Confusões na Zona Rural

Um conto erótico de Lucinha
Categoria: Heterossexual
Contém 1380 palavras
Data: 13/11/2004 00:15:26
Assuntos: Heterossexual

Domingo de manhã, meu marido recebeu convite de uns amigos para um churrasco na chácara de um deles. Coisinha chata, né? Não tínhamos planos para o resto do dia, estava calor e a chácara tinha piscina. As esposas também iam. Assim, entre um dia de soneca e tédio e uma tarde com amigos, decidimos optar pelo menos chato e mais cafona: um churrasco na chácara.

Tudo excessivamente normal no local. Um dos homens cuidava da churrasqueira, os outros falavam de futebol e política, as mulheres falavam de saúde e dietas. Entravávamos e saíamos da piscina, tomávamos sol, comíamos a carne que lentamente era servida.

Resolvi dar uma volta pela chácara e fumar um cigarro. Eis que noto que tinha esquecido os cigarros em casa. Procurei um no carro desesperadamente e nada. Perguntei se alguém tinha cigarros e não tinham. Fiquei aflita. Precisava de um cigarro, o vício é um horror. Chamei meu marido de lado e pedi que ele fosse na cidadezinha que ficava próxima à chácara comprar um maço de cigarros para mim. Ele, que detesta meu hábito de fumar, riu e disse que não iria, no maior estilo de “dane-se, querida”. Eu teria que ficar sem, ele disse.

Gente, se eu já estava nervosa e histérica, a atitude dele piorou muito meu stress. Era questão de honra: sem cigarros eu não ficaria! Convidei as esposas a irem comigo até a cidadezinha, perguntaram para quê, quando respondi que era para comprar cigarro, elas riram com as maiores caras de bunda e sugeriram que eu ficasse sem fumar, quem sabe eu até “conseguisse parar”.Que ódio que senti delas naquela hora. Aí estressei definitivamente. Educadamente pedi a chave do carro a meu marido sem dizer para que (na verdade, ele nem perguntou) e sai sozinha para comprar cigarros na tal cidadezinha.

Na raiva do momento, não me toquei que sai vestida só de biquíni! Quando já tinha dado partida no carro foi que percebi. Ora, mas já pensou voltar, me secar e me trocar só para comprar cigarros? Era dar muita moral para aquele bando de moralistas. “Vou assim mesmo”, pensei.

Pegando a estradinha que ia para a tal cidadezinha, tive que diminuir a velocidade atrás de um trator (acreditem: um trator!) com dois jovens dirigindo. Certamente o possante era usado na agricultura durante a semana e nos fins de semana era o esporte dos rapazes, pelo jeito, um tremendo esporte ultra-radical.

Nem precisa dizer que eles começaram a me encarar. Com a “velocidade assustadora” que iam, conseguiam até olhar para trás – já que aquela merda não tinha retrovisor – e dirigir ao mesmo tempo.

Eles me olhavam não só pelo carro, mas pelo inusitado de uma dona estar dirigindo de top naquela estrada, naquela hora. Estavam me curtindo. Fazer o que? Não tinha espaço para ultrapassagens. Pensei: “Meu Deus, tenho certeza que o Senhor não fuma, pois se fumasse não me faria pagar esses micos”.

Embrenhei o carro pelo mato lateral e ultrapassei a máquina feroz, e nervosa como estava ainda gritei para os pilotos algo como “sai da frente, porcaria!”; Passei cantando pneus e levantando poeira, ainda ouvi um deles gritar “Eita muié!”

Cheguei ao vilarejo e encontrei um bar. Que coisa horrível. Rua de terra, poeira, sol forte. Quatro homens jogando baralho numa mesa na calçada com garrafas ao lado – garrafas ao sol, isto me dá nojo.

Os marmanjos me olhavam no volante do carro. Desci do carro com meu biquíni assanhadinho, que já é ousado na civilização, imaginem ali. Todos me olharam.

O dono do bar, com um pano sujo pendurado no ombro, perguntou se eu queria algo. Um radinho de pilhas transmitia futebol. Olhavam-me como se eu fosse uma prostituta chegando ao meretrício. Pedi um maço de cigarros, que abri ali mesmo.

Olhei para aqueles “excluídos do sistema” e me bateu uma angústia misturada com raiva. Eu tinha pena deles, mas sentia que eles tinham raiva de mim. Feios, sem futuro nenhum, sem esperanças, só lhes restava esperar a morte, embora já estivessem mortos em vida. Saberiam que a vida é mais que aquela porcaria que viviam? Aquele marasmo conservador me encheu de revolta, resolvi provoca-los.

