A PRESENÇA DE TIAGO

Um conto erótico de Martini
Categoria: Grupal
Contém 3251 palavras
Data: 31/07/2002 19:30:08
Assuntos: Grupal, Tia

Dedicado a quem sofre de uma doença terrível, que se denomina S.I.D.A., matando milhares de pessoas inocentes ao longo destes longos anos, em que a precaução se torna na arma mais eficaz contra uma morte prematura....

A PRESENÇA DE TIAGO

Cheguei a casa, sentei-me no maple e pus-me a pensar naquela personagem que tinha falecido uns dias antes, vítima do vírus da S.I.D.A.

Como era engraçado sentarmo-nos juntos numa lareira de Inverno espesso na sua moradia numa vila no Ribatejo a conversar sobre todo o mais variado assunto, sem nunca nos aborrecer-mos, sempre deixando que quando um de nós falasse, o outro limitava-se a ouvir e a fazer criticas construtivas...que saudades tenho dessas conversas, especialmente de uma que me deixou fascinado e excitado simultaneamente.

Tiago gostava muito de sair à noite com os seus amigos mais próximos, vagueando por vezes nas noites intermináveis pela mata circundante perto da sua moradia, quando numa dessas noites, se lembrou de convidar Fedra, uma mulher italiana já a rondar os 40 anos para irmos os três a um pombal de um vizinho para tentar soltar os pobres animais da sua enclausura quase permanente, já que Tiago prezava a liberdade de todos os animais, incluindo daqueles menos produtivos, como lhes chamava...

E lá fomos nós cantarolando à luz da lua cheia carregada de imaginações e de estórias lendárias, como aquela que Fedra nos contou, já sentada numa pedra perto do pombal do Sr. Zé...

Ainda na sua terra natal, Fedra era arqueóloga, tendo por vezes de viajar para vários países europeus, aquando de grandes descobertas gloriosas que os seus colegas faziam e a convidavam para participar nos projectos apresentados aos Estados afim de poderem pesquisar mais abertamente o que se tinha passado naquele local com milhares de anos de história cultural, social e económica até...

Numa dessas excursões pela Europa, Fedra teve de estudar profundamente um diário perdido pela imensidão de terra esbatida pelo tempo, chegando à conclusão que tivera sido pertença de uma prostituta de nome Ionís, grega de origem, que contava as suas aventuras constantes num mundo clássico, em que apesar das mulheres não terem direito a voto e serem votadas num exílio muito próprio, conseguiam obter algum sucesso ficando nos bastidores como donas do fio que movia os bonecos no palco da vida, sendo os homens dominados pela perspicácia daquelas mulheres inteligentes e muito seguras de si próprias...

Ionís apesar de estar subjugada a um bordel patrocinado pela aristocracia da época, saía duas vezes no mês, procurando outras aventuras mais selvagens, mais eróticas, mais divertidas, tentando conhecer desconhecidos que iam à procura nas paredes do templo dedicado a Afrodite, as inscrições de nomes que lhes poderiam dar prazer e secretismo...numa dessas incursões pela noite, Ionís inscreveu o seu nome numa das paredes do templo, esperando pela sua vez de ser convidada a um passeio prolongado...

Como o seu nome não era conhecido, esperou ansiosamente por um desconhecido, observando outras femininas paixões em beijos longos, olhares meticulosos, vestes transparentes, quase semi nuas ao vento parado de Verão extasiante, quando se lhe aproximou um vulto masculino numa sombra quase inexistente, convidando-a para irem até à floresta das paixões como era conhecida...

Ionís aceitou, seguindo-o na longitude apropriada para o momento, vendo que afinal aquela sombra era a de um homem experiente, de grisalhos cabelos ondulantes que se mantinha silencioso, tomando-lhe apenas o pulso com a sua mão para lhe indicar um caminho desconhecido ainda para ela.

Nessa floresta, encontrava-se uma mesa de mármore esbranquiçada, onde na qual um vaso contendo vinho e dois copos em prata os aguardavam para o festim amoroso...o ilustre desconhecido nada dizendo, começou por a olhar com uma ternura tal, que Ionís se esvaziou num desmaio quase constante, acordando já em cima da mesa, despida, continuando aquele homem a olhá-la como se olha uma virgem antes do momento do sacrifício final!

