Minha História

Um conto erótico de Efraim
Categoria: Homossexual
Contém 4015 palavras
Data: 31/01/2006 16:12:45
Assuntos: Gay, Homossexual

Minha história

Conto agora um fato que mudou o rumo da minha vida e diz muito respeito a quem sou, o que falo, o que escrevo.

Eu me chamo Efraim, nome que meu pai tirou da Bíblia, ao acaso. Sou de família muito pobre, do interior. Toda a minha infância e adolescência eu passei ou descalço ou com sandálias de tiras nos pés, porque simplesmente não tínhamos recursos para comprar outros calçados.

Meu pai morreu quando eu tinha 16 anos e meu padrinho, Flávio, amparou minha mãe e toda minha família naquele momento difícil.

Como ele já possuía uma atração por ela de muitos anos, que ficou contida em respeito ao meu pai, um dia ele a explicitou para minha mãe. Acredito que ela correspondeu. Foi assim que, aos 16 anos, perdi um pai e ganhei outro, o Padim, como nós o chamávamos, carinhosamente.

Ele trouxe para morarem conosco seus três filhos: Fátima, de 18 anos, Fábio, de 15 e João Carlos, de 12. Foi a vinda dos três para nossa casa, sobretudo de Fábio, que pôs minha vida de pernas pro ar.

Eu comecei a sentir algo que nunca sentira antes, uma atração muito forte por ele. Fábio era um menino de muito boa aparência, saudável e falante. Eu, embora não me julgasse feio, naquela época era franzino e muito tímido, bicho do mato, mesmo. Fábio gostava de ficar em casa com pouquíssima roupa, só de short e sem cueca por baixo. O fato é que eu me surpreendia a pensar nele o tempo todo, principalmente à noite. Eu sonhava que o via nu, que ele me acariciava, que eu tocava seu órgão genital, que ele me penetrava e eu me sentia sua mulher. Eu acordava suado, com o pênis ereto e todo melado de esperma.

Aquilo tudo foi crescendo dentro de mim. Eu descobria que era homossexual e da pior forma possível: meu desejo vivia junto comigo na mesma casa, como se fosse meu irmão!

A coisa chegou a um ponto que eu não resisti. Uma manhã estávamos sozinhos em casa. Fábio assistia TV, seminu, como de hábito. Eu estava de pau duro. Me sentei ao lado dele no sofá e coloquei a mão em cima do short. Como ele não reagiu, deslizei a mão para dentro e encontrei seu pênis, adormecido. Então eu o acariciei e o senti crescer e crescer na minha mão. Então Fábio me juntou pela gola da camisa e disse: “Pai já tinha percebido seu jeito, Efraim. Você é viado! Mas viado não tem vez comigo e com meu pai, não.” Eu olhei para ele e disse: “Eu sinto vontade, Fábio. É mais forte do que eu. Deixa eu chupar seu pau, um pouco só...”

Fábio não aceitava aquilo de forma alguma, mas senti que a idéia de submeter uma pessoa praticamente da mesma idade lhe excitava muito, lhe dava uma sensação de poder que ele próprio não conseguia conter. Então ele me levou para o quarto dele. Ao entrar, meteu um pontapé na minha bunda. Trancou a porta, tirou o short. Eu também tirei a calça e a camisa. Ficamos nus. Ele apontou para o próprio pênis. Entendi o sinal e fiquei de joelhos. Que pênis lindo! Eu o tomei nas mãos com carinho e o introduzi na boca. Me pus a acariciá-lo em ritmo alucinante. Fábio gemia e mordia o lábio inferior. Era minha primeira vez. Então aconteceu aquela coisa fantástica: ele ejaculou dentro da minha boca. Engoli aquela seiva salgada e de aroma forte, bem característico.

Fábio me virou de costas e esfregou o pênis na minha bunda. Senti que o membro dele endurecia de novo. Então ele o enfiou no meu cu e começou a fazer movimentos de ir e vir, com raiva, parecia que queria me estraçalhar. Mas o que eu sentia era muito gostoso. Doía um pouco, mas o prazer era maior. Ele ria muito.

