Entre Irmãos - O Perigo Invisível

Da série Entre Irmãos
Um conto erótico de Mateus
Categoria: Gay
Contém 2335 palavras
Data: 16/12/2025 22:49:26
Última revisão: 16/12/2025 23:06:38

Rafael não se levantou do sofá. Foi isso que mais me assustou.

Ele falava baixo, tranquilo demais, como se aquela conversa estivesse atrasada havia muito tempo. Como se fosse inevitável.

— Relaxa — Rafael disse, cruzando os braços fortes sobre o peito — Se eu tivesse intenção de ferrar vocês dois, não estaria aqui conversando.

Eu permaneci de pé, próximo à porta, sentindo o coração acelerar.

— Então por que você veio? — perguntei, tentando manter a voz firme.

Rafael me observou por alguns segundos. Não havia raiva em seus olhos. Nem ironia. Havia algo mais difícil de nomear, curiosidade, talvez. Ou identificação.

— Porque eu sei como é — respondeu — Ser o que ninguém presta atenção. E ver alguém… — fez um gesto vago no ar — …ser puxado para todos os lados.

Eu engoli em seco.

— Você não entende — eu disse — Não é assim.

Rafael se levantou, devagar. Era mais baixo que Heitor, mais forte, sólido, mais próximo, a pele morena, os olhos escuros. Parou a poucos passos de mim.

— Eu entendo mais do que você imagina — disse, aproximando-se um pouco mais — A Júlia quer você porque você parece certo. O Heitor quer você porque você mexe com ele. E você… — sorriu de canto — …você gosta de ser desejado.

A frase me atingiu em cheio.

Rafael inclinou a cabeça, me analisando com atenção desconcertante.

— Não se assusta — completou — Não vou contar nada. Nem agora, nem depois.

O silêncio se esticou.

— Mas não vou fingir que não vejo — acrescentou — E nem que não sinto.

Eu senti o ar mudar. Um desconforto quente, perigoso.

— Rafael… — comecei, nervoso.

— Calma — ele interrompeu, erguendo as mãos — Não tô te pressionando. Só dizendo que… — deu um passo para trás — …as coisas ficam mais complicadas quando alguém começa a olhar de verdade.

Eu senti um arrepio. Não era exatamente medo. Era algo mais ambíguo, a vertigem de ser desejado, disputado, observado.

— Você devia ir — eu disse, finalmente.

Rafael assentiu.

— Devia mesmo — concordou — Mas pensa no que eu disse.

Quando o portão de metal se fechou atrás dele, eu me encostei nele, respirando fundo. Senti o coração disparado. E, contra a minha própria vontade, uma faísca incômoda de excitação pela situação absurda.

Não era Rafael. Era o risco.

Nos dias seguintes, eu passei a sentir algo novo: a sensação constante de estar sendo observado. Rafael nunca dizia nada. Nunca fazia nada explícito. Mas estava sempre por perto, quieto demais, atento demais.

Era isso que o tornava mais perigoso que Júlia. Júlia pressionava. Rafael aguardava. E eu comecei a perceber que Heitor talvez não fosse o maior risco, mas sim aquele que via tudo sem interferir.

Eu tentava evitar Júlia como podia. Sempre uma desculpa. Sempre um atraso. Sempre um “outro dia”. Eu tinha passado a última semana me esquivando dela com desculpas vagas, um trabalho atrasado, uma dor de cabeça persistente, qualquer coisa que a mantivesse longe sem levantar suspeitas. Não que eu não gostasse de Júlia, mas meu pensamento estava em outro lugar. Ou melhor, em outra pessoa.

E, em meio a isso, consegui reencontrar Heitor. Não contei nada sobre Rafael. Não queria mais confusão. Não queria plantar uma sombra naquele olhar que já carregava tantas.

Numa sexta-feira, Heitor apareceu de carro. A tarde caía sobre a cidade com um calor úmido que grudava a camisa nas costas, mas eu não ligava.

