Eu nunca gostei de mulheres mais velhas. Quando adolescente, sempre namorei garotas da minha idade. Mas a partir dos 25, comecei a consumir muito pornô e a partir daí desenvolvi um fetiche por novinhas. Hoje, com 43 anos, ainda prefiro as mulheres de 20, 25 anos. Não consigo ter algo com uma mulher da minha idade.
E tudo piora se for uma rabuda. Meu fraco é uma bunda redonda que balança, com celulites, que enche as mãos. É o formato que me faz prender a respiração na academia, na rua, na fila do mercado.
No celular é onde mais vejo as bundas que amo. Bato umas 3 punhetas por dia, e a playlist do meu vício particular é só disso: novinhas rabudas exibindo o que têm, se contorcendo, fazendo caras e bocas para a câmera. É meu escape para o estresse do dia a dia.
Me chamo Ricardo e, como já disse, tenho 43 anos. Tenho a pele bronzeada, sou alto, não digo que sou galã, mas não sou nada feio. Uso barba, tenho algumas tatuagens, sempre estou com o cabelo bem cortado e faço academia, nada pra deixar bombado, mas só pra ter um físico legal. Mesmo assim, a barriguinha de cerveja ainda faz parte do meu corpo, algo que não consigo me livrar. Também não me esforço tanto, pra ser honesto.
Moro no litoral, meu apartamento é pequeno, mas tem um sofá bom, uma TV grande, uma cozinha que pouco uso. É o lugar de um homem solteiro que se virou bem, mas que tem um quarto com a porta sempre fechada, onde o computador guarda os vídeos favoritos que ninguém pode ver.
E foi nesse apartamento, no meu santuário de hábitos solitários, que a minha sobrinha, Júlia, chegou para passar um mês de férias.
A Júlia. Filha da minha irmã mais velha, a Cíntia. Tem a pele bronzeada como a minha, cabelo loiro escuro comprido e a idade... Deixa eu pensar... Acho que19 anos agora. Era a menina que eu antes carregava no colo pra todo lado, minha princesa de olhos verdes iguais aos meus. Eu morei bem perto da minha irmã até meus 36 anos, e fui presente na criação de Júlia. Eu a levava pra escola quando a Cíntia estava apertada, a consolava depois de brigas com as amiguinhas, era o tio-herói, quase um pai, já que o pai de verdade não era presente na sua vida.
Quando me mudei para o litoral, há 7 anos, aquilo tudo ficou para trás. As visitas rarearam, as ligações viraram mensagens curtas no WhatsApp, os “te amo, tio” ficaram guardados na memória. Eu a via no Natal, em alguns aniversários. Sempre foi uma garota bonita, daquelas que a gente vê de vez em quando e pensa “caramba, como está crescida!”. Mas era só um pensamento passageiro, rápido, abafado pelo sangue compartilhado, pela moralidade automática.
Até ela aparecer na minha porta com uma mochila e um shorts jeans tão curto que me tirou o fôlego por um minuto. A blusa era justa, mostrando sua cinturinha fina e marcando seus peitos pequenos. Eu me esforcei para olhar nos olhos dela quando cumprimentei com um beijo no rosto, sentindo aquele cheiro doce do seu perfume invadindo meu santuário de homem solteiro.
- Obrigada por me receber, tio! Estou precisando espairecer da cidade, dar um mergulho no mar... - sua voz era animada e seus olhos grandes brilhavam. E quando ela se virou para tirar a mochila e a deixar no hall de entrada do apartamento...
Puta que pariu.
O shorts, que já era curto, subiu. E lá estava. Acontecendo na minha sala, em carne, osso e jeans: a bunda perfeita. Redonda, cheia, balançando com um movimento natural, as famigeradas celulites quase imperceptíveis, mas presentes, moldando aquele volume que parecia gritar para ser agarrado. Era o corpo de uma mulher. E era exatamente o tipo de corpo que, há anos, me fazia clicar em vídeos na solidão do meu quarto.
Eu engoli seco. Olhei para o lado. Senti o rosto esquentar. Uma onda de culpa imensa e nojenta me lavou por dentro. Era a Júlia, porra. Minha Júlia. A mesma que dormia no meu ombro. O desejo animal que surgiu, instantâneo e potente, foi como uma traição a toda aquela história, a todo aquele amor puro. Era sangue do meu sangue, mas naquele momento, sob o choque daquela visão, o sangue parecia ter virado apenas um detalhe distante, afogado por um impulso muito mais primitivo.
