Surpresa

Um conto erótico de Rikititatiua
Categoria: Heterossexual
Contém 2483 palavras
Data: 15/01/2002 10:07:29
Assuntos: Heterossexual

SURPRESA

Silvia se espanta e tenta avisar, mas não consegueº Noite - Sexta-feira

' A mana chegou arrasada e chorou baixinho o tempo todo. Não pensei que Larissa fosse sentir tanto o final das férias, logo ela que encheu nossa cabeça com minhocas sobre como não conseguiríamos agüentar sequer uma semana “no mato” e no meio de caboclos sem educação que cheiravam mal.

' Os tios e tias ficaram deitados e sentados na varanda escutando músicas de seus tempos, e fomos pro aconchego cabisbaixas entristecidas. Cíntia também estava apática e vi que chorava baixinho tentando esconder as lágrimas, se fa-zendo de forte.

' A doutora Suelem ficou na varanda papeando, tentando elevar o moral dos tios. Acho que conseguiu, pois escutei algumas risadas e pilherias contada entre gargalhadas. Deve ter passado próximo de hora e meia quando tia Nadir entrou pela porta dos fundos procurando a filha.

' - Filha, vê se encontra um lugarzinho pra Suelem dormir aqui – Cíntia que havia tirado a roupa assentiu com pequeno movimento de cabeça – Não fica as-sim filhinha – a tia abraçou a filha – Seja forte e ajuda tuas primas a aproveitarem esses últimos dias.

' Cíntia voltou a balançar a cabeça e enxuga as lágrimas, eu apenas observo tentando pensar em algo que nos tire dessa fossa toda. Batem à porta da sala, que alguém havia trancado. Levanto da rede e vou atender, antes dou o sinal de alerta.

' - Garotas, tem alguém entrando – escuto movimentos nos quartos, estão se cobrindo.

' Era a doutora ainda vestida em roupa de banho. Meio baixinha, morena jambo, corpo bem feito e cara de menina levada. Bonitinha, sarada.

' - Oi! Sou Suelem e a Nadir falou que aqui tem um lugarzinho pra mim – deu um sorriso amável e estendeu a mão, que seguro.

' - Entra doutora – dou passagem e ela entra meio desconfiada.

' - Deixa dessa besteira de doutora... – pára tentando lembrar do meu nome.

' - Silvia. Me chamo Sílvia e sou filha de João e Carmem – falo olhando para ela.

' - Desculpa Silvia, mas ainda não deu pra gravar o nome de todos – retira sua mão e olha em volta – É bem arrumadinho aqui.

' - É sim. Essa é a casa da tia Maria e do primo Nat. Mas eles moram na casa grande, desde que o tio Augusto morreu – a doutora está interessada.

' Ela me segue e a apresento para todas, que se cobriram com toalhas e len-çóis. Estamos meio desconfiadas em tê-la em nosso aconchego.

' - Cíntia... Foi você que ficou chateada comigo lá na queda d’água, não foi – se aproxima da prima que a olha desconfiada – Acho que tenho que voltar a pedir perdão pela brincadeira sem propósito – estende a mão, a prima reluta segurar – deixa disso amiga, eu não quis ferir ninguém.

' Cíntia aperta sua mão e a doutora lhe abraça.

' - Pronto! Não brinco mais com coisas sérias – sorri e os ânimos se acalmam.

Cíntia é a única que não se cobriu e a doutora observa seu corpo com aten-ção, mas nada fala, está em campo estranho.

' - Só falta o Nat! Onde ele está? – pergunta tentando esconder sua excita-ção.

' Não tínhamos percebido a falta do primo, nossos pensamentos estavam fi-xos no final das férias e no sofrer antecipado.

' - Sim Cíntia! – indago a prima – Cadê o primo?

' - Não sei, vai ver ele ta no campo ajudando na lida – responde deitando na cama – aproveita e vê onde a doutora vai ficar.

' Suelem resolve não atiçar a onça com vara curta e deixa pra depois falar sobre esse “doutora”. Volto pra sala, onde ainda está a rede do irmão.