Foi por isso que, quando o carro preto de Heitor parou na esquina da rua onde eu esperava, encostado em um poste como se fosse o lugar mais natural do mundo, eu senti o peito aliviar. A janela do motorista abaixou e o sorriso torto de Heitor apareceu antes mesmo de sua voz.

— Tava esperando há quanto tempo? — perguntou Heitor, os olhos cinzentos brilhando com uma mistura de provocação e algo mais profundo, algo que eu preferia não nomear.

— O suficiente pra suar essa camisa toda — respondi, passando a mão pelo tecido colado no peito.

— Entra — disse Heitor, seco, mas com aquele meio sorriso que eu conhecia bem.

Eu abri a porta e deslizei para o banco do passageiro, o cheiro de couro quente e o perfume cítrico de Heitor me envolvendo imediatamente.

— Vamos dar um perdido ou ficar aqui fazendo pose pra vizinhança? – perguntei brincando.

Heitor riu baixo, um som que vibrou no meu peito como um toque. O carro arrancou antes que eu terminasse de fechar a porta e, em segundos, estávamos longe dali, as ruas do bairro se transformando em borrões de cores pelo vidro escurecido.

Ele me levou embora sem dizer para onde. A estrada era longa, silenciosa. A música tocava baixo. Heitor dirigia com uma mão só, a outra repousando perto demais da minha perna.

— Tá tudo bem? — perguntou, sem olhar.

— Tá —respondi — Agora tá.

Ninguém falou por um tempo. Não era necessário. A tensão entre nós era tão espessa que eu podia quase saboreá-la, doce e ácida na língua, como o gosto de algo proibido.

— Onde a gente vai? — perguntei, finalmente, enquanto Heitor tomava uma estrada secundária, as árvores fechando-se sobre nós como um túnel verde.

— Lugar que ninguém vai nos encher o saco — respondeu Heitor, os dedos tamborilando no volante — Tem um sítio abandonado por aqui. Meu padrasto usava antigamente. Agora tá tudo largado, mas tem uma casinha nos fundos. Ninguém passa por lá.

Eu senti o estômago apertar. Não de nervoso, não exatamente, nervoso não era a palavra certa. Era mais como uma corrente elétrica percorrendo minhas veias, deixando tudo mais vivo, mais sensível. Eu virei o corpo no banco, encostando o cotovelo na janela para ficar de frente para Heitor.

— Tá planejando me sequestrar, é? — brinquei, mas minha voz saiu mais rouca do que pretendia.

Heitor me lançou um olhar de lado, os lábios entreabertos, como se estivesse prestes a dizer algo atrevido. Em vez disso, esticou a mão e passou os dedos pela minha coxa, bem perto da virilha, antes de voltar ao volante.

— Se fosse sequestro, você já tava amarrado no porta-malas — disse, a voz grave — E não tava reclamando.

Eu engoli em seco. O toque tinha sido rápido, quase casual, mas suficiente para acender um fogo baixo em minha barriga. Eu cruzei as pernas, tentando aliviar a pressão que já crescia entre elas.

— Cuidado, Heitor. Pode ser que eu goste.

O riso de Heitor foi gutural, quase um rosnado.

— É com isso que eu tô contando.

Paramos num lugar afastado, um trecho de mata onde o carro ficava escondido da estrada. Descemos. O ar era fresco, o mundo parecia suspenso.

A casinha dos fundos do sítio era exatamente como Heitor tinha descrito: abandonada, mas não destruída. As paredes de madeira ainda estavam de pé, o telhado não vazava, e dentro havia alguns móveis antigos jogados no chão, cobertos por um lençol que cheirava a poeira e sol. Uma janela quebrada deixava entrar uma brisa morna, carregando o som de grilos e o cheiro de terra e mato.

