Engenho Doce III

Um conto erótico de A. Duprèe
Categoria: Homossexual
Contém 1651 palavras
Data: 07/02/2005 20:25:33
Assuntos: Homossexual, Gay

Antes do texto, gostaria de esclarecer que esse conto é, na verdade, um romance com episódios que contêm relatos eróticos (homo/hétero) num crescendo paulatino. Não há, de forma alguma a intenção de agredir o leitor com baixaria e linguajar chulo. Ele, o relato, conta a realidade nua e crua do Brasil-colônia, claro, com a linguagem erótica que cada cena exige. Dêem suas opiniões.

Capítulo III

O cenário e os personagens

Meu pai era um luterano convicto, progressista e visionário. Mesmo usufruindo do trabalho escravo, via nesses seres, criaturas de Deus e tinha o propósito de tratá-los bem e com dignidade humana. Para colocar seus planos em prática, havia planejado construir uma colônia agrícola dividindo a fazenda em 4 setores distintos: o pecuário, o de engenho, o agrícola e o doméstico. O tenente Lefrève, engenheiro militar, o ajudou a fazer a planta e os projetos das construções. Enquanto Lefrève trabalhava nas plantas, meu pai e o antigo feitor fizeram o censo dos escravos, selecionando-os por sexo, idade, capacidade física para o trabalho, estado de saúde, parentesco, etc. As mulheres mais velhas, ficaram encarregadas da manutenção da casa grande, das senzalas e das crianças pequenas. Os homens foram distribuídos entre o canavial e engenho de açúcar,a pecuária, o setor agrícola e uns 12 pela obtenção do material para as construções (madeira, barro para o fabrico de tijolos e sapê) e pelas obras. Primeiro construiriam a olaria e depois então o restante. Já se passaram três dias desde que chegamos e Maobi e seu filho continuavam amarrados ao tronco e meu pai não vaticinara ainda qual seriam seus castigos. À noite meu pai reuniu o tenente Lefrève, os feitores e o capataz e ordenou que na manhã seguinte, todos os escravos fossem trazidos à frente da casa grande quando seria anunciada sua decisão sobre os escravos fugitivos e a divisão de tarefas. Nessa noite Lefrève apresentou a planta da fazenda e os projetos a serem implantados na propriedade.

Setor Pecuário: 16 milhas a noroeste da sede da fazenda.

Setor do Engenho: 7 milhas a leste da sede.

Setor Agrícola: Dista 10 milhas da casa grande.

Setor Doméstico: Neste setor ficariam a horta, o pomar, o criatório de animais domésticos como suínos e galináceos. Essas atividades deverão ser desenvolvidas em área semicircular, abrangendo os lados direito, esquerdo e fundos da casa grande, a poucos metros da sede, de modo que Bertha pudesse supervisionar os serviços.

O plano de meu pai era fantástico mas nada impossível de ser realizado. Com as posses financeiras que tinha e a força de vontade que o caracterizava, ele o realizaria. Mas antes, era necessário preparar os escravos para essa nova vida e ainda, preparar uma defesa contra ataques dos selvagens bororos, que habitam a região.

Na manhã seguinte acordei cedo e vesti-me conforme ordenara meu pai: Usava botas de couro de cano alto, calças brancas, camisa de cambraia fina, também branca e chapéu de palhinha inglês, abas largas. No terreiro em frente à casa grande os escravos eram colocados de pé, uns ao lado dos outros. Homens à direita e mulheres e crianças à esquerda. Somente os escravos Maobi e seu filho Leôncio estavam separados do grupo. Permaneciam amarrados com braços e pés manietados e à frente de todo o grupo. Meu pai trajava-se a rigor e trazia na mão direita um rebenque de couro cozido e lustrado e que tinha o cabo em ouro trabalhado. Todos os escravos já tinham sido cadastrados e meu pai sabia exatamente aquilo que poderia esperar de cada um deles, afinal não foi à-toa que passara 8 anos numa fazenda na Guiana Holandesa lidando com escravos. Começou dizendo que na Fazenda Engenho Doce não mais haveria punições físicas a nenhum escravo e quem tentasse fugir teria duas opções: lograr êxito ou morrer, pois de agora em diante, nenhum fugitivo seria trazido vivo de volta. Falou que todos seriam tratados com urbanidade e que todos teriam direito a alcançar a alforria de acordo com sua produtividade. Ordenou que nenhuma criança poderia andar nua, mesmos os pequeninos. Fez uma pausa e dirigindo-se a mim, ordenou que soltasse Maobi e Leôncio e os levasse para tomar banho e colocar roupas limpas. Voltando-se para o grupo, reafirmou que não haveria chibatadas em Engenho Doce. Apontando com o rebenque para o feitor ordenou que pegasse dois escravos e fosse derrubar o tronco e com ele fizesse uma fogueira. Enquanto Maobi se banhava, vi Bertha se aproximando com dois pares de calças limpas de algodão cru e me entregando vaticinou:

−Seu pai é um homem bom, mas está indo longe demais com esses escravos.

