Capítulo Final: Amor, Ódio e Recomeço
Quando vi o carro dele meu coração quase saiu pela boca, me despedi do Pedro que não quis me deixar só até que ele chegasse e fui em direção o carro do Rui, quando entrei ele parecia sério, mas mesmo assim me beijou, o que tranquilizou um pouco.
— João eu acredito em você, mas preciso ouvir da sua boca então se tiver algo pra me falar por favor da agora beleza. — Fiquei confuso.
— Não estou entendo Rui, sempre fui honesto com você.
— Seu primo me mandou mensagem falando que você estava mentindo pra mim e que ainda saia com um professor dele, inclusive que era o mesmo homem que bancava você. — Fiquei atônito. — Você disse que seria só meu e eu acredito em você, por favor me confirma que seu primo mentiu e me explica porque ele veio falar isso pra mim.
— Rui eu saiu com o Professor sim, mas assim que começamos a sair eu parei de sair com ele, tanto que até disse que estava me apaixonando por você e por isso queria fazer do jeito certo, desde que acertamos que seríamos exclusivos o único cara ou melhor a única pessoa com quem dormi foi você. — Rui me beijo, não consegui ficar puto com ele porque sabia das insegurança que ele tinha por namorar um cara muito mais novo, mas do meu primo meu sangue ferveu só de pensar no Luan. Falando merda pada o Rui.
— Mais porque seu primo né procurou? — Rui queria entender o que se passava.
— Sinceramente não faço ideia do que Luan quer, desde que me assumi como Bi que ele não me deixa em paz, ele parece não aceitar que eu seja assim.
— João sinto muito que esteja passando por isso, vou só bloquear o número dele e esquece isso tá bom, eu acredito em você.
— Obrigado Rui, não quero que nada estrague o que estamos construindo.
— Meu eu, vem aqui meu novinho lindo.
Rui e eu fomos para um motel e transamos, os dias foram passando e Luan não havia incomodado mais o Rui, até quis tomar satisfação, mas tanto Rui quando dona Helena me convenceram a só esquecer o ocorrido, como estava falando a verdade e teria como provar coisa que não foi necessária já que Rui de fato acredito em mim e não voltou mais no assunto resolvi dar o caso por encerrado, entretanto acabei bloqueando Luan das minhas redes também, já tinha quase um mês que Rui e eu estávamos namorando, transamos sempre que nos víamos, toda folga dele estávamos juntos, na casa dele ou na minha, as vezes era só uma rapidinha entre um plantão e outro, em outros dias passávamos mais tempo juntos quando tinha dois dias de folga, até estávamos combinando que no final do ano faríamos uma viagem e ele pegaria umas folgas acumuladas que tinha.
Mas antes que pudéssemos marcar tudo Luan apareceu de novo, só que dessa vez causando um problema maior, Rui apareceu na minha casa no meio da noite e não estava com uma cara nada boa, nem quis entrar, conversei com ele dentro do carro mesmo, basicamente Luan foi até a irmã da Fatinha contar com tinha transado com Rui no mesmo dia em que tinha conhecido ela, e que vinha dormindo com ele esse tempo todo em segredo, e que só tinha dado um fora nela porque Rui havia exigido isso, a história não tinha nem cabimento, porém a irmão correu e contou para Fatinha que ainda parecia com raiva de mim — e sem motivo nenhum pra ter — e ficou puta com Rui também.
O problema foi que Fatinha espalhou no hospital que o Rui era um talarico e falso, por conta dele ser chefe dela e ela está falando dele dentro do hospital Rui seu uma suspensão nela ou algo do tipo que si piorou o barraco no hospital já que ela deu um escândalo se sentindo a injustiçada do rolê, mesmo que a gente nunca tenha tido nada sério e aínda a história sendo mentira, Rui era um médico sério e respeitado e esse barraco no local de trabalho dele foi muito mau visto para ele.
— Rui eu sinto muito, eu nem sei o que dizer. — Meu peito ardia nesse momento.
— Acho melhor a gente da um tempo João. — Ouvi aqui me quebrou por dentro.
— Rui a gente não fez nada de errado. — Tentei argumentar, meu desespero foi nítido assim como as lágrimas no rosto dele.
— Seu primo gerou uma dor de cabeça gigante no meu trabalho, você sabe que levo minha profissão muito a sério e trabalho muito para não ser só o médico gay do hospital, sei que não é culpa sua, só que preciso de um tempo pra pensar sobre tudo isso, não posso ter essas complicações na minha vida João, acho melhor a gente dar um tempo.
