E as noivas disseram Sim! ( romance )

Um conto erótico de Cosmic
Categoria: Homossexual
Contém 3156 palavras
Data: 17/07/2004 21:05:18

O olhos de Mariangela percorriam a sala de aula, enquanto ela esperava o período terminar. Ela era uma mulher elegante e fascinante de dezenove anos de idade. Seus cabelos eram castanho-claros em tom de mel, olhos cor de âmbar e rosto de traços clássicos. Esguia, tinha as curvas certas nos lugares certos. Naquele dia, havia optado por uma blusa branca de algodão e jeans, compondo um visual despojado e esportivo que lhe caia muito bem. Do outro lado da sala, se encontrava Selina. Ela era um ano mais velha que Mariangela. Cabelos loiros, olhos azul-turquesa. Alta e magra, era muito sensual. Sabia que era bonita e gostava de atrair a atenção dos homens. Adorava o estilo ousado e atrevido. Assim, para ir para a aula, vestira seu corpo magnífico com uma calça jeans de cós baixo e uma camiseta estampada de algodão que deixava seu delicado umbigo à mostra. Subitamente, Selina ergueu a vista, ansiosa pelo fim da aula. Jogou os cabelos longos para trás, com a mão. O movimento dela atraiu a atenção de Mariangela, que procurou com o olhar a colega. Sentindo-se observada, Selina estreitou os olhos e seu olhar encontrou com o de Mariangela. Quando o azul capturou o âmbar, houve uma maravilhosa explosão de emoções intensas e desconhecidas, tanto em Selina quanto em Mariangela. Por instantes, o mundo inteiro pareceu dissolver. Por deliciosos e infindáveis segundos, só Selina existia para Mariangela; e só Mariangela exista para Selina. Era paixão a primeira vista! Mariangela era uma mulher recatada. Por isso, mesmo com o coração descompassado e as mãos úmidas, voltou a vista para seu caderno. Duvidava, no íntimo, que uma mulher tão exuberante como Selina pudesse se sentir atraída por ela. Por ouro lado, Mariangela não tinha muita experiência no amor e julgou que era errado arriscar seu coração por outra mulher. Mas suas emoções lhe informavam que ela havia encontrado, finalmente, a paixão. E ninguém pode se permitir fugir desse sentimento. Ela sabia disso. Do outro lado da classe, Selina fechou os olhos e prendeu a respiração. Queria se concentrar na deliciosa sensação de calor que colhia seu corpo. Ela meditou que era loucura se deixar sensibilizar de forma tão avassaladora por outra mulher. Porém, durante toda a sua vida, conhecera os prazeres do sexo, mas nunca os do amor. Pela primeira vez sentia-se derreter toda só por causa do olhar de outra pessoa. Certo ou errado, não deixaria aquela sensação gloriosa e perturbadora escapar. Amar não pode ser errado ou certo, pensou. E, então, resolveu conversar com Mariangela quando a aula terminasse. Em estado de alerta, Mariangela viu todos os colegas se retirando quando o sinal soou. Tímida e sensível, fingiu que passava a matéria a limpo. Não tinha coragem de ir embora e ser indiferente àquele misterioso fascínio que Selina irradiava. Também, nunca conseguiria reunir forças para abordá-la. O medo de ser rejeitada era muito grande. Então, ficou lá, desejando e desejando, profundamente, que ela viesse até ela. Levantando-se da carteira, Selina ajustou a alça da bolsa no ombro e mais uma vez dirigiu o olhar para Mariangela. Uma repentina e inexplicável sensação de bem estar a envolveu. Como estudante, Selina sempre se destacou, adorava competir contra si mesma, amava superar-se. Suas notas confirmavam seu sucesso. Como mulher, sabia-se atraente. O centro das atenções de qualquer festa. A caixa postal do celular cheia de recados, o grande número de pessoas na lista do ICQ e seu e-mail repleto de mensagens com os mais diversos e inusitados tipos de galanteios lhe davam essa certeza. Mas ela uma mulher que aspirava mais da vida do que sucesso e popularidade. Queria encontrar-se. Saber quem realmente era e como poderia encontrar a felicidade. E a emoção maravilhosa que