[ESTE CONTO EXPÕE UM CASO REAL COMO ESTUDO DA PSICOLOGIA DAS HETEROS E DAS LÉSBICAS, SE VOCÊ NÃO QUER SE ABORRECER OU TEM PRECONCEITO CONTRA LÉSBICAS, NÃO LEIA!] Ela nunca havia se sentido tão ameaçada em toda a sua vida. Intuía quer iria morrer. Seu raptor a mataria, sem dúvida. O que faria antes que a assassinasse, e a forma como a mataria, levavam-na ao desespero: estupro, tortura... Talvez uma combinação interminável de ambos. Seria melhor morrer depressa, imediatamente. Lais tremeu, os olhos vendados, a mordaça de tecido impedindo-a de gritar. À medida que a sua consciência ia voltando, descobriu que estava completamente nua, totalmente exposta. O corpo vulnerável amarrado à uma cadeira. As mãos cruzadas e atadas por trás das costas, forçando os seios para frente. O ar frio do seu cativeiro endurecendo os mamilos, talvez enviando sinais enganadores ao homem que a mantinha sob seu controle absoluto. Um encontro às cegas. Um amigo muito compreensivo e galante que ela havia conhecido pela Internet. O Shopping Center, seu carro entrando no pátio de estacionamento... Depois, a escuridão. E o cativeiro. Céus! Cenas de um documentário sobre psicopatas sociais passaram pela sua mente: "Pessoas gentis e polidas à primeira vista, que seduzem e encantam suas vítimas para depois descarregarem seu sadismo sobre elas". Seu corpo todo começou a tremer de pavor. Ele parecia ser tão gentil, polido e charmoso nos chats pelo ICQ. Apresentara-se como Mauro, dizia ter a mesma idade de Lais, 18 anos, e era extremamente compreensivo. Entendia-a perfeitamente, isto é, fingiu compreendê-la para melhor seduzi-la. Não era insistente e dizia-se apaixonado por ela. Quando trocaram as primeiras fotos por e-mail, ela encantou-se pelo jovem robusto e forte, constituição atlética, cabelos loiros e olhos azuis. Agora... O som de passos, em um ambiente próximo ao lugar onde ela estava confinada, fez com que ela se debatesse, tentando livrar-se das amarras que imobilizavam seu corpo. Tudo em vão. Ela apenas triunfou contra a vontade de chorar desesperadamente. Por enquanto. Agora, o som de passos rumando por um corredor tornou-se perfeitamente audível. O pânico foi irreprimível. Ela distinguia passos não de uma pessoa, mas de duas! Tentou mover as pernas e seu horror cresceu: elas estavam amarradas nos pés posteriores da cadeira. Nessa posição, não havia possibilidade de impedir qualquer tipo de assalto sexual, não conseguiria fechá-las, nunca. Isso não pode estar acontecendo! Céus, não pode, não pode ser verdade! Ela pensou, os seios altos e fartos se movendo para cima e para baixo devido a respiração acelerada. O som da porta abrindo e fechando chegou aos seus ouvidos. - Cara, eu não acredito - disse uma voz masculina, ríspida e sequiosa. - Ela é gostosa mesmo! A voz da pessoa que se dizia chamar Mauro veio a seguir. - Não te disse, cara. Tem mais de 1,70 cm. Olha só que rapariga: magrinha, seios durinhos e cabelos negros, longos e lisos. - E bem longos, meu, até a cintura fininha! Que corpinho. Chi, ela tá toda depiladinha... que moreninha gostosa. Preparada para o pecado. - A rapariga vai ter o que merece - ele riu. - É de Fortaleza. Veio até São Paulo e, coitada, encontrou a gente. Os pais de Lais haviam se conhecido em Fortaleza. Cresceu nessa cidade até a idade dos 15 anos, quando seu pai foi transferido para São Paulo a fim de trabalhar como engenheiro musical à serviço de uma gravadora muito famosa. Tinha adquirido experiência por conta própria ao montar um estúdio de som e realizar gravações conjuntos famosos da sua região. O sucesso veio aos poucos, mas sólido e bem remunerado. Lais era a filha única do casal, vivia muito feliz, tinha vários amigos e era muito popular. Até que veio a viagem para São Paulo... O choque da mudança foi desconcertante para ela. A sua família decidiu morar em um bairro luxuoso, e ela foi matriculada em um colégio caro e de muita respeitabilidade devido ao seu padrão educacional. Porém, o delicioso e sedutor sotaque cearense e a espontaneidade divertida de Lais foram motivo de piada nesse colégio. As colegas, que invejavam sua beleza, revidavam isolando-a e magoando-a com palavras discriminatórias e indiferença. Os homens, por sua vez, apenas a tomavam como um brinquedo sensual. Queriam sexo e mais nada. E quando ela recusava