− Que nada! respondi, dirigindo-me ao local onde Maobi terminara seu banho e já vestira suas calças mulambentas.Entreguei-lhe as calças limpas. Recebendo-as, abriu-me um sorriso e se afastou para trocar-se na senzala e depois ir reunir-se aos demais. Leôncio permanecia vestido com sua roupa suja de terra e lama. Havia lama em seus poucos cabelos e seu rosto que apesar de um pouco enlameado, se iluminou quando me viu. Sem saber que ele entendia português e como não falava sua língua, fiz-lhe sinal para tirasse a roupa e tomasse banho. Hesitou com a minha presença, mas virando-se de costa se despiu.

Não pude deixar de observar seu dorso nu bem delineado. Era um pouco mais alto do que eu, mas muito mais forte. O trabalho pesado havia moldado seus músculos. Parecia um atleta, tal era seu corpo juvenil. Eu me considerava um garoto de corpo bem feito, mas Leôncio... suas pernas bem torneadas, sua nádegas roliças, seus braços... que músculos! Senti um-não-sei-o-quê percorrer meu corpo quando ainda de costas entrou debaixo da ducha de água fria. Deixei suas roupas ali e retornei para onde estava meu pai. No pequeno trajeto aquela imagem de um deus ebânico não me saía da cabeça.

– Bobagem! pensei. Aquela tinha sido a primeira vez que vira um negro nu e isso me impressionara.

– Mas porque aquele arrepio? Voltei a pensar... Não, não é isso. Lembrei-me de Nêgo Zé. Não! aquilo foi só uma travessura. Mas porque que sempre me lembro, fico excitado? Já tivera, quando no colégio interno em Liège, na França, algumas experiências eróticas com meus colegas de quarto. Mas tudo coisa de criança. Umas carícias aqui, outras ali, troca-troca, mais de descoberta do que qualquer outra coisa. E já faz tanto tempo! Na época eu estava com 8 ou 9 anos. Lembrei-me de Lafayette, nosso monitor de dormitório; do que ele fazia comigo após todos terem dormido... Eu sempre fingindo dormir enquanto ele explorava meu cuzinho com aquela tripinha de rola que me fazia cócegas no cu. Não! Não é possível...

Encontrei meu pai explicando aos escravos os seus planos juntamente com os capatazes designados para cada setor da fazenda. Lefrève e os cinco soldados ficariam encarregados de supervisionar as construções. Apesar de meu pai ser muito rico, ele precisava fazer a fazenda render lucro para suprir as despesas que já fizera e as que ainda teria que fazer. Por isso ficou decidido que o primeiro setor a ser desenvolvido, até porque já existia, era o setor do engenho de cana-de-açúcar.

Meu pai que confiava muito na minha sensibilidade, foi logo querendo saber minha impressão sobre Maobi e Leôncio. Disse-lhe que os olhos de Maobi me transmitiram mansidão e que Leôncio seria um bom companheiro para o meu dia-a-dia no aprendizado de sua língua e para a exploração da propriedade.

―Muito bem. Maobi! Chamou ele.

O escravo aproximou-se de cabeça baixa e postando-se numa posição de humildade aguardou em silêncio que meu pai terminasse a frase.

― Maobi, você é um dos mais antigos escravos desta fazenda. Você tem um filho e uma filha e, se você quiser, lhe darei tratamento diferenciado. O antigo feitor me contou que você é um bom trabalhador e que só tentou fugir porque sua mulher morreu. Pois bem! Vou lhe dar uma oportunidade: a partir de hoje, seu trabalho será ajudar os capatazes e ao tenente Lefrève. Escolha um local onde construiremos uma choupana para você e seu filho. Tem mais, sua filha ficará na casa grande para aprender prendas domésticas sob cuidados da senhora Bertha e seu filho ficará à disposição de meu filho Antoinne para protegê-lo e ensinar a ele as coisas da fazenda.

―Brigadu Sinhô, respondeu Maobi comovido.

―Não me agradeça agora. Agradeça-me com sua lealdade e dedicação.

Leôncio que já havia retornado para junto do pai, abriu um sorriso deixando à vista os dentes muito brancos e perfeitos. Agora de banho tomado, pude notar o verde de seus olhos e a suavidade da pele negra e imberbe. Aquele negro bem que poderia ser o Adonis ou o Apolo da mitologia afro-greco-romana. Meu pai apontando-o para mim, disse:

―Antoinne, ele agora é seu. Leve-o ao curral e escolha um cavalo para você. Assim vocês terão mais mobilidade para explorar a fazenda. Explodi de alegria íntima, entretanto me contive para não despertar a atenção, principalmente de Lefrève e D`arruda que me observavam com olhos compridos.

Nessa noite os escravos dançaram e cantaram até meia noite, quando meu pai ordenou que fossem dormir. Para mim, o dia fora muito excitante e a imagem de Leôncio insistia em permanecer viva em minha retina. Agora, deitado na cama, trajando apenas o camisolão de dormir, lembrei-me de Nêgo Zé e senti desejo. Não sou um branquelo franzino, pelo contrário. Sou bem vigoroso para minha idade e pelas comparações feitas com colegas do colégio, sou até bem dotado. Meu pênis supera a média em um ou dois centímetros. Esses pensamentos se misturavam à lembrança de Nêgo Zé que eu já conhecia em detalhes, mas e Leôncio? Lembrei-me de seu corpo nu, mas só as costa e o dorso. Lembrei dos meninos pequenos, de suas rolinhas, desproporcionais para a idade. Se crescem proporcionalmente, a de Leôncio deve ser majestosa... Foi inevitável, acabei me masturbando!

Continua no próximo episódio

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