O MISTÉRIO DO SUMISSO DE ROBERTA
Roberta era uma menina de temperamento explosivo. Dava um bocado de trabalho aos tios. Era acusada inclusive der ser uma má influência para os primos. Desde que viera morar no sítio, ainda não havia se acostumado à nova vida.
Os tios tinham muita paciência com a menina. Eram muito complacentes e viam suas travessuras como uma forma de demonstrar o inconformismo pela trágica perda dos pais.
Ainda era uma menina de 15 anos e, de uma hora para outra, viu sua vida aos avessos. Perdera os pais num frustrado assalto, quando estes retornavam de uma festa. De uma hora para outra, teve que deixar a vida tranqüila que levava na cidade grande para ir morar no campo. Foi uma mudança radical. Por mais que os tios e primos tentassem, Roberta permanecia indiferente a tudo e a todos. Quase não falava e desaparecia por longas horas, sem que alguém soubesse onde estava.
Era uma adolescente extremamente atraente, dotada de uma beleza admirável. Sua branca tez contrastava com a daquela gente do campo, cuja tez queimada pelo sol perdia um pouco a delicadeza. Não causava inveja nas duas primas, todavia despertava a curiosidade do primo mais velho. Ele um rapaz de 17 anos.
Transcorrera-se mais de um mês desde que ela viera morar com os tios e mesmo assim ainda permanecia cheia de reservas. Quando saia, não dizia para onde ia; quando voltava também não falava onde tinha ido.
Roberta deu para sair todos os dias e ficar por longo tempo desaparecida. Às vezes, sumia por uma ou duas horas. De início isso passou quase despercebido, contudo ela deu para sair todos os dias no mesmo horário por volta das duas horas da tarde. Ela vestia uma daquelas roupas provocantes que as adolescentes dos centros urbanos gostam de usar e desaparecia. Saia meio escondida e tomava a pequena estrada em direção à cachoeira.
A cachoeira era um lugar de difícil acesso. Apreciar o som das inúmeras quedas dágua, porém, era algo contagiante. Havia ali uma trilha de aproximadamente cem metros. Essa trilha terminava num lago, após a água descer por uma enorme pedreira, onde se podia ficar deitado tomando sol, como se estivesse numa praia.
A tia comentou com o esposo a estranha ausência da sobrinha. Não dispunham de tempo para ficar seguindo a sobrinha o tempo todo, ainda mais sabendo que ela sempre voltava para casa. Mesmo assim, os misteriosos sumiços despertaram a curiosidade do casal. Foi então que a tia teve a idéia de mandar Chiquinho, o filho mais velho, seguir a menina.
Ela, por sua vez, era cuidadosa. O que não acontecia com o primo.
Na primeira tentativa ele não obteve sucesso. Poucos metros adiante, foi surpreendido por uma cobra. Estava escondido atrás de alguns arbustos quando deu de cara com uma enorme peçonhenta. Assustado, saiu correndo e perdeu o rastro da prima.
No dia seguinte, preparou-se para segui-la. E no mesmo horário ela saiu.
Diferentemente do dia anterior, Roberta não seguiu pela estrada. Embrenhou na capineira para não ser vista e seguiu mato adentro em direção à Lagoa.
A muito custo, Chiquinho conseguiu segui-la à distância. Viu quando ela se dirigiu cuidadosamente à lagoa. Aproximou o máximo possível e, aproveitando um grande cupinzeiro, ficou abaixado atrás dele espreitando todos os passos da prima.
E o que ele viu foi algo de chocante e extraordinário.
Roberta sentou tranqüilamente na pedreira. Então, como se preparasse para entrar nágua, descalçou o tênis e retirou as meias. Depois soergueu a florida blusinha e a fez deslizar suavemente braços acima. Os brancos e viçosos seios pontiagudos brilharam ao sol.
A jovem executava os movimentos de uma forma tão natural. Sua beleza tornava-se tão intensa e seu corpo tão puro. Que formosura!
As delicadas mãos procuraram a borda da calcinha branca. Ao empurra-la para baixo, Roberta jogava os quadris para os lados, numa dança silenciosa, num ritmo misterioso, cheio de graça e encanto. E, aos meneios dos quadris, seu corpo era desnudado. Os contornos da fina cintura e a brancura das redondas nádegas se misturavam à beleza do lugar. Tudo agora formava uma paisagem límpida, natural e magistralmente bela.
