Cumplicidade

Um conto erótico de Desdêmona
Categoria: Homossexual
Contém 2141 palavras
Data: 26/08/2005 23:47:16

Eram seis horas da tarde, uma bela noite de sábado quando ouvi a campainha do meu apartamento tocar, estava um pouco cansada pois havia acordado muito tarde e isso consome toda a minha energia, fui atender meio que me arrastando já que estava esparramada no sofá vendo televisão e decidira passar o resto da noite ali, como já havia passado o resto do dia, eram Patrícia, minha melhor amiga, que morava num apartamento pouco distante do meu, Marta e Sandra, que dividiam um apartamento com outras moças num tipo de republica estudantil, eu e Patrícia morávamos com elas antes de nos mudarmos para nossos próprios apartamentos a pouco mais de um ano, planejamos muito e nos mudamos ao mesmo tempo, mas todas nos continuávamos muito amigas, ainda estudávamos na mesma faculdade no período noturno e passávamos a maior parte do tempo juntas, nós quatro, mas a minha amizade com Patrícia era mais forte, éramos confidentes uma da outra, amigas para os maus e bons momentos, chorávamos uma no ombro da outra quando tínhamos problemas, conversamos sobre nossos medos e ansiedades, consolávamos uma a outra quando estávamos com o coração partido, enfim, éramos inseparáveis, a minha relação com Marta e Sandra era mais afastada, mesmo estando sempre juntas elas eram para mim o que eu chamo de “amigas de farra”, não que não fossem importantes para mim, quantas vezes me levantaram quando eu estava para baixo, e era justamente para isso que estavam ali.

Nas ultimas semanas tenho estado muito cansada, trabalhando e estudando como nunca, mas isso nunca foi motivo para passar todo o meu tempo livre trancafiada no meu apartamento, como estava fazendo ultimamente, as três vieram me buscar para uma noitada num bar qualquer, sabiam que eu estava precisando de um empurrãozinho, Patrícia sabia que eu não ia me animar muito com a idéia, mesmo sendo farrista do jeito que sou, quando estou nos meus dias de depressão nada me faz mudar de idéia, mas até ela sabia que eu precisava de ajuda, toda aquela monotonia não ia me fazer bem, e mesmo relutando muito elas me convenceram a sair, quase me forçando a entrar no chuveiro e tomar uma ducha fria para despertar, aceitei, que mal faria, eu poderia inventar qualquer desculpa e voltar para casa cedo, e além do mais, mesmo com todo desanimo, eu senti falta delas e dos nossos encontros, nos últimos dias, se não fosse pela faculdade, talvez nem tivéssemos nos visto, com exceção de Patrícia que sempre estava por perto.

Sai do banho já um pouco mais animada, vesti um jeans e uma blusa qualquer, coloquei minha bota, minha jaqueta, ajeitei rapidamente me cabelo e maquiagem, sai do quarto e disse:

- Pronto, satisfeitas? Para onde vamos agora?

Marta deu um pulo do sofá batendo palmas e assobiando para mim, ela sempre é a mais exagerada.

- É assim que eu gosto de ver!

- Certo, já sei, já sei.

- Aonde vamos??? É uma surpresa!

- Vocês e suas surpresas... bom, seja lá aonde for, vamos?

- Vamos! – disse Sandra, enquanto se levantava e pegava a bolsa.

Em nenhum momento Patrícia disse uma palavra, mas o sorriso em seus lábios e o olhar que direcionava a mim mostravam o quanto ela estava feliz em me ver animada novamente, em suas conversas telefônicas ela sempre fazia piadas bobas tentando me fazer rir, sempre me acompanhava depois que saia da faculdade, nessa ultima semana todos os dias ela veio me buscar em casa para me dar carona, sabendo que quando estou para baixo nem de dirigir eu gosto, e me trazia em casa novamente, tínhamos longas conversas antes que ela fosse embora, ela sabia o quanto eu dava valor a nossa amizade e o quanto tudo que ela fazia significava para mim.