' - Suelem tu dorme aqui na sala, pois os quartos estão lotados – arma a rede e continua mostrando a casa – Ali é o banheiro, lá a copa e cozinha onde o primo ta dormindo. Se o banheiro estiver ocupado podes usar o do quarto grande. Tuas coisas ficam no quarto pequeno.

' Suelem volta pra casa grande retornando com uma mochila que deixa no quarto.

' - Meninas! – avisa – Vou estar na varanda com seus tios – sai, voltamos a

ficar à vontade.

'* * * * * * * * * *

' O primo só aparece no final da tarde com o semblante alegre. Noto que está armando alguma, mas não fala pra ninguém. Toma banho, troca de roupa e sai novamente.

' Mamãe nos chama para o jantar, saímos todas já sem a tristeza de antes. A doutora chega pra banhar e retorna vestida em uma bermuda de malha branca colada ao corpo que lhe realça as curvas provocantes. Ao entrar na copa se es-panta com a gozação dos tios.

' - Cuidado sulistas que a gata do mato chegou para competir com beleza – papai brinca e é aplaudido por todos.

' Suelem fica encabulada, imagina se não deveria ter vestido algo menos pro-vocante.

' - Liga presses marmanjos não, amiga – sorri tia Nadir – É que eles não es-tão acostumados com as beldades da roça...

' - Como não! Como não? – replica João – Afinal de contas onde foi que bus-quei a minha gata? – abraça carinhosamente mamãe.

' - Mas ela tava lá! – brinca tio Julio – Essa aqui é do mato mesmo – segura a cintura de Suelem que senta em sua perna.

' - Opa! – tia Nadir puxa a amiga – Esse colo é meu, irmãzinha – todos riem gostoso.

' Izidora coloca as travessas abarrotadas de iguarias que logo são atacadas, com avidez, por todos. O clima familiar é aconchegante, as pilherias e potocas anunciadas são saldadas com observações picantes ou gargalhadas soltas.

' - Pai! Cadê o amorzinho – Cíntia pergunta.

' - Ele foi rapidinho na cidade buscar alguma coisa – responde entre colhera-das.

' Cada vez mais algo me diz que Nat está aprontando alguma. Ele não apare-ce pra jantar e tia Nadir deve saber de algo, pois todas vezes que tocamos em seu nome ela desvia o assunto. Acho também que mamãe está envolvida, pelos cochichos o tempo todo.

' Depois do café na varanda mamãe levanta e anuncia com pompa.

' - Rapazes! Escutem rapazes! – os tios calam e olham para mamãe – Vocês já espiaram como a lua está bonita? – pausa dramática – Se não, é bom que ve-jam. Ou melhor, hoje é a noite do namoro e eu com Nadir preparamos um pro-grama diferente. Vamos namorar na pracinha da cidade – apupos das meninas.

' - Qual é mãe? Por acaso alguma de nos está namorando com alguém! – re-clamo sem entender.

' - E quem disse que vocês vão conosco? – sorri leve divertido – Hoje é a noite dos casados. Vocês que se virem, como fizeram o tempo todo.

Burburinhos indignados das garotas.

' - É isso mesmo meus amores! Vamos dar uma volta pela pracinha de nossa infância e vocês que se virem... Inventem alguma coisa, botem essas cabecinhas férteis para funcionar.

' Vimos que não adiantava reclamar, voltamos para o aconchego, a doutora ficou na varanda. Nat estava deitado no chão da sala, como que dormindo. En-tramos devagarzinho para não acorda-lo e quando já havíamos passado por ele, ele pula gritando. Susto geral, reclamações indignadas. Larissa soltou os cachorros em cima do pobre que não replicou, pelo contrário, abraçou a mana que se debateu.

' - Calma minha oncinha... Calma – acariciava sua cabeça, aos poucos ela se deixa domar.

' Sorriso geral e todas querem saber onde ele passou o dia, o que fez.

' - Ainda é segredo, gatas – se desvencilha e entra no banheiro, escutamos água jorrar.

' Foi o banho mais demorado que acontecera nesses quase trinta dias. Aos poucos nos reunimos no quarto grande tentando inventar algo para a noite. O primo sai do banheiro envolto na toalha, entra no quarto e senta na cama.

' - Garotas! Preparei algo para essa noite – anuncia. – Mas tem uma condi-ção!