Eu mal tive tempo de olhar ao redor antes que Heitor me empurrasse contra a parede, o corpo quente e duro colado ao meu. As mãos de Heitor agarraram meu rosto, os polegares roçando meus lábios e, então, finalmente, a boca de Heitor estava sobre a minha, quente, úmida, exigente.

Eu gemia contra os lábios de Heitor, as mãos subindo para agarrar seus cabelos negros, o puxando mais para perto de mim. Não havia delicadeza naquele beijo. Era fome, era sede, eram dois corpos que se conheciam demais para fingir que não sabiam exatamente o que o outro queria. As línguas se encontraram em um ritmo urgente, os dentes batendo, os suspiros se misturando no ar quente entre nós.

Nosso beijo profundo, carregado de algo mais sério. As mãos se encontraram com familiaridade crescente. Eu senti o corpo relaxar, a tensão se dissolver naquele contato conhecido.

— Eu pensei em você — Heitor murmurou, encostando a testa na minha — Mais do que devia.

Eu sorri, tímido.

— Eu também.

Ficamos assim por um tempo, abraçados, explorando o silêncio, trocando toques e carícias, descobrindo limites e vontades. A entrega crescendo cada vez mais entre nós.

Heitor desceu as mãos pelo meu corpo, arrancando a minha camisa, os dedos quentes traçando cada saliência do meu corpo pequeno e magro. Eu arqueei as costas, sentindo a parede áspera contra as minhas omoplatas, enquanto as mãos de Heitor exploravam meu peito, beliscando meus mamilos até que eu soltasse um gemido abafado.

— Porra, Heitor — murmurei contra a boca de Heitor, minha voz rouca de tesão e desejo— Cê tá mais gostoso do que eu lembrava.

Heitor riu, ofegante, enquanto as minhas mãos desciam para a cintura de Heitor, puxando sua camisa para cima.

— Meninos bonzinhos não falam assim — ele provocou, mas sua voz tremia.

Eu precisava sentir a pele de Heitor, quente e lisa sob meus dedos. Precisava dele.

Heitor me interrompeu com outro beijo, mais profundo dessa vez, enquanto minhas mãos finalmente encontraram o que procuravam: o cinto de Heitor, o botão da calça, o zíper que cedia com um som metálico. Heitor gemeu quando eu deslizei a mão para dentro de sua cueca, os dedos envolvendo seu pau já duro, quente como ferro.

— Foda — sibilou Heitor, quebrando o beijo para apoiar a testa na minha — Me toca.

Eu não precisei ser convidado duas vezes. Eu apertei a mão em torno do membro de Heitor, sentindo o peso, a pulsação sob a pele. Comecei a mover a mão para cima e para baixo, lento no começo, depois mais rápido, o polegar passando pela umidade na ponta a cada movimento.

Heitor respirava pesado, empurrando os quadris para trás e para frente, como se não conseguisse decidir se queria mais pressão ou mais velocidade.

— Assim, porra — murmurou, os dedos cravando nos meus ombros — Não para.

Mas eu parei. Não porque quisesse, mas porque precisava de mais. Eu afundei no chão, me ajoelhando na frente de Heitor, as mãos subindo pelas coxas compridas, os pelos escuros contrastando com a pele branca, até chegar à sua cintura. Com um movimento rápido, puxei a calça e a cueca de Heitor para baixo, liberando seu pau, que saltou para fora, grosso e vermelho, a ponta brilhando com pré-gozo.

Eu não perdi tempo. Abri bem a boca e envolvi a cabeça do pau de Heitor, a língua passando pelo sulco sensível logo abaixo. Heitor soltou um gemido longo, as mãos indo imediatamente para a minha cabeça, para me guiar, para me segurar, como se precisasse de algo a que se agarrar.

— Caralho, sua boca — arfou Heitor, os quadris começando a mover-se em pequenos empurrões — Tão quente, porra.