Mariangela lhe presenteava, indicava que a resposta para suas dúvidas estava bem ali, esperando por ela. Somando coragem à sua determinação natural, caminhou na direção de Mariangela. Estacou frente à carteira dela e notou que Mariangela não levantou o rosto. Continuava escrevendo e escrevendo, nervosamente. Muitas vezes, a timidez pode ser mal interpretada como sinal de orgulho e presunção. De qualquer maneira, Selina soube entender a personalidade da colega. Instintivamente, aproximou-se com todo o cuidado e sentou-se ao seu lado. Seu coração apertou: teve medo que ela fugisse e todo aquele encantamento se rompesse. Selina correu os dedos pelos cabelos e inclinou-se na direção de Mariangela. "Pode parecer..." Ela foi obrigada a tomar fôlego, o que atraiu a atenção da outra. "Pode parecer loucura, mas eu acho... " Selina sentia que cada vez tinha menos forças para terminar a frase. Um sentimento novo, bonito e nobre a dominava, fazendo-a estremecer. "Bem, pode parecer bobagem, mas eu ficaria maravilhada em poder ser sua amiga," conseguiu completar, odiando-se e sorrindo por dentro, ao mesmo tempo, por parecer vulnerável. Mariangela concentrou seu olhar no de Selina, engoliu em seco para desfazer o nó que se formara na sua garganta. "Adoraria ser sua amiga também", ela afirmou, lutando desesperadamente contra todos seus medos. Evitar confusões e problemas, era isso que Mariangela sempre procurou. Havia mais de um ano que estudava naquela classe e praticamente não tinha qualquer amiga ou amigo. No entanto, demonstrava um tato social notável, sempre procurando conciliar o interesse de todos e sempre esquecendo-se dos seus próprios. O medo de envolver-se em qualquer tipo de conflito dominava sua vida. Preferia anular-se. Como sempre fizera desde criança. Seus pais viviam um relacionamento sem amor, marcado por choques e brigas verbais violentas. Para ficar a salvo das confrontações entre ambos, escondia-se. Adulta, continuava escondendo-se, refugiando-se dentro de si mesma, atrás de uma fortificação resistente e inexpugnável. Estranhamente, os homens sempre tentavam arrebentar e destruir suas defesas. Pouco cuidadosos, arremetiam contra elas ardorosamente, exigindo rendição. E a cada golpe, ela se fechava mais, se defendia ainda mais. Nunca se sentira suficientemente segura com ninguém. Até esse momento, ao lado de Selina. "Se você quiser, vamos descer até um barzinho atrás da faculdade, lá podemos conversar um pouco mais," sugeriu Selina, com um sorriso acolhedor. Algo dentro dela queimava e explodia, algo novo nascia. E ela estava disposta a explorar todas as possibilidades com avidez. Percebendo a mesma urgência que a queimava por dentro refletida no olhar de Selina, Mariangela fechou os cadernos, abriu um sorriso e meneou a cabeça afirmativamente. "Vamos sim," concordou. "Ainda é meio-dia e o transito deve estar terrível," assinalou, polidamente, e levantou-se. Ladeando Mariangela enquanto saiam da classe, Selina deu-se conta que ela tinha o perfume de botões de rosa e mel. Um calafrio atordoante correu pela sua espinha. O coração batendo mais depressa, Selina arriscou. "Você não acha que os sujinhos devem estar muito cheios?" Perguntou, já no corredor das salas de aula. "Queria uma opção mais tranqüila, sem muita gente ao redor." Olhou ao redor, diminuindo o passo, voltou a vista novamente para Mariangela. "Não queria ninguém ao nosso lado. Quero conversar de verdade com você." Mariangela deu um suspiro e comprimiu os lábios. Comedimento sempre fora um princípio a seguir na sua vida, pensou. A imagem dos pais brigando, dos gritos, a voz alta e barulhenta de ambos, correu pela sua mente. Imaginou o comentário dos colegas na faculdade caso aquela aventura tivesse qualquer futuro. "Eu não tenho certeza se isso é uma boa idéia, Selina," falou num fio de voz e virou o rosto para baixo, dando de ombros. Estar no centro da tormenta dos