Aninha é minha melhor amiga desde o terceiro ano primário. Não lembro de uma grande descoberta sobre a vida sem o olhar cúmplice e satisfeito de Aninha. Cabelos lisos e muito escuros. A pele lisinha e macia. Olhos verdes transparentes e aquela boquinha carnuda sempre rosada, moldura de dentes perfeitos.
Nunca escondemos nada uma da outra. Desde as primeiras transformações do corpo aos primeiros namorados.
Quantas vezes, sozinhas, esvaziamos garrafas de vinho branco entre confidências, risos, fantasias, apelidos colocados em colegas, namorados, pretendentes. Nunca precisamos de palavras para nos comunicar. Bastava olhar... e rir.
Quantas vezes disputamos um mesmo rapaz, fingindo aborrecimento porque a outra levou? Nunca ligamos de verdade. Nunca levamos muito a sério as disputas. Tinha mesmo um certo orgulho em "perder" para ela.
Tivemos a sorte de fazer intercâmbio em cidades bem próximas e, quando a saudade de casa batia muito forte, corríamos uma pra casa da outra. Chegamos mesmo a dormir escondidas no mesmo quarto, por várias vezes.
Numa dessas vezes, tínhamos, as duas 16 anos, estávamos dormindo bem juntinhas, na mesma cama, abraçadinhas, abafando os risinhos... quando me ouvi a pergunta?
- Syl, você já pensou em transar com mulher?
Não tinha como esconder nada daquela que me decifrava os pensamentos como que saíssem escritos em um balão...
- Já pensei no assunto. Vendo um filme, tarde da noite, senti tesão ao ver duas mulheres se acariciando...
Acho que nem cheguei a completar a frase. Senti aquela mãozinha macia virando o meu rosto, os lábios encostando nos meus, a língua aos poucos entrando em minha boca, encontrando a minha.
Olhou então em meus olhos e disse:
_ Syl... Você é a mulher mais gostosa que eu conheço. Gosto de meninos, mas sempre tive vontade de ficar assim com você.
Senti aquele gelinho por dentro. Nunca pensei em ser lésbica. Achava normal sentir tesão em ver mulheres juntas, mas não encucava. Mas também não senti que estivesse cometendo nenhum pecado ou coisa assim...
Começamos a nos acariciar. Ficamos nuas. Adorei sentir aquele cheirinho bem de perto. Beijei, cheirei, lambi cada dobrinha daquele corpo macio. Passei a língua naqueles peitinhos deliciosos. Logo senti que estava toda molhadinha. Beijei sua barriga, lambi o umbigo. Desci entre mordidinhas, beijos e lambidas. Cheguei na xoxotinha com aqueles pelinhos macios. Já estava em transe de tanto tesão. Passei a língua, chupei bem gostoso e podia ver como ela se contorcia de prazer. Ficamos assim, revezando carícias. Gozamos várias vezes. Nos beijamos em beijos gulosos, transformando o tesão em gozo até dormirmos, abraçadinhas.
Repetimos algumas vezes estas carícias, mas não deixamos de nos relacionar com rapazes.
Já adultas, a vida nos separou um pouco, mas sempre mativemos contato.
Eu já estava casada há quase quatro anos quando Aninha, que mora em Londres, veio nos visitar. Meu marido já a conhecia da festa de casamento e de uma visita de dois dias que fizemos alguns meses depois. Ele sempre fez os maiores elogios à beleza de minha amiga, sempre ressaltando que eu também não ficava para trás...
Renato, meu marido, não podia esconder a atração que sentia por ela. Dava para perceber sua inquietude quando ela passava. O jeito com que ele olhava. Percebi, mas calei. Depois de uma semana lá em casa, saímos um dia à tarde para fazer compras quando ela me confidenciou:
_Syl... Nunca consegui esconder nada de você. Renato está dando em cima de mim. Faz sempre questão de se esbarrar, esfregar em mim quando você não está olhando. Quer que eu saia de sua casa?
Não vou dizer que não senti um susto, mas logo me veio a idéia... Aninha... você acha ele atraente... quer dizer, tem algum tesão por ele?
-Tenho e muito. Por isso acho melhor mudar logo.
Caimos na risada. E lhe contei minha idéia. E rimos mais ainda.
Dei um pretexto de que sairia mais tarde do trabalho aquela terça-feira. Não era incomum ficar até altas horas no trabalho, no fim do mês, quando atualizava as cobranças.
Aninha já sabia. Esperou meu marido chegar, enrolada numa toalha, casualmente passando pela sala...
_ Renato... Syl telefonou dizendo que ainda demora... quer comer alguma coisa?
É claro que ele não resistiu...
Cheguei em casa, abri a porta da casa com o maior cuidado para não ranger. Já entrei com os sapatos na mão.
Cheguei no quarto e encontrei os dois nus, na cama, Aninha cavalgando com a bundinha deliciosa virada pra mim. Renato estava em transe.
O susto que levou... Nem tentou se explicar. Deve ter ficado mais confuso ainda, quando, num sonho, como ele costuma descrever, me viu tirando a roupa aos pouquinhos... até ficar nua e cair na cama onde, nós três ficamos até o amanhecer.