atender seus pedidos, era ofendida de forma preconceituosa e arrogante. A sua única amizade verdadeira era por Fernanda, que tinha uma personalidade dinâmica e dominadora. Inteligente e simpática, sempre aconselhava e ajudava Lais, tanto na escola quanto no seu dia-a-dia em São Paulo. Porém, duas características levaram Lais a se afastar dela. Em primeiro lugar, Fernanda era muito bonita. Quase um metro e oitenta, longos e sedosos cabelos loiros em tom de mel, olhos azuis resplandecentes e intensos. Rosto de traços finos e clássicos. Curvas certas nos lugares certos. Ela era o sonho de desejo de todos os colegas de Lais, o que a perturbava imensamente. A gota de água que precipitou o fim da amizade entre elas veio quando Fernanda admitiu, num momento de confiança íntima, que era lésbica. Lais poderia suportar tudo, menos isso. Embora sabendo o que era o preconceito, pois o vivia na pele, não refreou sua insatisfação e começou a erguer um muro de indiferença educada entre ambas. Porém, sempre que se encontravam, Lais não conseguia explicar por que sentia seus joelhos tremerem e o estômago se apertar. Deveria ser culpa, já que fora cruel com a única mulher que a recebera de braços abertos. Mas, os preceitos morais que os pais lhe haviam ensinado proibiam-na de prosseguir cultivando aquela amizade. Afinal, para Lais, a mulher fora destinada à felicidade que só os homens e o casamento poderiam oferecer. Dessa forma, Lais, rejeitando sua única amiga, se encontrou isolada socialmente. Buscou encontrar uma forma de escape na Internet. Lá voltava a encontrar seus amigos queridos de Fortaleza e colecionava novas amizades por todo o mundo. Até que surgiu Mauro, simpático e compreensivo. E o sonho de ser compreendida e aceita plenamente por alguém se transformou em pesadelo. Subitamente, Lais se debateu violentamente, tentando escapar. O coração batendo forte no seu peito, seus seios agitando-se para cima e para baixo, enquanto ela procurava, em vão, pela liberdade. Por favor, Senhor, ela rezou. Me ajude, por favor. Meu Senhor, tenha pena! - Acho que ela tá querendo ação - ironizou o comparsa de Mauro. Ela sentiu dedos grossos, longos, acariciando sua púbis lisa e macia, e correndo entre suas coxas. Ela empertigou o corpo, trêmula, quando o dedo dele tocou sua feminilidade. - Se você quiser escapar daqui livre - ela ouviu a voz de Mauro, seu dedo acariciando o clitóris lentamente, com movimentos metódicos e circulares, - nos dê aquilo que queremos sem luta. Seja bem dócil, bem servil, e você estará livre. Lais tentou gritar, mas a mordaça a impediu. Contra toda sua expectativa, ao invés do clamor por socorro, apenas um gemido gutural e feminino preencheu o silêncio do ambiente. Temeu que aqueles homens interpretassem de forma errônea sua resistência. - Você vai ser feliz conosco, Lais - repentinamente, a voz do amigo de Mauro, tratando-a pelo nome, encheu-a de terror. Era a voz de um colega seu! A imagem de Carlos, um homem alto, loiro, extremamente pretensioso, veio-lhe à mente. Ela recordou-se das piadas que ele fazia a seu respeito na escola. Lembrou-se também de um e-mail que recebera dele, convidando-a para trabalhar como acompanhante sob suas ordens. Agora a situação estava se tornando clara: aqueles dois homens a haviam raptado para transformá-la, sob suas ordens, numa prostituta! Ou matá-la! - Aceita, aí, Lais. Meu pau já está explodindo de tão duro. Do jeito que você gosta - exclamou Mauro, a voz aveludada e maliciosa. Ele devem estar mentindo, pensou Lais, querem me humilhar antes de me assassinar. Claro, ela sabia quem era Carlos. Mauro deveria ser um amigo dele. Não deveria ser nada difícil apresentá-los à justiça. Ela estava decididamente perdida. Nunca eles a deixariam sair viva daquela prisão particular, cogitou ela, sob uma onda de terror. Instintivamente, ela tentou se libertar novamente. Mas foi surpreendida quando Carlos aproximou-se por de trás dela e emoldurou seus seios, fartos e firmes, entre as mãos, dizendo: - Você vai gostar, sua gostosa. - Ele riu, impiedoso, massageando sensualmente os mamilos róseos entre os dedos do polegar e o indicador. Soltem-me! Lais gritou em pensamento. Ela sabia que nunca sairia dali. Talvez não a matassem, talvez a mantivessem como uma escrava para satisfazer seus desejos, os desejos dos