Sempre aos Domingos

Um conto erótico de Pinta Grossa
Categoria: Homossexual
Contém 5467 palavras
Data: 10/06/2005 15:02:47
Assuntos: Homossexual, Gay

"Sempre aos Domingos"

Este conto é a conclusão do outro "Uma Paquera que Promete", que àquela época não tinha os ingredientes de agora, isto é, como se trata de história verídica, agora é que tenho os desdobramentos e conclusões. Espero que gostem, pois vem do fundo do coração e procuro refletir vivamente o sentimento dos personagens. Tive que incluir a primeira parte para que não perdesse a homogeneidade, a unidade, embora com algumas modificações para não enfadá-los.

Capítulo I

Eu já sou um homem maduro. Tenho cinqüenta e alguns anos. Tenho um físico compatível com a idade, uns quilos a mais, pra falar a verdade, são mais de quinze quilos, uma barriga um pouco pra fora, isto é, daquelas barrigas que acometem todo homem que ultrapassa a faixa dos cinqüenta. Vocês sabem como é, ou então deviam desconfiar: diminui a produção de testosterona, aumenta-se de peso. Sou assim gordo: 1,60m de altura com 78kg. Vocês nunca se perguntaram por que 99% dos pré-adolescentes homens são magros? É a testosterona braba (o hormônio do macho!) que os impede de engordar! O 1% que resta são aqueles com deficiência na produção desse hormônio e por isso, são gordos. Antigamente pensava-se que eram magros pelo fato de tocar muita punheta.

Bem... continuando com a minha descrição: sou bastante peludo, careca, e agora sou obrigado a portar óculos de grau! Podem me chamar de convencido, mas a minha presença agrada onde chego. E é porque sou muito despojado de vaidade. Imaginem se não fosse! Se me produzisse.

Sou casado, com mulher e filhos, mas sempre senti-me fascinado por homens assim no meu estilo, no meu físico, de preferência heterossexuais. Deixem eu consertar: “sempre”, não! Eu dei uma longa parada por vinte e poucos anos, tempo que dediquei exclusivamente à minha família, pois o aparecimento de filhos muda completamente a vida da gente. Agora, que estou me aproximando dos sessenta, a família criada e encaminhada, resolvi realizar o meu “Canto do Cisne”. Vocês entendem, não é? Vou avivar a memória de uns e contar para aqueles que não sabem.

Dizem que o cisne quando percebe que vai morrer, cria todo aquele cenário próprio e inicia um comovente canto que deve ser eletrizante e dramático, daí essa expressão “canto do cisne” ter-se incorporado ao nosso idioma para indicar sempre que se vai realizar alguma coisa muito preciosa pela última vez. Por coincidência, o exemplo mais aplicado é algum envolvimento passional do homem já lá na maturidade. Pois bem, este é o meu “canto do cisne”, pois não tenho nenhum interesse em sair por aí fodendo e me oferecendo para quem quer que seja, pelo simples prazer de gozar, mas desejo ardentemente uma última aventura com alguém que eu ame e que me ame verdadeiramente. Para mim, amar não é nada difícil, quando se trata de alguém do meu tipo. Me apaixono facilmente. Dois detalhes importantes: primeiro, ele tem que ter obrigatoriamente mais ou menos a minha idade; segundo, tem que ser heterossexual. Nada contra os homossexuais, trata-se apenas de uma preferência que me proporciona muita excitação e prazer. O flerte a um heterossexual é bom demais! Desde o seu início se planta na nossa mente a dúvida de até onde vai chegar o nosso envolvimento. Sempre existe aquela incerteza de estar ou não sendo entendido; há o temor de dar tudo errado, de ser rejeitado, de se andar em uma direção e ele em outra. A conquista é lenta. Há que se ser persistente. Tem-se que ganhar a sua confiança. Tem-se, igualmente, que lhe transmitir a um só tempo a sua firmeza de caráter e a sua “batida fraca”. Parece dúbio, mas nesse caso, não! Ele não pode ter dúvidas a seu respeito, com relação à sua preferência sexual. Ele tem que estar certo de que vai encontrar-se com uma fêmea que fará as vezes, mil vezes melhor, do que sua mulher em casa. É uma novidade pra ele e tem que ser melhor! Todo esse conjunto de medidas e atitudes torna a conquista muito excitante, foge ao lugar-comum, desperta a nossa libido de maneira extraordinária. A aventura atinge um grau tão grande de excitação que, há casos em que se verifica uma autêntica sedução do macho, nas situações em que ele, por razões outras, não se dá conta ou não quer perceber o “imbróglio” em que se meteu.