comentários e piadas dos outros era algo que ela estava determinada a evitar. "Não vou lhe dar escolha, Mariangela." Selina declarou num sussurro meigo e caloroso, se aproximou dela e passou o braços em volta de seus ombros. "Vamos para minha casa, ninguém deve estar lá a essa hora e poderemos almoçar juntas." Ela lançou os longos cabelos loiros para trás e seus olhos turquesa brilharam. "Onde está seu carro, Mariangela? A gente pode ir no meu ou você me segue pelo caminho no seu." Ela tentou resistir, mas aquela pergunta a pegou desprevenida e ela acompanhou Selina pelo corredor, em direção ao elevador que dava ao estacionamento. "Meus pais se recusam a me deixar dirigir. Deram um carro e uma moto para meu irmão, mas só posso pegar o carro do meu pai para andar pelo bairro." "Por quê?" Perguntou Selina, entrando no elevador e apertando o botão para o sub-solo. Os lábios de Mariangela se curvaram num sorriso amargo. "Eles acham que meu irmão tem todos os direitos. Apesar de ser um verdadeiro vagabundo. Nem faz faculdade nem trabalha." Os olhos de Selina se estreitaram. "Aposto que eles acham que você deve se casar o quanto antes e aliviar o orçamento doméstico." Ela colocou um tom cínico na voz e acrescentou. "Afinal, você é mulher... e um homem deve tomar conta de você." Saindo do elevador e rumando para o seu Celta vermelho ela continuou. "Ouço a mesma conversa em casa. Principalmente da minha mãe. Parece estranho, mas acho que todo mundo acredita que uma mulher deve ser livre, se impor, ter uma vida sexual intensa, mas apenas se visa casar e depender de um marido." Estacou quando chegaram ao carro e ela abriu a porta para a colega. Antes de se acomodar, Mariangela comentou. "Será que estamos nos século 21?" Jogando a bolsa no assento traseiro e ligando o carro, Selina deu um suspiro. "Se entramos na faculdade, arrumamos um estágio ou apresentamos um trabalho em algum congresso, eles ficam contentes, mas não arrebatados. Porém, quando um namorado chato e insistente telefona, parece a coisa mais importante do mundo." Mariangela riu e observou a colega colocando os óculos de sol, o que lhe dava um aspecto determinado e absolutamente cativante. Voltou o rosto para trás, para a faculdade que se distanciava. "Não são só eles que pensam assim," ela lembrou. "Você não repara no festival de casamentos das meninas do quarto ano?" Mariangela foi repentinamente empurrada contra o banco quando Selina acelerou pela Avenida Sumaré. Riu gostosamente. "Diploma e anéis de noivado parecem que são obrigatórios...", salientou num tom irônico. Um riso suave foi a resposta de Selina. No fundo, ela queria se mostrar revoltada. O seu coração, no entanto, tinha outros propósitos. "Não nego que eu também quero me sentir segura ao lado de alguém." Ela hesitou por um instante. "Também sonho em me casar, me sentir protegida e cúmplice de outra pessoa. Mas quero que essa relação seja verdadeira, não uma ilusão." Empinou o queixo e completou. "Quero me casar, mas não por pressão da minha família, principalmente da minha mãe, nem das minhas colegas." "Você acha que duas pessoas frágeis, cada uma a seu modo, podem se completar e dar segurança uma à outra?" Sondou Mariangela, enquanto entravam com o carro em uma rua calma, ladeada por altos pinheiros de ambos os lados. Selina passou a mão pelos cabelos, prendendo um dos lados atrás da orelha. "Homens e mulheres são frágeis. Todos nós somos." O olhar de Selina cintilou ao encontrar o de Mariangela. "Vencer esse receio e superar-se é maravilhoso. Acho que é isso que significa viver." Ela parou o carro em frente a uma residência de arquitetura moderna, com as paredes pintadas de branco e janelas amplas. As portas de aço se abriram e o carro avançou por uma caminho encantador, margeado por canteiros de rosas e tulipas de ambos os lados. "Deixe o material no carro," Selina advertiu, sorridente e charmosa. "Você não