seus amigos, de todos os homens. Oh, não! Soltem-me! O pensamento racional ia abandonando Lais. Parecia que tudo girava ao redor dela, era quase impossível respirar. Teve um estremecimento pavoroso quando intuiu que iria desmaiar. Não podia, não, perder a consciência, ficar totalmente entregue à lascívia cruel e louca daqueles homens. Não! Ela começou a chorar, vulnerável e indefesa, quando o homem que ela sabia que era Marcos rodeou seu clitóris entre os lábios e o sugou vigorosamente. - Cara, que corpinho ela tem - ela ouviu Carlos, atrás de si, massageando com ardor seus seios - Muito boa para não comer! Rapariga danada de gostosa! - Ele exclamou, extasiado. Aproximou a boca ao ouvido dela e repetiu, sussurrando, apenas para ela ouvir: - Rapariga gostosa.... Em outras circunstâncias, ele receberia um tapa na cara. Prisioneira do mundo cruel da insanidade dos homens, Lais só pode agradecer por ele não tê-la ferida na carne. Carlos apertou os mamilos tensos de Lais e os puxou, com inesperada sensibilidade e gentileza. Marcos, por sua vez, concentrou-se em lamber e beijar calorosamente o clitóris dela. Não posso, não! Não quero sentir nada! Ela suplicou para os céus, percebendo a excitação ser langorosamente despertada dentro de si pelas carícias conjuntas daqueles dois homens sobre seu corpo indefeso, feminino, frágil. Lais era proveniente de uma família religiosa. Nunca havia experimentado um orgasmo na vida. Nunca havia se tocado. A palavra masturbação a enchia de repulsa e de um estranha sensação de pecado. Agora, cativa, a que regiões proibidas eles a estariam levando? Preciso me libertar de qualquer forma, ela pensou, enquanto experimentava o prazer crescer, possuir seu corpo, disparar seu coração. Vou fazê-los pagar por isso! Não posso sentir nada, nada! Ela gritou para si, as lágrimas umedecendo o tecido aveludado da venda, correndo pelo seu rosto bonito, cativante. Todos a achavam uma mulher linda, falavam das linhas clássicas do seu rosto, da sedução do seu sorriso. Agora, tudo isso não importava, eles a matariam, fariam coisas piores com ela, fariam tudo. Não! Marcos, entre suas pernas, as mãos deslizando suave e lentamente pela parte interna e sensível das suas coxas, a língua ávida traçando círculos sobre o seu clitóris; a boca, depois, beijando-o e mordiscando-o entre os lábios, o movimento sensual se repetindo, com mais velocidade, ardor, e fome! Por favor, parem! Não posso me permitir sentir prazer com isso, com esses homens ensandecidos! Ela gritou mentalmente, enquanto um estremecimento quente e arrebatador fazia seu corpo queimar, sua respiração ficar curta, e o suor cobrir sua pele lisa e aveludada. Impossível, não era verdade! Ela não podia viver seu primeiro orgasmo daquela a forma! Oh, não, não! Lais sentiu os seios pesados. Isso não está acontecendo, respirou fortemente, o coração aos saltos. Onde estão minha lágrimas, por que não estou chorando, por que minhas lágrimas secaram, por que não consigo chorar? Justo agora! Lais sempre sonhou em presentear um verdadeiro amor com seu prazer. Imaginou sempre um romance maravilhoso, tórrido e definitivo para realizar-se enquanto mulher. Mas... Ela gemeu baixinho. Soluçou de prazer sob a mordaça assim que uma espiral de fogo avassalou seu corpo, deixando-a tonta, fora de si. O sangue correu forte e rápido pelas veias. Suas faces vermelhas. Os seios avolumaram-se. O sexo intumesceu. E, então, uma explosão ardeu dentro de si, levando-a, pela primeira vez, a conhecer-se enquanto mulher. A humilhação subjugou-a logo depois do prazer intenso. Ela havia entregado seu encanto, os segredos da sua feminilidade aos seus raptores. Não era possível! Abaixou a cabeça, desesperada, em agonia moral. Mas voltou violentamente o rosto para trás quando Carlos beijou e sugou seu seio, passando a língua sobre o mamilo, deixando-o erecto e receptivo, novamente. - Como você é saborosa! - exclamou Marcos, a boca colada ao seu sexo, a língua apreciando sua umidade, seu sabor. Ela queria gritar. Precisava gritar. Por favor, me libertem! Pediu mentalmente. Como se pudessem ler seus pensamentos mais íntimos, ela sentiu que Carlos soltava as algemas, abria o nó da mordaça. Marcos, por sua vez, desamarrava seus tornozelos dos pés da cadeira. Livre! Enfim, livre! Seria fácil, agora, ela