Pois bem, preparei o corpo e o espírito e caí em campo. O primeiro candidato foi um urso polar, de cinqüenta e cinco anos. Casado, avô de uma linda garotinha, de quem é muito coruja. Fiz tudo direitinho, me aproximei, flertamos, criamos uma amizade muito boa entre nós, eu me declarei a ele que me aceitou completamente, chegamos às “vias de fato”, mas não passou daí. Não deu certo. Não houve clima. Não era esse o “escolhido”. Não era a pessoa certa. Parti pra outra. Fiquei de olhos bem abertos para não deixar passar batido.

Como não saio à noite, nem freqüento clubes onde os homens costumam se encontrar para consumir bebida alcoólica, e para falar da beleza da Cicareli, da Malu Mader, das suas aventuras amorosas com as mais belas mulheres, pois além de não beber, acho isso verdadeiros “programas de índio”, daí o campo fica bem limitado: só me resta procurá-los perto da casa onde moro, ou nas pistas onde faço minhas caminhadas matinais. Para que entendam melhor, faltou dizer que sou aposentado, daí não existir desculpa para me ausentar de casa pra outros lugares que não aqueles preestabelecidos e bem justificados pela vigilante família.

Tem mais uma barreira a ser quebrada: é que sou monitorado pelo celular. Aonde quer que eu vá, sempre me é destinado apenas trinta minutos de tolerância, além do “tempo regulamentar”. Passado esse tempo, o telefone toca para saber onde estou, o porquê do atraso, etc. e tal. Minha vida é uma prisão. Uma doce prisão a que eu mesmo me submeti, voluntariamente. Parece uma coisa simples de resolver: é só quebrar as amarras! Mas, não é tão simples assim, não! A desculpa que me dão é que me amam e se preocupam comigo. Sair à noite sozinho? Nem pensar!

Mas, eu preciso de um “affair”, porra de “affair”! Em bom português, eu preciso mesmo é de um “caso” para sentir emoção, esse sentimento que parece que morreu dentro de mim. Preciso sentir a sensação de estar transgredindo alguma coisa, de que estou fazendo algo escondido, de que estou correndo o risco de ser flagrado amando alguém e que isso pode desencadear um escândalo! Preciso correr esse risco! Preciso de um pouco (pelo menos de um pouco!) de adrenalina lançada no sangue!

Capítulo II

Ele estava lá, à margem do “calçadão”, com cara de chefe-de-família, um pouco barrigudo, bigodinho, meio careca, no seu carrinho de refrigerantes, vendendo água-de-coco. Como disse, ele possui todos os requisitos que procuro num homem: é extremamente viril, transpirando sexo por todos os poros, deve ter mais de cinqüenta, mas transparece ter pouco mais de quarenta, de bermuda, e camisa toda desabotoada (com o calor que está fazendo!), mostrando generosamente o físico peludo que começa na virilha (que eu não vi, mas imagino!), subindo pela curva da barriga, deliciosamente erótica, até o tórax. E um detalhe adicional que para mim é carregado de luxúria, de desejo: os peitinhos gordinhos! Eu enlouqueço de tesão! Os braços muito peludos, também. Não é alto, tem mais ou menos a minha altura. A sua presença não chama a atenção de ninguém, pela sua simplicidade e simpatia que nos transmite. Passa despercebido. Ali está um homem viril que pode fazer a alegria de muita gente em cima de uma cama, mas não é notado. As mulheres passam e nem se dão ao trabalho de observá-lo e se o fizerem não notarão nada de extraordinário; mesmo porque, mulheres não entendem de homens.

Os homossexuais, também, de um modo geral, não o notam, pois o perfil do homem ideal para eles é o que a mídia lhes mostra: “homens sarados” (essa coisa assexuada! tórax seco, depilado, sem gordura, sem peitos, somente dois pontos marcando o local!). Daí, não o notam! E se o notarem, não lhes desperta nenhum interesse. Outro fator que faz crescer no homossexual o desinteresse é não querer jogar com a dúvida, preferindo um homossexual como ele, que é cartada certa e também porque, tenho notado que os homossexuais de hoje são indefinidos na sua posição, tendendo muito para o”troca-troca”, e o heterossexual convicto na maioria das vezes não está interessado.