Fui para a minha cama e, nu mesmo como estava, me cobri com o lençol e fiquei encolhido, a pensar em Fábio. Como tudo aquilo era bom e ao mesmo tempo absurdo e perigoso! Adormeci. Acordei com alguém me levantando pelo cabelo e me desferindo uma bofetada no rosto. Era Padim. Ele me arrastou, ainda puxando pelo cabelo, até o quintal. Lá estavam mãe, Fátima, Fábio e João Carlos. Eu estava morrendo de vergonha. Nem mãe tinha me visto pelado depois dos cinco anos de idade. Eu tentei tapar o sexo com as mãos. Padim tirou uma faca da bainha. O fio dela brilhava.

“Atenção,” disse Padim, “eu quero que todo mundo preste muita atenção no que eu vou dizer, pra depois ninguém falar que não estava avisado”. Ele encostou a faca na minha virilha. Eu tremi na hora. “Eu não criei o Efraim desde menino. Se tivesse criado seria diferente. Logo que eu vim morar aqui eu percebi o jeito dele, a frescura, a voz fina, esse negócio de ficar atrás da saia da mãe... Agora ele fica dando em cima do Fábio, fica pedindo pra chupar o pinto dele... (Ele botou o dedo na minha cara.) Olha aqui, moleque, eu não sou homem de meia palavra, nem falo duas vezes a mesma coisa. Se eu tivesse criado você, a primeira vez que aparecesse em casa com frescura eu ia sentar o couro e te consertar na marra. Mas agora é o seguinte: se você vier de novo pra cima do Fábio com sem-vergonhice e viadagem, eu vou pegar esta faca aqui que você tá vendo e vou cortar o seu saco e o seu pinto fora, entendeu? Você sabe o que é capar, não é? Então, eu vou capar você. Aí você nunca mais vai pensar nessas coisas, vai ficar um imprestável... Você me entendeu?”

Eu engoli a saliva.

“Fala assim, pra todo mundo ouvir: Eu nunca mais vou fazer safadeza e viadagem, senão o Padim vai me capar.”

Eu repeti: “Eu nunca mais vou fazer safadeza e viadagem, senão o padim vai me capar.”

Mãe chorava que nem criança.

Eu juro que lutei contra aquela coisa dentro de mim, mas eu me sentia fraco, incapaz de vencer aqueles impulsos.

Depois de um mês do incidente, o meu desejo por Fábio só aumentava. Eu lembrava do pênis dele, do gosto da porra, da forma como ele me estocava o cu. Eu não conseguia encarar ninguém dentro de casa. Fazia as refeições em separado, olhava pro chão.

Um domingo à tarde, vi Fábio na beira do córrego que passava perto da nossa casa. Me mantive à distância. Ele tirou a camisa, a calça e a cueca e pulou na água. Nadou durante um dez minutos. Eu tive uma ereção forte. Meu pênis queria pular pra fora da calça! Fábio saiu da água, pegou a roupa e veio caminhando até uma árvore. Eu fui na direção dele. Ao me ver, ele disse: “Efraim, Efraim! Se Padim te vê aqui vai cortar essa sua porcaria aí...” Mas eu não estava preocupado. “Não me importo com nada” - eu disse. “Eu te quero, é só isso que eu sei.” Então me agachei e fiz boquete no pênis dele, pênis que pertencia a um menino lindo, de pele morena e ar maroto.

Mãe batia na porta e gritava: “Flávio, não faz isso, Flávio! Vamos conversar, Flávio, pelo amor de Deus!” Fábio também falava, mas era assim: “Vai, pai, capa essa bicha como se fosse um porco, pra ele deixar de ser sem-vergonha.”

“Eu avisei!” - gritou Padim. “Eu avisei que se acontecesse de novo você ia se arrepender pro resto da tua vida e é o que vai acontecer! Se você foi homem pra fazer a safadeza, agora seja homem pra agüentar as conseqüências!”

Eu continuava calado, nu, em pé e recostado à parede, com o pênis ereto como se fosse um grande dedo indicador apontado para o céu. Padim puxou a faca de dentro da capa de couro e a segurou com a mão direita. Era uma faca média, muito, muito afiada, boa pra cortar carne. Ele pegou um saco de sal grosso e passou de leve o fio da faca em cima do plástico. O plástico abriu na hora, de fora a fora. Ele jogou o sal grosso no chão, perto dos meus pés. Depois puxou um balde pra perto dele. Dentro do balde havia um estojinho de lata. Eu continuava excitado. Ele ergueu a faca bem alto diante dos meus olhos. “Olha bem pra isto aqui, Efraim. Eu não quero que você esqueça nunca isto aqui.” Eu fiquei na ponta dos pés e olhei a lâmina, que refletia meu rosto. Eu me lembro que na ocasião eu me vi com cara de mané. Voltei a ficar na altura normal e ajustei os pés nas sandálias. Padim segurou meu pênis com a mão esquerda e aproximou a faca bem devagar, com a direita. A mão dele no negócio fez o pênis enrijecer mais ainda.