A imagem daquele corpo nu, com todos os seus mistérios revelados, provocou reações e pensamentos no primo. Sempre admirara a beleza da prima, contudo aqueles pensamentos jamais tinham aflorado. Agora estava ele ali, a espreita, sentindo o sangue arder em suas veias e sem saber o que fazer.
Mal sabia ele que aquilo era só o começo.
Nua, Roberta foi entrando calmamente nágua. Caminhava com passos firmes e decididos. Aos poucos, a límpida água foi cobrindo seu corpo. E o contato da água no seu corpo parecia provocar-lhe um deleite maravilhoso. De súbito, ela estirou os braços, jogou o corpo para frente e mergulhou. Foi um mergulho tranqüilo e demorado.
A pureza da água transparente permitia ao primo vê-la nadar sob a água. Dir-se-ia uma encantadora sereia. Apesar de distorcida, ele conseguia distinguir os contornos do corpo dela. E ele viu como ela nadava feito um peixe, um grande peixe deslizando sob a água. Então ele quis ser um peixe, quis estar compartilhando com a prima aquele momento de graciosidade e encanto.
Mas eis que ela vem à tona. Primeiro a cabeça, depois o dorso nu. Então ela principiou uma melodia. E o som da melodia misturado ao som dágua caindo parecia fazer com que a melodia se tornasse ainda mais estranha. A maneira como ela cantava, usando palavras incompreensíveis, denotava estar em transe. Parecia querer despertar uma divindade.
Enquanto cantava a melodia, sentou-se na pedreira de frente para o lago e deitou lentamente o corpo nu sobre a pedra.
Ao ver a prima estirada, tão a vontade daquele jeito, como se estivesse deitada numa cama, um ardente desejo de sair correndo em sua direção e se atirar sobre ela se apossou dele. Seus olhos turvaram-se de desejos.
Dominado pela visão da prima, ele abriu as calças e levou a mão a sua masculinidade. E então ele passou a fazer movimentos para frente e para trás. Estava tomado e submisso à visão do corpo da prima.
Um forte pensamento ia envenenando se cérebro: possuir a prima naquele mesmo lugar. E tomado por seus pensamentos, não percebeu ele que a prima não cantava mais a melodia.
As mãos dela percorriam todo o corpo enquanto balbuciava algo. Uma das mãos escorregava de um seio a outro, apertando-os. Agitava em todas as direções os rígidos e eretos mamilos. A outra se arrastava do umbigo até o meio das pernas, dedilhando para trás e para frente, num movimento suave e mágico. A menina movimentava as pernas, roçando uma na outra.
O primo ainda permanecia a uma certa distância, meio que escondido atrás do monte de terra. Seus faiscantes olhos mantinham-se fixos nos gestos da prima. Contudo, não conseguia prestar a devida atenção, pois friccionava os contornos de seu falo, pressentindo o gozo, o momento em que as forças lhe faltariam por um curto intervalo de tempo.
De súbito, foi despertado de seus devaneios. Os movimentos em seu pênis cessaram, e ele teve a visão mais inacreditável de sua vida.
Uma enorme peçonhenta, igual à que ele havia visto no dia anterior, saiu do lago e foi se arrastando em direção ao corpo estirado na pedra.
Ela, como se a aguardasse, instintivamente foi afastando as pernas. Parecia um ritual. E o réptil foi chegando, chegando e se arrastando.
Chiquinho teve vontade de gritar. A vergonha se ser descoberto bisbilhotando a prima e por estar com as calças arriadas impediram que ele abrisse a boca. Por isso, de olhos esbugalhados, assistiu a tudo.
E então ele viu quando a cobre avançou por entre as pernas da prima e foi subindo mansamente em cima dela. Foi deslizando, num movimento ondular, por cima dos negros pêlos pubianos, perpassou o umbigo até chegar ao pescoço. E assim retesou a cauda.
Agora o animal estava reto feito um tronco de árvore. E o seu comprimento parecia ser maior que a altura do corpo da menina.
Como num passe de mágica, aquela cobra foi inflando, crescendo e crescendo... E foi adquirindo a forma humana. Em poucos segundos já não era mais um réptil. Agora o que se via era um belo rapaz; um rapaz de feições bem definidas, dorso atlético e pele de um rubro escuro, parecendo com um indígena.