Que bom pra mim! Ele estará sempre ali, sem ser molestado por ninguém!

Aproximo-me. É muito lenta a paquera. Além de ser muito complicada, devendo ser cercada de todos os cuidados para não se botar tudo a perder. E, como se não bastasse, sou bastante tímido.

- Tudo bem? – cumprimento-o.

- Tudo bem! – respondeu prontamente, deixando-nos ambos à vontade.

Segui a minha caminhada, agora mais certo do quanto ele é acessível. Já sabia, também, que ele “falava”! E como falava! Que voz linda! Máscula! Voz de homem, como eu gosto!

Voltei no domingo, mas sem muita esperança, algo dentro de mim me desanimava. Estava começando a tomar consciência de que ele era “muita areia pro meu caminhão!” Passei na ida de minha caminhada e ele estava ocupado com alguns fregueses e só deu pra eu me aproveitar dessa situação e brechar o seu físico todo à mostra, a barriguinha um pouco pra fora peluda, o tórax peludo, o seu rosto lindo demais com um meio-sorriso sempre disponível. Segui em frente. Minutos depois esqueci-me completamente dele. É incrível! Quando não temos esperança da nossa conquista, a pessoa visada não ocupa muito espaço na nossa mente.

Na volta, ele estava, de novo, ocupado com os fregueses e, de novo, aproveitei-me para desfrutar a beleza daquele macho viril e pronto para “dar uma” com competência em qualquer circunstância, eu percebia isso. Mas, de repente, uma surpresa! No momento que eu passava em frente ao seu carrinho, ele tirou momentaneamente a atenção de sua freguesia, me fixou nos olhos e falou:

- Tudo bem?

Oh, meu deus! Tremi nas bases. Será que eu estava sonhando ou acordado? Ele estava mesmo falando comigo? Mas, eu nem me dirigi a ele! Respondi em cima das buchas:

- Tudo beeemm! – aquilo me soou como uma cantada. Ele poderia ter-me ignorado simplesmente e, se não o fez, é porque queria uma aproximação comigo. Estava na cara.

Eu senti que ele queria algo comigo! O meu próximo passo é aproximar-me dele, o mais possível, declarar-me se preciso for! Vou administrar isso, podem ter certeza.

Eu sei quando ganho uma parada. E essa me parecia ganha. Eu, na fase de preparação e de aproximação, durante a paquera, procuro transmitir à minha presa o que quero e “qual é a minha”, por isso quando ele se dirigiu a mim já sabia o que eu quero dele. Só falta agora, no próximo domingo, chegar na sua barraca, tomar uma água-de-coco, apertar a sua mão que deve ser pura tesão, acertarmos os detalhes e... vamos ver no que vai darCapítulo III

É domingo de novo. Estou de volta. Vou dar prosseguimento à minha conquista. Cheguei até o seu carrinho, começamos nossa conversa e veja o que aconteceu.

Houve surpresas, o desdobramento mudou o roteiro, a história. Mas foi bom assim. Como já falei em outra ocasião, essas dificuldades, esses “acidentes de percurso” tornam a conquista mais valiosa.

Nesse domingo eu passei lá, no carrinho de refrigerantes e água-de-coco. Eu contava como certo. Estava convicto de que, quando ele visse me aproximar da sua banca, simplesmente confirmaria todas as minhas previsões. Que nada! Penso comigo:

- Puxa vida! Essa conquista, está mais difícil do que eu imaginava!

Cheguei lá e, após os cumprimentos de praxe, o papo entre nós começou, mas tomou um rumo inesperado, que não seguia o roteiro dos meus prognósticos. Ele me contou que é separado da mulher, tem seis filhos: quatro com a primeira e dois com a última com quem se juntou e viveu dez anos. Hoje vive sozinhoCapítulo IV

Estamos num novo domingo. Hoje é dia de ver o meu amigo Isaac. Esse é o nome dele. Esse nome nos remete a alguém que supostamente deva pertencer a uma família de evangélicos. A sua mãe sendo evangélica, foi que lhe deu esse nome. Mas ele somente há dez anos decidiu-se entrar para a religião. Que bom! Isso é certeza de que ele nem bebe e nem fuma.