Chegamos num lugar que eu conhecia bem, um bar onde a bebida rolava solta até o amanhecer e as musicas eram tão antigas que nenhuma delas foi ouvida nas rádios pelos últimos vinte anos, o tipo de lugar que eu amava, mas nem todas eram fãs, o que realmente mostrava que a noite era para mim. Animei-me logo de entrada quando vi para onde estávamos indo, Marta estacionou o carro, entramos no bar, e fomos direto para uma mesa bem aconchegante no canto do bar, estava reservada, elas, já me conhecendo e tendo certeza que eu viria de um jeito ou de outro acharam melhor reservar, ficamos ali o resto da noite, bebendo, conversando, rindo, levantando-se uma vez ou outra para dançar ou a convite de algum cavalheiro que logo após a dança tratávamos de afastar de nós, aquela era uma noite só para as mulheres, após horas e horas nesse ritmo, já pelas altas horas da madrugada e completamente bêbadas, com exceção de Marta que moderou devido a estar dirigindo, exaustas e satisfeitas pela noite agradável fomos embora, no caminho continuamos a rir e falar besteiras só para passar tempo, estava feliz, como não estava fazia tempos, os amigos têm esse poder sobre nós.

Chegando no meu apartamento descemos eu e Patrícia, combinamos que ela dormiria essa noite comigo, para no caso de uma das duas passar mal já que morávamos sozinhas e havíamos bebido muito, nos abraçamos fortemente, agradeci a Sandra e Marta pela noite maravilhosa e subimos.

Saímos do elevador e fomos cambaleando até minha porta, onde mal conseguia inserir a chave, entramos meio que sendo empurradas pela força da nossa bebedeira, tudo era motivo para altas gargalhadas, sempre olhando uma para outra e fazendo o sinal de silencio, o que fazia com que ríssemos mais ainda. Tranquei a porta e me atirei no sofá da sala, ao lado de Patrícia que já havia se sentado, fiquei ali por um segundo e fui andando até a cozinha, - o meu apartamento era bem pequeno e a sala e a cozinha somente eram divididas por meia parede, que formava um balcão, no estilo cozinha americana -, fui até a geladeira, peguei duas cervejas e mostrei para Patrícia, o que fez ela rir, coloquei-as de volta e peguei uma caixa de suco e algo para comermos, coloquei-os no balcão, ela veio em direção a este e sentou-se num banco, sentei-me ao seu lado, ficamos ali meio que quietas por alguns minutos, comendo, nos recuperando da noite agitada, até que propus:

- Vamos ver um filme? Se não estiver com sono.

- Não estou. - sempre com um sorriso meigo nos lábios.

- Vou tomar um banho morno para ver se me sinto melhor, roupas e toalhas estão no lugar que você já sabe, fique a vontade.. Ah, pode escolher o filme também.

Ela concordou movendo a cabeça enquanto terminava seu lanche e eu ia em direção ao quarto. Sai do banho, vestida com meus trajes típicos de dormir, blusa de algodão branca e shorts coloridos de algodão, patrícia entrou no banho enquanto eu arrumava o sofá cama para ela dormir e para vermos o filme. Ela saiu do banheiro com roupas idênticas as minhas, é sempre engraçado vê-la com minhas roupas, vez ou outra ela dorme aqui e nunca vem preparada.

- Olá clone – eu disse sorrindo, ela sorriu em retorno.

- Posso botar o filme? – perguntei já sentada na cama enquanto ela se deitava ao lado.

- Estou... pronta. – disse ela enquanto se aconchegava.

A madrugada estava fria, e estávamos cobertas ate o pescoço, assistimos a todo o filme assim, dando risinhos ou fazendo comentários uma vez ou outra, mas a maior parte do tempo em silencio, o filme terminou, me virei para seu lado e fiquei ali pensativa, meio que olhando para o nada, ela me olhou e virou-se para meu lado, estávamos uma de frente para a outra, ela me olhando com aquele olhar materno perguntou:

- Está tudo bem com você?

Só agora percebendo que ela estava virada e olhando para mim, eu disse:

- Acho que sim, só estou pensando.

- Em que? – ela perguntou enquanto acariciava meu cabelo, tirando-o do meu rosto.

- Na vida, no trabalho, na família... você sabe, o de sempre. – sorri para ela.

