I Capítulo:
A Fátima, esperava ansiosa, no seu apartamento, pela chegada do seu amigo, que queria que fosse seu namorado, o João.
A Fátima, era uma licenciada em gestão de empresas, com 29 anos de idade, e que vivia sozinha no seu apartamento. Há cerca de dois anos, conhecera o João, de 32 anos de idade, órfão, licenciado em economia e que trabalhava numa empresa de consultoria, que tinha estado a fazer um trabalho temporário, para a empresa onde a Fátima era assessora da administração. Dos contactos então havidos, ficaram bastante amigos, e como quer ela quer ele, não tinham ninguém de família na cidade onde viviam, começaram a andar juntos nos seus tempos livres. A Fátima, com o decorrer do tempo, foi-se afeiçoando bastante ao João, e por mais de uma vez, lhe tinha proposto, namorarem, para depois se casarem e passarem a viver juntos. O João sempre lhe respondera que não se pretendia casar, mas que veria com bons olhos, puderem-se juntar, partilhando a mesma casa.
A Fátima, sempre lhe disse que tal situação, era contra os princípios nos quais tinha sido educada, e que só estaria disposta a viver em comunhão com um homem desde que esse fosse a pessoa de quem gostasse, e fosse também o seu marido. Isso não impediu porém, que já tivessem por duas ou três vezes, no último ano, passado uns fins de semana fora juntos, e consequentemente, terem tido relações sexuais.
No último fim de semana que tinham passado juntos, o João acabou por lhe dizer que por ser órfão, tinha em miúdo sido entregue numa instituição, que o criara, e onde obtivera a formação que hoje tinha. Disse-lhe também, que por pertencer a essa instituição, tinha de obedecer a um conjunto de normas e obrigações, entre as quais, para namorar e casar, tinha de obter autorização da instituição. Quando a Fátima lhe disse para a obter, ele explicou-lhe que tal obtenção não era assim tão fácil como isso. Explicou-lhe que tinha um responsável directo, homem solteiro de cerca de cinquenta anos, que seria a primeira pessoa a quem teria de pôr o assunto. Este depois transmitiria a sua pretensão à direcção da instituição, e se esta aceitasse, então a Fátima, teria de ser apresentada, ao seu responsável directo, que lhe transmitiria tudo o que ela deveria fazer e cumprir para que então lhes fosse dada a autorização para namorarem.
O João informou a Fátima de que, tinha alguns colegas, que já tinham passado por essa fase, e que as raparigas com que andavam, e que queriam namorar, tinham sido apresentadas à instituição, tendo cerca de dois meses depois deixado-os, tendo eles inclusivamente sido deslocados para outros países, bastante longínquos para trabalharem em projectos da instituição nesses países. Tinha outros colegas seus, que tendo-se juntado com as raparigas com quem queriam viver, fizeram-no, sem darem conhecimento à instituição, e viviam felizes. O João explicou então à Fátima que tinha medo que ao comunicar que queria namorar com ela, que houvesse alguma coisa, que ele não sabia o quê, os pudesse afastar.
Perante a insistência da Fátima, em que, formalizassem a sua situação, o João tinha conseguido a anuência do seu responsável directo, para nesse dia conhecer a Fátima, e então darem início ao processo de aceitação do namoro e futuro casamento.
A rapariga, como queria causar boa impressão ao chefe do João, naquela tarde, saíra mais cedo do seu emprego, e fora até ao cabeleireiro arranjar o cabelo, esmerando-se na sua forma de vestir, envergando um vestido de linho azul escuro, simples, sem mangas, com um pequeno casaco curto do mesmo tecido por cima. Habitualmente vestia mais calças, ou fatos compostos por calças e casaco, do que saias ou vestidos. Aliás, ao todo, no seu guarda roupa, teria duas saias e um vestido. Nessa semana, e depois do João lhe ter dito que iriam ter aquele jantar, sem nada lhe dizer, tinha comprado aquela toilette, até para lhe fazer uma surpresa.
Finalmente, a hora que tinham combinado chegou, e o João apareceu. Ficou surpreendido com o aspecto da Fátima, tendo-lhe dito isso. Disse-lhe que ela estava muito bonita e muito elegante. Saíram os dois de casa da rapariga, e metendo-se no carro do João, foram até ao restaurante onde tinham combinado encontrarem-se com o chefe do João.
