pai!
Incrível: seu Ivaldo estava insinuando que eu andava abrindo as pernas para Betão. Tive vontade de dizer que esse era o meu sonho, mas achei melhor não complicar as coisas. Mesmo impaciente, ainda perdi tempo explicando que essa conversa não tinha nada a ver.
— Eu e Alberto somos amigos, pai. Só isso! O senhor nunca ouviu falar de amigos que moram juntos?
— Eu não sei de nada, Fael. Só sei que isso é errado. Trate de organizar sua vida e venha morar aqui. Não tem cabimento você estar de cama e mesa com um cara que sua mãe arranjou e depois largou. Se nem ela quer mais, coisa boa esse tal de Betão não deve ser.
— Assim não dá pra conversar, pai. Você já está falando mal dele. Betão é um cara muito correto. A gente se dá muito bem e eu vou ficar aqui com ele. Pronto, já disse.
— Olhe como fala com seu pai, Rafa! Sua mãe conversou comigo. Ela está virada no cão por causa dessa história. Todo dia, liga pra comer o meu juízo. Pelo gosto dela, eu já teria arrastado você daí à força.
— Pai, eu não sou menino mais não! Quem sabe da minha vida, sou eu. E pode deixar minha mãe comigo, eu sei me resolver com ela.
No fundo, meu pai estava até achando bom que eu não tivesse ido para casa dele, mas não queria demonstrar isso. Dizendo que ia me dar uns dias para botar a cabeça no lugar, ele encerrou a ligação e foi cuidar dos seus problemas.
Instantes depois, dona Leila ligou para mim. Com voz de quem só vive brigando, ela repetiu a mesma ladainha do dia em que eu informei que decidi continuar morando na casa de Alberto.
— Fael, eu já cansei de lhe dizer que pegue as trouxas e vá para a casa do seu pai. Eu deixei Betão e não quero mais ter nenhum contato com ele. Não tem sentido você ainda estar morando na casa desse homem. Se você teimar em continuar embaixo do teto dele, eu vou aí lhe dar uns tapas. Vou arrastar você pelos cabelos e entregar nas mãos do seu pai.
— Pare com isso, mãe! Coisa ridícula. Eu já sou adulto. Estou muito bem aqui, você sabe que Betão sempre foi legal comigo. A gente se combina em tudo, um está ajudando ao outro.
— Fael, quem conhece Betão sou eu, que dormi com ele por mais de cinco anos. Daqui a uns dias, ele vai arranjar outra mulher, aí eu quero ver como você vai ficar nessa história. Ou você acha que um macho safado daqueles vai ficar sem ninguém pelo resto da vida? E nenhuma vagabunda que ele arranjar vai aceitar ter o filho dos outros dentro de casa. Você vai esperar que ele lhe dê um chute na bunda?
Dona Leila estava apelando para a baixaria, mas tinha razão neste ponto. Meio abalado, tratei de encerrar a conversa.
— Mãe, vamos fazer o seguinte: você fica aí com o seu Osório e me deixa aqui sossegado com o Alberto. Simples assim.
— Não é simples não, Fael! Eu só vou me aquietar no dia em que você tomar vergonha na cara e sair dessa casa.
Para que dona Leila sentisse que eu estava cansado de conversa, suspirei alto. E me despedi imitando a fala dela.
— Tchau, mãe. Beijo, se cuide!
Essas conversas chatas demoraram tanto, que precisei sair correndo, para não perder o horário da faculdade. Durante as aulas, pensei no que minha mãe falou e fiquei ainda mais triste. Talvez eu estivesse criando muitas ilusões.
Alberto tinha fama de mulherengo, nunca demonstrou ser do tipo que curte foda com homem. Não ia demorar para surgir outra mulher na vida dele. Antes que isso acontecesse, seria melhor eu pegar o meu rumo, para não passar pela humilhação de ser mandado embora por ele ou por sua futura esposa.