imaginou, escapar, tirar a venda e encontrar a salvação. Eles vão ver, ela pensou, enquanto os dois homens, musculosos e fortes, a tomavam pelos antebraços e a conduziam pelo chão frio do ambiente desolado onde ela fora posta em cativeiro. Respirou fundo, então, e gritou a pleno pulmões: - Socorro! Alguém, por favor, me ajude. Socorro! Um tapa pungente foi desferido contra seu rosto, fazendo-a ver estrelas. A dor era terrível, chocante, desorientando-a, momentaneamente. Céus, isso não pode estar acontecendo, não pode! - Se fizer isso de novo - Carlos ameaçou, ela não sabia onde ele estava, não conseguia ver nada, vendada e zonza, seu mundo era mais do que uma névoa escura e avermelhada, repleta de terror, - eu vou colocar a mordaça e apertar bem. Compreende? Faz de novo: e você vai ver o que te acontece! Por que vocês me tratam assim, por que? Homens deviam ser gentis, cavalheiros, heróis. Marcos, você sempre me compreendeu tão bem, entendeu, sim, eu sentia isso, quando estávamos na Internet, conversando como dois amantes. Agora, por que fazem isso comigo? Eu mereço? Mereço? Um dos dois voltou a algemá-la. Suspendendo seus braços para o alto, encaixou a correia das algemas em um gancho pregado na parede. - Não me machuquem, piedade. - Ela implorou num fio de voz, chorando e soluçando. - Eu faço tudo! Tudo que vocês quiserem. Faço! Mas não me matem. Um silêncio longo se fez dentro daquele ambiente. A escuridão na qual ela estava imersa deu lugar ao azul cintilante dos olhos terríveis e sequiosos de Marcos. A venda caiu no chão. A claridade súbita a fez piscar várias vezes. Os olhos ardiam. O corpo tremia de medo. O choque da visão dos dois homens, juntos, os olhos tão azuis quanto o céu imaculado de inverno, foi devastador. Tudo era um pesadelo, pura loucura. Mas a verdade estava ali, na sua frente. Como negar a sua situação de escrava sexual daqueles dois? Era mais cruel encarar seu destino do que permanecer de olhos fechados a ele! Ela arfou, os seios perfeitos subiam e desciam acompanhando a respiração. - Não me matem. Só quero viver, só isso! Os dois, Carlos e Marcos, ficaram como que hipnotizados por um instante, olhando o corpo nu de Lais. - Como é bonita - falou o primeiro. - Sim, linda - concordou o segundo. Vestiam, ambos, quase o mesmo traje. Camisetas de malha que se ajustavam ao corpo, delineando constituições vigorosas, músculos expandidos, muito fortes. O antebraço dos dois era assustador: grande, grosso, parecia moldado na pedra. Os cabelos longos e loiros dos dois, somados aos olhos de um azul lindíssimo e convidativo, davam-lhes o aspecto de anjos, cavalheiros medievais de estórias de amor. Mas o brilho lascivo dos seus olhares, os transformava exatamente no oposto: anjos caídos, demônios capazes de tudo, de qualquer crueldade, da mais gritante violência, como se desdenhassem e afrontassem a tudo e a todos. Cobrindo as pernas, jeans que não conseguiam esconder as coxas muito largas, poderosas e bonitas, que revelam todos seus segredos, e insinuavam promessas mudas e pecaminosas, soturnas. Era tão parecidos que a verdade sobre ambos terrificou Lais: eram irmãos! - Sabe, irmão, quando você me disse que ela era linda mesmo, eu duvidei. Mas confesso: é bonita demais! - Marcos livrou-se da camiseta, o tórax rígido era só músculos. - Ainda bem que consegui atraí-la pela Internet até nós. - Ela nunca suspeitaria da nossa armação, irmão - o tom de voz de Carlos era solene, começou a despir-se, a camiseta e as calças caíram no chão. - Uma virgem para nós. Virgem e bela! - Livrou-se das roupas íntimas. - Apaixonadamente bela - a sua voz ganhou um tom sexy, que talvez desafiasse os sentidos de Lais em outro ocasião, mas, agora, só lhe enchia de pavor. Lais estava aturdida, contemplado a beleza estonteante do rosto, do peito e dos braços dos seus raptores. Quando baixou a vista, descobrindo a nudez da masculinidade de ambos, seus olhos escureceram de pavor. Era uma alucinação, não podia estar vendo aquilo. Se na alma não eram homens, mas demônios, a mesma intensidade refulgia nos membros rígidos de ambos: eram excessivos, volumosos, certamente cruéis. Oh, não! Lais pensou, sua respiração intensificando-se novamente. Isso vai acontecer, hoje, agora. Estou perdida. Preservei minha virgindade para um homem especial. Para um momento magnífico