Quando cheguei ao seu carrinho de refrigerantes, passavam poucos minutos das oito horas. A recepção que eu esperava mais esfuziante, foi pouco entusiasmada, quer dizer, apenas aquele “entusiasmo” natural dedicado aos fregueses. Como eu estava na ida de minha caminhada, cumprimentei-o e disse-lhe que na volta tomaria uma água de coco.

- Tudo bem! Estou lhe aguardando!

Na volta, encostei, e ele, muito prestativo, perguntou-me:

- Quer a água agora?

- Não! Aguarde um pouco!

E tocamos a conversar. Deu pra ver que ele está, aos poucos, imperceptivelmente, admitindo e ao mesmo tempo, assumindo a minha condição de alguém que quer envolver-se sexualmente e, por conseqüência, emocionalmente com ele. E, o que é bom, isso não o está escandalizando, está marchando para uma aceitação implícita. Está quase que parecendo como se eu fosse uma solução para ele, que se encontra sozinho, desiludido das mulheres que o abandonaram quando mais ele precisava delas; quando mais ele precisava de um apoio; apoio esse que não veio.

Em dois momentos eu pude claramente sentir como minha presença lhe agradava. Uma, foi quando anunciei que estava indo embora, e ele insistiu, quase implorando que eu ficasse mais alguns momentos, pois a minha presença, segundo ele, preenchia o vazio que ficava ali quando não aparecia nenhum freguês. Eu não sou tolo e pertinho dele, como eu estava, pude ver que a verdade era outra. Ele estava sim, era adorando a minha companhia!

Num segundo momento, percebi, quando, num movimento brusco, ele se feriu com o abridor de coco. O local do ferimento foi a falanginha do dedo médio da mão direita. Nada grave, mas saía um pouco de sangue, daí ele começou a esfregar gelo em cima e eu, vendo o seu nervosismo diante do ferimento, pedi-lhe a mão para olhá-lo e ver se se tratava de algo grave. Segurei a sua mão com uma das mãos e com a esquerda livre, comecei a massagear em volta do local, com os dedos indicador, médio e polegar, quase acariciando (na verdade, eu estava mesmo era acariciando!), e então ele ficou parado, estático, como se tivesse sido transportado para outro plano, esqueceu de tudo ao seu derredor. O homem durão e inquebrantável se desestruturou todo, deixou-se envolver pelo enlevo inesperado. Dá para tentar explicar isso: além do súbito carinho, as minhas mãos são incrivelmente macias! Tão macias que o veludo parece uma lixa diante delas. As pessoas se admiram da sensação que sentem ao tocá-las. Divirto-me ao constatar isso. Ele ficou imóvel, sem esboçar nenhuma reação, como se aquilo fosse para ele um momento mágico, algo que há muito não sentia.

Eu me senti tão feliz por poder transmitir algo de bom para alguém que se apresentava diante de mim tão vulnerável, tão carente.

Na verdade, dá pra perceber que, embora procure esconder isso, ele é muito carente, pois vive sozinho num apartamento, longe dos filhos, dos quais deve sentir muita falta; longe de uma mulher para cuidar dele, assim, diante das adversidades, ele procura demonstrar ser um homem durão, que trabalha sem parar, que isso lhe serve de linimento, que Deus está do lado dele, etc., para isso tornou-se evangélico, mas isso é apenas uma capa protetora para esconder a sua enorme carência.

Como senti vontade de abraçá-lo naquele momento e como ele me teria agradecido por isso! Mas, homens não podem se dar a esse luxo diante de todos!

Isso me está cheirando a amor que está chegando sorrateiramente, ou a paixão que é mais rápida e que exige imediatas decisões, geralmente impensadas, e está me metendo medo, pois está despertando em mim uns sentimentos que eu julgava há muito tempo extintos. No começo, desejava ardentemente enredar-me nesses sentimentos confusos do Cupido, mas agora que eles se prenunciam, começo a sentir um misto de ansiedade e medo. A minha situação, a minha vida, a minha família, não permitem uma aventura amorosa a essa altura do campeonato, embora isso fosse a coisa mais maravilhosa do mundo. Mas isso me forçaria a tomar uma decisão de escolher entre o amor (que seria o meu “Canto do Cisne”) e a minha família. Se tiver que decidir, optarei por minha família por quem, também, nutro muito amor. Não sei o que será de mim... Só o tempo dirá! Vocês já ouviram a história da mariposa que fica circulando em volta da chama, desorientada, e nada pode fazer para evitar que se queime?Capítulo V

Hoje é mais um domingo, daqui a pouco estarei visitando no calçadão o meu amigo íntimo Isaac, no nosso encontro que se dá “sempre aos domingos!”.