Roberta não se assustara nem com a presença da cobra nem com a transformação. Pelo contrário, seus brancos braços envolveram o dorso nu do parceiro, unindo o corpo dele ao dela, numa união perfeita. Os dois pares de lábios se tocaram e os braços dele também puxaram o corpo dela contra o dele. Submissa, como se fosse apenas um instrumento nas mãos de um deus, ela deixou suas pernas penderem para os lados. Era como se ela soubesse o que fazer.
O primo assistia a tudo pasmado. Os pensamentos impuros desvaneceram-se de vez. Aquilo que o incomodava por entre as pernas, instante antes, já não o incomodava mais. A exultação desaparecera.
Seus pensamentos só voltaram a fervilhar quando aquela coisa levou uma das mãos ao pequeno seio da menina e o acariciou de uma forma delicada. Eram carícias de um homem experiente, que conhecia a fraqueza do sexo feminino.
Aquela mão firme, grande e delicada mimou-lhe um dos seios; aqueles lábios carnudos e grandes sorveram o outro num movimento de sucção e leves mordidas. A língua grande e longa, feito a de uma cobra, perpassava pelos pontos mais sensíveis do corpo dela.
E então Roberta quase enlouquecia de prazer. De dentro de seu desesperado peito, saia um grito incessante de para que fosse arrematada. Um grito silencioso, para que aquele animal deixasse fluir sua animalidade e sua selvageria e a fizesse sua mulher. E como se ele tivesse o poder de ler os pensamentos dela, levantou os quadris, moveu-os para os lados e jogou-os lentamente para baixo de encontro aos dela.
Aquele movimento que tanto almejava fez com que ela semicerrasse os olhos e jogasse a cabeça para trás numa mistura de dor e prazer. Dor essa provocada por algo desproporcional tentando romper todas as barreiras. Barreiras que se recompunham no instante seguinte em que ele levantava os quadris. E então teriam que ser rompidas novamente no instante seguinte. E naquele círculo vicioso de romper e recompor as barreiras, estavam todas as sensações de deleite e prazer.
Ela sabia que aquele círculo não era infinito. Durariam alguns poucos minutos. Mas ela queria que aqueles movimentos de subir e descer de quadris durassem mais, queria que fossem demorados. Demorados o suficiente para ela perder as forças e sentir toda aquela tensão fluir num deleite inefável.
Não era a primeira vez. Naquele mesmo local, ela se entregara ao sacrifício todos os dias; um sacrifício deleitoso, único momento de felicidade em meio a tanto sofrimento.
Ela percebeu, então, que a cada instante os movimentos dos quadris dele se tornavam mais rápido, a respiração mais ofegante, e as mordidas em seus seios mais desordenadas. Ela sabia de tudo isso e onde acabariam; mesmo assim, queria ela que durassem mais e mais...
Os rápidos movimentos dele nas profundezas dela lhe provocaram um calor crescente. Um calor que a desesperava e fazia seus pensamentos se perderem. Ela queria se livrar daquele calor e de tudo que a desesperava. Ela não conseguia pensar em outra coisa. Mas para isso ela precisava de mais tempo. Por isso desejava que ele também demorasse mais.
De repente ela sentiu as mãos dele apertaram com mais força suas duras nádegas, os movimentos do corpo dele se tornaram rápidos demais.
-- Ainda não, ainda não! -- exclamou ela em murmúrios.
Seus apelos, porém, não foram ouvidos. Ele deu-lhe uma profunda estocada, como se quisesse parti-la ao meio. E naquela estoca algo se partiu dentro dele e fluiu num jato quente. Um jato que atingiu suas profundezas. Então ela ouviu o grito de agonia e êxtase dele. Por sua vez, ela pensou que tudo estava acabado e ele sairia rastejando de cima dela.
Tudo parecia se confirmar quando, sem forças, ele amoleceu o corpo e cessou os movimentos.
O primo assistia a tudo abestalhado. O choque, contudo, havia passado e os pensamentos libidinosos, outrora interrompidos, voltaram fluir. Banhado pela maravilhosa visão daqueles dois corpos unidos numa dança sensual, ele ficou excitado e sentiu inveja daquele outro possuindo a prima. Ah! Como ele queria estar no lugar dela! E esses pensamentos foram crescendo e crescendo...
Chiquinho sentiu mais vontade ainda pela prima quando a viu rolar para cima do companheiro. Então ele tirou seu ereto pênis para fora e se masturbou.
