Eu podia ver medo em seus olhos. Será que ela não entendia a maravilha que estava disposto a proporcionar-lhe?
Com suas mãos e pés amarrados, estendidos como num grande "x", o corpo era o conteúdo perfeito para o altar que preparei. Lençóis da melhor seda, velas e incenso almíscar, cordas num nailon macio para que não a machucasse muito. Mas apesar de todos os preparativos, de todo o trabalho que tive, ela insistia em se negar. Ele me ama, tenho certeza disso. Tentava se esquivar do meu toque, mas sei que me ama.
Pelo brilho das luzes ondulantes, podia delinear seu corpo se contorcendo. Suado. Cheiroso. Nua. Tive de rasgar-lhe as roupas, mas comprei-lhe outras ainda melhores. Ela merecia o que fosse de melhor.
Postei-me entre seus pés e subi lambendo-lhe os tornozelos, canela e joelhos. Confesso que fui obrigado a fazer força para não ser golpeado, afinal não sou forte o bastante. Mas a visão de sua perna, como dunas que tivessem um fino filete de ouro em seu cume, resultado do brilho das velas, me trazia uma excitação jamais experimentada. E com ela, força. Continuei a subir, sentindo o sabor de sua pele se acumular na ponta de minha língua. O suor tinha sua própria essência mais inebriante do que qualquer outro perfume.
Logo cheguei ao delicado cálice que me aguardava, entreaberto pelo esforço em se contorcer. Passei as mãos em volta da parte superior de suas coxas, impedindo-lhe os movimentos. Aproximei o rosto e senti o maravilhoso aroma que emanava daquele santuário. Num ímpeto de imprudência, lancei-me como um lobo sobre sua presa, deixando-me levar pelo calor do momento. Logo me contive e comecei a desfrutar com calma e delicadeza o sabor de sua intimidade.
Ofegante, mas não extasiado, fui erguendo-me sobre ela. Abdômen, umbigo, costelas. Enfim, seios. Pequenos e firmes, que trepidavam a cada movimento de seu corpo. Sorvi aqueles pequenos montes, da base ao cume, deliciando-me com a consistência que sentia.
Cheguei a seu rosto. As lágrimas escorriam de seus olhos como dois pequenos riachos. Percebi que estava emocionada, seus olhos me pediam que continuasse. Mas ela insistia em me pedir que a soltasse, que a deixasse ir. Mas como eu o faria, se a amava. E sabia que ela me amava também, mesmo sem demonstrar.
Neste momento percebi que meu membro, devido à posição em que eu me encontrava, encostava à porta de sua vagina. Fazendo um imenso esforço para me conter, fui adentrando aos poucos, enquanto ela agora chorava soluçando. Um enorme calor crescia em minh'alma, como se uma imensa fogueira me queimasse as entranhas. Via tudo de forma muito turva. Naquela hora era um mero espectador da maravilhosa cena.
Os movimentos se tornaram vigorosos e ritmados. Eu urrava e investia como se estivesse numa batalha. Meu suor agora pingava sobre seu pescoço que se contorcia enquanto ela gritava e cerrava os olhos. Eu podia ver nosso futuro, os filhos que teríamos. Decidi que os faríamos ali, naquele momento.
No criado-mudo, peguei o canivete que havia usado para preparar as cordas. A visão da ferramenta trouxe-lhe o desespero. Com cuidado, fiz um pequeno corte em seu ventre, pouco abaixo do umbigo, mas fundo o bastante. Agora estava perfeito. Ela havia gritado muito, mas eu lhe explicava que era necessário. Era pela família que teríamos. Ajoelhei-me, colocando seus quadris entre minhas pernas, dobrei o corpo para a frente e com um pouco de dificuldade consegui me posicionar.
Devagar fui introduzindo meu membro naquele estreito orifício. Ela agora tremia. Novamente o fogo e o ritmo. Parecia que tudo ondulava ao redor.
Finalmente, após sentir uma contração súbita que fez todo meu corpo se enrigecer, expeli o líquido diretamente em seu útero. Aquela seria chave para o resto de nossas vidas. Eu ofegava. Muito. Aquele era o momento sublime. O ápice de tudo que compartilharíamos dali em diante.
Mas ela não se mexia. Seus olhos fitavam fixamente o teto como se pudessem ver as estrelas além dele. Percebi que não respirava. De forma cruel ela havia se retirado no momento mais importante de nossas vidas.
Sentindo agora aversão por aquele corpo nú e sujo, rapidamente me vesti. Saí daquele quarto abandonado. Na boca, uma jura de que ainda encontraria uma mulher que compartilhasse todo o meu amor.