' - Que condição – perguntamos ao mesmo tempo.

' Ele olha no rosto de cada uma, levanta e se veste com movimentos lerdos sem se importar conosco lhe olhando nu. Pede que Flávia o deixe sentar na rede, ela levanta.

' - Deixa de frescura primo, diz logo o que tu preparou – reclama Isabelle impaciente.

' - O negócio é o seguinte. O Ataliba encilhou o carroção em Sarita que será nosso transporte essa noite. Todas vocês deverão vestir bermudas e usarão es-sas camisas – levanta e retira da cômoda um pacote contendo sete camisas com estampa de flores em tinta forte e alegre – Agora, vão vestir as bermudas – pára de falar e se deita na rede.

' Mesmo sem entender, saímos e retornamos vestidas com bermudas. Larissa e Isabelle com sutiã, eu e Cíntia com os seios à mostra.

' - Sim! E agora? – pergunto.

' - Esperem que está faltando a Suelem.

' Pouco depois ela chega a mando da tia Nadir. Entra no quarto e estranha ver-nos sem camisa.

' - Ué! É desfile de peitos? – pergunta sem entender.

' O primo repete o que já havia falado. Ela tira a camisa, também não usa su-tiã.

' - Junto a cada camisa tem um lenço preto, que depois digo para que servem – abre o pacote e nos joga as camisa que vestimos sem reclamar, ele próprio veste uma bermuda estampada e uma camisa – Agora, em silêncio, vamos para nos-so transporte – sai e o seguimos caladas.

' Na varanda os tios se levantaram e ficaram calados assistindo nosso desfile improvisado. Em frente estava o carroção todo enfeitado com flores silvestres e lamparinas ladeando. Nat posiciona um banquinho para facilitar o nosso acesso aos bancos do carroção, subimos e sentamos caladas.

' - Tia Nadir e tia Carmem! – chama e as duas se aproximam – Agora meni-nas entreguem os lenços pretos para as tias – em silêncio entregamos e nossos olhos são vendados.

' - Não tô gostando nada disso – reclama Larissa.

' - Calma filha, o teu primo preparou tudo – aconselha a mãe.

' Todas vendadas as tias verificam se realmente não conseguimos enxergar, somente depois da constatação se dão por satisfeitas. Escutamos alerta o breve e solene discurso.

' - Caros tios e tias aproveitem o passeio à pracinha da cidade. Namorem bastante! E a senhora minha mãe, cuide para que ocorra conforme combinamos. O Rob já deve ter preparado tudo e os aguarda. Vocês, minhas adoráveis primas e convidada Dra. Suelem segurem-se bem que vamos iniciar nossa viagem.

Sentimos o carroção se movimentar e ouvimos os aplausos e gritos dos tios.

Nat conduz o carroção por bastante tempo, quase meia hora.

' - Demora muito amorzinho? – pergunta Cíntia.

' - Não meu amor, já está chegando.

' O carroção pára, sentimos que o primo desce. Silêncio, apenas o farfalhar das folhas anima o ambiente.

' - Agora garotas vou conduzir uma a uma, vocês não devem retirar as ven-das, mas deixem os sapatos no carroção.

' Ficamos descalças e, aos poucos descemos, sentimos que estamos em um local com bastante areia. Escutamos o som de violas bem baixinho.

' - Agora, quando eu disser já, tirem a venda – pausa – Já!

Parecia um sonho. Estávamos na margem da lagoa totalmente ornamentada com folhagens e flores silvestres. Em varas enfiadas dentro da lagoa, dez lampi-ões iluminavam os balões coloridos que boiavam em toda sua extensão. Três mesas compridas, enfeitadas com frutos frescos estavam cheias de iguarias, sendo uma delas com uma infinidade de jarras contendo sucos e batidas além de vinhos e bebidas quentes. Um pouco distante crepitava uma fogueira que mantinha quente vários espetos com carnes e lingüiças e na ilha Neco tocava viola ladeado por Marluce e Das Virgem, todos vestindo bermuda e a mesma camisa estampada. Um microfone e caixas de som colocadas em pontos estratégicos se encarregavam de espalhar o som maravilhoso que somente o Neco conseguia retirar de uma viola caipira.