- Vem comigo, vou te mostrar seu quarto - eu disse, a voz um pouco mais grossa do que o normal, desviando os olhos para as paredes, para o chão, para qualquer coisa que não fosse ela.
Durante o jantar, conversamos sobre os velhos tempos.
- Tio, eu morro de saudades daquele tempo que você morava perto, sabia? - ela disse enquanto dava uma garfada na comida.
- Eu também, Ju - eu falei com um sorriso e uma nostalgia sincera.
- Lembra que eu ficava horas com você? Depois que você se mudou, nunca mais tive isso. Parecia que meu super-herói tinha ido embora.
A frase dela me atingiu como um soco no peito. A culpa, que sempre rondava minha vida no litoral, agora tinha um rosto e um nome: Júlia.
- Eu não devia ter me afastado tanto, princesa - o apelido escapou naturalmente. - A vida... A gente se perde às vezes. Inventa obrigações, novas rotas, e vai deixando o que é importante pelo caminho. Mas saiba uma coisa: você nunca deixou de ser importante pra mim. Nunca.
Ela ficou quieta por um momento, e então sorriu, um sorriso triste e doce ao mesmo tempo, e disse:
- Olha, estou aqui agora. Podemos recuperar o tempo perdido?
- Claro que podemos. Prometo que nunca mais vamos nos afastar, Ju - minha voz estava embargada. Naquele momento, olhando para aquela jovem mulher, senti uma determinação forte. Eu protegeria aquela ligação. Eu seria o tio que ela sempre teve saudades. O desejo que tinha me assustado mais cedo parecia uma fraqueza distante, algo que eu enterraria bem fundo em nome de algo muito mais valioso. - Essas férias são só nossas. Vamos fazer igual antigamente. Menos o chocolate escondido da sua mãe, ela me mataria.
Ela riu, e o som pareceu limpar o ar pesado que eu mesmo havia criado com meus pensamentos impuros.
- Combinado.
Naquela noite, ao me deitar, me senti em paz. A Júlia era minha sobrinha, minha quase filha. E eu faria de tudo para honrar esse vínculo. O resto... Eram apenas sombras de um homem solitário. E eu não precisaria mais delas. Eu tinha a Júlia de volta.
No dia seguinte, um domingo, sugeri irmos à praia. Eu não morava assim tão perto, mas dava para ir a pé por uma trilha que eu conhecia bem. Disse que mostraria a ela o caminho e nos dias de semana, enquanto eu trabalhava, ela poderia ir sozinha.
- Que máximo, tio! Tô doida pra pegar um bronze - ela disse, e o brilho nos olhos era o mesmo de quando eu prometia um sorvete no passado.
Meu plano era simples: ser o tio legal, o companheiro de praia. Recuperar a normalidade. Mas eu subestimei completamente o que significaria ver a Júlia de biquíni. Quando ela saiu do quarto, pronta, meu cérebro deu um curto-circuito.
Ela usava um biquíni minúsculo. Era verde, quase da cor dos nossos olhos. As partes de cima eram triangulares, prendendo seus seios pequenos e firmes. A parte de baixo... Puta merda. A parte de baixo era um fio dental que desaparecia no meio daquela bunda redonda e linda. A marquinha do biquíni antigo, mais clara na pele bronzeada, era um convite para os olhos.
Antes de sair, ela pegou um vestido que estava sobre a mochila. Era um tecido fino, quase transparente, branco. Um vestido tipo saída de praia, desses que não escondem nada. Com a luz da porta da varanda atrás dela por um instante, a silhueta ficou completamente visível através do tecido. Era mais provocante do que a nudez total.
- Pronta! - anunciou, girando para pegar a bolsa térmica. O movimento fez o vestido leve esvoaçar, e o tecido colou de novo ao corpo, revelando tudo. Eu desviei o olhar para as chaves, minhas mãos suando.
- Vamos lá - eu disse, a voz saindo mais seca do que eu queria.
Na trilha, o sol filtrado pelas árvores criava jogos de luz e sombra sobre o vestido dela. Às vezes, quando ela caminhava à minha frente, a luz forte de uma clareira tornava o tecido praticamente invisível. Eu via o contorno exato do fio dental entrando entre as nádegas, o balanço hipnótico do rabo carnudo e redondo a cada passo. Era como seguir um fantasma do meu próprio desejo. Ela falava animada sobre a paisagem, e eu respondia com monossílabos, meus olhos fixos nas pedras do caminho, nas folhas, em qualquer coisa que não fosse aquele espetáculo ambulante de tentação.