Eu sorri em torno daquele cacete de uns 18cm, mais comprido que grosso, a glande rosada, as veias azuladas sob a fina camada de pele branca, sentindo o gosto salgado do pré-gozo se misturar à minha saliva.

Eu afundei mais, levando Heitor até o fundo da minha garganta, antes de recuar, a mão apertando a base enquanto a boca trabalhava a ponta. Os gemidos de Heitor enchiam a casinha, se misturando aos sons molhados de sucção, ao farfalhar das roupas sendo empurradas para o lado, aos meus suspiros ofegantes.

— Vou gozar — avisou Heitor, a voz tensa — Mateus, eu vou!!

Eu não parei. Ao invés disso, apertei os lábios em torno do pau de Heitor e chupei com mais força, a mão movendo-se em sincronia. Senti o corpo de Heitor enrijecer, os dedos se cravando na minha nuca, e então...

— Foda! — Heitor grunhiu, e eu senti o jorro quente e salgado enchendo minha boca.

Engoli tudo, o gosto amargo e intenso, os olhos arregalados enquanto Heitor tremia acima de mim, os quadris ainda empurrando fraco, como se não conseguisse parar.

Quando Heitor finalmente relaxou, eu me recostei nos próprios calcanhares, passando o dorso da mão pela boca. Sorri, satisfeito, enquanto Heitor me olhava com os olhos semicerrados, o peito subindo e descendo rápido.

— Cê é um problema — disse Heitor, a voz rouca de prazer.

— Mas sou o seu problema — respondi, me levantando com um movimento fluido.

Heitor não deixou que eu terminasse de me endireitar. Com um movimento rápido, me empurrou contra a parede novamente, dessa vez me virando de costas. As mãos de Heitor desceram pelas minhas costas até chegarem à minha calça. Em segundos, eu estava completamente nu, o pau duro latejando.

— Agora é a minha vez — murmurou Heitor, a boca quente contra a minha nuca.

Eu não tive tempo de responder. Heitor se ajoelhou atrás de mim, as mãos espalmadas nas minhas nádegas, as separando. Quando a língua quente e úmida de Heitor passou por meu cuzinho, soltei um gemido alto, as mãos segurando na parede para não desabar.

— Porra, Heitor— arfei, sentindo a língua de Heitor circular, pressionar, antes de afundar levemente no meu buraquinho — Isso… isso é demais.

Heitor não respondeu. Em vez disso, continuou trabalhando, a língua molhada e hábil, alternando entre lambidas longas e pressionar a minha entrada apertada. Uma de suas mãos subiu, envolvendo o meu pau, movendo-se no mesmo ritmo da língua.

— Vou gozar — avisei, a voz quebrada — Heitor, eu não vou...

Mas já era tarde. O orgasmo me atingiu como uma onda, arrancando um grito de minha garganta enquanto meu corpo tremia, o esperma jorrando nas mãos de Heitor. Ele não parou, continuando a lamber e beijar meu cuzinho, até que eu estava ofegante, as pernas trêmulas, apoiado apenas na parede e nas mãos dele, que me seguravam pela cintura.

Quando finalmente Heitor se levantou, eu me virei, ainda ofegante, e o beijei com urgência, sentindo o meu próprio gosto em minha língua. Ele correspondeu, as mãos envolvendo meu rosto, como se quisesse memorizar cada detalhe.

Voltamos para o carro e desabamos nos bancos juntos, os corpos colados, suados, os corações batendo no mesmo ritmo acelerado. Heitor passou um braço sobre a minha cintura, me puxando mais para perto, e eu enterrei o rosto em seu pescoço, respirando fundo.

Ninguém falou. Não era necessário. Por enquanto, aquilo era suficiente.

E, ali, longe de tudo, eu quase consegui esquecer de toda a confusão que me cercava. Mas, no fundo sabia: quanto mais fundo me entregava a Heitor, mais olhos se voltavam para mim. E nem todos piscavam.

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