— Rui eu não quero dar um tempo caralho eu quero você.
— Também te quero João, mas do que já quis qualquer um, mas não consigo lidar com isso agora.
— Tudo bem. — Minha voz falhou. — Mas não vou desistir da gente Rui.
— João. — O interrompi.
— Eu vou resolver isso Rui.
Sai do carro com as lágrimas nos olhos, naquela noite chorei até conseguir dormi, mas não era só tristeza era raiva também, queria matar o Luan, dessa vez não ia ter ninguém no mundo que fosse me fazer não esganar meu primo, no dia seguinte Rui me mandou mensagem perguntando como eu estava, nos falamos um pouco e deixei claro para ele não que queria terminar e combinamos continuar, mas que ele ainda iria precisar de um tempo para digerir tudo que tinha acontecido no trabalho dele.
Já que o estrago parecia pior do que ele tinha me contado, isso só me deu ainda mais raiva então peguei minha carteira e celular e fui para a faculdade em que meu primo estudava, iria tirar essa situação a limpo e principalmente tirar meu primo da minha vida de uma vez por todas, agora era minha vez de dar um barraco na faculdade dele.
Minha raiva fervia a cada passo do caminho. Eu queria que meu primo sentisse exatamente a mesma dor que causou ao Rui. Se ele tanto prezava pela discrição, eu estava disposto a arrancá-lo do armário no meio do campus, nem que fosse à força, para que ele finalmente me deixasse em paz.
Ao chegar na faculdade, segui as indicações até o bloco do curso dele. No pé da escada, dei de cara com o Professor.
— João? Que surpresa vê-lo por aqui! — Ele sorriu, genuinamente feliz.
— Oi, Professor. Vim para acabar com o Luan — respondi, sem filtrar o ódio na voz.
— Calma lá. Venha, vamos tomar um café. Você precisa desabafar antes de cometer um erro.
Hesitei, mas o cansaço mental me fez ceder. Sentamos na cafeteria do campus. Enquanto eu escondia o rosto entre as mãos, o Professor esperou pacientemente. Aos poucos, despejei tudo: as armações, a perseguição e a hipocrisia de Luan.
— João, eu posso falar com o Rui. Posso confirmar que você me procurou antes de qualquer coisa — ofereceu ele.
— Obrigado, mas com o Rui está tudo resolvido. O problema é que ele não merece esse assédio do Luan.
— Mas por que ele agiria assim? — O Professor franziu o cenho.
— O Luan sempre pareceu tão sensato, inclusive namora um rapaz...
— É a hipocrisia dele, Professor! Ele me humilhou quando contei que era bi, e agora faz isso.
O Professor me olhou com compreensão, embora eu tenha notado um leve brilho de ciúmes quando mencionei meu amor pelo Rui. — Agredir seu primo não vai trazer paz. O Rui, sendo um homem maduro, provavelmente não aprovaria essa violência. Vá até minha sala; vou pedir para o Luan te encontrar lá. Resolva isso no diálogo, mas seja firme. Jogue-o contra a parede com a verdade.
A sala dele era um refúgio de livros e certificados. Fiquei ali, remoendo minha impaciência, até que a porta se abriu. Luan entrou com um semblante estranho. Sentei-me na cadeira principal, usando a mesa como uma barreira física para não voar no pescoço dele.
— É a última vez que falo com calma, Luan — comecei.
— Eu fiz o que fiz para o seu bem, João — ele insistiu na farsa.
— Chega! Me deixa em paz. Minha paciência esgotou. Se você não me aceita, suma da minha vida.
— Você não vê que esse Rui está te transformando em outra pessoa?
— Não, Luan. Você é quem mudou. Seja homem e me diga a real, porra!
O silêncio caiu sobre a sala. Luan baixou a cabeça e começou a soluçar. Quando a voz finalmente saiu, estava embargada:
— João... a gente começou algo que não devia.
— Foi você quem provocou. E eu não me arrependo do que fizemos — retruquei.
— Mas era para ser nosso segredo! Quando você disse que era bi, eu surtei. Eu não queria um namoro público.
— Mas eu nunca quis namorar você, Luan! Eu te via como um amigo, um porto seguro. Você estragou tudo com esse preconceito barato.
— Você me usou! — ele gritou, chorando mais forte. — Você brincou comigo e depois saiu exibindo sua sexualidade por aí, ficando com outros... eu tive ciúmes, João! Do Professor, do tal Pedro, do Rui...