Como a semana passou devagar! Houve momentos que eu pensei que nunca chegasse o domingo. Contei os dias: segunda, passou lentamente... puxa vida! O domingo ainda está tão longe! Terça, devagar demais!

Eu penso: já, já, chega o domingo, mas que nada!

Ainda é quarta-feira...

Quinta-feira, daqui a três dias será domingo!

Sexta, sábado... Ah, eu não agüento mais de tanto esperar!

Finalmente! Graças a deus é domingo! Até que enfim! Mas, depois de tão longa espera, ainda há uma pedra no caminho: o dia amanheceu chuvoso e se prenuncia daqueles! Não é possível! Por mim, eu iria até se chovesse canivetes, mas o problema é ele. Será que ele vai com chuva?

Felizmente, o tempo começa a limpar e parece que vai aparecer um solzinho. O que há de positivo é que não existe um horário preestabelecido para vê-lo. Ele permanecerá o dia todo ali, trabalhando. Quer dizer, à hora que eu chegar, dentro desse período, ele estará lá. Me preparo, visto o paramento para a ocasião (tênis, bermuda e camiseta), e me dirijo ao ponto do calçadão onde vou encontrá-lo. No caminho eu pensei tanta coisa! Por exemplo: procurar primeiro me certificar se ele se encontrava lá e depois, então, em caso positivo, é que eu daria a minha caminhada. Pois, certamente, - pensava eu, - não teria ânimo para caminhar, ao constatar a sua ausência. Depois, mudei de idéia e segui a rotina. Ele tem que estar lá! Ao chegar ali, notei que ele, também, atrasou, pois agora é que estava montando a barraca e expondo a mercadoria para venda.

Mas, como será hoje? Nós ainda estamos no estágio de “quase chegando lá”, mas nada definido ainda. Sinto que alcançarei o meu desiderato, mas, o diabo dessa dúvida é que me deixa momentaneamente esmorecido.

Bem, vamos lá!

Como da última vez, na ida apenas o cumprimentei, prometendo tomar uma agüinha de coco na volta.

Ele falou, alegre:

- Tudo bem! Estou aguardando! Vou separar aqui um coco bem geladinho!

Na volta, encosto no carrinho e sou recebido com festa. Começo a puxar assunto. O tempo passa. Quando falta assunto, elogio o seu nome: Isaac. Digo-lhe que é um nome muito bonito. Comento:

- Por que é que quando gostamos de alguém, tudo nele achamos bonito?

Ele respondeu, pensativo:

- É mesmo, não é?

Depois de bastante tempo ali, fiz sinal de que ia-me embora, e ele, mais que de repente:

- Mas, agora? Não está nem com meia hora que você chegou! Por favor, fique um pouco mais!

Ele exagerava. Já estava com mais de uma hora que conversávamos alegremente, mas fiquei muito lisonjeado e feliz, pois isso demonstrava que minha presença ali tinha sua importância. Concordei de pronto, mas dando uma de “difícil”:

- Está bem! Ficarei mais alguns instantes.

Nisso ele me olhou e falou:

- Você não vai sair agora não, não é? Pois fique aqui um instante enquanto eu vou tomar um banho rápido no restaurante ali defronte!

- Pode ir tranqüilo! Eu tomo de conta!

Nisso, ele já foi saindo e atravessou a avenida depressa. Quando gritei pra ele “E se vier alguém comprar alguma coisa, que é que eu faço?” – ele já havia sumido. Realmente apareceram fregueses e eu me saí muito bem, despachando-os. Ele não demorou. Em menos de dez minutos voltou ainda molhado do banho. Ah! Que maravilha! Tive que me esforçar para me controlar e não lhe dar um abraço daqueles!

Continuamos o nosso papo e eu não podia deixar de lhe fazer a seguinte pergunta, pois passei toda a semana pensando numa maneira de fazê-la:

- Mas, Isaac, você tem uma garota, uma mulher para quebrar o seu galho, não tem?