Ela carinhosamente passava sua mão pelo meu rosto, cabelos e me olhava fixamente nos olhos enquanto eu falava com ela, peguei sua mão, beijei e abracei-a, de uma forma inocente e amigável, - sempre fomos muito ligadas uma a outra, mas talvez pelo fato de sermos ambas heterossexuais, nunca suspeitamos que o que sentíamos uma pela outra, mesmo com todo o amor que compartilhávamos, nunca achamos que o que sentimos pudesse ser algo mais que amizade-, levei minha mão até seu rosto dessa vez, olhando fixamente em seus olhos enquanto acariciava sua face, no nosso olhar não havia paixão, não havia desejo, havia um carinho muito grande , ficamos ali por alguns segundos, olhando em nossos olhos, trocando caricias inocentes, então me inclinei um pouco para beijá-la em sua testa, beijei-a e recuei, ficamos mais alguns segundos a trocar olhares e caricias até que nos aproximamos lentamente, sem nunca perder a ternura no olhar, e nossos lábios se encontraram num longo e tenro beijo onde somente nossos lábios imóveis estavam em contato um com o outro, nos separamos e aquele beijo nos pareceu tão natural que nenhuma das duas reagiu a ele, estávamos agora realmente próximas uma outra, tanto que sentíamos o ar de nossa respiração contra nossos rostos, mantínhamos nossas mãos seladas, beijamo-nos novamente, dessa vez um beijo molhado, bem lento e sensual, sabíamos que algo a mais estava acontecendo agora, não podíamos ignorar, nos olhamos novamente, agora com um olhar mais ardente e profundo, que exclamava o consentimento que nos dávamos e o desejo que estava crescendo em nós, inclinei-me em direção a ela que se virou enquanto nos beijávamos, agora meus lábios buscavam os seus com sede, explorava toda sua boca com minha língua faminta, mordia seus lábios e ela correspondia com a mesma intensidade, deixei minha mão correr pelo seu corpo explorando cada parte, ela acariciava minhas costas e tirou minha blusa, continuamos a nos beijar intensamente, mas sempre com muita calma, ambas éramos exploradoras em terreno novo, e não tínhamos pressa, eu agora já estava com meu corpo por completo sobre o dela, deitada entre suas pernas eu podia sentir a quentura aconchegante que vinha de seu sexo, tudo aquilo era tão novo e excitante para nós, nos beijávamos e sentíamo-nos ficando cada vez mais excitadas, dei-lhe espaço para que eu pudesse tirar sua blusa com facilidade, vi seus seios nus, que já havia visto tantas vezes antes, mas nunca dessa forma, nunca como dois objetos de desejo, como portas para o desconhecido, envolvi-os em minhas mãos sentindo sua maciez e massageando-os enquanto movia meus quadris lenta e firmemente contra os seus e beijava sua boca vagarosamente, lambendo e mordiscando seus lábios fui descendo lentamente, distribuindo beijos molhados por todo seu pescoço chegando a seus seios, beijei-os, como se fossem as coisas mais preciosas do mundo, o toque macio de sua pele contra meus lábios me deixa ainda mais excitada, quero mais dela, quero fazê-la sentir prazer, meus lábios estavam perdidos em sua pele macia, em seus seios claros, deixava marcas de meus beijos famintos por todo seu busto, beijei seus mamilos suavemente e deixei minha língua brincar sobre eles, o que a vez gemer, me levando ao paraíso, um estranho prazer tomava conta de nós, algo nunca sentido antes, algo realmente mágico, fui de encontro a seus lábios e prendi suas mãos com as minha contra o travesseiro enquanto intensifiquei os movimentos do meu corpo contra o seu, ela movia seu corpo em resposta, nossa respiração estava acelerada, nossos corpos pulsantes e todo o frio da madrugada havia sido espantado pela quentura de nossos corpos, minha mão foi em busca de seu sexo, passando vagarosamente por sua barriga e entrando por dentro de seu short, chegando lentamente ao encontro de sua vagina, ela estremeceu ao meu primeiro toque e enquanto eu tocava seu clitóris ela emanava sons que confundiam dor e prazer, posicionei minha mão sobre seu clitóris de modo que pude inserir dois dedos em sua vagina, encaixei meu corpo novamente entre suas pernas e o usei para pressionar minha mão mais firmemente contra ela, enquanto fazia movimentos leves sentia nossos batimentos cardíacos acelerados, nossos corpos já estavam suados de tanta excitação, podia sentir o seu hálito ofegante em meu rosto e abafava o som dos seus gemidos com beijos ansiosos, nossos corpos se mostravam impacientes enquanto aceleravam os movimentos, eu pressionava meu corpo, minha mão, cada vez mais intensamente contra o dela, agora estávamos completamente ofegantes, o calor dos nossos corpos unidos em movimento, senti seu corpo estremecer por completo junto ao meu, nunca tinha vivenciando algo tão sensual em toda minha vida, fui completada tomada por aquela sensação incrível e também me entreguei. Após isso nossos corpos quase desfalecidos descansavam ainda unidos, olhei-a nos olhos, nos beijamos, e tínhamos novamente no olhar aquela ternura e meiguice de sempre, só que agora tínhamos também outra coisa em nossos olhos, cumplicidade.

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