No caminho, este explicou-lhe que esse homem, era muito austero e severo. Que ele só lhe podia falar, quando ele o autorizava, e que era obrigado sempre a tratá-lo por senhor. Disse à Fátima, que ela também só poderia falar quando ele a autorizasse, e que o deveria sempre tratar por AMO. Disse-lhe ainda, que enquanto estivessem na presença dele, não poderiam os dois conversar, a não ser que ele fomentasse ou autorizasse essa conversa. A Fátima achou tudo aquilo muito estranho, mas aceitou as regras que lhe estavam a ser impostas.
Chegados ao restaurante que tinham combinado, que era um clube privado, de muita categoria, existente numa moradia tipo palácio, numa das zonas mais nobres da cidade, o João estacionou o seu carro, no parque de estacionamento, e abrindo a porta do lado da Fátima, ajudou-a a sair do carro, acompanhando-a e lembrando-a das normas que teriam de ser cumpridas. Quando chegaram à porta da moradia, um porteiro, dando as boas noites ao João, informou-o que o seu responsável directo aguardava por ele e pela sua acompanhante, num reservado do bar, no piso de entrada.
O João, foi à frente, e atravessaram um salão, onde só se encontravam homens sentados, alguns dos quais o João cumprimentou, baixando a cabeça. Todos, ao verem o João acompanhado daquela bela rapariga, olharam-na, e alguns esboçaram um leve sorriso. A Fátima, teve a oportunidade de verificar que, as únicas mulheres que viu naquele salão, eram empregadas, que estavam fardadas de criadas, com uns uniformes, embora bons, bastante ousados, pois eram transparentes e muito curtos.
Entretanto chegaram ao reservado a que se dirigiam, e o João tendo pedido autorização para entrar, fez entrar primeiro a Fátima e depois entrou ele.
Era uma sala relativamente pequena, com dois sofás em pele e uma cadeira, e uma mesa com três lugares postos para jantar. Num dos sofás estava sentado um homem, com ar austero cuja idade era indefinida, mas que a Fátima, percebeu ser bastante mais velho do que ela e o João. O João dirigiu-se a ele e disse-lhe:
- Senhor, conforme a sua autorização, hoje vim acompanhado da Dra. Fátima, que lhe apresento. Ele sem se levantar olhou para a rapariga, que muito atrapalhada lhe disse:
- Obrigado, Amo, por ter aceite a minha presença.
Este ao ouvir a Fátima falar daquela forma, pareceu satisfeito e indicou o sofá vazio ao João e a cadeira livre à Fátima. Os dois sentaram-se silenciosos. Quase de imediato, entrou no reservado, uma rapariga vestida de criada, que trouxe um uísque para o João, e um copo alto para a Fátima, que depois de provar, percebeu ser coca-cola.
O chefe do João, dirigindo-se a ele disse-lhe:
- Esta pequena que hoje aqui trazes, é segundo me informaste, tua amiga, que queres que seja tua namorada e com quem pretendes em breve casar, não é assim?
O João anuiu.
Então o homem, dirigindo-se à Fátima perguntou-lhe:
- A menina, é licenciada em gestão, tem 29 anos, vive sozinha e chama-se Fátima, não é?
Ela respondeu-lhe:
- Sim, Amo!
Então o homem, explicou àqueles jovens que a instituição a que ele e o João pertenciam, só autorizava que qualquer membro casasse, depois da noiva ser aceite também na instituição. Para isso, a candidata a noiva, teria de ter uma primeira entrevista com um responsável da instituição, que era aquilo que estavam a fazer, onde lhe seria comunicado todo o processo que era obrigatório ocorrer. Caso esse processo fosse passado, com aprovação pela instituição, então a candidata a noiva, era aceite, e o casal poderia casar-se. Explicou-lhes também que como o processo que iria descrever, era um pouco moroso, considerava ser melhor começarem o jantar, onde teria possibilidade de fazer algumas perguntas à Fátima, e então depois do jantar, veriam tudo o resto.
Sem esperar que os jovens concordassem, levantou-se e dirigiu-se para a mesa que estava posta, mandando a Fátima sentar-se à sua direita e o João à sua esquerda.
