Incubus

Um conto erótico de Mano Bruxo
Categoria: Heterossexual
Contém 907 palavras
Data: 15/06/2004 23:43:08
Assuntos: Heterossexual

Seu olhar me pareceu incomum. Vânia estava tensa e olhava para os móveis a procura de algo que eu não conseguia adivinhar. Não me fez um cumprimento ao chagar do trabalho, e não esboçou nenhuma emoção quando lhe beijei a boca ardentemente. Eu estava preparando um jantar especial como faço habitualmente todas as noites. Uma espécie de ritual de sedução. Seleciono artigos para discutirmos, escolho, antecipadamente programas na televisão a cabo para assistirmos juntos, preparo uma nova receita, e deixo de sobreaviso uns dois ou três Cds que serão, provavelmente ouvidos durante uma garrafa de vinho ou unas doses de Martini com cerejas. Aquele olhar... O que significava? Teria ela encontrado alguém que lhe provocasse um sentimento de estranheza ao chegar em casa? Não. Conhecia bem minha companheira. Se fosse isso, ela viria direto contar-me o ocorrido. Embora, muito bonita e atraente, Vânia emanava uma força que repelia mais que atraia as pessoas. Era uma pessoa circunspeta. Introspectiva. Sisuda. Não dava margens para que estranhos se aproximassem. Nunca a tinha visto desse jeito. Tentei disfarçar o meu desconforto. Não costumo me intrometer, nem tampouco, forçar a barra. Gosto da minha privacidade e, portanto, respeito a dos outros para que façam o mesmo comigo. Desisti da noite que havia planejado e resolvi ler um livro da Isabel Alende, Afrodite, que havia comprado para dar a ela de presente. Era um livro maravilhosamente interessante, onde, Isabel nerrava suas memórias amorosas acompanhadas de receitas de pratos deliciosos e afrodisíacos. Planejara presentear-lhe com o livro logo após o jantar. Vânia dirigiu-se para tomar o seu habitual banho. Morávamos na casa que pertencera aos seus pais e ela ainda conservava o hábito de tomar banho nua na lavanderia que ficava na parte de trás da casa, dando vistas a uma pequena casa de madeira onde morava sua ex-empregada com sua suas duas filhas crianças e um sobrinho adolescente, sem se dar conta se estava sendo observada ou não. No começo tinha ciúmes desse seu jeito irreverente. Depois, me acostumei com o fato. Tínhamos uma vida sexual muito ativa e, com quase dois anos de casados, transávamos, praticamente, todos os dias. Mais de uma vez no mesmo dia. Enquanto eu tentava, em vão, concentrar-me no livro, meus pensamentos eram todos voltados para tentar descobrir o que estava acontecendo com minha mulher. Alegando indisposição retirou-se ao seu quarto e dormiu. Como eu também trabalhava duro para manter a casa, uma hora depois, resolvi ir dormir também. Para minha surpresa, ao abrir cuidadosamente a porta, deparei-me com uma cena incrível: Vânia estava completamente nua, se masturbando num ritmo frenético. A princípio fiquei somente admirando aquela mulher ensandecida a fazer movimentos viris co suas mãos em seu corpo e a contrair-se inteira e depois esticar-se como se estivesse ali outra pessoa junto a ela. Excitado com o que estava presenciando, me aproximei e tentei falar-lhe sobre o tesão que estava sentindo. Ela sequer notava a minha presença. Nem quando a toquei e tentei beijar-lhe a boca. Era um sonho? Suscitei algumas palavras e nada. Ela não me correspondia. Ao contrário, seus gemidos iam ficando cada vez mais constantes e sonoros. As vezes ela gritava palavras que eu não conseguia identificar. Se eu a tocasse ela me empurrava violentamente. O que era aquilo? Ela então começou soluçar e, aos berros, pedia que parasse. Que não suportava mais. Suas coxas estavam completamente molhadas de sêmen, e o lençol vermelho encharcado com um líquido branco e viscoso. A essa altura eua já estava desesperado e tentei mais uma vez segurar-lhe a força e impedi-la, sei lá de quê. Inútil. Ela agora sentava sobre a cama, apoiando-se nos calcanhares e movimentava-se sensualmente. Fazia movimentos de subida e descida e circulares. Sua cabeça jogada para trás como se algo tivesse agarrado aos seus cabelos ruivos, puxando-lhe com força. Foi então que ela deitou-se de bruços, erguendo somente seus quadris e mordendo a fronha do travesseiro. Aos prantos, ela implorava que parasse. Depois, pedia que não. Eu podia ver seu sexo se fechando e se abrindo intermitentemente como se algo estivesse entrando e saindo de seu corpo. Até que ela num grito único e prolongado explodiu em gozo de forma inenarrável: era como se estivesse urinando. Mas, não era. Era gozo mesmo. A cama ficou completamente ensopada e ela caiu em sono profundo. Sacudindo-a, consegui, finalmente, acordá-la. Contei-lhe o ocorrido e ela, imediatamente começou a chorar copiosamente. Quando, enfim, se acalmou, contou-me o que acontecera: não sabia explicar mais desde a sua infância que isso se repetia em sua vida. Era um tormento, e ela pensou que esse terror já estivesse findo. Acreditava tratar-se de um espírito ou algo do gênero. Entretanto, já havia procurado ajuda de todo tipo de especialistas – desde médicos até padres – sem obter nenhuma resposta, sequer solução, para o seu tormento. Isso já havia ocorrido em publico e lhe colocara numa situação desastrosa. Compreendi que era um espírito. Expliquei-lhe sobre o que chamam de íncubus e procurei acalmar-lhe. Eu já havia lido sobre isso. Um espírito que abusa sexualmente de você, mais freqüentemente, quando se está dormindo. Já calma e tranqüila, perguntou-me pelo jantar e porque eu não estava em casa quando ela chegou do trabalho. Disse-me que estava faminta e louca para transar comigo. Vânia também havia-me comprado um presente: era um cd do Paco de Lucia. Em seguida ao jantar, ouvimos o CD, tomamos o vinho e fizemos amor como nunca. Mas, isso eu conto depois...

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