Ele respondeu com veemência:

- Naaaão! De jeito nenhum! Eu já lhe contei que eu tive duas experiências com mulheres, com as quais eu tive seis filhos, e me dei mal, não quero saber! Só vivem brigando! E quando é domingo, às dez horas da manhã, enquanto eu estou aqui trabalhando, dando o maior duro, elas querem é estar desfilando na praia!

Insisti. Eu precisava ter certeza. Não estava disposto a dividi-lo com ninguém, principalmente tendo uma mulher como concorrente, que é uma concorrência bastante desleal.

- Tem certeza que não existe ninguém?

- Claro que tenho! Pode ir no endereço onde moro, e que eu acabei de lhe dar, à hora que quiser e veja se você não me encontra sozinho lá!

Me dei por satisfeito e encerrei o assunto.

Ele trabalha sempre de bermuda, camisa e boné que, segundo ele, é para não cair cabelo nos alimentos. Descobri que o boné é para esconder a meia-careca ou como costumam dizer: um pequeno aeroporto... de que é mesmo, que a gente diz? De mosquito, é? Tive que desenvolver para ele a teoria dos hormônios em excesso que precipitam a calvície, e lhe falei também do quanto eu o acho charmoso assim mesmo, principalmente por isso. Serve de consolo saber que os nossos cabelos caem em virtude da produção excessiva de testosterona, o hormônio brabo. Como ele contra-argumentou que existem remédios para conter a calvície, eu lhe expliquei que estes remédios agem na contramão da produção hormonal, daí, o seu uso resulta em impotência sexual. Depois de explicar-lhe como funciona a química, perguntei-lhe:

- Você ainda quer tratamento pra calvície?

E ele em cima das buchas:

- Naaão!!!!

Ele havia acabado de chegar do banho e estava só de bermuda, então lembrei-me de pedir-lhe uma coisa que há muito desejava:

- Eu quero lhe pedir uma coisa, mas não sei se você concorda. Posso pedir?

- Claro! Peça!

- Eu me sinto encabulado! É uma coisa muito simples, mas tenho dificuldade em pedir.

- Peça! Qualquer coisa!

- Você me deixa tirar uma foto sua?

- Claro! Só isso? Mas tem uma condição: você tira uma foto pra você e uma cópia pra mim. Tá certo?

- Claro! No domingo próximo eu trago pra você as suas cópias. – prometi, alegre e aliviado por ter tido coragem de pedir uma coisa tão simples.

Como eu já estava “na prorrogação” em relação ao tempo de permanecer ali ao seu lado, pois em casa, quando ultrapasso apenas trinta minutos do horário previsto, - pra qualquer lugar que eu vou - o celular toca, é minha filha querendo saber o motivo do meu atraso em retornar pra casa, fiz-lhe um pedido com o coração apertado:

- Isaac, deixe eu ir-me embora! O telefone não tarda a tocar para saber do meu atraso. Você sabe que eu ficaria com você o dia todo, até a noite chegar, mas...

- Está bem! Eu deixo! Pode ir! – falou ele, todo senhor da situação.

Saí em direção ao carro que me levaria para casa. Na passagem por ali, tiraria as fotos dele.

Ficou acertado que eu iria pegar a máquina fotográfica no carro a alguns quarteirões de distância. Exigi que as fotos fossem tiradas sem camisa e sem boné, para não esconder a sua barriga e peito peludos e, também para deixar à mostra a sua excitante careca pela metade. Na passagem, parei o carro, desci e tirei algumas fotos que ficaram muito boas.

Ao me despedir, ele sorriu pra mim. Não foi um simples sorriso. Tinha algo mais na sua face exultante de felicidade, os seus olhos brilhavam!

Ah, meu deus, como é belo o amor!

Mas, não é um amor qualquer de adolescentes. Esses amores são muito agitados e volúveis. É um amor de outono. Um amor entre adultos, entre homens maduros que estão no outono de suas vidas, o seu “Canto do Cisne”, onde tudo é medido, avaliado, nada é realizado de forma inconseqüente ou de improviso, mesmo o ato sexual que certamente virá no momento certo, será sem pressas, calmamente, para culminar de forma brilhante essa preciosa união.

Capítulo VI

Hoje, ainda é quarta-feira, mas preciso ver o Isaac para entregar-lhe as fotos. Telefono-lhe e, após várias tentativas com aquelas chatas e antipáticas mensagens, eis que ele atende. Acerto com ele que vou passar na sua casa lá pelas três horas.