“Não, padim, tô com medo, Padim, num corta Padim... Eu vô morrê, Padim...”

Ele respondeu, asperamente: “Vai morrer não, Efraim. Se não quiser ver, fecha os olhos”.

Padim passou a faca na base do meu saco e a empurrou pra dentro. O sangue esguichou, mas ele manteve a mão firme e fez todo o movimento necessário. Cortava como se fosse papel. Ele enfiou um pano na minha boca. Mas, ao contrário do que eu esperava, não doeu muito. A dor era no orgulho. O membro saiu inteiro na mão dele. Saía muito sangue, mas ele abriu o estojo de lata, pegou, agulha, linha e costurou a ferida. Depois pôs sal grosso em cima do local e jogou meu órgão dentro do balde.

Eu desmaiei. Acordei algumas horas depois, na minha cama. Padim estava de pé, do meu lado. Eu o abracei, chorando.

“Padim, Padim, eu te amo!” - eu disse.

“Daqui pra frente ama e respeita, viu, Efraim? Vai ter de ser desse jeito se quiser continuar nessa casa.”

Padim abriu a porta e me entregou pra mãe, que chorava. Eu também chorava e tremia. Quando me viu, Fábio riu e apontou a ferida. “Aí, viado, tá sem graça, agora? Uh, que peninha... Não tem mais bilau...”

Mãe disse: “Sai daqui, Fábio! Respeite a nossa dor!”

Fátima tapou os olhos, não quis me ver. João Carlos ficou no outro quarto, impedido de sair. Fátima perguntou pra Padim: “Pai... ele... não vai ser mais homem?” Padim respondeu: “O Efraim nunca foi homem, filha. Agora, se não dá pra ser homem, pelos menos que não ponha a moral desta casa a perder.”

Eu não fiquei com ódio de Padim, pelo contrário: comecei a tratá-lo até com mais carinho do que antes. Eu só não conseguia encarar é mãe, Fátima, Fábio e João Paulo. Padim exigiu que ninguém comentasse nada fora de casa. Assim se fez.

Comecei a ajudar Padim na roça. Ele falava duro comigo e eu respondia: “Sim, senhor, Padim, o senhor tá certo.” Já não era costume naquela época, mas ele me disse pra sempre pedir a bênção para ele e beijar a mão. Nem os filhos faziam isso. É claro que eu obedeci. “A bênção, Padim,” eu dizia, e saía com passos apressados. Mãe disse pra ele: “Esse rapaz tá um exemplo de respeito e bons modos.” Padim falou: “Às vezes a gente tem que fazer uma coisa que parece muito ruim pra conseguir uma outra boa.” Mãe respondeu: “Antes eu tava revoltada com você pelo que fez, mas agora eu acho que foi certo... Foi o melhor pra ele. Ia ser muito ruim pro futuro do Efraim ficar correndo atrás de homem.”

“E não seria?” - respondeu Padim.

Um dia, Fábio estava com a roupa toda suja e mãe não dava conta de lavar. Padim falou para ele: “Ah, o Efraim lava pra você. Ele tá aí, desocupado... Ele tem que arrumar alguma coisa útil pra ocupar o tempo e a cabeça. Efraim, vem cá.” Eu fui rapidinho. Ordem de Padim era pra ser obedecida. “Sim, Padim?”

Ele então mandou: “Pegue todas as roupas do Fábio que estão sujas, lave bem e depois de secas você passa o ferro. É pra já, entendeu?” Eu respondi: “Sim, senhor, Padim”. Eu lavei tudo muito bem levado, inclusive as cuecas. Lavei tão bem, com tanto carinho, que, a partir daquele momento, o Fábio pediu pra Padim que só eu lavasse e passasse a roupa dele. Padim disse: “Pois é, Fábio, se o Efraim tivesse nascido menina, eu ia recomendar que vocês casassem... Ia cuidar da casa como ninguém!” Fábio disse: “Deus me livre, pai, cruz credo!” Os dois riram como crianças.

