As borboletas

Um conto erótico de buschtabieren
Categoria: Homossexual
Contém 890 palavras
Data: 13/02/2005 20:27:41

Em algum lugar, sem precisão de tempo, onde houver flores... ¾ Dois músicos, absortos pela própria música, tocam seus instrumentos, um alaúde e uma flauta barroca, em uníssono, indiferentes ao rapaz apressado, que sobe a enorme escada num só impulso, rumo ao andar das videntes. Intranqüilo, ele entra numa das salas, dirigindo-se à bela mulher, vestida como cigana: ¾ Eu tive um sonho estranho esta noite. Nele, uma linda borboleta pousou sobre minha cama e sorriu para mim. Fiquei feliz, pois sempre achei que fosse uma espécie de presságio esse tipo de coisa. O de borboletas pousarem sobre alguém ou bem próximo disso. Depois ela foi crescendo, crescendo, até se tornar gigantesca e eu não passasse de uma pequenina criatura diante dela. Então, ela fechou suas asas sobre mim, aprisionando-me. Era escuro e úmido. No fim, bem no meio de suas asas fechadas, abriu-se uma fenda que me sugou por inteiro e eu morri. Sim, no sonho eu morri. Mas não foi uma morte dolorosa. Foi algo bom, tranqüilo, mas eu confesso que tenho medo de morrer. Sabe? Talvez eu não seja o único... A mulher, com um sorriso malicioso oculto entre os lábios, fala com um sotaque espanhol carregado: ¾ Bem! Vejamos... Talvez seja mesmo um espécie de presságio. Não sei se bom ou ruim. Depende muito do lado em que você esteja e, claro, do ponto de vista de cada um. Sabe! Eu, por coincidência, tenho uma tatuagem de borboleta bem aqui, entre as minhas pernas. Vou mostrá-la para você, que me parece um rapaz tão simpático e atraente. Fiz há muito, muito tempo. Bem antes de você nascer! Vou erguer minha saia para que a veja. Está vendo? Por acaso a borboleta de seus sonhos não é semelhante a essa? Olhe bem! Não tenha pressa. Não quer chegar mais perto para ver melhor? Isso! Mais perto! Pode tocá-la, se quiser, pois acho que ela vai adorar! Humm! Assim mesmo! Está vendo esse líquido que está escorrendo? Ela está chorando de felicidade por reencontrar você. Talvez seja a mesma de seu sonho. E, com certeza, está com saudades. Pode lamber para provar! Depois poderá me dizer que gosto tem! Isso, assim mesmo! Que tal? Bom... Humm! Bom menino! Você é um bom... menino! A mulher, agora, deitada de costas sobre a cama, com a saia enrolada na altura da cintura, apoiada nos cotovelos, admirando a metamorfose do homem que, alheio a tudo, hipnotizado, não percebe sua transformação. Quando atinge o tamanho de um palmo, é sugado violentamente para dentro da borboleta que fecha suas asas, no mesmo instante em que a mulher cruza suas pernas. Satisfeita, pede que entre o próximo cliente. Desta vez, uma linda adolescente. ¾ Desculpe minha ansiedade, mas tão logo acordei, vim correndo contar-lhe meu sonho. É uma bela jovem, trajando roupas típicas da região, exibindo no rosto a ansiedade característica de sua idade. ¾ Costuma dormir sempre assim, tão perfumada, uma jovem tão linda? ¾ Observa, com segundas intenções, a cigana. ¾ Disseram-me que é para ter sonhos coloridos! Sabe? Eu adoro jasmim. A flor e o perfume. Perdoe-me se coloquei demais. Eu vim aqui para... Talvez possa me ajudar! Sonhei, esta noite, que uma linda borboleta sorria para mim, pousada sobre minha cama. Fiquei admirada e, sem que eu percebesse, ela foi crescendo até ficar gigantesca. Enorme. Ela, então, fechou suas asas e me aprisionou. Abriu-se uma fenda entre as asas e uma lagarta enorme surgiu. Como eu estava presa, a lagarta me devorou. Morri e percebi que fazia parte da lagarta que, então, procurou um teto para formar seu casulo. Suspensa durante um tempo, crisálida, virei borboleta e sai voando. Acordei e me lembrei o quanto tenho medo de voar... Talvez eu não seja a única... ¾ Dispa-se e mostre-me seu lindo corpo e, principalmente, seu púbis. Observe-o com atenção! Está vendo o contorno dele. Seu desenho assemelha-se a uma borboleta, assim como a minha. Vou lhe mostrar. Veja! Por momentos, ambas encantadas mutuamente, uma admirando a nudez da outra. Toques, carícias, desejos latentes, ânsia por conhecimento recíproco. ¾ A borboleta!.. Sim, é a borboleta de meu sonho! Tão bela! ¾ comenta ingenuamente a jovem. ¾ Calma, calma, logo a sua será como a minha! Você tem o que temos e será uma das nossas! Confie em mim. Talvez, uma das melhores. Sua beleza é estonteante, angelical. Pedirei que arranjem um quarto só para você. Quem sabe próximo ao meu. Assim poderemos nos encontrar com mais freqüência. Aqui, tiramos alguns trocados por consulta, depende do cliente, mas, de alguns, não cobramos absolutamente nada... Mais tarde, você me entenderá melhor... Antes de se vestirem, a mulher, tendo já seduzido a bela jovem, propõe que se faça um brinde ao grande encontro. E as duas se sentam sobre a cama e entrecruzam suas pernas, uma na outra, como duas tesouras se cortando, até que ambas as borboletas se toquem, como num beijo mágico. E as borboletas se tocam, arrancando mútuos suspiros e gemidos que preenchem o ambiente. Ninguém ficaria insensível ante aquela visão divina. Saciadas, momentaneamente, logo depois, as duas saem de mãos dadas. Uma cicerone da outra, fazendo as honras da casa... Quase alheio a tudo, num dos banheiros, um barulho imperceptível para alguns, como um ruflar. E ninguém na rua percebe as centenas de borboletas-monarcas que saem pela janela, ao sabor do vento, procurando sonhos... e sonhadores...

E-mail= suelenbuschtabieren@yahoo.com.br

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