A noite já se fazia soberana quando uma chuva forte e repentina desabou, escaldando o chão quente do calor do dia. Uma névoa úmida embaçava as vidraças dos edifícios e dificultava ainda mais o trânsito já caótico. Relâmpagos riscavam de dourado o céu negro e o silêncio mórbido das ruas era quebrado pelo estrondo dos trovões.
Há tempos ela esperava ali, sob a parte abrigada da calçada, em frente ao majestoso hotel Hilton. Por Deus, onde estaria seu marido ??? Por que havia se atrasado tanto ???. O trânsito não estava ajudando, mas nada que justificasse um atraso tão exagerado. Não podia mais esperar, já se fazia muito tarde e a chuva não dava trégua.
Mais um aceno de mão sem sucesso para um táxi que por ali passava. A chuva, impiedosa, caía formando lagos que cursavam pelos cantos das calçadas. Aflita, ela decidiu caminhar até a avenida central. Quem sabe por ali teria mais sorte de apanhar um táxi. A chuva lambia seus lindos cabelos loiros e já se podia ver os seios bem desenhados e o perfeito contorno do seu corpo sob o vestido branco, transparente e encharcado.
Os sinos da igreja do rosário dobraram doze vezes para anunciar a meia-noite. O vento forte assobiava em seus ouvidos e sacudia impiedosamente as árvores da estreita e sombria rua Paraná. Os trovões lhe provocavam calafrios. Seus passos apressados e firmes foram ficando hesitantes e descompassados quando sentiu que alguém a seguia. Seu coração acelerou e suas pernas fraquejavam diante do desejo aflito de correr em disparada. Por um momento pensou estar imaginando coisas e aquele que parecia segui-la, estava na verdade tentando chegar a avenida central na esperança de também encontrar um bendito táxi. Não conseguiu olhar para trás, seus pensamentos temerosos não lhe permitiam. Seu coração parecia querer saltar-lhe a boca, os passos se aproximavam perigosamente, ela já podia ouvir o respirar ofegante do seu seguidor, até que de súbito, interceptada com firmeza pelo ombro, ouviu uma voz angustiada dizer:
-Parada aí dona. Dei-me sua bolsa, agora. Suas pernas falhavam na tentativa de mantê-la em pé. Mesmo que quisesse falar algo, não lhe ocorriam as palavras. Estava imóvel, mal conseguia entregar a bolsa ao seu algoz que lhe apontava um punhal. Este, então, puxou a bolsa de suas mãos e começou a vasculhar a procura de dinheiro ou algo de valor. Nada encontrou além de alguns trocados e produtos de beleza. Decepcionado e furioso, ele lançou a bolsa em meio à forte corrente de água que corria entre a calçada e a rua. A bolsa naufragou em um bueiro. O homem lançou-lhe um olhar fumegante e impiedoso que a fez temer por sua vida. Porém, reparou quão bela era aquela mulher. Nem a expressão de pavor tirava o encanto do seu rosto. As lágrimas não conseguiam esconder seus lindos olhos azuis e a chuva se encarregou de esculpir, usando como ferramenta um vestido branco transparente, aquele corpo de linhas perfeitas . O ódio no olhar foi substituído pelo desejo e os gestos grosseiros por tentativas de carinhos imediatamente repudiados. Ele partiu violentamente em sua direção e a empurrou. Desequilibrada ela caiu por sobre os cotovelos. Ele ajoelhou ao o seu lado e, com o punhal erguido sobre a cabeça, desferiu um golpe em direção ao seu corpo e seu grito ecoou pela rua, abafado pelo som dos trovões.
Aos poucos ela foi recobrando os sentidos e com a visão ainda turva pôde observar que aquele homem ainda se encontrava ajoelhado a sua frente empunhando o punhal. Ela percorreu seu corpo com as mãos, na tentativa de localizar onde teria sido desferido o golpe que deveria ter lhe tirado a vida. Nenhum ferimento, nenhum arranhão, nenhuma roupa. Nua ela estava e perplexo estava aquele homem diante da visão da sua beleza e nudez. Cabelos loiros, longos e cacheados desciam pelos ombros. Um belo par de seios rijos. Coxas firmes e bem torneadas e o púbis recoberto de pêlos geometricamente aparados.
O punhal continuava ameaçador enquanto o homem lutava para se livrar das próprias roupas. Antes que ela pensasse em gritar, recebeu um violento tapa no rosto que a deixou atordoada. Nenhum carro por ali passava, nenhum pedestre, ninguém que pudesse livrá-la do eminente estupro. Suas lágrimas confundiam-se com as gotas da forte chuva. Seus pensamentos eram divididos entre o pavor daquela circunstância e o ódio pelo marido atrasado. O homem finalmente se livrou das roupas e posicionou o membro já em riste próximo a sua boca e ordenou: -Chupe!!! Quero gozar na tua boca, sua vadia. Aquilo não poderia estar acontecendo, ela não poderia fazê-lo. Eu não posso!!! Deus, por favor, me ajude, não posso fazer isso, prefiro morrer. O homem ajoelhado com o membro na mão ordenou novamente que ele o fizesse, mas ela novamente recusou. Ele tentou força-la, agarrando-lhe pelos cabelos e forçando sua cabeça em direção ao membro ereto. Ela lutou enquanto teve forças, mas aquele homem era mais forte e viril, não poderia resistir muito tempo. Mais dois tapas e ela sentiu suas forças esvaecerem. O membro já se encontrava a dois centímetros de sua boca, o punhal encostado em sua garganta e aquele homem ordenando que ela consumasse a relação oral. Seu estômago revirava em náuseas, sua boca ligeiramente aberta a espera da consumação. O homem sorria com a expectativa de ver seu membro tragado por aquela boca sensual. De repente um estampido ensurdecedor ecoou como um trovão. Seu corpo novamente foi atirado ao chão, sua visão enevoada somente lhe permitiu identificar que um corpo ensangüentado jazia ao seu lado. Parecia ser o Homem que há pouco tentara lhe estuprar. Então uma mão lhe foi estendida para ajuda-la a se levantar. Mal conseguia enxergar, mas ouviu uma voz lhe falar:
-Desculpe o atraso, meu amor.