vai precisar deles por algumas horas." Ambas desceram do carro, entraram pelo átrio e se dirigiram para a sala de estar. Paredes pintadas de creme, moveis em couro vinho, algumas almofadas espalhadas pelo chão. Havia uma sensação de espaço e privacidade naquele recinto. Sentando-se sobre o carpete cinzento, com os calcanhares sob as coxas, Selina bateu de leve no chão com a mão espalmada, pedindo que Mariangela sentasse ao seu lado. Apoiaram-se numa mesma almofada de tecido bege e Mariangela perguntou, com a voz pequena e trêmula: "Você falou em vencer desafios... foi isso que a levou a me convidar para vir até aqui?" Selina arqueou as sobrancelhas. "Nossa, esqueci de perguntar se você não aceita um café ou um refrigerante. Onde está minha cabeça." Ela empertigou o corpo, pronta para se levantar. "Não quero nada, agora. Quero uma resposta," disse Mariangela, a mão apoiada sobre a coxa lisa e bem torneada de Selina, os nervos fazendo o estômago apertar e o coração disparar. Por um instante, Selina avaliou, maravilhada, os traços deslumbrantes do rosto de Mariangela. A curva convidativa do pescoço, o queixo atrevido, os lábios cheios e bem estruturados e olhos que pareciam brilhantes e escuros como diamantes negros. Precisou fazer força para focalizar sua atenção na resposta que ela exigia. "Não, Mariangela, você não é de forma alguma um desafio." Ela lançou-lhe um sorriso doce. "Desafio foi admitir o que eu sinto por você." Ela pegou a mão de Mariangela na sua e entrelaçou os dedos nos dela, apertando-os delicadamente. "Eu sinto medo, Selina," disse Mariangela. "Por você, por mim... Sei o quanto você gosta de ser popular. Vejo você sempre cercada de pessoas." Ela deslizou a mão livre sobre o braço de Selina. Notou-lhe os olhos azuis flamejando, os lábios convidativos entreabertos. "Se nós nos decidirmos a iniciar um relacionamento, você tem certeza do que vai estar abrindo mão?" Selina deixou a cabeça pender para frente. "Nós duas somos medrosas. Você sempre reservada, sempre escapando dos problemas, sempre recusando-se a se envolver." Ela ergueu e aproximou o rosto do de Mariangela. "E eu sempre me colocando em destaque, conversando e me relacionando com tantas pessoas, que mal conheço alguém realmente. Também sempre evitando me comprometer com qualquer coisa, sempre querendo empurrar os problemas para longe de mim." Selina deu de ombros e seus lábios se aproximaram perigosamente dos de Mariangela. "O amor, para ser amor, sempre exige sacrifícios," murmurou Mariangela, envolvida pelo perfume dos cabelos de Selina, pelo aroma provocante da sua pele sedosa e macia. Sentiu as mãos de Selina correndo dos braços para os ombros, os corpos se comprimindo. "E eu amo...amo você". "Também te amo," murmurou Selina, seus lábios cobrindo os de Mariangela com paixão. O mundo inteiro parecia que se dissolvia e se consumia em calor para Mariangela. Os lábios de Selina eram quentes, macios e determinados. Ela fechou bem os olhos, prendeu a respiração para experimentar cada nova sensação que a outra lhe despertava. Prazer e rendição se combinavam. Não haviam mais limites, nem retorno, um abismo se abria e ela se deixava cair e queimar, gloriosamente. Ansiosa, Selina aprofundou o beijo, provocando-a e maravilhando-se com a súbita intimidade. Ela se sentia inebriada de prazer, a sensação era muito mais profunda e veemente que ela poderia antecipar. Uma onda de calor começou a arder em seu baixo ventre, pulsando, deslizando como chamas por entre suas pernas no mesmo ritmo em que sua língua saboreava a boca de Mariangela. "Não... ainda, não," murmurou Mariangela, num fio de voz, ao sentir a mão de Selina deslizando e subindo pelo seu corpo, envolvendo-lhe o seio inteiro, a palma acariciando o mamilo túrgido, os dedos contraídos. Selina roçou os lábios pelos de Mariangela e desceu as mãos para seus quadris. Ela sabia que Mariangela tinha seu tempo. Tinha