Na volta para casa, decidi que, no dia seguinte, ia agradecer a Betão pela hospedagem que ele me deu por quase duas semanas e depois buscaria abrigo no lar de seu Ivaldo. Seria péssimo, mas era o certo.
Essa seria a minha última noite com o homem dos meus sonhos. Eu morria de desejo por ele, mas não era só isso. Eu gostava muito de Betão. Ele me tratava melhor do que qualquer namorado que eu tive; com ele, eu me sentia protegido.
Meu pai só sabia falar besteira, mas nunca foi bom pra mim como o meu ex-padrasto. Eu só nunca quis ser filho de Betão porque isso tiraria qualquer possibilidade de tê-lo como o meu homem.
Com a cabeça encostada na janela do busão, eu disse a mim mesmo que estava na hora de cair na real. Eu precisava tirar dos pensamentos o ex da minha mãe e seguir o meu caminho.
Quando entrei em casa, Betão estava deitado no chão, olhando coisas no celular. Sorrindo para mim, ele disse que tinha comida pronta.
— Fiz uma sopa, ficou boa pra cacete. Ia esperar você, pra gente tomar junto, mas a barriga estava roncando. Vá tomar seu banho e depois se sente pra comer; você vai gostar.
Essas coisas simples da nossa vida eram muito boas. Mesmo na tristeza, eu sorri para ele. Depois do banho, vesti uma cueca e fui tomar a sopa; estava ótima mesmo. Enquanto eu comia, Betão se esticou todo no chão, fechou os olhos e ficou falando comigo.
— O trabalho hoje foi de lascar. Estou arrebentado. Uma dor filha da puta nas costas. Não via a hora de vir pra casa. A melhor coisa do mundo é estar no canto da gente. E agora que somos só eu e você, estou no paraíso. Nossa vida está boa demais, não é, Rafael? Não troco por nada!
Essas palavras me deixaram balançado: Betão estava curtindo a vida de homem solteiro e achava legal viver com um veadinho. Ele já devia saber que o povo da rua andava falando que a gente virou um casal, mas não parecia se preocupar com isso. Interessante era que ele falava como se a gente fosse maridos.
Depois de comer, fiquei olhando para ele e lutando com os meus sentimentos e desejos. Se eu fosse embora, ia parecer que, assim como minha mãe, eu estava largando esse homem tão especial. Na sua simplicidade, ele era melhor que príncipe encantado. Antes de ir lavar o prato, eu me coloquei à disposição dele.
— Quer que eu faça massagem nas suas costas, Betão?
No mesmo instante, ele se levantou e ajeitou a cueca, que estava entrando na bunda.
— Você disse massagem? Rapaz, é só disso que eu preciso agora! Já vou pra cama, espero você lá.
Rapidinho, lavei o prato. Depois peguei um creme no meu quarto e fui para o quarto dele. A porta estava aberta, o abajur ligado. Deitado de bunda para cima, o pedreiro mais lindo do mundo — pelo menos para mim — estava esperando pelos meus cuidados. Sem dizer nada, espalhei um pouco do creme nas mãos e comecei a passar nas costas dele.
— Que gostoso, Fael. Pare não, viu?
Satisfeito por ele ter gostado do meu toque, botei minhas habilidades em ação. Com a palma das mãos, desenhei círculos nas costas dele. Com a ponta dos dedos, dei umas puxadinhas nos ombros e saí apertando a coluna, indo do pescoço até a bunda. A cueca estava desarrumada, dava pra ver um pedaço do rego: era fundo e tinha uns pelinhos; pura tentação.
— Porra, Fael! Por que você nunca me disse que tinha essa arte? Negócio bom do caralho! Não quero dar trabalho a você não, mas agora, já sei: quando estiver com as costas doendo, suas mãozinhas são o melhor remédio.
Sorrindo de prazer por estar dando prazer a ele, botei mais pressão nos dedos. Suspirando fundo, Betão se entregou inteiro a mim.