Eu continuava sem conseguir encarar ninguém, exceto Padim. Eu sentia muita vergonha do restante da família. Só encarava ele porque não tinha jeito, era obrigado. Alguns meses depois, Padim fez um churrasco em casa pra tirar um pouco daquele clima pesado. Só que não havia como eles esquecerem a minha situação. Hoje eu compreendo. Se eu fosse homem de verdade como eles, eu também seria tentado a humilhar um cara que não era e ainda por cima foi castrado. É uma atitude praticamente natural: homem e bicha são coisas muito distintas.

Padim cortava as carnes para o churrasco na mesa de fora. Eu não percebi em princípio, mas ele usava a mesma faca com a qual me emasculou. Então, uma certa hora, ele chamou todo mundo lá. “João, Fábio, Fátima, Efraim, venham aqui. Eu quero mostrar uma coisa.”

Havia uma grande quantidade de lingüiça toscana em cima da mesa. Padim disse: “Eu vou mostrar como se corta lingüiça rapidinho com esta faca aqui. Prestem atenção.”

Padim estendeu os gomos de lingüiça em cima da mesa e vap! vap! vap!, foi separando os gomos e cortando-os em partes iguais, muito rapidamente. A faca cortava tudo no primeiro golpe. Eu franzi a testa e arregalei os olhos. Meu coração batia acelerado. Todo mundo dava risada, entendeu o que Padim estava querendo dizer. “Fábio, experimenta cortar você!” Fábio pegou a faca e uh!, vap! vap! vap! vap! vap!, foi muito mais rápido e cortou muito mais do que Padim. “Eh, moleque”, ele disse, “você leva mais jeito pra cortar lingüiça do que seu pai! Agora você, Fátima!” Ela pegou a faca e também cortou rápido, mas não tanto quanto Fábio. “Você também leva jeito no corte da lingüiça, Fátima. É bom, porque assim nenhum homem ou viado vai se meter a besta com você.”

Eu saí correndo dali, com o rosto vermelho de vergonha e a cena da minha castração viva na memória. Eles caíram na gargalhada. Entrei no quarto, mas Fátima veio atrás de mim. Sentei na cama, de cabeça baixa, tremendo e soluçando.

“Oh, meu querido”, disse ela, e passou a mão sobre meus cabelos. “Eu sei que você tem vergonha do que aconteceu. Eu entendo você. Eu também ficaria com vergonha no seu lugar. Mas você tem que aprender a lidar com isso.”

Eu respondi: “Eu tenho medo, Fátima... muito medo de Padim!”

“Querido, isso eu também entendo! É pra ter medo, mesmo. Muito homem já tremeu na frente do meu pai. Ele é homem com h maiúsculo. Mas nem todo mundo é igual a ele, então a convivência não é fácil... Eu sei que você morre de medo dele. Está nos seus olhos, no seu jeito. Eu nem sei como é que você ainda consegue viver aqui, sob o mesmo teto. Então, isso já é uma forma de coragem, não é? Vem cá, dá um abraço na mana.”

Eu abracei Fátima e desabei no choro: “Buááááááááááááá...” “Querido!” - ela disse, me beijando.

Comecei a engordar bastante. Quando completei 17 anos, ninguém reconhecia em mim o rapaz franzino de um ano antes. Achavam que eu estava comendo em excesso. Ninguém poderia imaginar que a causa d’eu estar engordando era ter sido capado. Eu tremia de pavor só de imaginar a possibilidade de alguém descobrir a verdade, principalmente o motivo de ter sido castrado. Eu me tornaria alvo de chacota na cidade inteira, teria de fugir!

Eis, porém, que o sentimento das pessoas é imprevisível e muitas vezes nos surpreende. Aline, uma menina da minha classe do colegial, começou a se interessar por mim, sem que eu manifestasse qualquer interesse por ela (e nem haveria como). Era muito bonita, loirinha, alta e tímida, como eu. Ela começou a me olhar com interesse, a se aproximar de mim, a querer que eu lhe explicasse algumas matérias. Numa dessas vezes, ela pegou na minha mão. Eu não sentia nada além de amizade, mas percebi que ela estava envolvida! Como pode? Eu fiz o possível para que ela seguisse seu caminho, mas não houve como. Ela acabou se declarando, disse que gostava muito de mim, queria que fôssemos namorados. Eu a repeli. Pois a menina deixou de ir à escola, caiu doente e acabou por dizer à mãe dela o motivo dessa sua situação. Essa mãe foi conversar com a minha. Foi um choque para minha mãe. Foi como se puxassem o tapete debaixo dos seus pés. “Efraim do céu”, ela me disse, “você deu trela pra essa garota? Mas você não pode namorar ela, filho! Nem casar! Você não é homem, esqueceu? Como vai fazer?”