Aproximei-me da mesa onde jogavam e pedi fogo, um deles acendeu meu cigarro com palito de fósforo, coisa que odeio. E não é que a topetuda aqui resolveu fazer uma revolução? Enquanto tragava, notei que todos me olhavam, ou meu biquíni, ou sei lá o que. Ri e perguntei atrevidamente: “O que vocês estão olhando?” Ouvi um monte de “nada, nada”. Irada e rindo com ironia, disse: “Olha, vocês estão pensando que eu sou alguma vagabunda? Ta bom, eu sou... a mulher de vocês nunca será uma vagabunda como eu, nem as filhas de vocês!” Pensei que essas palavras tão sensatas os fizessem refletir, mas aquelas pessoas não refletem nem no espelho! Nem me deram ouvidos, riram de mim! Para piorar, o dono do estabelecimento veio por detrás de mim e me empurrou para fora do recinto, dizendo: “Fora, dona, isto aqui é lugar de respeito e não quero confusão!” Com o empurrão, quase cai. Tentei argumentar algo com ele e ele empurrou de novo, gritando “fora daqui”. Fiquei apavorada e sai rapidinho. Qualquer pessoa perde a elegância quando está sendo empurrada para fora de um boteco, e é impossível tentar conscientizar as pessoas sobre a necessidade de brilhar na vida quando se está quase caindo de biquíni numa rua de terra. Brava e com medo, entrei no carro e arranquei cantando pneus.

No caminho pensava na bobagem que tinha feito. Claro que não teria conseqüências, mas como eu era estúpida, gente! Fui de biquíni num boteco de vila e quis fazer a cabeça de uns cachaceiros que nunca mais ia ver de novo.

Ia pela estrada quando o trator com os dois caipirinhas surgiu na minha frente. Com dificuldade e sem olhar neles, desviei o carro e passei pelo lado. Tive uma idéia maluca, para me livrar das bobagens feitas: parei o carro uns 20 metros adiante e desci. Os rapazes ainda andando com seu “jet-ski de caipira” me olharam e reduziram a velocidade (o que é difícil: já iam muito devagar, mas conseguiram) Gritei para eles: “Hei, breguinhas!” Olharam e tirei o top do biquíni, exibindo meus seios. Eles ficaram surpresos, assustados, nem sei. Ri e disse: “Gostaram?” Rapidamente voltei ao carro e fui para a chácara. Lá, lógico que não contei nada das minhas desventuras.

Esta historinha poderia acabar aqui, mas aconteceu no mesmo dia uma outra coisinha curiosa. Leiam se quiserem, já fui extensa demais.

Já à tardinha, na chácara, todos nos juntamos para assistir a um filme na casa da chácara. Assistimos ao filme, então recém lançado, do Mel Gibson sobre Jesus. Terminado o filme, dramático, estávamos meio tensos e alguém sugeriu que déssemos um mergulho, pois estava calor e a piscina era iluminada. Entraríamos na água um pouco e depois iríamos embora. Todos concordamos. Foram todos colocar as roupas de banho de novo, mas eu tinha colocado a roupa, camiseta e jeans, por cima do biquíni e não precisei sair da beira da piscina. Quando todos chegaram, tirei a roupa que estava por cima e junto com os demais entrei na água. Ficamos assim um bom tempo, e eu conversava com as mulheres quando uma delas me chamou de lado e perguntou se eu sabia que estava de calcinha. Fiquei gelada e apalpei-me na cintura e no bumbum. Exatamente: ao entrar, fui ao toalete e tirei a parte de baixo do biquíni, que estava apertando, colocando uma calcinha. Como coloquei a camiseta sobre o top, me esqueci que estava sem a parte de baixo ao tirar a roupa para entrar na piscina! O pior é que o biquíni era preto e a calcinha era bege. Uma das mulheres me trouxe uma toalha na qual me enrolei dentro da água mesmo e sai, para vestir o resto do biquíni. Não sei quem notou o ocorrido. Meu marido não percebeu. As mulheres todas perceberam. Os outros homens? Não sei, nem perguntei. Reparem quando uma mulher vai tirar a roupa que está por cima do biquíni: ela nunca confere se está de calcinha ou com o biquíni. Portanto, não foi minha culpa. Mas cada vez mais acredito que vim ao mundo apenas para pagar micos, muitos micos.

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