— Pode apertar e puxar mais. Faça em tudo: pernas, costas, bunda, na porra toda. Só pare quando eu estiver dormindo.
Betão estava doido ou queria me endoidar? Como é que o cara pede pra eu pegar na bunda dele?
Mas, se ele pediu, eu tinha que fazer. Com muita dedicação, dei mais um trato nos ombros e nas costas, cuidei das pernas e, cheio de reverência, botei as mãos no rabão duro dele.
Aos poucos, a cueca foi saindo do lugar e minhas mãos tocaram na pele daquela bunda escura e arredondada. Pelo ritmo da respiração, dava para sentir que Betão estava curtindo horrores as minhas pegadas. Curtindo tanto quanto ele, eu me esbaldei: alisei, apertei e tentei arrancar pedacinhos da carne com as pontas dos dedos.
— Está bom assim, Alberto? Quer mais?
Ele não respondeu; estava dormindo. Eu não queria fazer coisa errada, mas me entreguei ao perigo. Com os olhos bem abertos, toquei a ponta do nariz no rego e senti o leve cheiro deixado pelo sabonete. Aquele macho era muito limpo. Cheio de atrevimento, rocei os lábios nos dois lados da bunda dele. Bastou isso para o meu corpo todo tremer e minha pica babar na cueca.
Eu também queria dar uma cheirada e uma lambida no caralho dele, mas isso não era possível, por causa da posição. Outra noite, se ele pedisse massagem no peito, eu teria uma chance de ficar frente a frente com a pica do meu anjo grandão.
Vencendo a vontade de deitar ao lado dele, cobri Betão com o lençol e cheirei sua nuca. Andando feito um fantasma, apaguei o abajur e saí do quarto. Deitado na minha cama de solteiro, bati uma punheta violenta.
— Betão… com força! Amor… caralho… pica!
A galada saiu com muita força, pensei que ia chegar ao teto. A gozada me deixou com o corpo mole.
Dormi como se o mundo tivesse acabado. Quando acordei, Alberto já havia saído para o trabalho. Depois de tomar o café que ele deixou pronto, fui lavar umas roupas. Como fazia sempre, cheirei a cueca que ele havia deixado no cesto. Estava babada…
Desisti de ligar para o meu pai. Eu ia me arriscar a ficar mais uns dias com o meu ex-padrasto, para ver no que essa história poderia dar.
E mais uma semana chegou ao fim.
No sábado, devido a umas horas-extras que fez, Betão ganhou folga no trabalho. Passamos a manhã cuidando da casa: varremos, lavamos e mudamos os móveis de lugar. No começo da tarde, estava tudo pronto.
— Repare, Fael! Parece até que a gente mudou de moradia. Agora sim: nossa casa está com a nossa cara.
— A casa melhorou cem por cento mesmo, ficou até maior.
Andando pelo corredor, ele falou com voz de garotão.
— Vamos tomar banho de mangueira?
Sem esperar que eu respondesse, ele pegou sabonete e shampoo no banheiro e correu para o quintal. Hipnotizado, fui atrás.
A água caía na cabeça dele, escorria pelo peito, descia pelo tanquinho e deixava a cueca transparente. Dobrado para o lado, o caralho se revelava de tamanho normal e bem roliço. Quase se libertando, a cabeça se mostrava comprida, como se tivesse sido feita para abrir caminho no meu cu. Essa visão me deixou tão desnorteado, que dei um passo para trás.
— Vem, Fael! Está com medo de água?
Ao falar isso, ele virou a mangueira para mim. Um jato forte atingiu minha cara, escorreu pelos meus peitos e também deixou minha cueca meio transparente. Envergonhado e com um fogo aceso no meio da bunda, dei alguns passos para a frente e parei ao lado dele. Atirando água um no outro, ficamos rindo feito moleques.