“:- Sou aquele por quem tu procuras nas tuas façanhas nocturnas...” – retorquiu, beijando de seguida um pescoço fresco e húmido pelo orvalho de começo de madrugada...

Ionís sentiu-se bem com aquele beijo, mas não se mexeu, consentindo o livre massajar de dedos em todo o seu corpo, sentindo as coxas numa contracção, esperando o toque miraculoso que a conduzisse para uma fantasia sexual extrema...

Sem lhe tocar na parte feminina, aquele ser instante, fazia ouvir-se através do vento, gemidos fracos, mas longínquos, contracções refrescantes, mas pacíficas, em que Ionís já com as suas mãos nos seios, os apertava em movimentos de ponteiro de relógio de sol, ficando a ser masturbada por quem já a beijava no umbigo e nas nádegas, em que as suas mãos já se juntavam às dele, num aperto infinito, ficando de joelhos na relva fresca, massajando um músculo ainda pequeno, mas forte, numa beleza nunca vista nem sentida por quem estava habituada a ser a parte mais forte numa relação momentânea.

Sem se aperceber, começou por ser excitada por duas mulheres que se tinham aproximado daquela cena única.

Uma delas beijava-a nos lábios com uma doçura tal, que Ionís pensou estar a absorver um sumo de pêssego através de uma língua húmida, sensível, fresca, sedutora que chegava ao ponto de com um simples toque de línguas sugar todo um infinito de sensações contraditórias e fugazes...a outra mulher mordiscava-lhe os seios com firmeza, tendo uma das suas mãos já no seu clitóris, enquanto que o ser másculo as observava com um olhar seduzido e excitado, estando a ser maravilhosamente sugado pela boca daquela meliante experiente e jovem...

Não durou muito para que ele afastasse as duas mulheres e se juntar só a Ionís, colocando-a novamente em cima da mesa de mármore para a penetrar devagar como se estivesse a desflorar uma esposa virgem, tão docemente que Ionís apesar da sua idade de 30 anos, conseguira obter um orgasmo nunca sentido antes...

Assim que abrira os olhos, ambas as mulheres tinham desaparecido, ficando só aquele homem, sorrindo-lhe, ao mesmo tempo que saboreava um bago de uva no esplendor de uma cadeira em pedra em forma de trono de um rei desconhecido por aquele mundo clássico, criado por filósofos e deuses quase humanos!

“:-Espero ter-te amado na forma mais pura...” – disse, modificando a sua postura de sombra, para uma figura quase poética e fantástica, revelando-se Zeus, o pai dos Deuses Gregos...

Ionís, não querendo acreditar no que estava a presenciar, assustou-se, fugindo para uma floresta mais intensa e assustadora, quando lhe apareceu numa outra clareira, a figura daquele Deus, querendo explicar aquele desejo ardente de a ter possuído e de a ter amado profundamente, como nunca nenhum mortal a amara em toda a sua curta vida de existência...

“:- Nos teus sonhos, querias amar o Senhor dos Céus, o Deus Criador, aquele por quem tu sempre quiseste ser amada e querida...em sonhos via-te numa plenitude grácil, numa beleza interior monástica, simples, adorável e amava-te perdidamente, queria-te possuir, queria ser teu e tu minha...mas assustei-te, e não o queria fazer.”

Ionís então chorou porque sentia que não deveria de ter aquele privilégio de ser amada por um Deus...era mortal e prostituta, sem qualquer direito por uma vida interior, ficando Zeus intrigado com tanta culpa sentida, retorquindo-lhe que a sua vida era tão valiosa como a vida de outros mortais, mais valiosa ainda, pois conseguia fugir dos fugazes abraços e carícias para se refugiar e amar a quem a quisesse pela sua beleza...

Estavam ambos tão amorosos, que mais uma vez se uniram num acto de amor e paixão tão ofegante, que aquele espaço foi transformado numa tenda em tons de arco íris, ficando o seu interior mascarado por paredes de suaves panos coloridos esvoaçantes por um vento ameno e agradável, em que no chão apareciam pétalas de rosas encarnadas, amarelas, brancas, púrpuras, malmequeres luzidios pendurados no tecto invadiam com o seu perfume um ambiente natural, em que já nua, Ionís soltara os seus cabelos escuros, mostrando-os pelas costas, tapando-as por completo.