Fiquei atônito. A ficha caiu:
— Você se apaixonou por mim? Foi isso? E em vez de falar, decidiu me destruir?
— Eu tive medo! — ele confessou. — Se você se assumisse, eu teria que encarar o que sentia, e eu não estava pronto. Ver você com outros caras me fez sentir descartável.
Senti um peso no peito.
— Luan, eu gostava de você, mas nunca desse jeito. Sinto muito se te magoei, mas eu não podia adivinhar. E nada justifica o que você fez com o Rui.
— João, me perdoa... vamos tentar de novo? Eu largo tudo para ficar com você.
Olhei para ele com pena, mas sem nenhuma dúvida.
— Não. Você me feriu demais. Quem sabe um dia possamos ser primos novamente, mas amor? Isso não existe entre nós. O que eu tenho com o Rui vai além de sexo. Eu amo a companhia dele, o cuidado dele. Eu amo o Rui.
O desespero tomou conta de Luan.
— Eu posso ser melhor que ele! Ele só tem dinheiro, João!
— Você não entendeu nada. E você tem um namorado, Luan. Seja fiel a ele ou vai acabar sozinho.
Levantei-me para sair, mas Luan bloqueou a porta. Ele tentou me beijar à força, um gesto desesperado e invasivo. O susto virou reflexo: acertei um soco em seu rosto. Ele caiu, chorando no chão.
— Fica longe de mim! — esbravejei antes de sair batendo a porta.
Saí da faculdade desorientado. Sentei em um ponto de ônibus e chorei. A angústia de estar longe do Rui era física. No impulso, mandei uma mensagem confessando tudo: meu encontro com Luan, meu medo de perdê-lo e, acima de tudo, o fato de que eu o amava.
Cheguei em casa e me joguei na cama. Ele visualizou, mas não respondeu. O silêncio dói mais que qualquer soco. Acordei horas depois com meu pai me chamando. Nosso contato era bruto e escasso.
— Então quer dizer que meu filho é gay. — Disse com seu jeito bruto de sempre.
— Sou Bi pai. — Respondi sem olhar pra ele.
— Que diferença faz, tá dando a bunda então é gay. — Resolvi ignorar suas provocações.
— Sua avó disse que você até trouxe o cara aqui.
— Sim, dona Helena o conheceu e ficou de boas com isso, você tem algum problema pai. — Falei desafiando ele.
— Problema nenhum, você é como sua mãe, mas problema seu e esse cara é médico mesmo ou mentiu para minha mãe? — Disse me provocando.
— O nome dele é Rui e sim ele é médico. — Fala do Rui me deu um aperto no peito, foi difícil não chorar na frete do meu pai.
— E que cara é esse muleque?
— Não é nada pai. — Falei desistindo de comer.
Meu apetite sumiu. Voltei para o quarto e chorei no escuro, sentindo que tinha perdido o homem da minha vida. Até que meu pai bateu na porta novamente: "Tem gente no portão".
Desci as escadas sem esperança. Mas, parado sob a luz do poste, estava o Rui. Meu coração falhou uma batida.
— Você me ama, João? — foi a primeira coisa que ele perguntou.
— Amo, Rui. Mais que tudo.
Ele encurtou a distância e me beijou com uma urgência que respondeu todas as minhas dúvidas. Ali, agarrado a ele, senti que o mundo finalmente estava no lugar.
— Me perdoa... — tentei dizer.
— Eu que te peço desculpas — ele interrompeu. — Eu te amo, João. Você me faz sentir vivo de novo. Não quero te perder por causa de inseguranças.
O fogo entre nós não demorou a acender. Com meu pai em casa, fomos para o apartamento dele. No caminho, a felicidade era tanta que até a fome voltou — paramos para um lanche, rindo como dois adolescentes.
Mas quando entramos no quarto, o riso deu lugar ao desejo absoluto. As roupas ficaram pelo corredor. Naquela noite, não houve barreiras. Sem camisinha, apenas pele na pele, confiança e entrega. Cada gemido era uma afirmação do que sentíamos. Quando me afundei nele, senti que nossas almas finalmente haviam se encontrado.
Gozamos juntos, selando um pacto de amor que nenhuma intriga do Luan poderia quebrar. Enquanto eu olhava para o Rui dormindo depois, soube que cada erro e cada caminho tortuoso valeram a pena. Eu não sabia se seria para sempre, mas sabia que, enquanto houvesse amor, eu lutaria por aquele "daddy" que transformou minha vida.
FIM