Quando comecei a passar shampoo, Betão meteu a mão cheia de espuma no meio da sua bunda. Ao baixar o olhar, levei um susto: ele estava com a barraca armada! Dava até para ver um pedaço da pica achocolatada. Passando sabonete no peitão, ele riu dos meus cuidados com o cabelo.
— Você tem cabelão, gasta muito shampoo. Eu sou quase careca, gasto pouquinho. Um compensa o outro.
Aproveitando essa fala, botei um pouco de shampoo na mão e comecei a passar nos cabelos curtinhos dele. Segurando no meu ombro, ele se curvou um pouco, para ficar da minha altura. Com a cabeça coberta de espuma, ele parecia um meninão.
— Desculpe aí, Fael, mas sempre fico de pau duro no banho. E estou vendo que você também.
Fiquei morto de vergonha com isso, mas logo relaxei. Eu já havia tomado banho com alguns amigos e sempre tinha essas brincadeiras. Fazendo cara de desafio, dei um soco no peito ensaboado dele.
— Deixe de graça, Alberto!
Fingindo que ia devolver o soco, ele cresceu para cima de mim. Atracados no meio do quintal, a gente parecia estar numa luta de vida ou morte. O contato entre a pele molhada e as picas duras me deixou louco de vontade de mamar e de tomar no cu.
Para Betão, tudo não passava de brincadeira. Quando eu estava prestes a ficar de joelhos na sua frente, ele pegou a mangueira e tratou de terminar o nosso banho.
Depois do almoço, cada um se trancou em seu quarto. No começo da noite, quando eu ia começar a fazer o jantar, ele me convidou para sair.
— Vamos curtir o sábado, Rafael? A gente pode voar um por aí, comer uma pizza, conversar um pouco. O que acha?
— Já estou indo me arrumar! Estamos precisando mesmo dar uma saída.
Quando voltei para a sala, ele já estava pronto: bota de cano curto, calça jeans e uma camisa verde de manga longa. Nem preciso dizer que estava um espetáculo. Entregando-me um capacete, ele me olhou dos pés à cabeça.
— Cara, você está arrumado demais! Fez essa produção toda para sair comigo? Valeu, Fael. Gostei!
Eu estava com uma calça bege ajustada na bundinha e nas pernas finas, uma camiseta preta e um sapato de camurça. Estava bonitinho mesmo, formava um casal lindo com ele.
Quando eu ia montar na moto, ele me deu um aviso.
— Segure firme, vou botar pra lá, mas não se preocupe, eu tenho cuidado. Prometo que não vamos morrer.
Eu já havia andando de moto com ele outras vezes, mas essa era diferente. Para aproveitar melhor a noite, eu estava fazendo de conta que Betão era o meu namorado. Numa curva aberta, botei a mão na coxa dele, e não tirei mais. Em meia hora, fomos da zona norte à zona sul de Aracaju.
Na orla, a gente deu uma volta em torno dos lagos. Para evitar que eu fosse atropelado por uns garotos que andavam de patinete, Betão passou o braço pelo meu ombro e me puxou para junto do seu corpo. E assim andamos até uma pizzaria.
Enquanto esperávamos que algum garçom trouxesse o nosso pedido, ficamos conversando sobre coisas aleatórias. Após falar que estava planejando trocar de moto, Betão me fez uma pergunta pela qual eu não esperava.
— Você está namorado, Rafael? Se estiver, não quero atrapalhar. Chamei você pra sair e nem perguntei se isso podia dar problema. Tem algum carinha ciumento na sua vida?
Eu gostava disso em Alberto: ele falava tudo sem fazer rodeios. Usando o mesmo tom, tratei de tranquilizá-lo.
— Já tem um tempão que eu não namoro. De vez em quando, aparecem uns carinhas, mas nenhum que valha a pena. Quero complicação não; quero alguém que fique comigo de verdade.
Estávamos sentados lado a lado, bem perto um do outro. Olhando nos meus olhos, ele falou sobre sua situação.