Já de frente um para o outro, aproximaram-se devagar, tocando-se ambos numa presença constante de beijos e carícias...sós, só eles os dois numa avareza dupla, de duas personagens apaixonadas e extremamente belas...

Ainda de pé, Zeus na sua própria figura de Deus, começou por a beijar constantemente numa sofreguidão fantástica, em que massajando-lhe o clitóris, o beijava no simultâneo desejo ardente de uma língua penetrante já num orífio fervente e fresco, sorvendo toda a sua incência feminina...e ao pô-la de joelhos contra a sua figura, deixou-se beijar num peito suave numa gentileza quase a medo, sendo mordiscado nos bicos dos seus peitos, descendo o seu tronco, em que Ionís já numa posição quase deitada se deliciava provando o sabor do seu sexo excitado, chupando-o delicadamente e devagar...

A sua boca ficava preenchida numa totalidade quase única, sendo Zeus acariciado pela língua e pelo suco vertido em momentos mais gostosos, ficando Ionís feliz por agraciar assim aquele ser sobrenatural.

Ainda de joelhos, Zeus quis que Ionís continuasse a acariciá-lo em torno do seu membro dorido, percorrendo-lhe os dedos pelos lábios, imitando um pénis penetrando uma vagina experiente e doce...

Carregando-a nos braços, levou-a para fora da tenda, onde os esperava uma cascata de água florescente e fresca, em que Ninfas e Sereias navegavam, suavizando um lago calmo e transparente, podendo ver-se alguns peixes pequenos saltitando, querendo prestar homenagem ao Grande Senhor dos Deuses...

Mergulharam juntos, dissipando-se as Ninfas e as Sereias, ficando só os beijos mais alargados, mais firmes em abraços constantes, corpos unidos, sentindo ambos o sexo um do outro, pegando Zeus aquela tão feminina mulher e fazendo com que Ionís se segurasse com as suas pernas nas suas ancas, a penetrou, balançando as suas mãos em nádegas firmes, já encostadas a uma das extremidades verdejantes daquele lago com vista para uma água sempre a escorrer pela montanha magnífica...

Assim se mantiveram durante algum tempo, unidos como só um ser se tratasse, sem que Ionís deixasse de gemer, contendo orgasmos seguidos numa façanha única e numa conquista por ela desejada.

Amando-se numa totalidade universal, Zeus deixou o seu esperma escorrer e atravessar um útero pequeno, escuro, escondendo lá a sua descendência em que Ionís teria a sua paz interior junto de uma semi deusa belíssima e audaz, não vendo mais o seu amado, mas prestando-lhe poemas eróticos e doações por parte de quem descobrira o seu príncipe encantado e amado....

Ao ouvir aquela descrição de Fedra, todo o meu corpo estremecera, querendo trocar a realidade de um conto retirado de um achado arqueológico, por uma visão simétrica, que naquele exacto momento deveria acontecer...mas claro que nada disso aconteceu, continuando a minha presença excitada...

Depois de termos aberto as gaiolas e ter solto os pombos e as rolas, corremos o mais depressa que podemos para que não fôssemos apanhados por quem se julgava dono e senhor da flora e da fauna...

Escondemo-nos então num matagal, cansados por uma correria não habituada, caindo numa erva, rindo como três crianças que fizeram uma tropelia e fogem para não receberem o castigo tão desejado pelos adultos...

Ainda com aquelas palavras em mente, aproximei-me de Tiago e beijei-o na boca ofegante ainda, absorvendo o resto do oxigénio que lhe restava...ficou estarrecido e admirado, pois apesar de ser bissexual, nunca se me aproximou com tal intenção de nos amar-mos...mas vendo-me tão desafogado e confiante, deixou-se ser beijado numa continuação em que Fedra se deleitou, pois nunca tinha visto tal encenação entre dois homens adultos e responsáveis...

Beijei-o sem a intenção de o querer enganar, apesar de ser heterossexual, mas com a simplicidade de querer aproveitar um só momento, de saber que intimamente o desejava, sentido-me atraído pelo seu sentido gracial...