Roberta vendo que, assim como da outra vez, ele ia se transformar e deixa-la com aquele desejo preso, sussurrou:
-- Eu também quero sentir isso!
Foi um sussurro desesperado; um sussurro capaz de partir o mais duro diamante.
Então ele viu-se na obrigação de fazer com que ela também experimentasse o deleite do ápice, do momento sublime do ato sexual. Por isso ele virou para o lado puxando-a para cima de si. Assim ela teria mais liberdade para executar seus movimentos.
Era uma menina inexperiente. Essa inexperiência, porém, foi suprida pelo instinto. E ela soube como atingir seus objetivos.
De um instante a outro ela foi erguendo o corpo. Esse movimento fez com que o seu peso fosse transferido para os quadris. Quanto mais ela se erguia, mais seus quadris afundavam nos dele. E quanto mais seus quadris se afundavam no meio das dobradas pernas dele, mais profundamente era penetrada. E novas sensações eram experimentadas. Sensações desconhecidas até então. Sensações que ela queria ter experimentado antes.
O aprumado pênis ainda permanecia teso; não tanto quanto antes, mas ainda o seu deslizar provocava nela um prazer inefável. Um prazer que crescia e crescia... E quanto mais crescia, com mais força e movia seus quadris para frente e para trás.
Seus olhos cerrados denotavam o quanto ela estava concentrada. Das profundezas de seu interior algo de novo e avassalador começava a se formar. Era uma enorme represa. Uma represa que não dava vazão à água e se romperia em instantes. Quanto mais ela jogava seus quadris para trás e para frente, maior era seu prazer. E ela continuava, continuava...
O ver da prima se deleitando em cima daquela coisa feito a mais depravada das mulheres, causou-lhe muita inveja daquele que estava sob ela. Enquanto se masturbava, punha-se no lugar dele. Em suas fantasias, ele não estava mais ali, escondido atrás de um cupinzeiro. Seu corpo sim, mas ele estava estirado naquelas pedras sentindo o peso e o deslizar frenético da prima em cima de si.
Suas fantasias, tão reais, provocaram uma quentura muito grande, seu sangue fluía com abundância, seus músculos perdiam a flacidez e tornavam rijos, como se fizesse uma força descomunal. Dentro de si também uma represa estava por se romper. Ouviam-se os estalos em forma de grunhidos. E quanto mais ele comprimia os dedos em seu pênis, maior era a força que se acumulava dentro de si. Subitamente a represa se rompeu. Uma quantidade incontável de emoções foi despejada em seu sangue. E então suas pernas fraquejaram, seu corpo estremeceu e longos jatos de sêmen se espalharam na vegetação.
Foi um gozo de alívio. Agora ele podia continuar prestando atenção à prima que parecia cavalgar num cavalo troteador.
Roberta jogava seu corpo para cima e para baixo numa velocidade incrível. Seu corpo banhado de suor estava próximo a explodir num arrebatamento descomunal. Súbito ela jogou a cabeça para baixo, apoiou fortemente suas mãos no tronco dele e soltou um gemido pungente de prazer. A represa que havia dentro dela se rompera. E então ela sentiu suas forças se esvaírem. Tombou sem forças para frente. Foi o primeiro orgasmo de sua vida.
Roberta viu as pernas e deitou sobre o companheiro. Arfava exageradamente e faltava-lhe forças para se levantar. Seus joelhos estavam doloridos e sangravam um pouco devido ao atrito com a pedra. Só foi dar-se conta disso agora, que todos os seus sentidos voltavam à normalidade.
Queria permanecer ali, deitada sobre aquele homem misterioso, por mais tempo. Era tão bom sentir o corpo e os braços dele lhe envolver. Ah! Como era delicioso ficar deitada nos peitos dele! Sentia-se fraca e impotente nos braços dele, todavia, como toda mulher, almejava ter todos os dias braços como aquele a lhe proteger para o resto de sua vida.
Mas eis que repentinamente ele foi tomando a forma original. Escorregou para o lado e poucos instantes depois rastejava em direção ao lago. O homem que transformara aquela menina numa mulher já se perdera na imensidão daquele vale. Restava a ela agora esperar até o dia seguinte. Certamente seria uma longa e ansiosa espera. Mas agora só lhe restava banhar-se naquele lago, se vestir e voltar para casa.
Foi o que fez.