da minha vida. Tudo em vão, tudo! - Por favor - Lais procurou apelar para o coração daqueles homens malditos, violentos e belos - Por favor, não façam isso comigo! - Procurando organizar seus pensamentos e recorrer à astúcia para ludibriá-los, ela mascarou a expressão com um sorriso e sugeriu. - Eu prometo que não conterei nada a ninguém, nada mesmo, se vocês me deixarem ir embora. Prometo. - E a gente acredita? - Carlos lançou-lhe um sorriso fascinante e atrevido. - Porém vou soltá-la desse gancho, seus braços devem estar doloridos - A mão firme libertou-a, os braços de Lais caíram ao longo do corpo. Seguindo seu instinto, cobriu o sexo com as mãos. E registrou o toque da extremidade do membro de Carlos contra as costas da sua mão, uma sensação de vertigem fez seus joelhos quase dobrarem. Carlos, experiente com as mulheres, notou o momento de fraqueza de Lais. Suas mãos pousaram sobre a suave curvatura dos ombros dela e a forçaram, com cuidado, a ajoelhar-se perante ele. - Fique quietinha - ele ajoelhou-se também à frente dela. - Você vai ficar com a boca aberta como uma boa menina. E, alerto, não vai falar nada, compreende? - ordenou ele, entre os dentes, os olhos cintilando. - Se você não cooperar, ai de você. - Ele passou a ponta dos dedos pelos longos cabelos lisos de Lais, depois acariciou-lhe as faces, com ternura, de uma maneira doce, em adoração. Havia no seu gesto uma atitude reverente, apaixonada, contrastando absolutamente com suas palavras e exigências. O terror dominou Lais. Sem opções, ela abriu a boca, receosa. Seu coração batia forte dentro do seu peito quanto Carlos levantou-se à sua frente. O membro masculino, extremamente rígido, roçou a face de Lais. Ela fechou fortemente os olhos. Não, não queria ver. Nunca imaginara que se faria algo tão baixo em toda sua vida. - Abra mais a boca - ordenou Carlos. Ela obedeceu. Um calafrio de medo, gélido e torturante, correu suas costas. A respiração angustiada fez seu peito arfar, e busto subir e descer, talvez excitando aqueles homens. Logo, um lágrima se depositou sobre um seio. Ela chorava! Conseguia mostrar-lhes o quanto sofria, era seu único conforto! Chorava livremente, agora. Abriu os olhos procurando encontrar piedade nos olhos de Carlos. Mas o que viu foi terrível: um olhar inclemente e desejoso. - Sim, me olhe nos olhos. Isso me dá mais prazer - ele gemeu. Será que estava se refreando? Por quê? As mãos dele correram pelo rosto e cabelos de Lais, e sua masculinidade foi aos poucos separando ainda mais os lábios dela, ávida de prazer. Imediatamente, Lais sentiu a rigidez de Carlos, sua umidade, preenchendo seus sentidos. - Que delícia! - Carlos gritou assim que mergulhou o membro na boca dela. - Se você me machucar, já sabe o que acontece - ele advertiu, transtornado pela volúpia. Lais nunca havia experimentado aquilo. Fechou os olhos, o gosto de Carlos intensificava-se. Oh, não! A sensação de prazer no seu baixo ventre foi disparada pelos movimentos dele. Ela sentiu-se úmida, novamente. Abriu a boca ainda mais, recebendo-o dentro de si, registrando que um estranho elo se formava entre ambos naquele momento. Por instinto, cobriu os dentes com os lábios e comprimiu o membro impiedoso, durante os movimentos de vai e vem. - Boa menina! Você é um sonho... - ele voltou a estremecer, os músculos do abdômen delineando-se como se fossem enormes ondas do mar que se preparassem para saudar a areia da praia com sua força exuberante e arrasadora. Medo e fascínio agitaram a mente de Lais. Foi impossível reprimir um murmúrio sensual. Como se aquele murmúrio feminino carregasse um encantamento extasiante, Carlos estacou. Movimentou o membro para fora da boca de Lais. - Beba, beba de mim - ordenou, o membro vibrando, sua extremidade roçando os lábios femininos, cheios e vermelhos. O olhar dela vagou pelo corpo de Carlos, que pulsava loucamente. Um grito másculo e possante encheu a sala, ao mesmo tempo em que um jato quente escapou da sua masculinidade, arrebentando-se na garganta de Lais.Ela o engoliu sem experimentar-lhe o sabor. Como se estivesse fora de si, ela pressionou a língua sobre a pequena abertura da extremidade do membro. Saboreou, sugou e bebeu o gozo quente, enquanto ele explodia e se liquefazia entre seus lábios. - Chupe, chupe... - Carlos pediu. Lais enlaçou o membro