Ela cantarolava, feliz, completamente alheia ao inferno particular pelo qual eu estava passando. Cada passo naquela trilha era um passo mais profundo no meu próprio conflito: entre o homem que queria proteger a sobrinha e o homem que queria devorar aquela mulher.
A praia, quando chegamos, pareceu um alívio e uma condenação ao mesmo tempo. Pelo menos ali, com o mar vasto à frente, eu poderia tentar dissipar a tensão. Mas eu já sabia, no fundo, que o estrago estava feito. A imagem da silhueta perfeita contra a luz já estava queimada na minha retina.
O restante do dia na praia foi um martírio. Ela correu para a água, e eu vi, com um desconforto que era metade preocupação, metade algo mais difícil de nomear, os olhares de homens mais velhos nela. Eles varriam o corpo dela com uma fome descarada que me fez cerrar os punhos. “Ela é só uma garota”, pensei, sentindo uma onda de proteção virar raiva. Mas no fundo, eu sabia que não era só uma garota. Júlia já era uma mulher, e uma mulher muito bonita.
Quando ela saiu do mar, a água escorrendo por seu corpo, o biquíni molhado colado como uma segunda pele, meu coração apertou de uma forma nova. Não era só desejo. Era medo. Medo por ela. Porque ela parecia tão inocente, tão alheia ao efeito que causava, balançando o cabelo para tirar a água, rindo sozinha de alguma graça interna. Era minha sobrinha, que eu protegi desde sempre, exposta àqueles olhares.
Ela veio andando em direção à onde eu estava e foi então que um rapaz se aproximou. Não era muito mais velho que ela. Tinha um sorriso descontraído, mas seus olhos escaneavam o corpo dela de uma forma que me gelou a espinha. O instinto falou mais alto.
- Oi, tudo bem? A água está boa? - ele perguntou, ignorando minha presença por completo.
Júlia, sempre educada e aberta, sorriu.
- Tá ótima! Vale a pena entrar.
- Que legal. Eu estou aqui sozinho também, de férias... - ele começou, e eu me levantei antes mesmo que ele pudesse terminar a frase.
Minha movimentação foi rápida, e eu me coloquei ao lado dela, não de uma forma ameaçadora para o rapaz, mas sim protetora.
- Tudo em ordem, princesa? - perguntei, mas meu olhar estava no rapaz. Era um olhar neutro, mas firme, o olhar de um homem mais velho deixando claro que aquela jovem estava sob sua guarda. O mesmo olhar que eu daria para qualquer desconhecido que se aproximasse de uma filha.
O rapaz pareceu entender. Seu sorriso esfriou um pouco.
- Ah, beleza. Só cumprimentando - deu um aceno de cabeça e se afastou, buscando presa mais fácil em outra parte da praia.
Júlia virou-se para mim, os olhos verdes um pouco arregalados.
- Tio, tudo bem. Ele só estava sendo simpático.
- Sim, eu sei - respondi, mas minha voz ainda estava tensa. - Mas você não conhece ele, Ju. E sua mãe me mataria se eu deixasse qualquer marmanjo chegar em você assim, sozinha na praia. Melhor prevenir.
Era a verdade. Pelo menos, era uma parte grande da verdade. A outra parte, a parte que observava a curva da sua bunda gigante enquanto eu falava, eu mantive trancada a sete chaves. A justificativa era nobre, mas o combustível era impuro.
Ela pareceu aceitar minha explicação, dando de ombros com um sorriso meio resignado.
- Você sempre foi superprotetor, mesmo.
A frase me atingiu. Sempre. Ela estava certa. Só que antes, a proteção era simples, limpa. Agora, era um emaranhado de sentimentos bons e ruins, de amor genuíno e desejo proibido, que se misturavam e me confundiam.
Na volta, pelo caminho da trilha, eu caminhava um passo atrás, olhando para aquela bunda rebolando enquanto ela andava. Eu a protegia dos outros, mas quem a protegeria de mim mesmo? O ciúme paternal era real, mas ele não existia mais sozinho. E essa era a verdade mais assustadora de todas.