o seu momento. Sabia que ela ansiava por uma ocasião na qual a entrega pudesse ser mais completa e absoluta. "Você é tão bonita," disse Selina, beijando-a levemente, com os olhos abertos, arrebatada. "E você é minha", completou, abraçando-a e enterrando o rosto na curva entre o pescoço e o ombro de Mariangela, que parecia ter a textura da seda e o sabor de uma flor. Mariangela repetiu o gesto da outra. E se permitiu chorar de alegria ao perceber que era acompanhada por Selina. Descobriu que estava realmente amando profundamente aquela mulher, e não mediria esforços para permanecer ao seu lado. Erguendo o rosto e alisando com a mão o cabelo de Selina, ela sussurrou: "Já imaginou a barra que teremos que enfrentar? Não quero esconder de ninguém o que sinto por você." Selina anuiu num movimento pequeno de cabeça. "Se você ficar do meu lado... não sei do que sou capaz de fazer por você." Depois de um beijo delicado, Mariangela desafiou, num riso delicioso: "Pago para ver." "Quer apostar todas as fichas?" Selina provocou, sentindo-se triunfante ao perceber que Mariangela a incitava ultrapassar todos os seus sonhos mais audazes. "Sim, todas as fichas, sem deixar nenhuma de fora da aposta," Mariangela concordou. Quase um ano mais tarde, apesar de todas as adversidades pelas quais passaram, o brilho do olhar de Selina para Mariangela era ainda mais intenso e amoroso. Naquela capela, em frente a um sacerdote, vestida com um traje longo, em branco pérola, seus olhos pareciam faiscar quando ela declarou, com coragem e determinação: Eu, Selina, recebo você, Mariangela, para ser minha companheira, para tê-la e conservá-la, deste dia em diante, na abundância e na necessidade, na alegria e na tristeza, na enfermidade e na saúde, para amá-la e protegê-la até que a morte nos separe, e para isso eu empenho a minha honra. Mariangela, também vestindo um traje longo, em branco, precisou lutar com todas as suas forças para não chorar e repetiu, morrendo de felicidade, após a fala do sacerdote: Eu, Mariangela, recebo você, Selina, para ser minha companheira, para tê-la e conservá-la, deste dia em diante, na abundância e na necessidade, na alegria e na tristeza, na enfermidade e na saúde, para amá-la e protegê-la até que a morte nos separe, e para isso eu empenho a minha honra. Com uma expressão segura e confiante, Selina observou, fascinada, o esforço de Mariangela para não chorar durante a troca das alianças. Riu consigo mesma ao lembrar-se que já não era mais tão popular na faculdade. Aliás, mudara para o período noturno, como Mariangela, e ambas trabalhavam e estudavam, a fim de poderem sustentar-se por seus próprios meios. Sim, muita coisa havia mudado, concluiu Selina para si mesma. Ambas apostaram tudo no relacionamento, e quando o sacerdote deu autorização para que se beijassem, ela teve certeza de que nascera para Mariangela, e Mariangela para ela. Sentindo os lábios de Selina nos seus, as lágrimas riscaram o rosto delicado de Mariangela. Comovida, deu-se conta que Selina também chorava. Como um raio, Mariangela viu toda a sua vida passando pela sua frente. Era uma mulher tímida e introvertida, com muito receio de desafiar a sociedade e a família. Mas, desde que o relacionamento com Selina iniciara, ela se transformou. Continuava reservada, mas tinha muitos amigos, era uma pessoa vibrante e sem medos de desafios. "Viu, eu apostei todas as fichas," murmurou Selina, a voz embargada. "E nós duas ganhamos a felicidade!" Sussurou Mariangela, beijando-a ardorosamente. Os parentes e colegas de ambas, que atendiam à cerimônia, não conseguiram deixar de se emocionar. Lá, celebrando votos de fidelidade, estavam duas mulheres muitos frágeis, mas que juntas descobriram no amor o caminho para a felicidade, apesar de todo o preconceito e de todos os obstáculos. Fim! PS: Elas viveram felizes para sempre...

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