molhado com a língua. O gosto dele era intenso. As mãos de Carlos, suplicantes, acariciaram-lhe os cabelos. E quando ele se afastou, tombou ao chão, exausto, como se houvesse desmaiado de tanto prazer. Antes que pudesse continuar a observá-lo, as mãos de Mauro a tomaram, nos ombros, e a puxaram para si. Lais não ofereceu resistência. Ele a deitou sobre um colchão que se encontrava sobre o chão. - Não basta o que já fizeram? - ela murmurou, enquanto Mauro separava suas pernas e deitava-se sobre ela. - Preciosa... - disse Mauro. O azul refulgiu no âmbar quando seus olhos se encontraram. Ambos respiravam fortemente, ansiosamente. Mauro tomou um seio de Lais na boca e o sugou, querendo aliviar sua urgência. Porém, esse movimento apenas serviu de combustível para seu desejo. O corpo de Lais era macio, suave, quente, irresistível. Céus, Lais pensou, seus olhos escurecendo, a alma tomada pela progressão implacável do pavor. Mauro não queria brincar com ela como fez Carlos, mas roubar-lhe a virgindade, a sua pureza! Ela olhou em direção ao membro dele e notou que era tão grande e dominador quanto o do irmão. O medo da perda da virgindade foi substituído pelo horror à dor física que ele iria lhe provocar. Retesou-se toda. - Por favor - Lais lamuriou baixinho numa súplica. - E nunca estive com um homem antes! Marcos, não faça isso! - Você imagina que a primeira vez seja repleta de amor, não é? - Sim, isso... especial. Não faça isso comigo, não. Me poupe, piedade! - Você é especial. E minha! - ele falou entre os dentes, com um brilho selvagem e sensual na luz do seu olhar. Ajustou os quadris entre as coxas de Lais e equilibrou a extremidade do membro entre os lábios do sexo dela. - Não... por favor... - ela implorou, fechando os olhos, o rosto voltado para o lado. E a dor cobriu sua visão de vermelho sangue quando ele a penetrou em uma estocada possante e violenta, rápida. Faminto pela carne de Lais. - Dói, pára! - ela protestou, gritando, sem ar, histérica, o sofrimento e a amargura rasgando-lhe todo o ser. - Relaxa, você vai gostar... - salientou ele, vendo-a em lágrimas, o sexo sem lubrificação. Marcos beijou-lhe o rosto, capturando as lágrimas do choro convulsivo. Suas mãos acariciavam os seios femininos. Seus quadris se moviam frenéticos, violando-a, dominando-a totalmente. - Você é minha! Logo, uma mão de Marcos foi substituída pela sua boca. Beijos ardentes iam cobrindo o mamilo sensível, a carne macia e firme. Repentinamente, ele parou de se movimentar. Levantou-se e ajoelhou-se ao lado de Lais. Ela entendeu. Não era mais uma virgem, mas uma prostituta a serviço dele. Sabia o que fazer, o que esperar... Abriu a boca e recebeu o membro dele, seus movimentos frenéticos, seu gosto, e a intensidade do seu orgasmo. Quando Carlos, que já se recuperara, deitou-se sobre ela, Lais não protestou, e continuou a lamber o membro de Marcos. Abriu mais as pernas e a masculinidade de Carlos encontrou-se com a dela. Um gemido escapou dos seus lábios. Uma prostituta, ela pensou. Não havia mais futuro no seu horizonte, o corpo inteiro vibrando, deliciando-se sob as estocadas cruéis e hábeis de Carlos. Não, não posso sentir isso de novo, ela lamentou, em êxtase, a tensão sexual renascida dentro dela. Seu sexo receptivo ao de Carlos, a umidade intensa seduzindo-o, convidando-o para ir e vir mais rápido, mas intensamente. Mais fundo... O prazer ia arrebatando o corpo e a alma de Lais, novamente. Ela chupou com toda ânsia o membro de Marcos, apenas para tentar distrair a mente do prazer que Carlos lhe proporcionava. Para evitar o clímax. Mas foi impossível. Seu corpo inteiro estremecia. E quando ela sentiu o líquido quente de Mauro derramando-se sobre os seu rosto e seios; quando ouviu o grito de triunfo de Carlos, chegando ao gozo também: ela deixou-se levar por uma explosão de prazer. E todo seu corpo foi projetado para o céu e as estrelas. Para a noite e o abismo. Não quero ser uma prostituta! Foi o pensamento que a comoveu no ápice do seu prazer.O que restava-lhe de consciência ainda tentava inutilmente lutar contra o corpo ardente que estremecia incontrolavelmente. - Lais! - Uma voz carinhosa e determinada, feminina, clamou seu nome. E ela registrou o afago apaixonante de uma mão correndo delicadamente pelas suas faces. Respirou profundamente, e a