Ao chegar mostro-lhe as fotos que ele gosta muito. Reservei dentre elas, uma em tamanho maior que já levei-a colocada num porta-retrato que comprei na própria loja que copia as fotos digitais. Passamos a conversar. Um defronte ao outro. Ele fica todo o tempo fixando-me nos olhos, repetindo a mesma frase muitas vezes, como uma criança que ganhou um brinquedo novo:

- Mas,... você veio mesmo! Eu jurava que você não vinha!

E eu, de minha parte, fiquei todo o tempo bajulando ele:

- Ah, se eu tivesse conhecido você quando eu era solteiro, eu o levaria para morar comigo, e não aceitaria “não” como resposta. Lá você não faria nada! Ficaria todo o tempo à minha disposição para eu ficar olhando pra você. E, não lhe faltaria nada! Principalmente os meus abraços.

Ele sorri, feliz, adorando ser bajulado. Ele está só de bermuda, que é como eu lhe exijo que fique, para eu poder ficar direto admirando a sua “plástica” com aquele lindo barrigão peludo! Não o deixo usar camisa, nem permito que use boné. Gosto de vê-lo ao natural. De repente, noto que ele está usando o boné e eu, com “autoridade” lhe falo:

- Isaac, tire esse boné!

E ele, todo obediente, como um garoto que foi flagrado fazendo algo errado:

- Quer dizer, eu só posso usá-lo quando estiver trabalhando no carrinho, não é?

- É isso mesmo!

E ele, obedientemente, o tira e guarda. E, em resposta, dá uma ordem:

- E você... tire essa camisa!

- Agora mesmo! – obedeci sem pestanejar.

De repente, ele falou-me de forma misteriosa:

- Vamos ali dentro pra eu lhe mostrar uma coisa!

Acompanhei-o desconfiado. “ - Essa alma quer reza”, penso comigo mesmo. Quando entramos no quarto, ele me agarrou por trás, de forma suave, mas firme. Não disse nada, apenas procurou desfrutar da sensação que isso transmitia, da energia que emergia do meu corpo. Da tesão que nos envolvia. Tento me desvencilhar fracamente. Não tenho forças.

Ele reage:

- Não queira bancar o durão! Você não se agüenta de tanto desejo em mim, não é verdade?

- É... Mas... Vamos conversar?... Precisamos conversar sobre isso... – falo, sem muita convicção, como se estivesse embrigadado, enquanto ele já está me beijando no pescoço.

A última frase saiu bem fraquinha de minha garganta. Eu pretendia falar-lhe sobre sexo seguro, sobre camisinha, sobre relações sexuais promíscuas, sobre mim que nunca me relacionei em situação de risco... sobre ele, como se comportava nas suas relações, mas tudo isso foi pro brejo. Eu estava completamente entregue a ele.

- Vamos! Eu estou até desacostumado disso, tanto tempo já faz que eu me relacionei com alguém. Deve estar com mais de sete anos.

Enquanto ele falava, o seu pau endurecia. Eu não tinha a menor idéia do tamanho ou grossura. E nem me preocupava com isso. Eu apenas desconfiava de que tamanho seria, pelos seus dedos bastante grossos, embora curtos. Daí eu imaginava que deveria ser um pau pequeno, embora de boa grossura. Quando ele despiu-se eu vi aquela maravilha: como eu imaginara, era pequena e grossa! Isso, em vez de frustrar-me, transportou-me ao passado, ao meu primeiro e verdadeiro amor que, coincidentemente, tinha essas mesmas dimensões, e do qual eu guardara doces e inesquecíveis recordações. Uma grande coincidência, vocês não acham? O primeiro e o último? Ele esperou-me despir-me completamente e, então, deitou-se suavemente sobre mim. Nós não tínhamos vaselina. Não estávamos preparados, era isso que eu lhe tentava dizer, ainda nos faltava muita conversa e entendimentos, quando fomos vencidos pelo desejo. Nós sabíamos que marchávamos para isso, mas não sabíamos quando. Não tínhamos pressa. Ele ajeitou-se em cima de mim e distribuiu aquele corpo maciço de 85 quilos em minhas costas. Senti a cabeça do seu grosso pau forçar a entrada. Foi delicioso. Ah! Quanto tempo fazia que eu sentira esse contato pelo ultima vez! Ao encontrar resistência, então ele aplicou um pouco mais de força. Senti a cabeça deslizar para dentro de mim, com leve dor. Gemi, tentando retirar o cu da seringa, mas isso fez foi excitá-lo mais! Eu esperava por isso. Eu sabia disso e provoquei-o de propósito. Ajeitou-se novamente e empurrou o resto, até senti-lo topar com os ovos na entrada de minha bunda.Os nossos corpos se fundiram num só e formavam uma simbiose. Uma explosão de gozo não tardaria daquela jóia preciosa, daquela pequena máquina do amor, para dentro do seu repositório natural que era a minha bundinha, que há tanto tempo o aguardava. Quando ele introduziu completamente aquela pequena maravilha, esforcei-me ao máximo para ganhar mais, empurrando minha bunda ao seu encontro. A grossura me enchia e me esticava um pouco a bainha que o recebia, mas embora eu ansiasse por um pouco mais na profundidade, o comprimento me frustrava, claro, não ao ponto de repercutir naquele tão ansiado encontro, apenas porque a minha libido estava em tempo de explodir. Ele iniciou o movimento de vai-e-vem lentamente, mas com energia. Gemi de novo. Ele cochichou no meu ouvido:

- Está doendo, meu filho?

Não estava nem um pouco, estava delicioso, mas menti, para incentivar mais ainda a sua libido:

- Um pouco! Sua rola é muito grossa! Mas, não pare, por favor!

- Vou meter mais devagar para não machucar o meu bichim!

- Não! Por favor, continue assim!

Ele continuou socando com força. Não poderia se segurar durante muito tempo nesse ritmo. Senti que ele iria se acabar em poucos segundos. Apressei-me em movimentar minha bunda, socando contra o seu pau, para não chegar atrasado. Após alguns empurrões, ele puxou até quase fora e o empurrou até senti-lo tocar-me na parte mais funda de mim: o nosso gozo explodiu e gritei baixinho, derramando o meu gozo no colchão, enquanto o seu era derramado nas minhas entranhas, de onde nunca mais sairia. Ali era o seu lugar! Continuei sentindo o pulsar do seu grosso pau dentro de mim, derramando o produto do seu gozo. Em sincronia com ele, a cada soco do seu pau, correspondia um jato de gala que o meu pau derramava no colchão. Após concluirmos o orgasmo, ficamos imobilizados, desejando parar o tempo para que ficássemos assim por toda a eternidade. Como se agradecesse a mim o seu gozo, ele beijou-me suavemente no rosto, próximo da orelha. Retirou lentamente o pau e levantou-se de cima de mim. Fomos para o banheiro. Limpamo-nos e voltamos pra sala.

Conversamos assuntos diversos, anotei o meu telefone na memória do celular dele, acertamos algumas medidas para incrementar o negócio na praia, como a compra do material descartável, isopor, copos, etc. e outras coisas de somenos importância. Na saída, levei-o até a oficina onde fomos pegar o seu carro. Ao nos despedirmos ele prometeu telefonar, qualquer hora. Fui-me embora. Ao chegar em casa, até o final da noite, ele não telefonou. Foi fazê-lo somente no dia seguinte. Veja como isso aconteceu.

No dia seguinte, minha filha mais velha pediu-me emprestado o celular, alegando que o seu ia deixá-lo carregando. Não vi nenhum problema.

- Pode levá-lo, minha filha!

Na parte da tarde, foi que o Abrão achou de ligar-me, certamente para matar a saudade. O telefone tocou na bolsa de minha filha. Ela o atendeu. Veja os termos que ele usou, aos berros:

- Alô! Como está meu filho querido?

Minha filha ouviu aquilo e ficou meio assustada. Ela imaginou logo que se tratava de um amigo meu, mas os termos é que lhe pareciam muito íntimos, carinhosos demais para apenas amigos.

- Alô! O senhor ligou o número certo! O senhor quer falar com o papai? Eu sou filha dele, é que eu estou usando o celular dele emprestado. Quem está falando? Eu posso dizer que o senhor ligou!

- Está bem! Desculpe-me! Diga que o Isaac ligou!

Eu soube dessa história contada pelos dois lados: Quando minha filha me contou, eu falei que se tratava de um vendedor de veículos que eu sempre utilizava quando queria trocar de carro e ele era muito moleque, brincalhão, por isso usara aquelas expressões; pelo lado do Isaac, quando ele me contou, dei boas gargalhadas

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