Desapertei-lhe a camisa à medida que passava as mãos no seu peito e o beijava na constante sabedoria de o querer mais e mais...sentindo-lhe a sôfrega respiração gemida, em que se deixava despir-se aos olhares de Fedra...

Sem lhe retirar os calções de ganga, apalpava-lhe o sexo por cima da roupa, ficando este duro, mais largo, sentindo-o apertado por entre as minhas mãos delicadas de pianista em começo de carreira...

Quis que Fedra também participasse naquela loucura, pedindo-lhe que se despisse... e assim realizando-lhe o pedido, começou por mostrar um peito grandioso, belíssimo, liberto a uma natureza eficaz e sexual em que nos inseríamos os três naquela aventura quase passageira que era, tal e qual como no diário de Ionís.

Começou por beijá-la numa lentidão quase utópica e transcendental, abraçando-a carinhosamente como se abraça uma flor delicada...quis aquele destino que eu começasse por o despir completamente, massajando-lhe as nádegas firmes, mas tremendamente macias, uma pele de pêssego, de textura primaveril, passando os meus lábios por breves momentos naquela seda irreal, deixando por vezes uma pista de saliva qual não seria a minha vontade de o ter e de a ter a ela, já deitada junto de Tiago, abraçados numa horizontalidade de lado em que ficámos ambos naquele longo beijo francês...

Ao massajar-lhe as costas, dei por mim em cima dele, num total jogo erótico, numa pura sensualidade desejada, dançando talvez numa melodia imaginária em que Fedra se sentia sorrindo de olhos fechados, desejando, desejando, desejando...

Na minha pequena mochila, retirei vários preservativos para a grande orgia que iria acontecer naquele espaço já mais nocturno, verificando-nos a lua redonda, cheia, numa luz clara e forte, linda, como se fosse uma deusa transcendental que nos estivesse a consentir aqueles momentos grandiosos de paixão.

Tiago já penetrava Fedra ainda leve, delicado, feliz, enquanto eu ainda o seduzia em toda a sua essência já mais alargada e tão frágil...conseguindo ouvir leves mas longos gemidos de prazer mergulhados num imenso silêncio escuro de matagal, em que nem os pequenos seres invisíveis se atreveram a interromper aquela audácia maravilhosa...

Comecei por o penetrar devagar, como Tiago fizera com Fedra, sentido-lhe movimentos oscilantes numa grandiosidade que à medida que nos movíamos, nos sentíamos livres para nos amarmos em conjunto, ele em cima daquela fabulosa mulher e eu em cima dele, querendo-o intimamente...

Senti-lhes os orgasmos esperados, sentidos numa grande ansiedade anunciada, juntando-me a eles com emoções e palavras ainda por explicar...

Só durando os breves segundos de mudar para o segundo preservativo, senti a invasão que Fedra me fazia em todo o meu corpo arrepiado, desejando também a magnitude da paixão invadindo-lhe já o seu umbigo, que ao ser tocado se comprimia à medida da minha língua a provocar-lhe lembranças do seu país natal, tal eram palavras irreconhecíveis que delirava, enquanto Tiago se saboreava num clitóris tremendamente húmido, abrindo-lhe as pernas e puxando-as para cima para que também pudesse saborear e aproveitar as sensações de acariciar a sua vagina e um anus ainda virgem.

Ao deitar-me no verdejante colchão de ervas, puxei-a para mim, para que pudesse saborear uma dupla penetração numa plenitude tão ampla, que todos nós nos beijávamos freneticamente, querendo explorar todos os nossos corpos, lábios, pescoços, seios, pernas e braços, palavras que não se ouviam, sentindo já um vento mais frio invadindo-nos os pensamentos, mas aquecidos com todo aquele jogo de erotismo literário e inesquecível.

Meio adormecidos depois daquela orgia magnífica, vestimo-nos, não sem antes nos olharmos como personagens intermináveis de uma peça de teatro, elogiando a nossa liberdade de mentalidades e sensações.

Como óptimos amigos que éramos ainda nos encontrávamos em pubs, na minha casa, no apartamento de Fedra, conversando infinitamente, rindo que nem crianças depois de um dia escolar, saboreando a vida tal como era, sem pressas, nem receios ignóbeis.