fragrância de rosas e jasmins, irradiando nuvens de um perfume sedutor, suavizaram seus sentidos. Ainda de olhos fechados, sentiu a brisa sutil da noite ungir seu corpo, o silêncio substituir a respiração ameaçadora daqueles monstros, enquanto suas costas eram acolhidas por pétalas aveludadas de flores exóticas e afetuosas. - Lais! - a voz tornou a repetir seu nome. Recusando acreditar no que via, seus olhos lhe mostraram a um jardim maravilhoso sob o luar. Deitada entre rosas vermelhas, toda dor e vergonha haviam desaparecido do seu coração. Os braços dos seus raptores foram substituídos por braços esguios e ternos, braços femininos, que procuravam reconfortar-lhe. Lais imediatamente retribuiu o abraço, aninhando-se entre os braços daquela mulher, sua salvadora. Correndo as mãos pelo seu colo, Lais abriu uma pequena distância entre ambas, querendo sondar-lhe o rosto. Uma mulher de olhos azuis resplandecentes, os quais eram adornados por inquietantes tons rubros, cabelos loiros, muito compridos, ela a observava, sorrindo. Sob o céu azul cobalto, sua beleza era absoluta e irresistível. - Venha, venha comigo, Lais. Acorde... - aquela mulher acariciou as faces de Lais com as suas, rodeando-a cuidadosamente entre os braços, e fazendo-a erguer, aos poucos, o tronco do leito ajardinado. - Fernanda! - Lais exclamou, aturdida e perturbada, ao descobrir que estava no seu quarto. A amiga sentada ao seu lado na cama, abraçando-a. - Que aconteceu? Onde estou? - São nove horas da manhã e você está na sua casa, no seu quarto. Foi um sonho ruim, só isso. Um sonho mau - explicou, encarnado-a com os olhos estreitados. Era ternura o que eles comunicavam. Decidindo que já havia cumprido o dever de acordá-la e liberá-la do pesadelo, Fernanda tornou a pousar o corpo de Lais na cama, cobrindo-a com o edredom até o queixo. A seguir, levantou-se e dirigiu-se à escrivaninha. - Que...que você esta fazendo aqui? - Perguntou Lais, os olhos magnetizados pela figura estonteante, alta e loura, de Fernanda, que vestia blusa creme, jeans e botas de camurça. Os cabelos loiros, muito longos, parecendo ainda mais brilhantes e feiticeiros sob a luz do amanhecer. Fernanda arqueou uma sobrancelha e ergueu o queixo. - Combinamos assim: eu viria até aqui, hoje, para apanhar meus CDs, esqueceu? Já que você não quer ser mais minha amiga, é melhor não deixar lembranças para trás. - Fernanda endireitou os ombros. - Afinal, não é hoje que você vai se encontrar com aquele rapaz que você conheceu na Internet? Que fim de carreira, saindo com gente que você conheceu na Internet, coitadinha... Que carência, heim! - Não, não vou! De jeito nenhum! - A expressão de Lais se fechou. - Tive um pesadelo horrível - desabafou. - Era violentada e... Fernanda riu baixinho e colocou seus CDs na bolsa. - E ficou perturbada porque você encontrou prazer em ser brutalizada. É típico! - Completou ela, irritada. - Como assim? - perguntou Lais, subitamente intrigada pela semelhança da cor dos cabelos e dos olhos dos dois irmãos com os de Fernanda. - Nunca tive esse tive um sonho assim, - ela deu de ombros, - desde que descobri o que era o amor de verdade nos braços de outra mulher. Olha, quando renunciei aos homens, toda essa paixão obscura e secreta pela violência desapareceu. - Não entendo. - Lais levantou num movimento. - O que você quer dizer? Fernanda dirigiu-se até a porta. Estacou e voltou-se para Lais. - Você acha que os homens são como esses príncipes encantados que a TV e os romances celebram? - Ela revirou os olhos, os braços cruzados. - Maior engano. No fundo, sabe que não é nada disso. - Não é verdade! - sussurrou Lais, baixando o rosto. - Não pode ser. - O homem é violento no dia-a-dia, no amor e no sexo. Veja a forma como separam amor e sensualidade. Como gostam de tratar as mulheres como se fossem troféus de caça, gabando-se da sua vitalidade sexual. Eles são assim: insensíveis e cruéis, querem, no fundo, que a mulher não seja mais do que mero objeto decorativo. Não é a toa que as mulheres realmente bem sucedidas, que subiram na vida pelos seus próprios meios, são solteiras ou amam outras mulheres. Tomando as chaves do carro na bolsa, Fernanda olhou em torno. - Mesmo que alardeiem que a mulher está emancipada, a sociedade continua preparando-a, alimentando sua imaginação com a idéia de que