— Estou igual a você. Depois de tanta dor de cabeça que tive com sua mãe e com outras mulheres, estou muito bem comigo mesmo. Como você falou, eu quero uma pessoa que goste de mim de verdade.
Os olhos de Betão estavam brilhando e a voz estava meio arrastada. Quando ele passou a ponta da língua nos lábios, eu me preparei para ganhar um beijo.
— Com licença, senhores.
Uma garçonete quebrou o clima. Com muita gentileza, ela nos entregou os refrigerantes e serviu as primeiras fatias de pizza. Estávamos com fome, comemos tudo.
Sem pressa para ir embora, retomamos a conversa. Como se aquilo não tivesse importância, fiz uma pergunta que muitos caras não gostam de responder.
— Alberto, quando você era jovem, você teve alguma coisa com homem?
Primeiro, ele me corrigiu. Depois, sem espanto, satisfez à minha curiosidade.
— Eu ainda sou jovem, rapaz. Só tenho trinta e nove. E essa coisa de foda sem ninguém ter boceta faz parte da vida da gente. Tem nada demais nisso.
Eu quase soltei um gritinho ao ouvir isso. Alberto parrcia desbocado, mas era autêntico.. Só de imaginar que ele já havia comido alguns machos, eu franzi a cara: fiquei com raiva e ciúmes dos sortudos que lhe deram o cu. Mas também fiquei emocionado por saber que ele curtia uma foda em que os dois têm pica.
Na hora de voltar para casa, antes de colocarmos os capacetes, Betão segurou no meu ombro e falou a um palmo da minha cara.
— Foi muito boa essa nossa saída. Valeu, Rafael. E vamos fazer muitas outras coisas juntos.
Sonhando com essas outras coisas, botei a mão no ombro dele e abri a boca para o beijo — que não aconteceu. Para disfarçar a decepção, tive que sorrir.
— Também gostei muito de sair com você. Estamos juntos, Alberto.
Quando chegamos à nossa casa, conversamos mais um pouco e cada um foi para o seu quarto. Revirando na cama, entrei em guerra comigo. De tanto desejo, a rola doía. Para ela se aquietar, comecei a lhe dar uma surra.
— Rafael?
Pensei que estivesse delirando, mas ele deu uma batidinha na porta e repetiu o chamado. Como se tivesse sido flagrado cometendo um crime, vesti a cueca aos pulos e, todo atrapalhado, fiquei em pé na frente da janela, para que o vento apagasse o meu fogo
— Entre aí, Alberto.
Só de cueca, ele entrou e ficou me olhando, sem dizer nada.
— Perdeu o sono também, Betão?
Em vez de responder, ele se colocou ao meu lado, pegou no meu queixo e me fez encará-lo.
Sem palavras, só com o olhar, Betão me disse tudo o que eu gostaria de ouvir. Sua mão deslizou pelo meu peito e me prendeu pela cintura. As bocas se procuraram e uma língua invadiu o espaço da outra.
O beijo de Betão era melhor do que eu havia sonhado. Com muita sede, ele chupava os meus lábios, botava a língua para brigar com a minha e misturava o nosso cuspe, para engolirmos juntos. Sem pedir licença, ele meteu a mão na minha cueca e deu um aperto na bunda. Empurrando a pica contra a dele, tive medo de morrer. Quando a ponta de um dedo deslizou pelo meu rego e ameaçou atravessar o anel, gemi dentro da boca grande dele
— Betão… ai…
Massageando o meu cu, ele me deu a oportunidade de parar a brincadeira antes que fosse tarde demais.
— Eu quero você, Rafa. Quero muito. Você também me quer? Hum? Quer, Fael? Diga logo.
Era a pura verdade: o meu ex-padrasto estava louco para ser o meu macho. Meus olhos estavam ardendo, a pica doendo e o cu mordendo a ponta do dedo dele. Enchendo-me de coragem, pousei as mãos na bunda dele e despejei o meu desejo dentro da sua boca.
— Vamos, Betão. Me fode, seu pica.