Na segunda-feira, Júlia disse que passaria o dia todo na praia. Um imprevisto no trabalho me fez voltar para casa mais cedo, o apartamento estava em silêncio, só o barulho distante das ondas. Pensei que Júlia ainda estivesse fora. Deixei as chaves no pote da cozinha e, ao passar pelo corredor, vi a porta do quarto dela entreaberta.
Não ouvi música, nem barulho de TV. Um instinto estranho me fez parar. E então, pelo vão da porta, vi.
Ela estava de pé, de costas para a entrada. Não usava o shorts curto do primeiro dia, nem o biquíni da praia. Usava um pijaminha baby doll minúsculo, de seda preta. A parte de cima mal cobria os seios, as alças finíssimas escorregavam pelos ombros. A parte de baixo eram shorts curtíssimos, que deixavam metade da bunda à mostra.
Mas o que ela fazia era pior.
Ela estava se contorcendo na cama, numa pose impossível, com o celular na mão esticada para trás, fotografando a própria bunda. Seu rosto estava voltado para o espelho da cômoda, concentrado, e ela fazia uma careta exagerada, exatamente como as garotas dos vídeos que eu consumia. A bunda, redonda e cheia, estava empinada para o celular. Ela balançava os quadris lentamente, buscando o ângulo perfeito.
A visão da sobrinha que eu tentava ver como quase filha, transformada na materialização viva do meu fetiche mais profundo. Aquilo foi um choque.
Meu corpo reagiu antes da minha mente. Um passo inconsciente à frente. O assoalho do corredor rangeu com um estalo seco.
Ela ouviu. Deu um salto na cama com o susto, girando com os olhos arregalados de pânico absoluto. O celular voou da sua mão e caiu no colchão.
- Tio! - a voz foi um grito abafado, cortado pelo terror.
Eu não sai do lugar. Meu rosto devia estar uma máscara de pedra, porque o pânico no rosto dela só aumentou. Ela puxou o lençol para se cobrir, mas já era tarde demais.
- Por favor, não conta pra ninguém! - ela suplicou, a voz trêmula, os olhos verdes implorando.
Avancei alguns passos, mantendo uma distância, mas o suficiente para minha presença ocupar o espaço todo. Cruzei os braços.
- Pra quem você tá mandando essa porra, Júlia? - perguntei, e minha voz saiu mais baixa, mais grave do que eu esperava. O ciúme veio disfarçado na embalagem certa: a preocupação rígida do tutor. - Algum moleque da internet? Alguém da sua faculdade?
- Não... Não é assim... - ela gaguejou, se encolhendo no lençol.
- Não é assim como? - pressionei, dando mais um passo. A raiva que eu sentia era genuína, de saber que ela tinha uma vida secreta onde ela era isso, e eu não fazia parte. - Você está na minha casa, Júlia. Sob minha responsabilidade. E está fazendo... isso?
Ela mordeu o lábio, os olhos cheios de lágrimas. A cena era quase cruel. E eu, o algoz, sentia um prazer doentio em tê-la sob meu controle, em ver a mulher provocante da praia reduzida à menina assustada.
- Eu não posso falar... - ela sussurrou, virando o rosto.
Foi a resposta errada. A fúria que eu precisava para justificar meu próximo movimento veio fácil.
- Tá bom - disse, com uma calma que era mais assustadora que um grito. Tirei meu celular do bolso. - Vamos ver se com sua mãe na linha você pode falar.
Meus dedos trêmulos começaram a discar o número da minha irmã.
- Não! - ela gritou, se levantando da cama num salto, o lençol caindo. O baby doll preto estava ridiculamente pequeno naquele corpo adulto, tremulando com a respiração ofegante dela. - Para, por favor tio! Eu conto! Eu explico tudo!
Baixei o celular, mas o mantive na mão, uma ameaça visível.
- Então explica. Agora. E seja sincera, porque eu vou saber se não for.
Ela respirou fundo, as lágrimas escorrendo de vez. Parecia uma criança prestes a confessar uma travessura enorme. Mas o que saiu da sua boca não foi coisa de criança.
- Eu... Eu tenho um perfil - ela falou, olhando para o chão. - No OnlyFans.
A palavra ecoou no quarto abafado. OnlyFans.
Por um instante, não processei. OnlyFans. Plataforma. Conteúdo adulto. Assinaturas. Dinheiro. Meu cérebro fez a conexão instantânea com as cenas que eu via, os perfis que eu, às vezes, olhava por horas em busca de algo específico. Algo como... Ela.