servir ao homem e à família é algo glorioso. Dessa forma, educa a mulher a aceitar incondicionalmente o desejo sexual violento do homem. "Leve seu homem à loucura, e depois ao altar", não é isso o que dizem? - Fernanda riu. - Vê, homens loucos de desejo são o quê? Pessoas violentas na cama! - Isso não pode ser verdade - Lais cobriu o rosto com as mãos. - Não pode ser! - Continue sonhando e entregue seu coração a um homem. Vai acabar precisando tomar milhares de tranqüilizantes para conciliar o sono. - Fernanda abriu a porta do quarto, olhou por sobre o ombro e fuzilou. - Olha aqui, presta atenção: se continuar a idealizar o amor dos homens, você vai se ferir profundamente. Imagina o pesadelo que deve ser atender ao desejo sexual de um namorado, de um marido quando você não está estimulada sexualmente? E o que dizer dessas malucas que até usam lubrificantes vaginais para estarem prontas para satisfazer o desejo dos seus namorados? E depois mascaram essa prostituição dizendo que se não derem ao homem o que ele quer, ele foge para outra. Como é patética, ridícula, a maneira que a sociedade ensina a mulher a viver o amor! Fernanda suspirou, encolheu os ombros, atravessou o batente da porta do quarto de Lais. - Fica na paz, maluquinha. Tchau! Lais sentiu um nó na garganta vendo Fernanda ir embora. Por encanto, toda as historias das mulheres da sua família passaram pela sua mente. Histórias de violência, abandono, traição e desdém para com as mulheres. E foram todas elas fiéis e aguerridas, criaram seus filhos e filhas, e suportaram os maridos. Não tinham escolha na sua época. De um lado a Igreja santificando e justificando a crueldade dos homens sob o pretexto da edificação da família. Do outro, o machismo bárbaro e monstruoso que a cultura brasileira faz questão de alimentar. Toda essa raiva contra a mulher em nome de quê, meu deus? De quê? - Fê! Não me deixa! - Lais correu até ela e a abraçou. - Desculpa tudo: ser preconceituosa contigo, não te ter carinho e respeito. Você desculpa? Fernanda suspirou, estacou e, com uma mão, abriu a bolsa. - Gosto de respeito. Não queria você amorosamente, mas desejava apenas sua amizade. E você não respeitou minha opção afetiva, se afastou de mim. - Fernanda fechou os olhos, respirou lentamente e voltou a abri-los. - Vê só: não vou perdoar, não. Mas deixar de lado, tá? - Ela riu gostosamente e tirou algo da bolsa. - Vai, toma esses CDs de volta, acho que não vou precisar levá-los para casa. - Vai não, não! - Lais exultou e deixou-os cair no chão. - Por que você fez isso? - indagou Fernanda, os lábios curvados num sorriso, vendo os CDs escorregarem das mãos delgadas e bem cuidadas de Lais. Um brilho impetuoso e rebelde surgiu nos olhos de Lais. As mulheres da sua família não tiveram a possibilidade de optar. Tiveram que suportar a tudo, caladas. Mas Lais carregava seu destino nas mãos. Ela poderia dizer sim ou não, poderia optar entre a submissão e o amor. Entre a violência e a intimidade. Entre o ultraje e o respeito. E foi o que ela fez! Entrelaçou o pescoço esbelto de Fernanda entre os braços e sussurrou, glorificada: - Me beija, Fê. Me beija... - Ela fechou os olhos, e os lábios de Fernanda cobriam os seus. - Desculpa não saber que te amava - ela disse num murmúrio, abrindo sua alma e entregando seu coração. - Me faça sua, toda sua, meu amor. - E, desta vez, foi Lais que buscou os lábios de Fernanda, com desespero, a alma pedindo por liberação. E elas se amaram com sofreguidão, um amor prolongado e urgente, ardoroso e suave. E Lais, finalmente, se conheceu enquanto mulher quando seu coração se uniu com o de Fernanda. Depois de alguns meses, uma não desgruda da outra. Fernanda tem que agüentar a predileção da sua namorada por músicas bregas. Mas até que aprendeu a gostar de ouvi-la cantá-las. Lais, por sua vez, até acha graça no temperamento meio "patricinha" de Fernanda e na sua adoração por cosméticos e moda. Sabem que são muito diferentes, mas se amam perdidamente. E quando existe amor, a diferença é tempero, não impedimento. Quando chega a hora de dormir, Lais repousa tranqüila. Nunca teve nenhum outro pesadelo! Ao lado de Fernanda encontra a plenitude, a suavidade, e a paixão. Sabe que Fernanda protege e guarda seus sonhos e todo seu amor.
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