“Eu não dei trela pra ninguém!” - respondi. “Essa menina botou na cabeça que a gente tem que namorar. E eu não esqueci de nada, como é que ia esquecer? Eu vou no banheiro toda hora e tomo banho todo dia...”

Mãe ficou aflita, abaixou a cabeça e disse: “Efraim, você vai ter de dizer a verdade pra essa menina, senão ela não vai parar de sofrer por sua causa. É capaz até de abandonar a escola, já pensou?”

Um calafrio me percorreu a espinha na hora. Eu comecei a tremer e a suar. “Mãe, não, isso não! Nem pensar, de jeito nenhum, mãe!”

Mãe ficou irritada: “Pois se você mesmo não contar, eu vou ter que fazer isso e vai ser pior, não é?”

Eu me ajoelhei diante de mãe, chorando. “Mãããããããeeeeeeee... Buááááááááááá... Não, mãããããããeeeeeeee...”

Mãe me pegou pela gola da camisa, me levantou e meteu a mão na minha cara, com toda força. Voei longe.

“Pára com isso, seu maricas! Você não tem nem tamanho nem idade mais pra fazer essas cenas! Se você tem vergonha, e eu, então? Ai, maldita hora que aquela bicha do seu pai me engravidou de você... Filho de viado, viado é!”

Fiquei caído no chão, chorando muito de tristeza pelo que minha mãe acabara de dizer.

Mãe me ordenou que tivesse uma conversa reservada com Aline no dia seguinte e contasse tudo para ela. Eu até tentei, mas fiquei parado na frente da casa dela, meu coração acelerou e eu não consegui sair do lugar. Era muita vergonha! Alguém consegue imaginar uma situação dessa para uma pessoa de 17 aninhos? Os dias se passaram. Eu pensei que mãe tivesse esquecido. Que nada! Depois de uma semana, ela veio falar comigo, louca da vida.

“Efraim, você não conversou com a Aline! Ela continua sem ir pra escola! Chega de esperar! Eu vou com você lá, agora! Você vai contar tudo pra ela, querendo ou não!”

Ela me pegou pela mão e foi me arrastando pra fora. Eu gelei. “Mãe... Mãe...” Repeti a cena anterior. Não havia como evitar, pois era como eu me sentia, no meu íntimo. “Quieta, anda e não enche o saco!” - mãe disse. Foi a primeira vez na vida que ela me tratou no feminino e acho que foi a última. Aquilo entrou em mim como um punhal. Chorei calado, com dor profunda. “Mãe me despreza”, pensei. Entreguei os pontos. Podia acontecer qualquer coisa. Já não me importava.

Mãe tocou a campainha na casa de Aline. Ela mesma abriu a porta. Quando me viu, me olhou com amor e ternura. Vi esses sentimentos nela.

“Aline, sua mãe tá em casa?” - minha mãe perguntou.

“Não, senhora...” - Aline respondeu, sem tirar os olhos de mim. Eu abaixei a cabeça, para fugir do seu olhar.

“Tem mais alguém com você em casa?”

“Não, senhora, eu tô sozinha.”

Mãe olhou para trás e para os lados. Não havia ninguém. A casa de Aline ficava numa rua de terra, com poucas casas. A distância entre uma casa e outra era grande.

“Aline, eu vou ser breve”- mãe disse. “Eu estou aqui porque não quero que você continue sofrendo. Você não pode gostar do Efraim como namorado, nem ele pode gostar de você como namorada.”

Aline olhou para minha mãe com semblante triste e ao mesmo tempo indignado. Mãe, então, tomou uma atitude que eu não esperava. Eu pensei que ela ia contar tudo, tintim por tintim, mas ela preferiu mostrar. Ela se inclinou, soltou a fivela do meu cinto e abaixou minha calça jeans até os pés. Tenso, levantei os dedos dos pés, mas não tive forças para opor qualquer resistência. Eu fiquei de cueca na frente de Aline. Ela tampou os olhos com as mãos.