O olhar que fixei nela mudou. O disfarce de fúria paternal rachou, e por trás dele surgiu algo muito mais primitivo: uma curiosidade avassaladora, mesclada com um choque que não era mais moral.
- Você tem um o que? - perguntei, a voz agora um fio de incredulidade. Meus olhos percorreram o baby doll, o corpo que ele mal cobria, as coxas grossas. Tudo aquilo... Estava à venda?
Ela engoliu em seco, envergonhada, mas parecia um pouco mais aliviada por ter soltado o segredo.
- Um perfil. Onde eu posto... Fotos. Vídeos. As pessoas pagam pra ver.
- Que tipo de fotos e vídeos, Júlia? - a pergunta saiu antes que eu pudesse pará-la. Não era mais uma interrogação de tio. Era a pergunta de um homem que já sabia a resposta, mas precisava ouvir da boca dela. Precisava que ela confirmasse a fantasia que agora se tornava realidade grotesca.
- De... de mim. Dançando. Em poses... - ela hesitou, os braços cruzados sobre o peito num gesto defensivo. - Sabe, coisas sensuais.
Uma chave virou na minha mente. A minha sobrinha. A filha da minha irmã. A garota que eu ensinei a andar de bicicleta estava vendendo imagens da sua própria bunda na internet.
Uma onda de nojo por mim mesmo me inundou. Nojo porque, no meio da repulsa, uma parte de mim, a parte mais baixa, mais animal, estava fascinada. Estava... Interessada.
- Me mostra - a ordem saiu seca, autoritária. Não era um pedido.
Ela hesitou, olhando para o celular dela no colchão.
- Tio...
- Me mostra, Júlia! - avancei mais um passo, a sombra do meu corpo quase a alcançando. - Se você quer que eu pense duas vezes antes de pegar esse telefone e destruir a sua vida com sua mãe, você me mostra agora o que você faz.
O medo nos olhos dela se misturou com uma resignação profunda. Ela pegou o celular, desbloqueou com os dedos trêmulos, passou por alguns apps. Seu rosto estava pálido, iluminado pela luz azulada da tela.
Finalmente, ela estendeu o aparelho para mim. Na tela estava um perfil. @JuBunduda. A foto de perfil era uma silhueta dela de costas, com uma calcinha enterrada na sua bunda gigante. Os números: duas, quase três centenas de seguidores. Uma bio curta, com emojis de pêssego e fogo.
Deslizei o dedo para cima, e o mundo desabou.
A primeira foto era dela, de frente, no espelho do banheiro que eu reconheci sendo da casa da minha irmã. Usava um top e uma calcinha fio dental roxa. A próxima: um vídeo de 15 segundos dela dançando de shorts, igual àquele que ela usou no primeiro dia. Outra: ela de quatro na cama, usando apenas um casaco aberto, o olhar por cima do ombro diretamente para a câmera. A qualidade era ruim, a iluminação, amadora, os ângulos, previsíveis.
Mas o conteúdo...
Era exatamente o que eu consumia. O mesmo formato de corpo: novinha, cintura fina e um rabo lindo e redondo que era o centro de todas as poses. O mesmo tipo de exibição: focada na bunda, no balanço, nas coxas. Era um nicho muito específico. Meu nicho.
E ali era minha Júlia. Fazendo, por vontade própria e por dinheiro, o papel das garotas que me ajudavam a esquecer a solidão todas as noites.
Senti tontura. Uma náusea quente subiu da minha garganta, mas junto com ela veio uma excitação impossível de negar.
E era a coisa mais eletrizante que já tinha acontecido comigo.
Levantei os olhos da tela. Ela me observava, tentando decifrar minha reação. Eu devia estar pálido. Ou ruborizado. Não sabia.
- Isso tudo... É você? - sussurrei, minha voz irreconhecível.
Ela assentiu em um único movimento de cabeça, os olhos marejados.
Eu olhei de volta para a tela, para a foto dela de quatro. A iluminação era tão ruim que criava sombras feias na curva daquela bunda tão perfeita.
E então, a próxima frase saiu da minha boca quase sem que eu a comandasse. Saiu da parte de mim que era obcecada por aquele conteúdo, que sabia tudo sobre ângulos, enquadramento, luz. A parte que via um produto magnífico e sabia como melhorá-lo.
(N.A.: Voltei com mais uma história! Resolvi trazer o narrador masculino dessa vez. Espero que gostem dessa tanto quanto gostaram da última.)