Disse-lhes que já tinha escolhido a ementa, e apareceu de novo a criada que anteriormente trouxera as bebidas que os começou a servir.
Antes de começarem a comer, o homem disse à Fátima, que embora achasse bonito o seu nome, que a passaria a tratar por Fáfá.
Ela embora não gostasse, nada disse, e concordou com tal tratamento.
Durante a refeição, fez-lhe um interrogatório imenso, ficando a saber coisas da sua vida, família e passado, algumas das quais ela nem sequer dissera ao João. Não que fossem coisas importantes ou íntimas, mas os dois homens ficaram naquela refeição a conhecer a Fátima, quase tão bem como ela própria.
Acabada a refeição e por indicação do homem que era o responsável directo do João, voltaram a sentar-se, eles nos sofás de pele, e a Fátima na cadeira entre os dois sofás.
O responsável pelo João, perguntou à Fátima se sabia para que serviam as mulheres.
Ela, sem saber bem o que responder, disse-lhe que as mulheres, como seres humanos que eram, tinham direito à sua vida e deveriam ser respeitadas. As que casassem, em princípio, e caso não houvesse alguma anormalidade, deveriam ter filhos e propagar a espécie humana.
O homem, sorrindo disse-lhe que ela estava enganada e então explicou-lhe que, para a instituição, as mulheres eram consideradas como um mal necessário. Uma vez que existiam, e contra isso nada se podia fazer, serviam somente para servir os elementos superiores da instituição, podendo ser suas escravas ou servas, para que estes se servissem delas, para seu serviço, ou mesmo para seu prazer. Assim, uma mulher que fosse aceite pela instituição, deveria estar preparada para, além de andar permanentemente arranjada de forma feminina e sensual, poder ser possuída, torturada ou ser submetida a qualquer tratamento que o membro da instituição a que estivesse entregue lhe exigisse. Caso não cumprisse alguma das tarefas ou atribuições que lhe fossem ordenadas, seria de imediato encarcerada num país longínquo, ou numa prisão de mulheres, ou num harém de um dos membros da instituição, ou mesmo num bordel, para o resto de toda a sua vida.
A Fátima ao ouvir tal coisa, esboçou um ar muito aflito.
O homem, explicou-lhes então o que se poderia seguir no processo respeitante à Fáfá e ao João.
Disse que da reunião que estavam a ter, e dependendo ainda de umas perguntas que no fim iria fazer à Fáfá, teria de fazer um relatório pormenorizado, para a direcção da instituição. Esta, e com base nesse relatório, decidiria se pretendia que a Fáfá lhes fosse apresentada. Caso a decisão fosse negativa, isto é, se a direcção decidisse que a Fáfá não lhes deveria ser apresentada, isso significaria que não poderiam namorar, nem nunca pensarem em casar. Para que não houvesse qualquer tentação nesse sentido, o João seria então de imediato, levado para um país do oriente, onde passaria a trabalhar num dos projectos internacionais da instituição, não podendo nunca mais contactar a Fáfá, e esta, voltaria à sua vida habitual.
Caso a direcção da instituição decidisse que a Fáfá lhes fosse apresentada, num prazo que não excederia 3 a 4 semanas, após este encontro, a Fáfá receberia as instruções necessárias, para se apresentar em determinado local, devendo ingressar num estabelecimento privativo da instituição, existente para esse fim, por um período que poderia ir de um fim de semana prolongado, até uma semana inteira. No fim desse período, onde deveria cumprir, sem qualquer reclamação, todas as ordens e tarefas que lhe fossem transmitidas, seria então decidido pela direcção da instituição, se ela seria autorizada a ser namorada do João. Enquanto namorada, período que não poderia ser inferior a seis meses nem superior a um ano, algumas vezes, ou à noite, ou mesmo aos fins de semana, seria escalada para efectuar serviços, ou para a instituição, ou para membros ligados à sua direcção, não se podendo negar a cumpri-los, pois caso tal acontecesse, seria imediatamente excluída do processo a decorrer.
Então, seria de novo sujeita a nova apreciação da direcção da instituição, e caso fosse aprovada, poderia então casar-se com o João.