Amava-nos no sentido mentalizador de sermos pessoas confiantes, bem dispostas, sem receios do futuro, pensando que tudo o que faríamos não traria mal ao mundo e que nada, nem ninguém nos poderia afastar do senso comum da nossa privacidade, pois não tínhamos segredos entre o sexo feminino e masculino, como se fôssemos um só ser, unido neste universo de nirvana transcendental...quando recebi a notícia que Tiago tinha sido infectado com o vírus da S.I.D.A.

Não percebendo muito bem o que se passara, fui ter com Fedra e juntos acompanhámos o nosso amigo a um médico, quando ouvimos aquela história interminável de desejos e de paixões sentidas que Tiago tivera com várias pessoas, sem qualquer precaução, pensando ele que os outros seres humanos seriam tão bondosos e unidos como nós os três éramos.

Numa bela tarde de Domingo, sem nada para fazer e estarrecido por ficar sozinho em casa, resolveu Tiago fazer uma incursão num cinema que apresentava só filmes pornográficos, sentando-se numa cadeira quase invisível, escondida na mais longínqua plateia existente, quando se apercebeu que a seu lado se encontrava uma mulher belíssima, loura, de porte seguro, com um dos seus seios à mostra, masturbando-se num frenesim monstruoso, enquanto que um outro homem lhe introduzia um pénis farto na boca, estando este sentado de calças abertas, ficando à mostra todo o seu sexo estrondoso.

Havia uma cena naquele filme que mostrava exactamente aquela posição, sem imposição alguma, sem tabus, sem palavras ou sensações mais profundas, quando Tiago deu por si a tocar naquela mulher e naquele homem, estranhos aos seus olhos fixos numa tempestade passageira como era...

Não havendo mais ninguém naquela sala, e o filme com um som quase ensurdecedor, e sem perdendo mais tempo com preocupações, todos eles se envolveram num jogo fatal, em que havendo gemidos e gritos, sexos à mistura, puxões de cabelos, lambidelas fartas e penetrações intermináveis, tiveram todos eles orgasmos curtos, seguidos por risos desconhecidos, saindo Tiago contente por sem ter visto o filme, se ter envolvido numa aventura que considerava saudável, única, um segredo que não iria conseguir compartilhar com mais alguém...

Passado poucos meses, ao sentir-se um pouco combalido, já com certas manchas a escurecer-lhe as faces pálidas, emagrecendo diariamente, perdendo pequenas manchas do seu cabelo soberbo, resolveu ir fazer umas análises ao sangue, pensando que seria alguma anemia, derivada talvez pela falta de apetite, ou pela gripe que apanhara e não mais se curava...

Ao saber a doença que tinha, lembrou-se por instantes daquela aventura quase depravada em que estivera envolvido, pois não usara contracepção alguma...

Ainda procurando aquelas personagens fugidias, tomámos conhecimento através do gerente daquela espelunca, que o Romeu e a Sónia eram clientes assíduos dos filmes pornográficos, que se invadiam da realidade tomando algumas drogas pesadas, sendo ela conhecida nas ruas nocturnas pela viúva negra, pois quem a penetrasse sem qualquer protecção teria uma morte lenta e tremenda, devido à doença que trazia consigo...

Desconsolado, Tiago soube que viveria pouco tempo, pois não se tratara no devido tempo útil, estando o seu relógio biológico a contar o tempo para trás, como se estivesse avariado e sem concerto.

Uns breves meses mais tarde, fui encontrá-lo caído no chão da cozinha, esvaído num sangue opaco, febril e sem força...Fedra ainda tentou reanimá-lo, mas sem fortuna nenhuma, faleceu a caminho do hospital, pedindo-nos perdão por não ter confiado nos nossos eternos conselhos de liberdade relativa em encontros amorosos...

Ainda choramos por ele, que era uma pessoa tão rica em sentimentos, tão fácil de confiar, tão louco e tão meigo...

Sentado agora neste maple, sinto-lhe a presença, o odor, o perfume, uma saudade infinda, feroz que me quebra a alma e o corpo, chorando por uma morte tão pobre, tão sem sentido... e pensando na nossa separação, como quando Fedra se despediu de mim no aeroporto, toda vestida de negro, não aguentando o pesar constante de o sentir tal como eu, combinando que na semana seguinte a seguiria para Roma, fugindo de uma presença constante de lágrimas lusitanas e de fado nunca ouvido...

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