“O que a senhora tá fazendo, dona?!”

Mãe disse: “Descubra os olhos, Aline! Eu vou te mostrar e você vai entender tudo.” Eu comecei a tremer. Mãe, então, baixou a cueca de uma só vez. Surgiu, ante os olhos incrédulos de Aline, uma grande cicatriz onde deveria estar o pênis. Ela soltou um grito de horror e deu dois passos para trás.

“Você já deve entender um pouco da vida pra saber o que está faltando aqui, não é Aline?” - mãe perguntou. “Você também deve saber a importância daquele negócio pra qualquer mulher... O Efraim tinha, mas foi tirado. Foi tirado porque ele começou a gostar de um rapaz da idade dele, queria virar mulher desse menino. Aí acabou. Não é isso, Efraim? Fala, Efraim! Não é isso?”

Com muita dificuldade, com um nó na garganta, eu balbuciei: “É... É... - Então eu não agüentei mais e desatei a chorar: Buááááááááááá...”

Aline ficou tão atônita e assustada que fechou a porta na nossa cara. Eu voltei para casa abraçado em mãe. Ela tombou minha cabeça no seu ombro e me acarinhou. “Pronto, acabou! Calma, o pior já passou!” Eu fiquei arrasado. Depois da castração em si, aquele foi o pior momento da minha vida.

Eu não consegui mais voltar para a escola. Foi até melhor porque eu pude ajudar mais o Padim na roça. Aline eu sei que voltou, conheceu um outro rapaz, se apaixonou por ele. Hoje já deve estar casada e com filhos.

O tempo passou rápido. Agora estou com 37 anos, cheio de rugas e cabelos brancos. Consegui emagrecer bastante, graças ao trabalho na plantação, mas minha voz ficou bem fina. Mãe já partiu para junto do Senhor, Fátima casou, Fábio e João Carlos idem. Ficamos só eu e Padim. Ele está bem velho e debilitado, mas eu ainda morro de medo dele. Quando ele grita meu nome, eu largo tudo e vou até ele na mesma hora.

Dia desses, Padim virou para mim e disse: “Efraim, eu nunca te perguntei isso, mas vou perguntar hoje. Faz mais de 20 anos que eu capei você... Você nunca mais fez sexo com ninguém, nem homem nem mulher... Não sente raiva de mim? Seja sincero, por favor.”

Eu fiquei uns segundos pensativo e respondi:

“Sabe, Padim, a única coisa que me incomodou esse tempo todo foi a vergonha... Eu sinto muita vergonha. Mas eu nunca mais pensei em sexo. Não me fez falta. E eu não sinto raiva de você, não, Padim, pelo contrário: eu te tenho muito amor e muito respeito. E digo mais: eu sou grato pelo senhor ter cortado aquilo fora. Se o senhor não tivesse feito isso, hoje eu estaria por aí, envergonhando o senhor e a mãe, que teria até morrido mais cedo, de desgosto.”

Então eu abracei Padim bem forte.

“Obrigado, Padim, pelo que o senhor fez por mim!” - eu disse, chorando.

“De nada, filho, de nada!” – respondeu Padim, também emocionado.

Essa é a minha vida. Sempre que eu vejo um menino com trejeitos, rebolando, falando fino, torço para que entre na vida dele um sujeito de personalidade forte como Padim, para consertar o que houver para ser consertado e cortar fora o que não vale a pena continuar ali, para seu próprio bem e o de outras pessoas.

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Comentários

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Isso é que é imundície, propagando o preconceito e abaixando a cabeça, isso é conto de hétero homofóbico que deveria estar classificado como aberrações, sadismo ou algo mais escroto. E o idiota aí em cima, se não gosta homossexuais, porque não fica na sua praia, e assim vamos vivendo em paz? Infelizmente isso aqui é de um extremo mau gosto. Depois dessa só dá pra dormir, não rola mais nada.

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Que é isso? Erotismo? Achar normal ser mutilado por um escroto ignorante? E esse Stankovic... Volta pro teu planeta sô...

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Lindo conto, um retrato de causa e efeito que rola em muitas casas nos grotões do Brasil.

Não sei se só fantasia ou se realidade, mesmo assim foi bom le-lo.

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