Foram ainda informados que, mesmo depois de casados, ficariam ligados à instituição, e que a Fáfá, sempre que a instituição assim o entendesse, poderia ser requisitada para prestar serviços. Foi-lhes também explicado que mesmo depois de casados, o João teria a obrigação de frequentar os fins de semana trimestrais que neste momento já frequentava, e que a Fáfá, o deveria acompanhar, cumprindo todas as ordens que então lhe fossem dadas.
O responsável do João quis saber se eles concordavam com o que lhes tinha dito. O João ficou muito aflito, sem saber o que deveria dizer. O responsável ao aperceber-se disso perguntou à Fátima o que ela desejava. Porém antes disse-lhe que, e caso ela o pretendesse, e era o que a maior parte das raparigas que pretendiam casar com rapazes ligados à instituição faziam, desistia de imediato da ideia de casar com o João, e ele poderia esquecer aquela reunião. Essa situação permitir-lhes-ia, mediante certos favores que a Fáfá lhe ficaria a dever e que ele quando necessitasse lhe lembraria que ela os teria de pagar, poderem viver juntos ou continuarem-se a ver, como muito bem entendessem, pois que a direcção da instituição ainda não tinha conhecimento do encontro que se estava a realizar.
Pondo todas estas premissas em consideração, o responsável, quis saber o que a Fáfá tinha a dizer.
A rapariga perguntou-lhe o que lhe seria exigido, caso o processo fosse para a frente e o que lhe sucederia, caso fosse mandada apresentar-se à direcção da instituição.
O homem disse-lhe que concretamente não sabia, pois nunca tinha participado num estágio desses, mas que pelo que já tinha ouvido falar, que de certeza, ela seria admitida como serva, podendo ser obrigada aos mais humilhantes serviços, quer de escrava ou mesmo ser usada como divertimento de elementos da instituição.
A Fátima disse-lhe então:
- Amo, viemos aqui, porque eu assim o pedi, e quero namorar e casar com o João. Se para isso, é preciso percorrer todo esse processo, estou disposta a aceitar o desafio.
O João disse então:
- Senhor, isto tudo é mesmo necessário?
- É sim João, são as normas da instituição!
- E caso nós lhe peçamos para esquecer esta reunião? Perguntou o João!
- Nesse caso, a Fáfá, quando eu precisar, ou algum membro do meu nível na instituição precisar, pode ser chamada para servir de criada, ou num jantar ou num fim de semana, ou para abrilhantar uma festa, tendo de dar o seu corpo ao manifesto. Quem sabe?
A Fátima, mandou o João calar-se e confirmou uma vez mais que pretendia que o processo seguisse o seu rumo normal.
O responsável pelo João, admirou a tenacidade da Fáfá, e disse-lhe que iria fazer um relatório sugerindo que ela fosse sujeita ao processo de apresentação e aceitação rapidamente.
Transmitiu de seguida aos dois que, a Fáfá, deveria logo após o fim da reunião abandonar o clube, ficando lá o João consigo. Disse à Fáfá, que ela passaria a ser vigiada por elementos da instituição, que transmitiriam permanentemente o que ela fizesse. Informou-os que, e até haver a decisão ao relatório que iria apresentar, não se poderiam ver, nem falar, e que deveriam fazer a sua vida habitual.
Perguntou-lhes se pretendiam mais algum esclarecimento, e como não o queriam, chamou a criada que o servira antes, e mandou-a levar a Fáfá à saída.
O João ainda fez menção de a acompanhar, mas o homem não deixou, nem tão pouco deixou que se despedissem. A Fátima foi conduzida à porta da moradia e sabia, que a partir de então, não poderia falar com o João, nem este com ela.
Quando saiu da moradia, apanhou um táxi e foi para o seu apartamento.
Lá chegada, verificou que já era bastante tarde, pois o serão tinha sido bem mais demorado do que esperava. Arranjou-se para se deitar, mas demorou muito a adormecer, a pensar em tudo o que tinha sucedido, e no que se tinha proposto fazer. No entanto, pensou que pelo João tudo valia a pena.
Teve uma noite com bastantes sonhos atribulados, mas como no dia seguinte, era feriado, e não trabalhava, aproveitou a manhã, para descansar.