' Estávamos estarrecidas, não nos mexíamos, não falávamos. Era demais para nos todas a surpresa que o primo nos havia preparado. Cíntia foi a primeira a sair do torpor e correr para Nat.

' - Amorzinho... É lindo – e o beijou longamente.

' Aos poucos fomos nos livrando da inércia e nos aproximamos rodeando Nat que sorria feliz pela constatação da aprovação unânime.

' - Hoje de manhã fui à queda d’água e vi vocês chorando... Tia Nadir me fa-lou o motivo e tive essa idéia...

' - Quanto tu foi lá? – pergunto lhe abraçando por trás – Eu não te vi!

' - Pois é! Mas eu fui e vi a tristeza de vocês. As tias Nadir e Carmem com o tio Manoel me ajudaram e aí está o resultado.

' - Mas mamãe falou que eles iriam pra cidade! Tu mesmo confirmou antes de sairmos – estranho.

' - É que a Nininha, os tio João e Julio não sabiam! – fez uma pausa – Por falar neles...

' - SURPRESA!!!! – os tios e tias saem do esconderijo e correm para abraçar as filhas.

' Cíntia, emotiva, não resiste e começa a chorar abraçada ao pai. O mesmo com Isabelle. Rob se aproxima tocando Luar do Sertão sendo seguido pelo pai e Das Virgem que canta com sua voz macia e melodiosa. Marluce veio na canoa e começa a servir bebidas para todos, Ataliba é o churrasqueiro oficial e o Xico ajuda em tudo.

' - Eu vi o teu beijo no Nat – reclama sério o tio Júlio.

' - Ora papai, eu me emocionei... foi isso!

' - Aquele beijo não foi de emoção...

' Cíntia desgruda do pai e tia Nadir se aproxima.

' - Deixa de besteira Julio! Não vai estragar a festa dos meninos – reclama baixinho.

' - Nadir! Tu sabes de alguma coisa que eu não sei?

' - Sei tudo o que sabes, ou o que tu escondes de ti mesmo. Tu não és um pai besta ao ponto de não saber do amor de tua filha por teu sobrinho...

' - Já notei que eles não desgrudam por nada, mas nunca pensei em um en-volvimento mais direto... – caminham abraçados e se distanciam do grupo – Eles são como irmãos, foram criados juntos...

' - E dormem juntos, e banham juntos... Julio! Julio! Tu sempre soube que en-tre eles existe algo mais que uma simples relação de irmãos ou de primos. – pára e olha para o marido – Isso não incomum na tua família, na nossa família. Nunca reprimimos nossos sentimentos, somos libertos para o amor e amamos desenfreadamente como os dois se amam. Ou será que com tua filha tem que ser diferente?

' - Não é isso Nadir, claro que nossas relações são mais verdadeiras e límpi-das que na maioria das famílias, mas é que nunca eu tinha visto os dois juntos, isso me chocou.

' - E o que muda? Cíntia vai deixar de ser tua princesinha? O Nat não será mais o filho que almejaste a vida toda? – continuam andando devagar, Julio está cabisbaixo – Agora tu sabes que nossa filha ama um homem de verdade e não temos o direito de exigir que ela ame apenas quem indiquemos. Meu velho, dentre todos os rapazes que conhecemos em nossas vidas não existe algum mais merecedor da nossa aceitação que o teu sobrinho. Ele tem mostrado, desde que nasceu, suas qualidades, sua honestidade...

' Pára de falar e continuam caminhando mata adentro. Julio está confuso.

' - Nadir tu tens razão sobre o Nat. Ele é o homem ideal para qualquer mulher, mas a Cíntia...

' - É sua prima legítima! – encara o marido – E daí? A.... – pára indecisa temendo o que quase fala.

' - Isso foi há muito tempo... – Julio entendeu o que a mulher não falou – E nunca mais aconteceu.

' - Mas aconteceu e vocês não acharam errado!

' - O amor verdadeiro nunca é erro, pelo contrário, é acerto – repete a frase tantas vezes falada.

' - Preciso falar mais alguma coisa? – pergunta, ele entende.

' - Não...

' Se abraçam e se beijam e se amam deitados na folhagem em uma entrega sem limites

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